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O cerco se fecha?
Nesta semana, os trabalhos da CPI do Covid-19 pouco
avançaram na coleta de depoimentos. Munidos com habeas corpus expedidos pelo
Supremo Tribunal Federal (STF), o empresário Francisco Maximiano, dono da
Precisa Medicamentos, assim como o advogado da empresa Túlio Silveira mantiveram-se
em silêncio. Negaram-se a prestar esclarecimentos sobre as negociações
suspeitas envolvendo a compra superfaturada da vacina indiana Covaxin.
No entanto, a CPI aprovou na quinta-feira (19), uma
série de requerimentos que inclui quebras dos sigilos fiscal e telefônico de
pessoas ligadas ao governo Bolsonaro.
Um dos alvos dessas quebras de sigilos é o deputado
federal Ricardo Barros, que passou à condição de investigado pela CPI. Também
atingiu o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef. Além deles, blogueiros
do insano, como Allan dos Santos e Ruschel, e veículos como Brasil Paralelo e
Senso Incomum também tiveram quebras de sigilos aprovadas.
A CPI identificou transferências monetárias e ligações
societárias entre diversas empresas e pessoas que ligam Barros e Wassef ao
escândalo da Precisa medicamentos. Já os blogueiros e sites do ex-capitão são
suspeitos de disseminarem desinformação durante a pandemia, pregando contra o
isolamento, o uso de máscaras e as vacinas. E fazendo a defesa de medicamentos
sem eficácia contra a covid-19.
O demente reage... A
alegação é de que o uso do artigo do regimento interno para abrir investigações
fere preceitos constitucionais e “os direitos fundamentais dos acusados nos
procedimentos”, o filho 03, “Dudu Bananinha”, diz que “uma hora” ordens do STF
não “serão cumpridas”. Será uma ameaça?
O insano entrou, na quinta-feira (19), com uma ação,
por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), pedindo o cancelamento do artigo 53
do regimento interno do Supremo Tribunal Eleitoral (STF), que permite a
abertura de investigações de ofício sem aval do Ministério Público Federal
(MPF), segundo o Correio Braziliense.
O pedido é a reação do presidente demente diante do
acolhimento da notícia-crime apresentada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
pelo ministro Alexandre de Moraes, que posteriormente determinou abertura de
investigação para apurar suposta prática de 11 crimes pelo chefe do Executivo.
Com essa ação, ele mostra que não está disposto a dar
trégua na guerra que declarou contra o Judiciário. E disse que vai promover uma
“ruptura”.
... E ameaça! Em
conversa com apoiadores, o ex-capitão insano afirmou que sua manifestação não
será “uma palavra de ameaça a ninguém”; atos estão sendo convocados para pressionar
STF e Congresso Nacional. E garantiu, na sexta-feira (20) que vai participar
dos protestos que estão sendo convocados para o dia 7 de setembro em São Paulo
e em Brasília. Em conversa com apoiadores, na saída do Palácio da Alvorada, acrescentou
que pretende discursar, mas que não será “uma palavra de ameaça a ninguém”.
“Dia 7, esse é o horário, vamos hasteá-la [bandeira] aqui, com cerimônia
militar, às 8h. Às 10h, estamos aqui na Esplanada. Pretendo usar a palavra. Não
é uma palavra de ameaça a ninguém. Estaremos em São Paulo fazendo a mesma
coisa. Pode ter certeza, vamos ter uma fotografia para o mundo do que vocês
querem. Eu só posso fazer uma coisa se vocês assim o desejarem”, disse.
Apoiadores procurados pela PF. A Polícia Federal (PF) visitou pelo menos quatro
endereços em Brasília e Rio de Janeiro ligados ao deputado federal Otoni de
Paula (PSC-RJ) e ao cantor Sérgio Reis. No Rio, os policiais estiveram no Anil
e na Barra da Tijuca, na Zona Oeste.
Em uma nota, a PF revelou que o objetivo das buscas
consiste na apuração de um crime possível “de incitar a população, através das
redes sociais, a praticar atos violentos e ameaçadores contra a Democracia” e
várias instituições estatais do poder.
Um áudio circulava nas redes sociais no último fim de
semana, no qual Reis convocava a uma greve nacional de caminhoneiros contra os
ministros do STF. A promessa de paralisação dos caminhoneiros ganhou força nas
redes sociais no domingo (15). No início da semana, 29 subprocuradores-gerais
pediram à PGR a abertura de uma investigação a respeito do caso.
Além do cantor Sérgio Reis e do deputado federal Otoni
de Paula (PSC-RJ), outros oito homens são alvo do inquérito de investigação
assinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
São eles: o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, mais conhecido como 'Zé
Trovão', o cantor Eduardo Oliveira Araújo, os empresários Turíbio Torres e
Alexandre Urbano Raitz Petersen e o presidente da Aprosoja Antonio Galvan.
Além destes, Wellington Macedo de Souza, Juliano da
Silva Martins e Bruno Henrique Semczeszm também estão na lista de investigados.
Fora os mandados de busca e apreensão contra Sérgio Reis e Otoni de Paula,
Moraes também determinou que os citados no inquérito, com exceção do deputado,
devem se manter um raio de quilômetro afastados da Praça dos Três Poderes, no
Distrito Federal.
Cientistas cubanos respondem a Biden! As
acusações de Joe Biden de qualificar Cuba como um “Estado falido” em 15 de
julho e de questionar seu sistema de saúde vão de encontro aos argumentos
apresentados por especialistas caribenhos.
No texto de uma carta, os cientistas cubanos mencionam
marcos da Saúde Pública da Ilha promovidos desde os primeiros anos da Revolução,
como o Programa Nacional de Imunizações, que abrange todo o país, e que Cuba
hoje conta com vacinas únicas no mundo alcançadas pela ciência nacional.
“A vacinação faz parte do sistema de saúde pública
universal de nosso país, gratuita para todos os cubanos, independentemente de sua
condição socioeconômica, política, religião, sexo ou raça”, destacam os especialistas.
Entre os exemplos, a carta se refere ao desenvolvimento
em 1989 da primeira vacina eficaz do mundo contra a meningite B, doença que
mata 300 mil pessoas no mundo a cada ano e deixa sequelas para um em cada cinco
afetados, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). E a carta também se
refere ao fato de que desde 1999 todos os cubanos estão protegidos “contra 13
doenças fatais”, incluindo difteria, tétano e coqueluche, das quais oito
vacinas são fabricadas em Cuba, enquanto as taxas de vacinação infantil ultrapassam
os 99 por cento.
Em relação às taxas de vacinação contra a Covid-19, a
RDCY e seus pares afirmam que nos Estados Unidos até março passado, em 38
estados da União e no Distrito de Columbia, três brancos foram vacinados para
cada dois afro-americanos e um hispânico.
Um estudo realizado no ano passado pelos Centros de
Controle e Prevenção de Doenças revelou que, como consequência da pandemia e da
contração econômica, 10,7% dos estadunidenses consideraram o suicídio como uma
opção, 40,9% disseram ter problemas de saúde mental e 13,3% disseram que
começaram ou aumentaram uso de drogas.
Os signatários do documento, até a noite de domingo
(15) já contavam com o apoio de 5.593 pessoas no mundo e dizem que a declaração
de Biden “não reflete a realidade cubana” e lamentam que a desinformação de “mal-intencionados”
influencie suas decisões políticas.
Cadeia para ele. Um novo
documento assinado por um oficial da Força Aérea Boliviana (FAB), que incrimina
o ex-presidente argentino Mauricio Macri por contrabandear material repressivo
para o governo de fato da Bolívia, é a peça-chave que faltava para entender a
trama da venda de armas.
Essa prova poderia constituir prova no processo
judicial, reconhecendo a coleta, em 13 de novembro de 2019, de 40.000 munições
que haviam chegado da Argentina.
O documento é assinado pelo chefe da subseção do
Armazém Central de Guerra de El Alto da FAB, Coronel Wilfredo Chura Condori, e
detalha que naquele dia 40.000 munições antibullying calibre 12/70 foram coletadas
de um hangar no aeroporto de El Alto, 50 CN tipo granadas de gás, 19 granadas
de gás CS, 52 granadas de gás HC, bem como 18 sprays de gás lacrimogêneo MK9 e
5 sprays de gás MK4.
Nesse processo, outra das provas incriminatórias é a
carta que o ex-comandante da FAB, Jorge Gonzalo Terceros Lara, enviou no mesmo
dia 13 de novembro ao embaixador argentino em La Paz, Normando Álvarez García,
para “agradecer-lhe pela colaboração prestada a esta instituição armada no
âmbito do apoio internacional entre nossos países devido à situação conflituosa
na Bolívia”.
Organismo da ONU confirma graves violações
aos direitos humanos. O grupo de
peritos independentes da CIDH (Conselho Internacional de Direitos Humanos)
determinou que entre setembro e dezembro de 2019 integrantes das forças do
Estado cometeram massacres e execuções extrajudiciais, torturas e perseguições
políticas de caráter racista e misógino.
O Grupo Interdisciplinar de Peritos Independentes da
Bolívia apresentou seu relatório final sobre os atos de violência e violações
de direitos humanos ocorridos naquele país entre 1º de setembro e 31 de
dezembro de 2019. Originado em acordo com o Estado em 2019, o trabalho do grupo
foi repetidamente impedido e adiado pelo governo de facto de Jeanine Áñez, e só
poderia começar após a eleição de Luis Arce em 2020.
Através da coleta de um grande número de evidências, o
GIEI conseguiu consolidar o conhecimento coletivo sobre o que aconteceu no país
naqueles meses de grave crise democrática que incluiu a renúncia forçada de Evo
Morales e a assunção de um governo não eleito e não eleito. Ocorreram
massacres, execuções extrajudiciais, prisões arbitrárias, torturas, perseguições
políticas e forte violência social de cunho racista e misógino. Sem excluir
nenhuma vítima, o relatório torna o debate público mais complexo ao apontar os
problemas sociais, políticos e institucionais que estão por trás dos casos.
As constatações do grupo também permitem uma discussão
aprofundada sobre a violência social desencadeada neste período. As situações
de protesto generalizado degradaram-se, em alguns casos, em atos de grave
violência que afetaram tanto pessoas vinculadas ao MAS quanto setores contrários
a Evo Morales. O GIEI destaca claramente o papel desempenhado pela rebelião
policial de 8 e 9 de novembro no aprofundamento da violência. O relatório
também descreve o caráter fortemente autoritário das ações de grupos civis como
o Comitê Cívico Pró Santa Cruz e a Resistência Juvenil de Cochala (RJC) e o
impacto do discurso racista e antiindígena de suas lideranças no aprofundamento
da violência. Entre os eventos que podem ser atribuídos a esses grupos e a
outros com características semelhantes, estão os graves ataques e ameaças violentas
contra a mídia e jornalistas, inclusive os que culminaram na morte do argentino
Sebastián Moro.
Um pouco de história. Os
leitores do nosso Informativo sabem que gostamos de trazer e debater os temas
mais atuais. E devem ter visto que usamos pouco espaço para tratar das coisas
do Brasil e da Nossa América. Isso porque deixamos mais espaço para trazer informações
sobre o Afeganistão e o que ocorre por lá. E começamos dizendo que, pelo que
vemos, a questão é muito mais complicada do que diz a grande imprensa
internacional! Também não aceitamos o que diz grande parte da esquerda “maluca”
que comemora o talibã apenas porque foi uma derrota dos EUA.
Antes de debater o que ocorre agora no Afeganistão,
precisamos voltar no tempo: 1979. Para quem esqueceu ou não acompanhou, o país
tinha um governo de esquerda, muito próximo da União Soviética (que ainda
existia). Na época, o presidente estadunidense era o Jimmy Carter, do Partido Democrata,
que criou um plano para lutar contra a URSS. Treinou e armou os “jihadistas”
para combater as tropas soviéticas. Quem já esqueceu que Bin Laden foi treinado
e financiado pelos EUA e era amigo e sócio da família Bush? Bush e Bin Laden realizaram
vários trabalhos juntos, pelo mundo. O filme de Michael More, Fahrenheit 9/11, mostra
isso.
Pelo que lembramos, da época, a CIA investiu nada menos
do que 2 bilhões de dólares nesse projeto e criou a conhecida “Al Qaeda” (1988),
que depois se tornou inimiga dos EUA! Tem um filme ridículo, Rambo III, que no
final diz que é dedicado aos “heroicos membros do Taliban que lutaram pela
liberdade”.
Parece que deu certo, por um tempo. Em 1989, Gorbachev,
já esgotado com a guerra e sem orçamento, retirou as tropas soviéticas do Afeganistão
(pouco depois a União Soviética desaparecia) e os EUA comemoravam a vitória dos
“jihadistas”. Mas tem início outro problema, pois, durante algum tempo a Al Qaeda
fez o “trabalho sujo” para os EUA, não só no Afeganistão, mas, depois, na
Iugoslávia.
O problema começou quando Gorbachev se retirou do
Afeganistão e o grupo jihadista mais organizado era o Talibã e eles tomaram o
poder, não a Al Qaeda!
Mais ou menos, em meados dos anos 1990 começa o
interesse econômico e geoestratégico dos EUA na região. E o Taleban era
considerado um possível grande aliado, segundo a CIA. Não importavam as atrocidades
cometidas por eles (principalmente contra mulheres), o importante era ter uma
saída para o petróleo e o gás! E a CIA acreditava que o grupo poderia “evoluir”
como os sauditas! Mas o Talibã deixou de cumprir com o desejado e não conseguiu
tomar conta de todo o Afeganistão para fazer o oleoduto/gasoduto desejado pelos
EUA. O outro grupo radical agindo no país era a chamada “Aliança do Norte”,
lembram? Mas eles não aceitaram o plano. (veja o mapa no final)
A grande oportunidade estadunidense vem mais tarde, com
o ataque às torres gêmeas! Foi a “justificativa” para o Pentágono montar toda a
operação de guerra e invadir o Afeganistão, em 2001! Ou seja, não tinha nada
com Bin Laden, mas com a construção do gasoduto. E colocou lá um governo
fantoche...
A verdade é que o custo para manter a ocupação do
Afeganistão era muito alto e estava desgastando o governo estadunidense. O
troglodita Trump não se incomodava com isso, mas Biden tinha assumido compromissos
e resolve retirar totalmente as tropas de lá. Ainda hoje vi uma entrevista dele
em um jornal espanhol dizendo que “não esperava que o país desmoronasse tão
rapidamente e que o Taliban encontrasse tanta facilidade para tomar o poder”.
E o problema das drogas? Em abril de 1978 o Partido Democrático Popular do
Afeganistão, de esquerda, toma o poder através de uma revolução popular. No
idioma persa, o nome do segundo mês do calendário (diferente do nosso) é “saur”.
Daí a revolução ter ficado conhecida como “Revolução do Saur” (que aconteceu em
abril).
Algumas histórias são pouco conhecidas, mas sabemos que
a monarquia que havia se instalado no país em 1926 foi derrubada, mas teve início
um governo de “partido único”. Depois de uma revolução que teria acontecido
porque um dos líderes do grupo político Parcham, aliado PDPA foi assassinado. O
governo divulgou um comunicado “lamentando” o caso, mas havia um pensamento
comum de que teria sido comandado por membros da monarquia no poder. Houve um
grande protesto e os líderes do PDPA foram presos. A história nos diz que
membros do próprio exército do governo existente comandaram a revolta que levou
os socialistas ao poder.
O PDPA, composto de dois grupos (Khald e Parcham) chega
ao poder e implementa uma agenda chamada de “comunista”. Proclamou o Estado Laico
e ateu, proibiram os lucros bancários, defenderam os direitos das mulheres e
decretaram a igualdade entre os sexos (mulheres entraram para a vida política e
para o trabalho). Proibiu a plantação da papoula em todo o país e combateu a
produção de ópio, uma das grandes riquezas da região (desde a chamada “Guerra
do Ópio”).
Isso incomodou uma maioria de afegãos, majoritariamente
muçulmanos, se a situação se acirrou ainda mais depois da aliança com a União
Soviética. Financiados pelos EUA, começam a crescer os grupos radicais
religiosos. E é nesse momento que começam a financiar e treinar grupos como a
Al-Qaeda e os Talibãs.
Grandes proprietários de terras, plantadores de papoulas,
sentiram-se prejudicados com o governo de esquerda e começam a acirrar o fundamentalismo
religioso, jogando os trabalhadores rurais contra as mudanças implementadas.
Na verdade, desejavam impedir a Reforma Agrária já
iniciada pelo governo e começam a fortalecer os grupos de onde se originam, mais
tarde, os Mujahidins (de onde se originam Al-Qaeda e Talibãs). E quando os
Talibãs afastam o governo socialista irão manter a proibição das plantações da
papoula.
Com a invasão dos EUA em 2001, sob a desculpa do ataque
às Torres Gêmeas, a agricultura da papoula, que fora praticamente erradicada
pelo Talibã, voltou a florescer no Afeganistão.
É de se presumir que o cultivo tenha sido retomado nas
terras dos grandes proprietários rurais, anteriormente opositores à Revolução
de Saur, ocorrida em 1978 e determinante para o processo histórico posterior. E
agora é preciso saber como vão se portar os Talibãs no poder. Vão voltar a
proibir a plantação de papoulas e a produção de ópio? Isso vai causar um novo “reboliço”
o tráfico internacional de narcóticos!
Moscou faz séria acusação. Os
esforços dos EUA para acabar com o tráfico de drogas durante sua presença
militar no Afeganistão não só não foram frutíferos, como a produção de
entorpecentes no país da Ásia Central cresceu exponencialmente, afirma o
secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev, em entrevista
publicada na quinta-feira (19) ao jornal Izvestia.
“Em vez de combater o narcotráfico, durante as duas
décadas de controle político-militar do Afeganistão os EUA puseram em prática
um projeto para criar um laboratório de drogas em escala global. A produção de
opiáceos se multiplicou em mais de 40 vezes”, disse o secretário russo.
Patrushev lembrou ainda que os objetivos de Washington
no Afeganistão não se reduziam apenas à eliminação dos perpetradores dos ataques
de 11 de setembro em Nova York, mas também a tarefas mais amplas, como a luta
contra o terrorismo internacional e o treinamento das tropas afegãs.
“Na realidade, durante a presença das forças dos EUA o
número de ataques terroristas no Afeganistão se multiplicou”, revelou
Patrushev, acrescentando que organizações terroristas como a Al-Qaeda e Daesh
(organizações terroristas proibidas na Rússia e demais países) usam o
território afegão como base para atuar em outros países da Ásia Central, bem
como na Índia, na região chinesa de Xinjiang ou no Irã.
Por outro lado, o secretário russo destacou que, para
alguns estadunidenses a guerra no Afeganistão tornou-se uma “mina de ouro”, com
o complexo militar-industrial e os empreiteiros privados a tirar grande proveito
econômico da situação.
Situação fora de controle? As
operações para retirada de pessoas do Afeganistão continuam no aeroporto de
Cabul. Mais de 18 mil pessoas já conseguiram deixar o país desde a retomada do
poder pelo Talibã, declarou uma fonte da Otan na sexta-feira (20). Enquanto
isso, a resistência aos extremistas se organiza no nordeste do país, como conta
um resistente à RFI.
Uma multidão continua a se aglomerar nas proximidades
do aeroporto internacional de Cabul, apesar das ameaças de represália dos
extremistas, acrescentou à agência Reuters a fonte da Otan, que preferiu o anonimato.
Paralelamente, em várias cidades afegãs, oponentes do
Talibã saem às ruas para desafiar os extremistas islâmicos. No vale Panshir, a
duas horas de carro a nordeste da capital, a resistência está se organizando. O
Panshir é a última fortaleza que ainda resiste ao Talibã.
A região é uma zona íngreme e montanhosa, de acesso
muito difícil. Uma fortaleza intransponível que nem os soviéticos, nem os
talibãs conseguiram conquistar.
Ahmad Massoud, filho do comandante Massoud, herói da
resistência antissoviética assassinado em 2001 pela Al-Qaeda, foi acompanhado
até Panshir pelo ex-vice-presidente afegão Amrullah Saleh. Ele se disse “pronto
para seguir os passos do pai”, em uma coluna publicado pelo jornal The
Washington Post. O resistente também faz um apelo por armas e munições. Massoud
afirma ter combatentes em número suficiente para se opor aos insurgentes,
incluindo soldados do regime anterior.
Em Asadabad, no leste do país, os afegãos hastearam a
bandeira nacional preta, vermelha e verde na quinta-feira, dia do 102º
aniversário da independência do Afeganistão. Uma forma de desafiar o Talibã,
que impôs sua bandeira branca em prédios públicos.
O Talibã, por sua vez, declarou em um comunicado no
feriado nacional, sobre o “grande orgulho para os afegãos pelo fato de seu país
estar agora prestes a reconquistar sua independência após a ocupação americana”.
Trump na ofensiva. O ex-presidente
dos EUA, o republicano Donald Trump, comentou no domingo (15) a recente
retirada das tropas estadunidenses do Afeganistão, afirmando que a volta ao
poder do movimento Talibã se tornou “uma das maiores derrotas da história estadunidense”.
“O que Biden fez com o Afeganistão é lendário. Será uma
das maiores derrotas da história dos EUA”, teria dito Trump e concluiu dizendo
que “é hora para o atual presidente Biden renunciar pelo que ele permitiu que
acontecesse no Afeganistão, junto com a subida enorme da COVID, a catástrofe na
fronteira, a destruição da independência energética e nossa economia paralisada”.
O ex-presidente concluiu dizendo que a renúncia “não
deveria ser um grande problema”, dado que, segundo ele, Biden “não foi eleito
legitimamente em primeiro lugar!”
E Biden vai enviar mais soldados. Os Departamentos de Estado e de Defesa dos EUA
anunciaram no domingo (15) que, nas 48 horas seguintes, o país expandirá sua “presença
de segurança” no Afeganistão para quase 6.000 soldados, a fim de permitir a “partida
segura” do pessoal e aliado do Afeganistão e controle do tráfego aéreo.
“Amanhã e nos próximos dias, retiraremos do país
milhares de cidadãos estadunidenses que residiram no Afeganistão, bem como os
funcionários locais da missão dos EUA em Cabul e suas famílias e outros cidadãos
afegãos particularmente vulneráveis”, informaram.
Além disso, as autoridades dos EUA prometeram “acelerar
a evacuação” dos afegãos com direito a vistos especiais de imigrante. Foi
destacado que nas últimas duas semanas quase 2.000 deles já chegaram aos Estados
Unidos.
Reino Unido “bota o galho dentro”. Por sua
vez, o ministro da Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, afirmou que o Talibã controla
o Afeganistão e que as tropas britânicas não pretendem voltar ao país.
“Reconheço que o Talibã está no controle [...] Quer dizer,
você não precisa ser um cientista político para perceber onde estamos”, disse
Wallace à Sky News na segunda-feira (16).
Perguntado se o Reino Unido e a OTAN voltariam ao Afeganistão,
Wallace disse: “Não, olha, não está previsto voltarmos”.
O ministro da Defesa britânico acrescentou que a parte
militar do aeroporto de Cabul está segura e que o Reino Unido está fazendo tudo
o possível para evacuar os cidadãos britânicos e afegãos com ligações ao país europeu.
O objetivo é manter cerca de 1.200 a 1.500 saídas por dia.
Anteriormente, nas redes sociais surgiram imagens
mostrando os EUA evacuando seus diplomatas da embaixada em helicópteros.
Biden diz que saída foi “a decisão correta”. Joe Biden afirmou na segunda-feira (16) que as tropas estadunidenses
no Afeganistão não deveriam lutar em uma guerra na qual os próprios afegãos não
estão dispostos a lutar.
“As tropas dos EUA não podem e não deveriam estar
lutando em uma guerra, e morrendo em uma guerra, que as forças afegãs não estão
dispostas a lutar por si mesmas”, disse Biden em discurso na Casa Branca sobre
a situação no Afeganistão.
O presidente deixou ainda um aviso ao Talibã para que o
movimento não interfira na evacuação de milhares de diplomatas de seu país e
tradutores afegãos do aeroporto de Cabul. A resposta a qualquer ataque seria “rápida
e enérgica”, disse Biden. “Defenderemos nosso povo com força devastadora, se
necessário”.
Biden garantiu que os EUA continuarão a apoiar o povo
do Afeganistão por meio da diplomacia e da ajuda humanitária: “Continuaremos a
apoiar o povo afegão. Lideraremos com nossa diplomacia, nossa influência
internacional e ajuda humanitária”. E, para acalmar a imprensa internacional,
disse que Washington continuará a defender os direitos das mulheres e meninas
do Afeganistão.
O presidente democrata disse que preferia enfrentar
criticismo sobre o que está acontecendo no Afeganistão, em vez de deixar
tamanha decisão para o próximo presidente. Ele acredita que a decisão de deixar
o Afeganistão é “a correta para os EUA”.
Trump não dá tréguas. Na terça-feira
(18), o ex-presidente Donald Trump chamou a retirada das tropas do Afeganistão
da maior vergonha em toda a história dos EUA. A China “está rindo”, observando
a situação atual.
Os helicópteros militares que os EUA entregaram às forças
afegãs serão agora estudados pela Rússia e China, afirmou Trump em entrevista
ao canal de televisão Fox News.
“Bilhões, bilhões de dólares. Os novíssimos helicópteros
Black Hawk agora serão estudados pela Rússia, China e por qualquer um, porque é
a melhor tecnologia no mundo”, disse Trump.
O Exército do Afeganistão combatia por causa do
dinheiro norte-americano e, quando o financiamento acabou, ele se rendeu, segundo
o ex-presidente. “Perguntei por que os soldados afegãos combatiam contra o
Talibã. Várias pessoas me disseram uma informação muito terrível. O fato é que
eles estavam entre os soldados mais bem pagos em todo o mundo. Eles faziam isso
pelo salário porque, assim que paramos de pagar, assim que saímos, eles pararam
de lutar”, indicou Trump.
“Gastávamos US$ 42 bilhões [R$ 222 bilhões] por ano.
Pensem nisso, US$ 42 bilhões. Ao que sei, a Rússia gasta US$ 50 bilhões [R$ 264
bilhões] em todo o Exército, e nós gastávamos US$ 42 bilhões”, revelou. “E em
troca ficamos sem nada”.
O perigo existe. De acordo
com o portal Defense News, fotos e vídeos compartilhados nas redes sociais
mostram os talibãs próximos de um avião de ataque A-29 e de um helicóptero
MD-530. Diante da situação, o portal questiona sobre o que os EUA poderiam
fazer a respeito, visto que as forças afegãs operavam um total de 211
aeronaves, com aproximadamente 167 aviões e helicópteros disponíveis.
Até o momento, o Departamento de Defesa dos EUA não
confirmou quantas aeronaves foram capturadas pelo Talibã, já que diversos
pilotos afegãos voaram para os países vizinhos a bordo de aeronaves.
A Força Aérea afegã operava 23 aviões de ataque A-29,
quatro aviões de transporte C-130 e um total de 33 versões militares do Cessna
Caravan, sendo que alguns deles foram adaptados para missões de ataque.
Além disso, aproximadamente 150 helicópteros, incluindo
os americanos UH-60 Black Hawk e MD-530, bem como os soviéticos Mi-17, que as forças
afegãs estavam retirando de serviço.
CIA diz que avisou. O
ex-chefe antiterrorismo da Agência Central de Inteligência (CIA), Douglas London,
disse na quarta-feira (18) que Donald Trump e Joe Biden foram alertados sobre
um possível rápido avanço do grupo Talibã após a retirada das tropas no
Afeganistão.
Em um artigo publicado no site Just Security, London
afirmou que a resistência do exército afegão contra o grupo islâmico poderia
entrar em colapso “dentro de alguns dias” depois do início das evacuações de
soldados militares.
“A decisão que Trump tomou, e Biden ratificou, de
retirar rapidamente as forças dos EUA foi tomada apesar das advertências que
projetavam o resultado que estamos testemunhando agora”, afirmou o
ex-funcionário.
Aposentado em 2019, London trabalhou em avaliações da
agência relativas ao Afeganistão durante o governo Trump, e deu consultoria voluntária
sobre as mesmas questões para a campanha do democrata Biden.
Por outro lado, também na quarta, o general Mark
Milley, maior autoridade militar do país, disse que nenhum estudo da inteligência
estadunidense indicava que forças armadas e o governo afegão entrariam em colapso.
Pelo Twitter, um outro funcionário aposentado da CIA Marc
Polymeroupolus também fez declarações sobre o assunto. Segundo ele, “culpar a
comunidade de inteligência vai acabar mal”.
Para entenderem o tamanho do problema, vejam esse mapa.
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