sábado, 21 de agosto de 2021

As principais notícias desta noite no Brasil 247

 

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares

 

 

 

 


O cerco se fecha?

Nesta semana, os trabalhos da CPI do Covid-19 pouco avançaram na coleta de depoimentos. Munidos com habeas corpus expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o empresário Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, assim como o advogado da empresa Túlio Silveira mantiveram-se em silêncio. Negaram-se a prestar esclarecimentos sobre as negociações suspeitas envolvendo a compra superfaturada da vacina indiana Covaxin.

No entanto, a CPI aprovou na quinta-feira (19), uma série de requerimentos que inclui quebras dos sigilos fiscal e telefônico de pessoas ligadas ao governo Bolsonaro.

Um dos alvos dessas quebras de sigilos é o deputado federal Ricardo Barros, que passou à condição de investigado pela CPI. Também atingiu o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef. Além deles, blogueiros do insano, como Allan dos Santos e Ruschel, e veículos como Brasil Paralelo e Senso Incomum também tiveram quebras de sigilos aprovadas.

A CPI identificou transferências monetárias e ligações societárias entre diversas empresas e pessoas que ligam Barros e Wassef ao escândalo da Precisa medicamentos. Já os blogueiros e sites do ex-capitão são suspeitos de disseminarem desinformação durante a pandemia, pregando contra o isolamento, o uso de máscaras e as vacinas. E fazendo a defesa de medicamentos sem eficácia contra a covid-19.

O demente reage... A alegação é de que o uso do artigo do regimento interno para abrir investigações fere preceitos constitucionais e “os direitos fundamentais dos acusados nos procedimentos”, o filho 03, “Dudu Bananinha”, diz que “uma hora” ordens do STF não “serão cumpridas”. Será uma ameaça?

O insano entrou, na quinta-feira (19), com uma ação, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), pedindo o cancelamento do artigo 53 do regimento interno do Supremo Tribunal Eleitoral (STF), que permite a abertura de investigações de ofício sem aval do Ministério Público Federal (MPF), segundo o Correio Braziliense.

O pedido é a reação do presidente demente diante do acolhimento da notícia-crime apresentada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo ministro Alexandre de Moraes, que posteriormente determinou abertura de investigação para apurar suposta prática de 11 crimes pelo chefe do Executivo.

Com essa ação, ele mostra que não está disposto a dar trégua na guerra que declarou contra o Judiciário. E disse que vai promover uma “ruptura”.

... E ameaça! Em conversa com apoiadores, o ex-capitão insano afirmou que sua manifestação não será “uma palavra de ameaça a ninguém”; atos estão sendo convocados para pressionar STF e Congresso Nacional. E garantiu, na sexta-feira (20) que vai participar dos protestos que estão sendo convocados para o dia 7 de setembro em São Paulo e em Brasília. Em conversa com apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada, acrescentou que pretende discursar, mas que não será “uma palavra de ameaça a ninguém”. “Dia 7, esse é o horário, vamos hasteá-la [bandeira] aqui, com cerimônia militar, às 8h. Às 10h, estamos aqui na Esplanada. Pretendo usar a palavra. Não é uma palavra de ameaça a ninguém. Estaremos em São Paulo fazendo a mesma coisa. Pode ter certeza, vamos ter uma fotografia para o mundo do que vocês querem. Eu só posso fazer uma coisa se vocês assim o desejarem”, disse.

Apoiadores procurados pela PF. A Polícia Federal (PF) visitou pelo menos quatro endereços em Brasília e Rio de Janeiro ligados ao deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) e ao cantor Sérgio Reis. No Rio, os policiais estiveram no Anil e na Barra da Tijuca, na Zona Oeste.

Em uma nota, a PF revelou que o objetivo das buscas consiste na apuração de um crime possível “de incitar a população, através das redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia” e várias instituições estatais do poder.

Um áudio circulava nas redes sociais no último fim de semana, no qual Reis convocava a uma greve nacional de caminhoneiros contra os ministros do STF. A promessa de paralisação dos caminhoneiros ganhou força nas redes sociais no domingo (15). No início da semana, 29 subprocuradores-gerais pediram à PGR a abertura de uma investigação a respeito do caso.

Além do cantor Sérgio Reis e do deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ), outros oito homens são alvo do inquérito de investigação assinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. São eles: o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, mais conhecido como 'Zé Trovão', o cantor Eduardo Oliveira Araújo, os empresários Turíbio Torres e Alexandre Urbano Raitz Petersen e o presidente da Aprosoja Antonio Galvan.

Além destes, Wellington Macedo de Souza, Juliano da Silva Martins e Bruno Henrique Semczeszm também estão na lista de investigados. Fora os mandados de busca e apreensão contra Sérgio Reis e Otoni de Paula, Moraes também determinou que os citados no inquérito, com exceção do deputado, devem se manter um raio de quilômetro afastados da Praça dos Três Poderes, no Distrito Federal.

Cientistas cubanos respondem a Biden! As acusações de Joe Biden de qualificar Cuba como um “Estado falido” em 15 de julho e de questionar seu sistema de saúde vão de encontro aos argumentos apresentados por especialistas caribenhos.

No texto de uma carta, os cientistas cubanos mencionam marcos da Saúde Pública da Ilha promovidos desde os primeiros anos da Revolução, como o Programa Nacional de Imunizações, que abrange todo o país, e que Cuba hoje conta com vacinas únicas no mundo alcançadas pela ciência nacional.

“A vacinação faz parte do sistema de saúde pública universal de nosso país, gratuita para todos os cubanos, independentemente de sua condição socioeconômica, política, religião, sexo ou raça”, destacam os especialistas.

Entre os exemplos, a carta se refere ao desenvolvimento em 1989 da primeira vacina eficaz do mundo contra a meningite B, doença que mata 300 mil pessoas no mundo a cada ano e deixa sequelas para um em cada cinco afetados, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). E a carta também se refere ao fato de que desde 1999 todos os cubanos estão protegidos “contra 13 doenças fatais”, incluindo difteria, tétano e coqueluche, das quais oito vacinas são fabricadas em Cuba, enquanto as taxas de vacinação infantil ultrapassam os 99 por cento.

Em relação às taxas de vacinação contra a Covid-19, a RDCY e seus pares afirmam que nos Estados Unidos até março passado, em 38 estados da União e no Distrito de Columbia, três brancos foram vacinados para cada dois afro-americanos e um hispânico.

Um estudo realizado no ano passado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças revelou que, como consequência da pandemia e da contração econômica, 10,7% dos estadunidenses consideraram o suicídio como uma opção, 40,9% disseram ter problemas de saúde mental e 13,3% disseram que começaram ou aumentaram uso de drogas.

Os signatários do documento, até a noite de domingo (15) já contavam com o apoio de 5.593 pessoas no mundo e dizem que a declaração de Biden “não reflete a realidade cubana” e lamentam que a desinformação de “mal-intencionados” influencie suas decisões políticas.

Cadeia para ele. Um novo documento assinado por um oficial da Força Aérea Boliviana (FAB), que incrimina o ex-presidente argentino Mauricio Macri por contrabandear material repressivo para o governo de fato da Bolívia, é a peça-chave que faltava para entender a trama da venda de armas.

Essa prova poderia constituir prova no processo judicial, reconhecendo a coleta, em 13 de novembro de 2019, de 40.000 munições que haviam chegado da Argentina.

O documento é assinado pelo chefe da subseção do Armazém Central de Guerra de El Alto da FAB, Coronel Wilfredo Chura Condori, e detalha que naquele dia 40.000 munições antibullying calibre 12/70 foram coletadas de um hangar no aeroporto de El Alto, 50 CN tipo granadas de gás, 19 granadas de gás CS, 52 granadas de gás HC, bem como 18 sprays de gás lacrimogêneo MK9 e 5 sprays de gás MK4.

Nesse processo, outra das provas incriminatórias é a carta que o ex-comandante da FAB, Jorge Gonzalo Terceros Lara, enviou no mesmo dia 13 de novembro ao embaixador argentino em La Paz, Normando Álvarez García, para “agradecer-lhe pela colaboração prestada a esta instituição armada no âmbito do apoio internacional entre nossos países devido à situação conflituosa na Bolívia”.

Organismo da ONU confirma graves violações aos direitos humanos. O grupo de peritos independentes da CIDH (Conselho Internacional de Direitos Humanos) determinou que entre setembro e dezembro de 2019 integrantes das forças do Estado cometeram massacres e execuções extrajudiciais, torturas e perseguições políticas de caráter racista e misógino.

O Grupo Interdisciplinar de Peritos Independentes da Bolívia apresentou seu relatório final sobre os atos de violência e violações de direitos humanos ocorridos naquele país entre 1º de setembro e 31 de dezembro de 2019. Originado em acordo com o Estado em 2019, o trabalho do grupo foi repetidamente impedido e adiado pelo governo de facto de Jeanine Áñez, e só poderia começar após a eleição de Luis Arce em 2020.

Através da coleta de um grande número de evidências, o GIEI conseguiu consolidar o conhecimento coletivo sobre o que aconteceu no país naqueles meses de grave crise democrática que incluiu a renúncia forçada de Evo Morales e a assunção de um governo não eleito e não eleito. Ocorreram massacres, execuções extrajudiciais, prisões arbitrárias, torturas, perseguições políticas e forte violência social de cunho racista e misógino. Sem excluir nenhuma vítima, o relatório torna o debate público mais complexo ao apontar os problemas sociais, políticos e institucionais que estão por trás dos casos.

As constatações do grupo também permitem uma discussão aprofundada sobre a violência social desencadeada neste período. As situações de protesto generalizado degradaram-se, em alguns casos, em atos de grave violência que afetaram tanto pessoas vinculadas ao MAS quanto setores contrários a Evo Morales. O GIEI destaca claramente o papel desempenhado pela rebelião policial de 8 e 9 de novembro no aprofundamento da violência. O relatório também descreve o caráter fortemente autoritário das ações de grupos civis como o Comitê Cívico Pró Santa Cruz e a Resistência Juvenil de Cochala (RJC) e o impacto do discurso racista e antiindígena de suas lideranças no aprofundamento da violência. Entre os eventos que podem ser atribuídos a esses grupos e a outros com características semelhantes, estão os graves ataques e ameaças violentas contra a mídia e jornalistas, inclusive os que culminaram na morte do argentino Sebastián Moro.

Um pouco de história. Os leitores do nosso Informativo sabem que gostamos de trazer e debater os temas mais atuais. E devem ter visto que usamos pouco espaço para tratar das coisas do Brasil e da Nossa América. Isso porque deixamos mais espaço para trazer informações sobre o Afeganistão e o que ocorre por lá. E começamos dizendo que, pelo que vemos, a questão é muito mais complicada do que diz a grande imprensa internacional! Também não aceitamos o que diz grande parte da esquerda “maluca” que comemora o talibã apenas porque foi uma derrota dos EUA.

Antes de debater o que ocorre agora no Afeganistão, precisamos voltar no tempo: 1979. Para quem esqueceu ou não acompanhou, o país tinha um governo de esquerda, muito próximo da União Soviética (que ainda existia). Na época, o presidente estadunidense era o Jimmy Carter, do Partido Democrata, que criou um plano para lutar contra a URSS. Treinou e armou os “jihadistas” para combater as tropas soviéticas. Quem já esqueceu que Bin Laden foi treinado e financiado pelos EUA e era amigo e sócio da família Bush? Bush e Bin Laden realizaram vários trabalhos juntos, pelo mundo. O filme de Michael More, Fahrenheit 9/11, mostra isso.

Pelo que lembramos, da época, a CIA investiu nada menos do que 2 bilhões de dólares nesse projeto e criou a conhecida “Al Qaeda” (1988), que depois se tornou inimiga dos EUA! Tem um filme ridículo, Rambo III, que no final diz que é dedicado aos “heroicos membros do Taliban que lutaram pela liberdade”.

Parece que deu certo, por um tempo. Em 1989, Gorbachev, já esgotado com a guerra e sem orçamento, retirou as tropas soviéticas do Afeganistão (pouco depois a União Soviética desaparecia) e os EUA comemoravam a vitória dos “jihadistas”. Mas tem início outro problema, pois, durante algum tempo a Al Qaeda fez o “trabalho sujo” para os EUA, não só no Afeganistão, mas, depois, na Iugoslávia.

O problema começou quando Gorbachev se retirou do Afeganistão e o grupo jihadista mais organizado era o Talibã e eles tomaram o poder, não a Al Qaeda!

Mais ou menos, em meados dos anos 1990 começa o interesse econômico e geoestratégico dos EUA na região. E o Taleban era considerado um possível grande aliado, segundo a CIA. Não importavam as atrocidades cometidas por eles (principalmente contra mulheres), o importante era ter uma saída para o petróleo e o gás! E a CIA acreditava que o grupo poderia “evoluir” como os sauditas! Mas o Talibã deixou de cumprir com o desejado e não conseguiu tomar conta de todo o Afeganistão para fazer o oleoduto/gasoduto desejado pelos EUA. O outro grupo radical agindo no país era a chamada “Aliança do Norte”, lembram? Mas eles não aceitaram o plano. (veja o mapa no final)

A grande oportunidade estadunidense vem mais tarde, com o ataque às torres gêmeas! Foi a “justificativa” para o Pentágono montar toda a operação de guerra e invadir o Afeganistão, em 2001! Ou seja, não tinha nada com Bin Laden, mas com a construção do gasoduto. E colocou lá um governo fantoche...

A verdade é que o custo para manter a ocupação do Afeganistão era muito alto e estava desgastando o governo estadunidense. O troglodita Trump não se incomodava com isso, mas Biden tinha assumido compromissos e resolve retirar totalmente as tropas de lá. Ainda hoje vi uma entrevista dele em um jornal espanhol dizendo que “não esperava que o país desmoronasse tão rapidamente e que o Taliban encontrasse tanta facilidade para tomar o poder”.

E o problema das drogas? Em abril de 1978 o Partido Democrático Popular do Afeganistão, de esquerda, toma o poder através de uma revolução popular. No idioma persa, o nome do segundo mês do calendário (diferente do nosso) é “saur”. Daí a revolução ter ficado conhecida como “Revolução do Saur” (que aconteceu em abril).

Algumas histórias são pouco conhecidas, mas sabemos que a monarquia que havia se instalado no país em 1926 foi derrubada, mas teve início um governo de “partido único”. Depois de uma revolução que teria acontecido porque um dos líderes do grupo político Parcham, aliado PDPA foi assassinado. O governo divulgou um comunicado “lamentando” o caso, mas havia um pensamento comum de que teria sido comandado por membros da monarquia no poder. Houve um grande protesto e os líderes do PDPA foram presos. A história nos diz que membros do próprio exército do governo existente comandaram a revolta que levou os socialistas ao poder.

O PDPA, composto de dois grupos (Khald e Parcham) chega ao poder e implementa uma agenda chamada de “comunista”. Proclamou o Estado Laico e ateu, proibiram os lucros bancários, defenderam os direitos das mulheres e decretaram a igualdade entre os sexos (mulheres entraram para a vida política e para o trabalho). Proibiu a plantação da papoula em todo o país e combateu a produção de ópio, uma das grandes riquezas da região (desde a chamada “Guerra do Ópio”).

Isso incomodou uma maioria de afegãos, majoritariamente muçulmanos, se a situação se acirrou ainda mais depois da aliança com a União Soviética. Financiados pelos EUA, começam a crescer os grupos radicais religiosos. E é nesse momento que começam a financiar e treinar grupos como a Al-Qaeda e os Talibãs.

Grandes proprietários de terras, plantadores de papoulas, sentiram-se prejudicados com o governo de esquerda e começam a acirrar o fundamentalismo religioso, jogando os trabalhadores rurais contra as mudanças implementadas.

Na verdade, desejavam impedir a Reforma Agrária já iniciada pelo governo e começam a fortalecer os grupos de onde se originam, mais tarde, os Mujahidins (de onde se originam Al-Qaeda e Talibãs). E quando os Talibãs afastam o governo socialista irão manter a proibição das plantações da papoula.

Com a invasão dos EUA em 2001, sob a desculpa do ataque às Torres Gêmeas, a agricultura da papoula, que fora praticamente erradicada pelo Talibã, voltou a florescer no Afeganistão.

É de se presumir que o cultivo tenha sido retomado nas terras dos grandes proprietários rurais, anteriormente opositores à Revolução de Saur, ocorrida em 1978 e determinante para o processo histórico posterior. E agora é preciso saber como vão se portar os Talibãs no poder. Vão voltar a proibir a plantação de papoulas e a produção de ópio? Isso vai causar um novo “reboliço” o tráfico internacional de narcóticos!

Moscou faz séria acusação. Os esforços dos EUA para acabar com o tráfico de drogas durante sua presença militar no Afeganistão não só não foram frutíferos, como a produção de entorpecentes no país da Ásia Central cresceu exponencialmente, afirma o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev, em entrevista publicada na quinta-feira (19) ao jornal Izvestia.

“Em vez de combater o narcotráfico, durante as duas décadas de controle político-militar do Afeganistão os EUA puseram em prática um projeto para criar um laboratório de drogas em escala global. A produção de opiáceos se multiplicou em mais de 40 vezes”, disse o secretário russo.

Patrushev lembrou ainda que os objetivos de Washington no Afeganistão não se reduziam apenas à eliminação dos perpetradores dos ataques de 11 de setembro em Nova York, mas também a tarefas mais amplas, como a luta contra o terrorismo internacional e o treinamento das tropas afegãs.

“Na realidade, durante a presença das forças dos EUA o número de ataques terroristas no Afeganistão se multiplicou”, revelou Patrushev, acrescentando que organizações terroristas como a Al-Qaeda e Daesh (organizações terroristas proibidas na Rússia e demais países) usam o território afegão como base para atuar em outros países da Ásia Central, bem como na Índia, na região chinesa de Xinjiang ou no Irã.

Por outro lado, o secretário russo destacou que, para alguns estadunidenses a guerra no Afeganistão tornou-se uma “mina de ouro”, com o complexo militar-industrial e os empreiteiros privados a tirar grande proveito econômico da situação.

Situação fora de controle? As operações para retirada de pessoas do Afeganistão continuam no aeroporto de Cabul. Mais de 18 mil pessoas já conseguiram deixar o país desde a retomada do poder pelo Talibã, declarou uma fonte da Otan na sexta-feira (20). Enquanto isso, a resistência aos extremistas se organiza no nordeste do país, como conta um resistente à RFI. 

Uma multidão continua a se aglomerar nas proximidades do aeroporto internacional de Cabul, apesar das ameaças de represália dos extremistas, acrescentou à agência Reuters a fonte da Otan, que preferiu o anonimato.

Paralelamente, em várias cidades afegãs, oponentes do Talibã saem às ruas para desafiar os extremistas islâmicos. No vale Panshir, a duas horas de carro a nordeste da capital, a resistência está se organizando. O Panshir é a última fortaleza que ainda resiste ao Talibã.

A região é uma zona íngreme e montanhosa, de acesso muito difícil. Uma fortaleza intransponível que nem os soviéticos, nem os talibãs conseguiram conquistar.

Ahmad Massoud, filho do comandante Massoud, herói da resistência antissoviética assassinado em 2001 pela Al-Qaeda, foi acompanhado até Panshir pelo ex-vice-presidente afegão Amrullah Saleh. Ele se disse “pronto para seguir os passos do pai”, em uma coluna publicado pelo jornal The Washington Post. O resistente também faz um apelo por armas e munições. Massoud afirma ter combatentes em número suficiente para se opor aos insurgentes, incluindo soldados do regime anterior.

Em Asadabad, no leste do país, os afegãos hastearam a bandeira nacional preta, vermelha e verde na quinta-feira, dia do 102º aniversário da independência do Afeganistão. Uma forma de desafiar o Talibã, que impôs sua bandeira branca em prédios públicos.

O Talibã, por sua vez, declarou em um comunicado no feriado nacional, sobre o “grande orgulho para os afegãos pelo fato de seu país estar agora prestes a reconquistar sua independência após a ocupação americana”.

Trump na ofensiva. O ex-presidente dos EUA, o republicano Donald Trump, comentou no domingo (15) a recente retirada das tropas estadunidenses do Afeganistão, afirmando que a volta ao poder do movimento Talibã se tornou “uma das maiores derrotas da história estadunidense”.

“O que Biden fez com o Afeganistão é lendário. Será uma das maiores derrotas da história dos EUA”, teria dito Trump e concluiu dizendo que “é hora para o atual presidente Biden renunciar pelo que ele permitiu que acontecesse no Afeganistão, junto com a subida enorme da COVID, a catástrofe na fronteira, a destruição da independência energética e nossa economia paralisada”.

O ex-presidente concluiu dizendo que a renúncia “não deveria ser um grande problema”, dado que, segundo ele, Biden “não foi eleito legitimamente em primeiro lugar!”

E Biden vai enviar mais soldados. Os Departamentos de Estado e de Defesa dos EUA anunciaram no domingo (15) que, nas 48 horas seguintes, o país expandirá sua “presença de segurança” no Afeganistão para quase 6.000 soldados, a fim de permitir a “partida segura” do pessoal e aliado do Afeganistão e controle do tráfego aéreo.

“Amanhã e nos próximos dias, retiraremos do país milhares de cidadãos estadunidenses que residiram no Afeganistão, bem como os funcionários locais da missão dos EUA em Cabul e suas famílias e outros cidadãos afegãos particularmente vulneráveis”, informaram.

Além disso, as autoridades dos EUA prometeram “acelerar a evacuação” dos afegãos com direito a vistos especiais de imigrante. Foi destacado que nas últimas duas semanas quase 2.000 deles já chegaram aos Estados Unidos.

Reino Unido “bota o galho dentro”. Por sua vez, o ministro da Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, afirmou que o Talibã controla o Afeganistão e que as tropas britânicas não pretendem voltar ao país.

“Reconheço que o Talibã está no controle [...] Quer dizer, você não precisa ser um cientista político para perceber onde estamos”, disse Wallace à Sky News na segunda-feira (16).

Perguntado se o Reino Unido e a OTAN voltariam ao Afeganistão, Wallace disse: “Não, olha, não está previsto voltarmos”.

O ministro da Defesa britânico acrescentou que a parte militar do aeroporto de Cabul está segura e que o Reino Unido está fazendo tudo o possível para evacuar os cidadãos britânicos e afegãos com ligações ao país europeu. O objetivo é manter cerca de 1.200 a 1.500 saídas por dia.

Anteriormente, nas redes sociais surgiram imagens mostrando os EUA evacuando seus diplomatas da embaixada em helicópteros.

Biden diz que saída foi “a decisão correta”. Joe Biden afirmou na segunda-feira (16) que as tropas estadunidenses no Afeganistão não deveriam lutar em uma guerra na qual os próprios afegãos não estão dispostos a lutar.

“As tropas dos EUA não podem e não deveriam estar lutando em uma guerra, e morrendo em uma guerra, que as forças afegãs não estão dispostas a lutar por si mesmas”, disse Biden em discurso na Casa Branca sobre a situação no Afeganistão.

O presidente deixou ainda um aviso ao Talibã para que o movimento não interfira na evacuação de milhares de diplomatas de seu país e tradutores afegãos do aeroporto de Cabul. A resposta a qualquer ataque seria “rápida e enérgica”, disse Biden. “Defenderemos nosso povo com força devastadora, se necessário”.

Biden garantiu que os EUA continuarão a apoiar o povo do Afeganistão por meio da diplomacia e da ajuda humanitária: “Continuaremos a apoiar o povo afegão. Lideraremos com nossa diplomacia, nossa influência internacional e ajuda humanitária”. E, para acalmar a imprensa internacional, disse que Washington continuará a defender os direitos das mulheres e meninas do Afeganistão.

O presidente democrata disse que preferia enfrentar criticismo sobre o que está acontecendo no Afeganistão, em vez de deixar tamanha decisão para o próximo presidente. Ele acredita que a decisão de deixar o Afeganistão é “a correta para os EUA”.

Trump não dá tréguas. Na terça-feira (18), o ex-presidente Donald Trump chamou a retirada das tropas do Afeganistão da maior vergonha em toda a história dos EUA. A China “está rindo”, observando a situação atual.

Os helicópteros militares que os EUA entregaram às forças afegãs serão agora estudados pela Rússia e China, afirmou Trump em entrevista ao canal de televisão Fox News.

“Bilhões, bilhões de dólares. Os novíssimos helicópteros Black Hawk agora serão estudados pela Rússia, China e por qualquer um, porque é a melhor tecnologia no mundo”, disse Trump.

O Exército do Afeganistão combatia por causa do dinheiro norte-americano e, quando o financiamento acabou, ele se rendeu, segundo o ex-presidente. “Perguntei por que os soldados afegãos combatiam contra o Talibã. Várias pessoas me disseram uma informação muito terrível. O fato é que eles estavam entre os soldados mais bem pagos em todo o mundo. Eles faziam isso pelo salário porque, assim que paramos de pagar, assim que saímos, eles pararam de lutar”, indicou Trump.

“Gastávamos US$ 42 bilhões [R$ 222 bilhões] por ano. Pensem nisso, US$ 42 bilhões. Ao que sei, a Rússia gasta US$ 50 bilhões [R$ 264 bilhões] em todo o Exército, e nós gastávamos US$ 42 bilhões”, revelou. “E em troca ficamos sem nada”.

O perigo existe. De acordo com o portal Defense News, fotos e vídeos compartilhados nas redes sociais mostram os talibãs próximos de um avião de ataque A-29 e de um helicóptero MD-530. Diante da situação, o portal questiona sobre o que os EUA poderiam fazer a respeito, visto que as forças afegãs operavam um total de 211 aeronaves, com aproximadamente 167 aviões e helicópteros disponíveis.

Até o momento, o Departamento de Defesa dos EUA não confirmou quantas aeronaves foram capturadas pelo Talibã, já que diversos pilotos afegãos voaram para os países vizinhos a bordo de aeronaves.

A Força Aérea afegã operava 23 aviões de ataque A-29, quatro aviões de transporte C-130 e um total de 33 versões militares do Cessna Caravan, sendo que alguns deles foram adaptados para missões de ataque.

Além disso, aproximadamente 150 helicópteros, incluindo os americanos UH-60 Black Hawk e MD-530, bem como os soviéticos Mi-17, que as forças afegãs estavam retirando de serviço.

CIA diz que avisou. O ex-chefe antiterrorismo da Agência Central de Inteligência (CIA), Douglas London, disse na quarta-feira (18) que Donald Trump e Joe Biden foram alertados sobre um possível rápido avanço do grupo Talibã após a retirada das tropas no Afeganistão.

Em um artigo publicado no site Just Security, London afirmou que a resistência do exército afegão contra o grupo islâmico poderia entrar em colapso “dentro de alguns dias” depois do início das evacuações de soldados militares.

“A decisão que Trump tomou, e Biden ratificou, de retirar rapidamente as forças dos EUA foi tomada apesar das advertências que projetavam o resultado que estamos testemunhando agora”, afirmou o ex-funcionário.

Aposentado em 2019, London trabalhou em avaliações da agência relativas ao Afeganistão durante o governo Trump, e deu consultoria voluntária sobre as mesmas questões para a campanha do democrata Biden.

Por outro lado, também na quarta, o general Mark Milley, maior autoridade militar do país, disse que nenhum estudo da inteligência estadunidense indicava que forças armadas e o governo afegão entrariam em colapso.

Pelo Twitter, um outro funcionário aposentado da CIA Marc Polymeroupolus também fez declarações sobre o assunto. Segundo ele, “culpar a comunidade de inteligência vai acabar mal”.

 

Para entenderem o tamanho do problema, vejam esse mapa.



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