terça-feira, 13 de março de 2018

Aécio Neves não aumentou patrimônio; o ocultava


Aécio Neves não aumentou patrimônio; o ocultava. Por Fernando Brito

 
Publicado no blog Tijolaço
POR FERNANDO BRITO
Reportagem sobre Aécio na Folha de S.Paulo. Foto: Reprodução/Folha
Diante da revelação de que Aécio Neves teria triplicado seu patrimônio desde 2014, feita hoje pela Folha, dois comentários são relevantes.
O primeiro é que, de fato, é muito provável que Aécio não tenha “triplicado” seus bens, mas apenas corrigido em parte o que, antes, era ocultado, por razões eleitorais.
Não é, diga-se a seu favor, algo raro. As propriedades empresariais em sistema de cotas sobre o capital social e a não tributação sobre o recebimento de lucros e dividendos – que, como a jabuticaba, só existe no Brasil – cria um completo descompasso entre o que é a receita auferida pelo trabalho (salários) e a obtida pelo capital.
Além do que, como se vê  em outros “tucanocasos”, o patrimônio empresarial é, na verdade, pessoal, embora em nome da empresa. Ou não são assim os jatinhos de Luciano Huck e João Doria Jr, comprados com dinheiro do BNDES.
Além do mais, a operação em questão – venda de cotas da Rádio Itatiaia, em prestações, à sua própria irmã parece muito mais destinada a proteger a concessão das consequências políticas de ter “sujado a barra” para o senador mineiro.
O segundo ponto é que parece haver caroço embaixo deste angu, sobretudo porque a guerra surda dentro do PSDB segue de vento em popa.
Ontem mesmo se noticiava como a recusa de Antonio Anastasia em concorrer ao Governo de Minas atrapalhava os planos de Geraldo Alckmin. Anastasia, como se sabe, é criatura de Aécio, que mantém (será?) uma candidatura ao Senado para, nitidamente, bloquear qualquer outra que possa impedir negociações futuras. Aécio sabe que, embora não impossível sua eleição, a candidatura senatorial é risco acima de sua capacidade de bancar.
Ah, mas foi vazamento…
Por favor, estamos calvos de saber como e por que vias ocorrem os vazamentos policiais e judiciais.

Hollywood escondeu que Churchill foi um assassino em massa, diz autor indiano


Hollywood escondeu que Churchill foi um assassino em massa, diz autor indiano

 
Gary Oldman no papel de Winston Churchill.
Shashi Tharoor escreveu um artigo para o Washington Post no qual desconstrói a imagem que se tem de Winston Churchill no Ocidente. Shashi é autor do livro “Inglorious Empire: What the British Did to India” (“Império Inglório: O que os ingleses fizeram com a Índia”). Ele preside o Comitê de Relações Exteriores do Parlamento indiano.
“A História”, disse Winston Churchill, “será gentil comigo, pois pretendo escrevê-la sozinho.” Ele não precisa se preocupar. Churchill foi um dos grandes assassinos em massa do século 20, mas é o único, ao contrário de Hitler e Stalin, a ter escapado do ódio histórico no Ocidente. Ele foi coroado com um Prêmio Nobel (para a literatura, não menos) e na última semana, um ator que o retrata (Gary Oldman) recebeu um Oscar.
Como Hollywood confirma, a reputação de Churchill (como o que Harold Evans chamou de “o coração de leão britânico nas muralhas da civilização”) se baseia quase inteiramente em sua reviravolta e seu talento por conta de uma frase dita durante a Segunda Guerra Mundial. “Não devemos marcar nem falhar. Vamos continuar até o fim. (…) Devemos lutar nas praias, lutaremos nas terras do desembarque, vamos lutar nos campos e nas ruas. (…) Nunca devemos nos render” (O historiador britânico revisionista John Charmley destituiu isso como um “absurdo sublime”).
As palavras, no final, são tudo o que os admiradores de Churchill podem contemplar. Suas ações já são outra história.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o então primeiro-ministro do Reino Unido declarou-se a favor do “bombardeio terrorista”. Ele escreveu que queria executar “ataques absolutamente devastadores com bombas pesadas”. Terrores como o bombardeamento de Dresden, na Alemanha, foram o resultado.
Na luta pela independência irlandesa, Churchill, no cargo de secretário de Estado da guerra e da força aérea, foi uma das poucas autoridades britânicas a favor do bombardeio de manifestantes, sugerindo em 1920 que os aviões usassem “metralhadoras ou bombas” para dispersá-los.
A caminho de um conflito na Mesopotâmia, em 1921, como secretário de estado das colônias, Churchill atuou como um criminoso de guerra: “Sou fortemente a favor do uso de gás venenoso contra as tribos incivilizadas; Isso transmitiria um terror vivo entre a população”. Ele ordenou bombardeios no lugar, destruindo uma aldeia inteira em 45 minutos.
No Afeganistão, Churchill declarou que os pastós “precisavam reconhecer a superioridade da raça [britânica]” e que “todos os que resistem serão mortos sem piedade”. Ele escreveu: “Procedemos sistematicamente, aldeia por aldeia, e destruímos as casas, derrubamos as torres, cortamos as grandes árvores frondosas, queimamos as colheitas e quebramos os reservatórios em devastação punitiva. (…) Todo chefe de tribo foi ferido ou mutilado de uma só vez”.
No Quênia, Churchill dirigiu atividades que envolviam a deslocação forçada de povos locais das terras montanhosas, a fim de abrir espaço para os colonos brancos e enviar mais de 150.000 pessoas para campos de concentração. Violação sexual, castração, cigarros acesos em cortes profundos e choques elétricos foram usados ​​pelas autoridades britânicas para torturar os quenianos sob o seu governo.
Mas as principais vítimas de Winston Churchill foram os índios – “um povo bestial com uma religião bestial”, como ele os chamou agradavelmente. Ele queria usar armas químicas na Índia, mas foi retido por seus colegas do gabinete, a quem ele criticou por sua “escrupulosidade”, declarando que “as objeções do Escritório da Índia para o uso de gás contra os nativos não são razoáveis”.
A beatificação de Churchill como apóstolo da liberdade parece ainda mais absurda, dada a declaração de 1941 de que os princípios do seu livro Carta do Atlântico não se aplicariam à Índia e às colônias de cor. Ele se recusava a ver pessoas de cor terem os mesmo direitos que ele. “O gandhismo e tudo o que representa”, declarou ele, “precisa, cedo ou tarde, ser discutido e finalmente aniquilado”.
Em tais assuntos, Churchill foi o mais reacionário dos ingleses, com opiniões tão extremas que não podem ser desculpadas por serem reflexo da época em que ele vivia. Até mesmo seu próprio secretário de Estado da Índia, Leopold Amery, confessou que não via quase nenhuma diferença entre as atitudes de Churchill e Adolf Hitler.
Graças ao ex-primeiro ministro, cerca de 4 milhões de bengalis morreram de fome em 1943. Churchill ordenou o desvio de alimentos de indianos famintos para soldados britânicos e para armazenar estoques europeus na Grécia e em outros lugares. Quando perguntado sobre o sofrimento de suas vítimas indianas, sua reposta foi que a fome era culpa deles próprios, disse ele, por “procriarem como coelhos”.
O Oscar da semana passada gratifica mais uma hagiografia desse odioso homem. Para os iraquianos gaseados por causa dele, ou para os manifestantes gregos nas ruas de Atenas que foram massacrados às suas ordens em 1944, assim como para indianos como eu, será sempre um mistério por que alguns discursos bombásticos foram suficiente para lavar as manchas de sangue das mãos racistas de Churchill.
Muitos de nós vão se lembrar de Winston Churchill como um criminoso de guerra e um inimigo da decência e da humanidade, um imperialista intermitente conformado com a opressão dos povos não-brancos. Em última análise, seu grande fracasso – sua longa e mais escura hora – foi o esforço constante para nos negar a liberdade.

Telas para esconder moradores de rua, ração humana, desastre na cracolândia… o balanço da gestão Doria

Telas para esconder moradores de rua, ração humana, desastre na cracolândia… o balanço da gestão Doria

 
Nosso homem
Publicado no Facebook de Matheus Cardoso
Em um ano de gestão, Doria:
• Instalou telas para esconder moradores de rua em grandes avenida da cidade. Alegou que não e foi desmentido pelos próprios funcionários da prefeitura.
• Declarou guerra contra a arte de rua e pintou painéis urbanos de cinza. Meses depois, disse que avaliou mal a questão e inaugurou painéis pela cidade.
• Visando o populismo, o prefeito se fantasiou de gari para iniciar o programa cidade Cidade Linda, que buscava ampliar os serviços de limpeza e zeladoria na cidade. Até dezembro, todos os índices de zeladoria apresentaram resultados piores que no ano anterior.
• Resolveu mudar o nome do Bom Retiro para “Little Seul”. Após críticas, alegou que o nome não seria mudado oficialmente.
• Desmantelou a Virada Cultural em 5 palcos em bairros diferentes. Ao descaracterizar e descentralizar o evento, que tinha a ideia de fazer as pessoas transitarem pelo centro de São Paulo ao se locomoverem entre as atrações, o evento registrou seu menor público desde a criação, em 2005.
• Em seu ato mais desastroso, visando acabar com a Cracolândia, João Doria promoveu uma ação de guerra contra civis. Com total desrespeito à dignidade e a existência humana, o prefeito usou de violência, demolição de um abrigo com pessoas dentro e pediu ao MP a internação compulsória de usuário de drogas. A ação espalhou os usuários de crack pela cidade e iniciou diversas “minicracolândias”.
• Semanas depois, João Doria anuncia o lançamento do projeto “Nova Luz”, que visa a demolição da arquitetura histórica de parte do centro para renovação e construção de modernos edifícios aos moldes da Berrini. O que justificaria a barbárie na Cracolândia.
• O prefeito mandou aplicar jatos d’água em moradores de rua. Ao ser questionado, o prefeito alegou “foi um descuido”.
• Tentou distribuir farinata ou “ração humana”, para a população carente. Ao ser duramente criticado pela adoção do “alimento”, João Doria alegou “o pobre tem fome, o pobre não tem hábito alimentar”. Ao ver a medida se transformar em publicidade negativa, o prefeito voltou atrás com o projeto.
• Durante grande parte do ano, viajou a outros estados para receber premiações em um esforço de pré-campanha presidencial. Ao ser criticado, alegou que consegue administrar a cidade pelo celular.
Ao ver sua popularidade e aprovação despencaram pela população e pelo partido, João Doria voltou atrás.
• Para mascarar números da gestão, a gestão Doria age para dificultar acesso a dados e viola Lei de Acesso à Informação. Secretário da Comunicação disse em gravação que vai “botar pra dificultar” pedidos de jornalistas.
• Com suas “doações”, a gestão Doria concedeu diversos “favores” aos doadores. Operou livremente a mão invisível do mercado. Um exemplo disso foram as doações de remédio próximos a validade, onde as empresas se livraram dos custos de descarte e ganharam R$66 milhões em isenções fiscais.
• Publicou um “showreel” da cidade e anunciou o maior programa de privatizações de São Paulo. O prefeito quer realizar 55 privatizações e PPPs leiloando São Paulo à iniciativa privada.
• Contrariando tendências mundiais, lançou o programa Marginal Segura que aumenta a velocidade máxima nas marginais Tietê e Pinheiro. O prefeito dificultou o acesso às informações públicas e não é possível obter informações concretas sobre o número de acidentes, mas foram registradas 20 mortes no período.
• Sem construir um único quilômetro de ciclovia, João Doria burocratizou o processo de ampliação da malha cicloviária. E em alguns pontos, removeu a ciclovia em prol de comerciantes que alegavam perder vagas de estacionamento em seus negócios. Só em 2017, foram 32 ciclistas mortos em São Paulo.
• Quer transformar as crianças da rede pública em mídia alternativa, colocando propaganda nos uniformes escolares. Após polêmica, anunciou que irá vetar a lei.
• Cortou a verba da saúde e com isso, paralisou as obras nos hospitais Brasilândia e Parelheiros, que atenderam parte da demanda das periferias norte e sul da cidade.
• Cortou o transporte escolar e disse aos pais para mudarem filhos de escola.
• Em uma posição autoritária, João Doria demitiu ou afastou diversos funcionários que fizeram declarações contrárias a suas decisões.
[EDIT]
Como a lista da barbárie é tanta, eu vou editando aqui com informações que for lembrando ou o pessoal comentar:
• Proibiu as crianças da rede pública de repetir as refeições, marcando a mão de quem já comeu com um carimbo.
• Ofereceu para a iniciativa privada a gestão de informação sobre o Bilhete Único, facilitando o monitoramento do direito de ir e vir do cidadão.
• Deixou cães e gatos sem comida no Centro de Controle de Zoonoses, por problemas de licitação.
• Cortou em mais da metade a verba do “Leve Leite”, e com os ajustes deixou de fora do programa 690 mil crianças e adolescentes.
[EDIT 2]
Esse post era um resumo dos desastres do primeiro ano de gestão, mas como voltou à tona agora, vale acrescentar mais alguns tópicos:
• Pretende reduzir o número de ônibus e linhas. A cidade pela primeira vez na história teve um recuo no número de pessoas transportadas em modais públicos e com isso, o João Trabalhador que manter o pobre na periferia ou levando ainda mais tempo para ir e voltar ao trabalho.
• Doria está sendo processado pelo MP pelo uso indevido da marca própria do CIDADE LINDA em veículos públicos para propaganda pessoas.
• Rebaixou a CGM – Controladoria Geral do Município, órgão contra a corrupção que descobriu a mafia do ISS, a uma secretaria. Além de demitir a Controladora Laura Mendes Armando de Barros duas semanas após abrir uma investigação da mafia da Cidade Limpa.
• Aumentou exponencialmente o investimento em propaganda, enquanto cortou orçamento de diversas secretarias importantes.

Composição da Assembleia Nacional de Cuba é uma das mais democráticas do continente

ELEIÇÕES

Composição da Assembleia Nacional de Cuba é uma das mais democráticas do continente

Eleição em Cuba no último domingo teve participação de 82,9% dos eleitores

Brasil de Fato | Enviada especial em Havana, Cuba
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Cerca de 7,3 milhões de cubanos participaram das eleições da Assembleia Nacional do Poder Popular e das Assembleias Provinciais. / Divulgação
“As eleições cubanas foram um sucesso. Registramos uma participação massiva dos eleitores”, informou a presidente do Comissão Eleitoral Nacional (CEN), Alina Balseiro, durante entrevista coletiva à imprensa internacional, nessa segunda-feira (12).
Segundo dados preliminares do Poder Eleitoral, cerca de 7,3 milhões de cubanos participaram das eleições da Assembleia Nacional do Poder Popular e das Assembleias Provinciais. O número representa 82,9% dos eleitores. Mais de 8,9 milhões de cubanos estavam habilitados a votar.
A presidenta do órgão alertou que os números divulgados ainda são dados prévios e o podem mudar quando todos os votos forem processados. “Permitiu-se pela primeira vez que as pessoas que estivessem fora de seu domicílio eleitoral pudessem votar. Esses votos ainda não foram processados”, explicou Alina Balseiro. Na última eleição nacional, em 2013, os dados finais do CEN apontaram uma participação de 89% da população votante.
Outro dado divulgado pela presidenta mostra que os votos brancos diminuíram. Na eleição de 2013 foram 4,66% e esse ano foram 4%. Os votos nulos somam 1% e se manteve estável.
Apesar do voto não ser obrigatório, os processos cubanos registram participação eleitoral acima da média dos países do continente Americano. Na Colômbia, por exemplo, que também realizou eleições para o Congresso no último final de semana, o índice de participação ficou em 45%, segundo dados divulgados pela imprensa colombiana, na segunda-feira (12).
Composição do parlamento
Dos 605 deputados eleitos no último domingo, cerca de 53% são mulheres, o que converte a Assembleia Nacional cubana no segundo parlamente com mais mulheres eleitas, depois da Bolívia.
Além disso, 40,6% dos parlamentares possuem menos de 50 anos e 13% são jovens de menos de 35 anos. A composição racial também é uma das mais democráticas da América Latina. Cerca de 59,5% do parlamento eleito é branco e 40,5% negro e pardo.
Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, a presidenta do CEN destacou o caráter popular e participativo das eleições legislativas cubanas. “Para entender a composição da Assembleia Nacional é preciso entender também o sistema eleitoral cubano. A seleção dos candidatos que participam das eleições nacionais começam na base, com uma assembleia de vizinhos. Isso envolve a participação do povo desde a primeira etapa”, destacou Balseiro.
De acordo com a presidenta da Comissão Eleitoral, a população participa de todas as etapas do processo eleitoral, incluindo a escolha dos candidatos.
“Pelo menos 47% dos deputados eleitos são fruto das assembleias dos núcleos de base de cada bairro. O que quero dizer é que isso flui de forma autônoma. Não existe nenhum tipo de pressão, tudo é feito de forma voluntária. As pessoas escolhidas nesses espaços são a própria representação do povo”, ressaltou a funcionário do Estado cubano, Alina Balseiro.
As eleições cubana são realizadas em três etapas. A primeira foi em novembro do ano passado, quando os delegados dos núcleos de base foram eleitos. Quase a metade dos candidatos a parlamentares saíram dessa primeira etapa. No último domingo foi a segunda etapa, com a eleição dos deputados Assembleia Nacional do Poder Popular e dos 1.200 delegados das 15 Assembleias Provinciais (estados). E a terceira e última etapa será realizada em abril, com a eleição do Conselho de Estado da Assembleia Nacional e do presidente do Conselho, que também será o presidente do país.
Edição: Luiz Felipe Albuquerque