quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Ettore Scola

Ettore Scola

Ettore Scola

“O cinema não pode mudar o mundo nem a realidade, mas pode ajudar a refletir”.

Discípulo de Vittorio De Sica, o cineasta italiano Ettore Scola nasceu em 1931 em Trevico na Itália. Começou sua carreira no cinema como roteirista e foi ator, produtor e assistente de direção. Filho de médico, estudou direito na faculdade em Roma, mas nunca teve a intenção de seguir a carreira. Em pouco tempo, sentiu o fascínio do jornalismo, trabalhando como diagramador de um jornal humorístico. Acabou indo para o rádio onde fazia scripts para comédias, alguns para um programa com Alberto Sordi, então extremamente popular. Em pouco tempo, Scola também já era um roteirista conceituado no cinema. Porém, ele demorou para optar pela direção. Com quase 40 filmes no currículo, Scola descende de um grupo politizado, socialista (no real sentido da palavra) e bem humorado que transformou o cinema italiano depois da II guerra mundial.

Estreou com o filme Se Permettete Parliamo di Donne (1964), com Mônica Vitti e Vittorio Gassman, que viria a ser um ator constante em seus filmes, e, desde 2003 não produz nada. Sensível aos dramas familiares e aos temas políticos, seus filmes tem em comum essas temáticas, sempre retratadas com bom humor.

Seu primeiro sucesso foi com o filme Ciúme à Italiana (1970), uma sátira a política de seu país. O reconhecimento internacional, no entanto, veio quatro anos mais tarde com Nós Que Nos Amávamos Tanto (1975), sobre o encontro de ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial. Um ano mais tarde, Scola ganhou o prêmio de melhor direção no Festival de Cannes por Feios, Sujos e Malvados(1976), uma bem-humorada paródia da utopia urbanista do filme Milagre em Milão (1951), de Vittorio De Sica. Desenvolveu uma parceria das mais produtivas com o músico Armando Trovajoli, um constante colaborador de suas películas.

Com Sophia Loren e Marcello Mastroianni em Um Dia Muito Especial (1977), foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Em O Baile (1983), um filme sem narrativa nem diálogos, apenas com números de música e dança que contam histórias do século XX (guerras, amores e pragas) ele inovou na estética cinematográfica. Com Casanova e a Revolução (1982) ele foge da Itália para retratar a revolução francesa, depois veio o ótimo O Jantar (1998) e Concorrência Desleal (2001), o melhor filme do cineasta na minha opinião. Esses filmes fazem parte da mostra que começa hoje sobre esse genial diretor italiano. Infelizmente, com quase 40 filmes lançados, a obra de Scola não chegou ao Brasil na sua totalidade, por isso iremos nos concentrar nos filmes lançados em DVD, quatro ao todo e VHS, dois.

Dono de uma caligrafia privilegiada na construção de diálogos, Ettore Scola busca transmitir em suas películas uma análise real da vida, algo comparável a Robert Altman, com um pouco menos de sarcasmo. Outra característica em suas obras é a visão infantil que costuma encerrar suas películas, um toque do gênio criativo. No próximo post trarei uma interessante entrevista do diretor ao site português cine cartaz.

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Quem tem medo da auditoria da dívida pública?

20/01/2016 - Copyleft

Quem tem medo da auditoria da dívida pública?

É urgente que essa verdadeira caixa preta, em que se transformaram as relações econômicas e financeiras envolvendo recursos públicos, seja aberta a todos.


Paulo Kliass *
José Cruz/Agência Brasil
No dia 14 de janeiro, o Diário Oficial da União publicou a sanção da lei n° 13.249. Esse é o texto legal que trata do Plano Plurianual (PPA) da União para o quadriênio 2016-2019. Importante instrumento de planejamento governamental, o PPA está previsto na Constituição e o artigo 2° da lei aprovada assim define sua caracterização:
“É instrumento de planejamento governamental que define diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada, com o propósito de viabilizar a implementação e a gestão das políticas públicas.”

Ocorre que, na versão aprovada pelo Congresso Nacional, havia um dispositivo prevendo a realização de uma auditoria da dívida pública. Compreende-se a preocupação do legislador com a questão, uma vez que o volume do endividamento e o nível da taxa de juros impactam os gastos orçamentários e comprometem também a capacidade de investimento de médio e longo prazos do Estado. Porém, esse item foi vetado pelo Palácio do Planalto. A decisão do governo provocou um aprofundamento do debate a respeito do tema e dividiu opiniões e corações.

Afinal, quais as razões para incorrer em um custo político de eliminar um dispositivo aprovado pelo Parlamento e que corresponde a uma reivindicação histórica das forças políticas progressistas em nosso País? Lembremo-nos que, em 1988, a Assembleia Nacional Constituinte já havia introduzido no art. 26 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias a previsão de uma auditoria da dívida pública externa. E nada foi feito a esse respeito ao longo desses 28 anos. Além disso, o Relatório da CPI da dívida interna de 2010 ficou esquecido nas gavetas do legislativo e pouco se mobilizou a esse respeito.




“Internalização” da dívida externa.


É bem verdade que as transformações verificadas no processo de endividamento do governo brasileiro ao longo dos últimos anos exigem uma nova abordagem a respeito da própria questão da auditoria. De 2003 até os dias de hoje, assistimos ao fenômeno que chamei de “internalização da dívida externa”. Assim, os grandes lotes de constituição da dívida em moeda estrangeira associados a grandes projetos, a processos de renegociação com instituições multilaterais (FMI, Banco Mundial e outros) ou a determinados casos de criação de “dívida especial” não são mais facilmente identificáveis. Os títulos externos foram trocados e atualmente a parcela majoritária de nosso estoque de dívida encontra-se denominada em títulos públicos expressos em moeda nacional.

Secretaria do Tesouro Nacional divulga um boletim mensal acompanhando a evolução da matéria. As últimas informações são de novembro de 2015. Dos R$ 2,7 trilhões da dívida federal da União, por exemplo, apenas R$ 142 bilhões (5% do total) correspondem à dívida externa. O restante é composto por endividamento em diversas modalidades de papéis emitidos pelo Tesouro Nacional. É o caso das Letras Fiscais do Tesouro (LFTs), das Letras do Tesouro Nacional (LTNs), das Notas do Tesouro Nacional (NTNs), entre outros. As principais diferenças entre eles referem-se a prazos de vencimento, índices de remuneração e outras variáveis.

Outras informações a respeito da dívida pública são consolidadas pelo Banco Central e oferecem uma visão global do setor público, incorporando as dívidas dos Estados e dos Municípios.  Além disso, o BC apresenta as informações dos montantes da dívida bruta e da dívida líquida do governo. Essa distinção é relevante para a verificação do índice de endividamento público de um país, pois alguns créditos do governo devem ser levados em conta quando se pretende verificar a capacidade de pagamento do total devido.

O Boletim de novembro do BC nos informa que o estoque da dívida bruta chega a 65% do PIB, ao passo que a utilização do conceito de dívida líquida reduz tal índice a 34% do PIB. No entanto, em uma abordagem de auditoria, seria importante acompanhar a evolução do conjunto dos créditos criados pelo setor público ao longo do tempo. A dívida bruta do setor público atinge R$ 3,8 trilhões. Porém, nessa abordagem compreensiva dos diversos níveis de governo, percebemos que o peso da dívida externa é um pouco maior, em razão dos compromissos assumidos pelos entes subnacionais. Ela atinge R$ 260 bilhões, equivalente a 7% do total.


O financismo é o único que teme a auditoria.


Isto posto, cabe retomar a pergunta do título. Quem tem medo da auditoria da dívida? Na verdade, só consigo imaginar a resistência tendo origem nos setores mais umbilicalmente vinculados ao financismo e aos seus mecanismos de apropriação dos rendimentos associados à armadilha da dívida pública. Eles são os únicos que teriam, eventualmente, alguma coisa perder com a transparência e o debate público. Não haveria razões para ter receio de compartilhar informações detalhadas a respeito de processos de formação de dívida pública, uma vez que são títulos que impactam de forma significativa as finanças públicas de qualquer país.

A simples existência de tal montante de dívida significa um mecanismo potencial de estímulo à concentração de renda e portador de desigualdades. Trata-se de uma reorientação de recursos orçamentários para o pagamento de juros e serviços financeiros, retirando-os das funções governamentais associadas às despesas sociais e aos investimentos. Os beneficiários da drenagem de tais gastos do Estado são muito reduzidos, ainda mais quando comparados às dezenas de milhões de famílias que são atingidas pelos gastos de natureza social universal. Esse fato revela-se ainda mais grave em conjunturas como a atual, quando o país chegou a direcionar mais de R$ 510 bilhões anuais para esse fim, valor próximo a 8,7% do PIB.

Dentre os argumentos apresentados por aqueles que manifestam algum temor quanto aos efeitos de eventual auditoria, encontramos os que consideram arriscado um caminho que pode levar a um “calote” da dívida ou a um resultado pífio, em razão das inegáveis dificuldades envolvidas no tratamento da matéria. Outros argumentam que o foco central deve ser apenas a redução dos juros e nem tanto a avaliação do estoque da dívida.


Impacto do volume da dívida e do nível da taxa de juros.


Excetuando-se as opiniões expressamente interesseiras dos diretores de instituições financeiras e dos consultores de mercado de capitais, pode-se até compreender as razões daqueles mais céticos quanto aos resultados de uma eventual auditoria. No entanto, o fato é que o tratamento da questão do impacto financeiro da evolução da dívida sobre a macroeconomia ocorre por duas vias. De um lado, pelo inacreditável patamar das taxas oficiais de juros tupiniquins e seu impacto sobre o serviço da dívida. É bem verdade que se a SELIC estivesse em níveis considerados “civilizados”, a quantidade de recursos públicos sugados para esse fim seria bem menor. No entanto, é inegável que o estoque atual da dívida é também fator essencial para essa disfunção das políticas públicas.

O tratamento das finanças governamentais não deve ser considerado como um atributo exclusivo de um departamento técnico. Trata-se de um aspecto fundamental de decisão governamental e está submetido a pressões e contrapressões de natureza política. Ocorre que a tradicional e histórica ausência de luz e oxigênio sobre o tema, fez com que apenas o “lobby” do financismo estivesse em condições de lograr êxito na satisfação de seus interesses. Afinal, são mais do que conhecidas as famosas manobras e negociatas com mudanças de títulos públicos, as súbitas desvalorizações, as moedas podres das privatizações, a intermediação dos fundos de pensão, as manobras contábeis entre Banco Central, Tesouro Nacional e demais instituições financeiras.

Questões mais atuais, como as operações envolvendo os swaps cambiais também deveriam ser objeto de exposição e debate. A auditoria poderia operar como espaço para termos mais informações a respeito. Afinal, apenas em 2015 o governo transferiu mais de R$ 100 bilhões aos agentes do sistema financeiro, que se beneficiaram do processo de desvalorização cambial e transferiram suas perdas para o conjunto da sociedade. É urgente que essa verdadeira caixa preta, em que se transformaram as relações econômicas e financeiras envolvendo recursos públicos, seja aberta a todos.

O fato de os setores mais liberais e conservadores bradarem aos quatro ventos contra o suposto elevado peso da dívida sobre o PIB não significa que as forças progressistas devamos permanecer calados a respeito dos R$ 3,8 trilhões que formam o estoque total da dívida pública. Por que apenas a previdência social deve ser sempre chamada a contribuir com o equacionamento da situação fiscal, com redução de direitos dos participantes (ativos e inativos) do sistema? Se a solução passa mesmo por mudanças estruturais nos fluxos financeiros futuros do Estado, por que não pensarmos em solicitar a contribuição também do “sistema da dívida”?


Transparência: luz e oxigênio ao debate.


É verdade que a carga de nosso endividamento é ainda baixa, quando comparada a outros países. No entanto, é fundamental que a sociedade tenha informações a respeito das origens desse montante, da legalidade/legitimidade de sua constituição e dos mecanismos de gestão atual do endividamento. Isso significa, entre outras coisas, rediscutir os prazos dos títulos e as taxas de remuneração que incidem sobre os mesmos.

Além disso, a auditoria permitiria a divulgação de informações relativas a quem são os detentores dos títulos da dívida pública. Como se dá a distribuição detalhada entre os agentes do sistema financeiro? Quais os percentuais entre os diversos bancos, fundos de investimento e fundos de pensão? Qual o impacto da rolagem da dívida pública nos balanços milionariamente positivos das corporações que operam no mercado financeiro? Quais são os principais agentes financeiros estrangeiros que vêm atraídos pelas elevadas taxas de juros e seguro de câmbio para aplicar seus recursos em títulos públicos brasileiros?

É mais do que sabido que política e economia caminham sempre juntas, em especial nas decisões de política econômica. A auditoria da dívida pública é mais um mecanismo de conferir maior grau de republicanismo a uma das vertentes da “política”. Justamente os setores que sempre estiveram mantidos à distância das informações e das deliberações.

* Paulo Kliass é doutor em Economia pela Universidade de Paris 10 e Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal.
Créditos da foto: José Cruz/Agência Brasil


Fonte: Carta Maior

Carta Maior

Boletim Carta Maior - 21 de Janeiro de 2016

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STIGLITZ: BANCO CENTRAL DO BRASIL ESTRANGULA ECONOMIA DO PAÍS

STIGLITZ: BANCO CENTRAL DO BRASIL ESTRANGULA ECONOMIA DO PAÍS
Prêmio Nobel de Economia, o norte-americano Joseph Stiglitz afirmou que o Banco Central do Brasil “estrangula a economia do país”. Segundo ele, a atual política monetária está agravando os problemas existentes. Em entrevista a O Estado de S. Paulo, Stiglitz destaca que aumentar juros só tem efeito para reduzir uma inflação de custos “matando a economia”. As declarações foram dadas pouco antes de o COPOM decidir, nesta quarta (20), sobre o futuro da taxa básica de juros da economia.
"Vocês têm uma das mais altas taxas de juros no mundo. Se o Brasil reagisse à queda no preço das exportações com medidas contracíclicas, o país talvez pudesse ter evitado a intensidade da atual crise. Outra questão é que, sempre que ocorrem escândalos de corrupção da magnitude do que acontece agora no Brasil, a economia é jogada para baixo. Isso cria uma espécie de paralisia", afirmou o economista, ao analisar os atuais problemas da economia verde-amarela.
De acordo com ele, a política monetária deveria se contrapor aos impactos na economia impostas pela Operação Lava Jato e pela queda no preço das commodities. "O sistema legal no Brasil está colocando muita gente na prisão. Não estou dizendo que não deveriam fazer isso, mas a política monetária deveria reconhecer que este é um período em que haverá restrição de gastos, particularmente no setor público, em que as pessoas serão mais cautelosas em tomar decisões, em que a construção civil vai se contrair".
“Teoria desacreditada”
Stiglitz rechaçou a ideia – que tem guiado as escolhas do Banco Central – de que é preciso, de qualquer forma, elevar juros para controlar preços. “Esse modelo que diz que, se a inflação está alta, você sobe os juros é uma teoria que foi desacreditada. É preciso saber qual é a fonte da inflação. Se for excesso de demanda, aí você sobe os juros, porque tem que moderar a demanda. Mas se for um impulso por custos, você tem que ser cuidadoso. Nesse caso, a forma pela qual a alta de juros reduz a inflação é matando a economia”, disse.
Segundo ele, nesse caso, “se você conseguir desemprego o suficiente, os salários são deprimidos, e você segura a inflação”. Stiglitz disse que não é bom ter uma inflação descontrolada, mas também não se deve matar a economia. “E eu acho que eles [do Banco Central brasileiro] perderam esse equilíbrio”, avaliou.
Questionado pelo jornal se a culpa dos problemas econômicos seria da política fiscal ou do Banco Central, o economista ressaltou que, quando a economia desacelera, as receitas tributárias caem e ocorrem déficits. “Se a economia for estimulada, a receita sobe. Dessa forma, a política monetária pode ajudar a política fiscal”, declarou.
“Vocês têm dois problemas: o colapso do preço das exportações e o escândalo de corrupção. O que eu disse é que a política monetária deveria se contrapor a esses fatores, mas, em vez disso, ela está agravando o problema”.
Desigualdade e crise global
Em relação ao quadro mundial, Stiglitz avaliou que a economia terá desempenho em 2016 igual ou pior ao de 2015. “Há falta de demanda agregada global. Mesmo antes da crise, o que sustentava a economia americana era uma bolha artificial. Se não fosse por ela, a economia teria sido fraca”, destacou.
Segundo ele, há quatro motivos para a demanda reduzida:
1. A primeira é a desigualdade. As pessoas no topo não gastam tanto (como parte da sua renda) quanto as pessoas na base. Então, à medida que a desigualdade cresce, a demanda se enfraquece”, explicou.
2. Em segundo lugar, apontou, há transformações estruturais acontecendo em quase todos os países. “Nos EUA, a transição da indústria manufatureira para os serviços; na China, das exportações para a demanda interna. Mas os mercados são duros em conduzir essas transições. Tem sempre gente que fica para trás, o que contribui para a desigualdade. Os setores que ficam para trás não podem demandar bens”, diagnosticou.
3. Em terceiro estaria a “bagunça” que está a zona do euro, com políticas econômicas que contribuíram para reduzir o crescimento.
4. Por fim, a queda do preço do petróleo.
Para sanar os problemas da economia global, o economista defende um aumento de gastos do governo nos Estados Unidos e na Europa. “Nos dois casos, os setores públicos podem tomar emprestado a juros muito baixos. E, por outro lado, é preciso investimento em tecnologia, educação, infraestrutura. Isso estimularia a economia. Compraríamos mais do Brasil, o que ajudaria vocês”, indicou.
Hitler, produto do desemprego
Stiglitz, contudo, disse haver obstáculos políticos a essa estratégia. Segundo ele, há um amplo sentimento no partido Democrata dos EUA em favor desse tipo de abordagem. Já nas Europa, “é mais complicado”, por causa da ideologia alemã. “Os alemães reescreveram a história para acreditar que a inflação foi o problema principal (na ascensão do nazismo), mas o que causou Hitler foi o desemprego. E eles se esqueceram disso. Eles esqueceram que o desemprego é a verdadeira causa da instabilidade social”, encerrou.
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O melhor da entrevista de Lula aos blogs

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

O melhor da entrevista de Lula aos blogs

Foto: Renato Rovai
Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Respondo na hora a quem me perguntar qual foi o ponto mais importante da entrevista de Lula a blogs e sites independentes, que terminou agorinha.

Foi poder falar o que ele quer falar, não o que querem que fale.

Alguém tem dúvida do que seria a “pauta-ditadura” se a coletiva fosse uma “convencional”, só com os jornalistas da grande imprensa?

Anotem aí: Bumlai, Cerveró, Zelotes, Lava Jato e por aí…

Todos claro, pontos abordáveis, mas, como brincou ele ao final, foram daquilo que o “filósofo” Vicentinho dizia: que o importante é o principal, o resto é “secundário””

Falando aos blogueiros e – com a transmissão ao vivo diante também da imprensa dita “convencional” – Lula escapou do tema e do “lead” combinado, que reduz suas declarações ao que a pauta da imprensa impõe.

Inverteu o jogo: ele produz as afirmações, a imprensa – “convencional”, inclusive – as reproduz.

É sempre, eu sei, inferior a uma boa entrevista, onde o entrevistador pode ajudar a tornar idéias mais claras e profundas.

Mas é possível hoje isso no Brasil, quando todos os jornalistas estão quase sob o controle – seja pelo emprego, seja pela reputação “de mercado” – do partido único da imprensa brasileira?

Se toda a discussão vai ficar centrada em comentar papeluchos de supostos delatores e procurar intrigas com Dilma? Evidente que divergências existem e foram expostas de forma clara e absolutamente respeitosa.

Então, o que acontece é o que se viu: os jornais publicando o que Lula quer falar, da maneira que quis falar e todo mundo pôde ver.

Sem poderem, como é praxe, “combinar” tacitamente o que – pela sua peneira – passaria como sendo aquilo que “Lula falou”.

É o caso de o ex-presidente pensar: porque não usar este recurso, que faria hoje o velho Brizola delirar com esta “Mayrink Veiga” cibernética de que se dispõe.

Porque não pensar, talvez, numa videocoluna semanal, disponibilizada via web, que milhares de sites e blogs, gratuitamente, reproduzir, circulariam pelos youtubes, facebooks e tuítes de milhões e que, por isso, também a grande imprensa teria de registrar?

Com sinceridade e simplicidade – suas grandes armas – e não com aquela coisa de pronunciamento “feito” por marqueteiro.

Volto, depois, com os temas tratados com Lula, mas já fica aí o que penso ser mais importante e urgente.

O resto, dizia Vicentinho, é secundário.
Postado por Miro às 20:39