terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Ditadura militar: a terrível violência contra os índios em MG MONSTRUOSIDADE!

HISTÓRIA

Ditadura militar: a terrível violência contra os índios em MG

Pesquisas da Comissão da Verdade mostram técnicas de tortura, prisões e aumento da violência durante regime

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG)
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Ouça a matéria:
Guarda rural indígena: a foto mostra a formatura de 84 indígenas, em 1970, treinados pelo regime militar para realizar repressão nas aldeias / Arquivo Convemg
Cleonice Pankararu tinha dois anos quando essa história começou. Ela e a família viviam em uma aldeia em Pernambuco, ameaçada pela construção da Hidrelétrica de São Francisco. Os integrantes da aldeia não concordaram com a construção e então, num dia no final dos anos 60, o avô de Cleonice foi amarrado por guardas e sumiu. Ali começou a viagem em busca de Antônio Pankararu.
A sua filha única juntou a família e saiu a pé pelo país. Foram dez anos caminhando por estradas da Bahia, Minas, Goiás e Distrito Federal procurando pistas do avô. “Daí alguém comentou com minha mãe que existia um presídio de índios em Minas”, conta. A família pankararu chegou em terras mineiras no início da década de 70, por motivos muito ruins: o avô estava encarcerado no presídio indígena criado pelo governo militar, o Reformatório Krenak.
Antônio Pankararu foi um dos 100 índios de todo o país presos no Reformatório Krenak, construído na cidade de Resplendor (MG), conforme revela o relatório final da Comissão da Verdade de Minas Gerais (COVEMG). A comissão investigou violências e outras violações de direitos cometidos entre os anos de 1946 e 1988. Trouxe à tona a forma agressiva, e até o momento inexplicável, com que o governo tratava os indígenas.
As pesquisas dividem a atitude do governo brasileiro em duas fases. Na primeira delas o Estado teria acobertado órgãos e pessoas que não respeitavam os direitos dos indígenas. Nessa época, comunidades perdiam suas terras de forma ilegal e os governos faziam “vistas grossas”. Na segunda fase, já sob o regime militar, o governo reestruturou a política e criou suas próprias ferramentas de regulação e repressão às comunidades.
Um dos motivadores dessa mudança foi o dossiê “Relatório Figueiredo”.
Tortura e corrupção viram escândalo
Um procurador-geral, Jader de Figueiredo Correia, recebe a tarefa de investigar o Serviço de Proteção ao Índio. O SPI foi criado em 1910 e tinha a função de dar assistência e “inserir” o índio na sociedade. Em 1968, o relatório é divulgado. Mostrava torturas contra indígenas, venda de crianças, trabalho e prostituição forçada, extermínio de tribos através de dinamites e disseminação de vírus, além de inúmeros casos de corrupção. A repercussão foi internacional. Jornais exigiram que a Nações Unidas (ONU) investigasse os crimes, que aconteceram majoritariamente entre 1961 a 1967.
Assim, o regime militar resolve reorganizar a política indigenista. Em 1969 cria a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e em Minas Gerais cria as duas principais instituições de repressão contra indígenas de todo o país: o Reformatório Krenak e a Guarda Rural Indígena (GRIN).
LINHA DO TEMPO | Órgãos governamentais indígenas
1910: Criação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI)
1911: Criação do Posto Indigenista Guido Marlière / Krenak, no município de Resplendor (MG)
1941: Criação do Posto Indígena Mariano de Oliveira / Maxacali, no município de Santa Helena (MG)
1968: Publicação do Relatório Figueiredo
1969: Criação da Fundação Nacional do Índio (FUNAI)
1969: Criação da Guarda Rural Indígena (GRIN)
1969: Criação do Reformatório Krenak
1972: Criação da Fazenda Guarani
Cara nova, serviço velho
“Na margem esquerda do Rio Doce funciona agora um posto indígena da FUNAI. Lá dentro, dois cabos da PM e cinco soldados tomam conta do velho Jacó e da velha Sebastiana e de mais 50 índios de todo Brasil, considerados rebeldes. Para o velho Jacó e a velha Sebastiana, não há mais esperanças: só sairão de lá mortos. […] O significado exato da palavra ‘rebelde’, aplicado aos índios, até agora ninguém entendeu”, descreve reportagem do jornal Correio da Manhã, de abril de 1970.
Como afirma o relato, as violências continuaram. O relatório da Covemg mostra que o Reformatório Krenak recebia indígenas de todo o país e dizia “reeducá-los”, mas na verdade funcionava como prisão para índios acusados de vadiagem, embriaguez, desentendimento com chefes militares ou que resistiam às expulsões de suas terras. O mapeamento da comissão mostra que foram presos 104 indígenas, de 16 etnias diferentes.
A pedagoga Geralda Chaves Soares, que era do Conselho Missionário, morou com os indígenas Maxacali por 8 anos. Ela lembra de um Maxacali preso no Reformatório e que foi obrigado a tomar leite fervendo e água gelada, o que teria danificado seu estômago. “Quando ele voltou estava vomitando, não conseguia mais se alimentar e morreu dessa forma”, lembra. Os relatos sobre a “Prisão Krenak”, como os índios a chamavam, são também de trabalho forçado, fome, frio e maus-tratos contínuos.
O relatório aponta que a prisão era comandada pela Polícia Militar, sendo coordenada pelo capitão Manoel Pinheiro. Isso, na opinião de Marco Túlio Antunes Gomes, mestrando em história e pesquisador da Covemg por dois anos, é um símbolo da militarização do serviço indigenista.
“A questão indígena sempre esteve muito próxima à questão de ordem, de segurança nacional. O homem considerado o grande patrono da questão indígena é o Cândido Rondon, que é um militar. Mas a partir de 69 há uma presença maior dos militares assumindo cargos na administração”, analisa Marco Túlio.
Ditadura ensina indígenas a torturar
Na criação da Guarda Rural Indígena (GRIN), também em 1969, o governo militar fez diferente: formou uma corporação apenas de índios. Foram selecionados 84 indígenas de todo o país e enviados a um batalhão de Belo Horizonte, onde receberam treinamento militar e aulas de educação “cívica e moral”. Um vídeo da formatura da primeira turma da GRIN surpreende. Dois indígenas carregam um terceiro em um pau de arara – técnica de tortura, apresentando às autoridades o que tinham aprendido a fazer.
Geralda acredita que a cultura violenta da GRIN se entranhou nas aldeias e indígenas passaram a punir “culpados” com suas próprias mãos. “Me falaram que uma mulher foi presa porque vendeu cachaça para os índios. Ela foi levada pra aldeia, obrigada a trabalhar nua e parece que era estuprada”, conta. “Ensinaram para os índios que tinham que bater e torturar”, critica a missionária.
Que fim levaram?
O pesquisador Marco Túlio analisa que a ditadura promoveu o etnocídio de povos indígenas, como no caso dos índios Xacriabá e dos Krenak, duas das etnias que a Covemg conseguiu estudar mais a fundo. “Houve uma enorme perda de territórios, e por conta dos deslocamentos, eles tiveram que esconder sua cultura para sobreviver, seu idioma, sua religião. Foi um extermínio físico e cultural”, denuncia. Apesar disso, ele enfatiza que essas culturas foram resistentes e não desapareceram.
A maioria dos indígenas presos no Reformatório Krenak e depois transferidos para a Fazenda Guarani não tiveram a chance de voltar para seus povos. A família pankararu, por exemplo, permaneceu em Minas e fundou as comunidades Atukaré, na cidade de Coronel Murta, e Cinta Vermelha Jundida, em Araçuaí. Seguem cultivando suas tradições e a luta, que parece acompanhá-los por toda a vida. “Meio século depois, nossa questão continua sendo o território”, lastima Cleonice.
Comissão recomenda demarcação de terras e que investigações continuem
Ao final de dois anos de pesquisas, a Comissão da Verdade de Minas Gerais divulgou 14 orientações, principalmente para o governo, com o objetivo de reparar danos causados aos indígenas. Na continuação das apurações, recomenda-se a criação de uma Comissão Nacional Indígena da Verdade, a investigação das perseguições aos apoiadores da luta indígena e das mortes de Waldomiro Maxacali e Osmino Maxacali, assassinados em 1982. Pede-se também o envio do relatório à Procuradoria Regional do Ministério Público Estadual para instaurar inquéritos e tomar as medidas cabíveis.
A conclusão das demarcações das terras indígenas também é preocupação da Covemg, já que a maioria dos conflitos tem relação com a terra. A comissão recomenda que o Estado brasileiro faça um pedido público de desculpas aos indígenas, por ter sido parte no roubo dos seus territórios e no desrespeito de seus direitos. E que a Lei 11.645 seja cumprida e as escolas comecem a ensinar sobre a triste violação dos povos indígenas no Brasil.
O Brasil de Fato está publicando uma série de matérias sobre o relatório da Comissão da Verdade de Minas Gerais. Leia a primeira em:

Ditadura militar: atualize as histórias que te contaram na escola.
Edição: Joana Tavares

Deputados pedem a presidente do TRF4 justiça para Lula

Deputados pedem a presidente do TRF4 justiça para Lula

Em reunião com TRF4, parlamentares reafirmaram que eleição sem Lula é fraude e que o direito de manifestação não é negociável
 12/01/2018 20h51

Caco Argemi
Parlamentares em reunião com presidente do TRF4
O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), acompanhado por um grupo de parlamentares do Partido dos Trabalhadores, entregou nesta sexta-feira (12) ao presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, uma carta-manifesto em que revela o inconformismo e a indignação com os trâmites adotados, até agora, no processo de julgamento do ex-presidente Lula.
“Reafirmamos o nosso ponto de vista de que uma eleição este ano sem Lula é uma fraude, um golpe”, disse Pimenta, em entrevista coletiva logo após a reunião. Ele estava acompanhado da deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), do deputado Marco Maia (PT-RS), além dos deputados estaduais do Rio Grande do Sul, Tarcísio Zimmermann (PT-RS), Stela Farias (PT-RS) e Edegar Pretto(PT-RS), além do advogado Ricardo Zamora.
A comitiva reforçou que espera do tribunal um julgamento nos limites daquilo que a lei estabelece e que prevaleça o viés imparcial da Justiça no processo do ex-presidente, cujo julgamento do recurso da defesa está marcado para 24 de janeiro. “Quando essa garantia deixa de existir, todo o sistema é colocado em risco e fica sob suspeita”.
No documento, os parlamentares também destacaram que o caso em questão está sob os holofotes de renomados juristas internacionais, “o que demonstra que o Brasil corre o risco, como nação, de se ver completamente desmoralizado internacionalmente caso conclua negativamente ao ex-presidente um julgamento que se evidencia pela ausência total de provas”.
Além da carta, os deputados protocolaram no TRF4 o abaixo assinado “Projeto Brasil Nação: o direito de Lula ser candidato a presidente do Brasil”, com mais de 50 mil assinaturas; entregaram ao desembargador o livro “Comentários a Uma Sentença Anunciada”, elaborado por um grupo de juristas que faz uma análise da sentença do juiz Sérgio Moro; além de um documento produzido pelos movimentos sociais intitulado “Os crimes da Lava Jato”.
Foi solicitado ainda que o TRF4 garanta um espaço para que uma representação de parlamentares possa acompanhar o julgamento do recurso da defesa do ex-presidente Lula, no dia 24. “Da nossa bancada, 40 deputados já confirmaram presença em Porto Alegre, e esse número ainda pode aumentar”, informou Paulo Pimenta.
Eliane Silveira
Entrevista coletiva após reunião no TRF4

Segurança

A garantia de manifestação em Porto Alegre no dia 24 e nos dias que antecedem o julgamento foi outro ponto da pauta com o presidente do TRF4. “Nós queremos alertar as autoridades para que não permitam que atitudes provocadoras possam prejudicar o nosso intuito, o nosso objetivo com a presença aqui em Porto Alegre durante os dias 22, 23 e 24 em outras agendas que antecedem o julgamento”, explicou o líder do PT.
Ele defendeu que haja uma clareza muito grande por parte das autoridades, não só do tribunal, mas do governo do estado, acerca do que está sendo providenciado para o dia do julgamento. “O direito de manifestação é um direito constitucional garantido a qualquer cidadão e não há nenhuma possibilidade de que isso seja negociado, seja limitado”, enfatizou Pimenta.
O líder petista avaliou ainda que é absolutamente desnecessária à democracia ações como a do prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, pedindo reforço da junta das Forças Armadas ou da Força Nacional de Segurança.
“Manifestações de que o governador do estado, José Ivo Sartori, pretende mobilizar atiradores de elite para estarem nos prédios em torno do TRF4 também são despropositadas e não contribuem em nada com esse processo”, afirmou Paulo Pimenta.
“Não sei o que eles estão imaginando”, continuou Paulo Pimenta, lembrando que a militância, parlamentares e movimentos sociais estiveram em Curitiba em atos em defesa de Lula e da democracia de forma pacífica.
“Foram manifestações com mais de 50 mil pessoas sem qualquer tipo de incidente. O Estado Democrático de Direito prevê essa garantia, e nós vamos exercê-la, de maneira plena”, reforçou o líder, reforçando que todos os cidadãos que estiverem em Porto Alegre vão com a disposição de levar solidariedade ao presidente Lula.

Governo do estado

A líder da Bancada do PT na Assembleia Legislativa do RS, Stela Farias, lamentou o fato de o governador Sartori não ter recebido os parlamentares para tratar dos eventos em Porto Alegre.
“Estamos pedindo uma audiência desde a última sexta-feira (5). É um absurdo o governador não receber a bancada nos mesmo termos que o desembargador”, afirmou Stela.
O líder partidário e deputado estadual Tarcísio Zimermann (PT-RS) também criticou a postura de Sartori, informando que o governador encaminhou o pedido de audiência para o secretário de segurança do estado. “Entendemos que esse é um assunto para ser discutido com o chefe do Poder Executivo”, ponderou Zimermann.
Confira a entrevista coletiva com Paulo Pimenta:

Defesa de Lula rebate O Globo e espera julgamento justo do TRF4

16 de janeiro de 2018 - 12h06 

Defesa de Lula rebate O Globo e espera julgamento justo do TRF4


Foto: Reprodução
  
O advogado reitera que neste julgamento, a denúncia colocada foi que o ex-presidente Lula teria recebido o apartamento Triplex no Guarujá e que o mesmo teria sido adquirido com base em três contratos firmados entre a OAS e a Petrobras e que sobre isso, "não há qualquer recurso da Petrobras que tenha sido destinado ao presidente Lula, ressalta, lembrando que o próprio juiz Sérgio Moro, já reconheceu essa condição ao julgar os embargos de declaração, destaca Zanin.

Outra condição destacada pelo advogado de defesa é que não há qualquer ato que prove que, enquanto presidente, Lula tenha recebido algo da OAS. “Não há ato de oficial, não há ato de beneficiar qualquer empreiteira”, explica.

Caixa tem 100% dos direitos econômico-financeiros do triplex


Zanin recordou que mais uma prova de que o apartamento é de propriedade da empreiteira é que o imóvel vem respondendo por dívidas da OAS na Caixa Econômica Federal. O banco confirmou que o Triplex é garantia de dívidas da empreiteira e o fundo FI-FGTS detém 100% dos direitos econômico-financeiros sobre o apartamento.

Em entrevista à imprensa quando a prova veio à tona, o advogado Cristiano Zanin afirmou a jornalistas: "Léo Pinheiro esqueceu de dizer [a Sergio Moro] que ele próprio, com sua assinatura, havia levado, em novembro de 2009, à junta comercial, um documento que transferiu à Caixa 100% dos direitos econômico-financeiros do triplex e dos demais imóveis do Solaris. Então, como ele pode ter dado esse apartamento a Lula se, no mesmo ano, ele deu o imóvel como garantia à Caixa? Para que Léo Pinheiro pudesse afirmar que deu, ele teria de mostrar um recibo de que depositou na conta da Caixa os valores correspondentes a esse apartamento. Isso jamais ocorreu."

Julgamento imparcial
A defesa diz ainda que as denúncias são absolutamente infundadas. “Lembrando que o juiz Sérgio Moro acusa o ex-presidente com base em publicação de reportagem do próprio O Globo. E por isso, tentam mascarar essa realidade, disse Zanin sobre o editorial. “Nós esperamos que o TRF-4 possa dar um julgamento justo, imparcial e independente e se isso ocorrer haverá o reconhecimento da inocência do ex-presidente Lula”.

Confira a íntegra de sua fala no vídeo:




Do Portal Vermelho

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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO: uma omissão lamentável no artigo: não foi dito que o presidente do TRF4 declarou que a sentença do juiz curitibano era IRRETOCÁVEL, apesar de SEQUER TER LIDO O PROCESSO!
GRAVÍSSIMO É POUCO!

'Baderneiro é quem rasgou a Constituição', diz presidente da CUT

16 de janeiro de 2018 - 11h50 

'Baderneiro é quem rasgou a Constituição', diz presidente da CUT

Coletivo#ComLulaemPOa
  

Thompson Flores foi a Brasília na segunda-feira (15), onde se encontrou com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, para, falar da segurança em torno do julgamento, que ocorrerá dia 24, em Porto Alegre. O desembargador teria mostrado preocupação com as informações sobre as caravanas em apoio a Lula e em defesa da democracia, organizadas em várias regiões do Brasil, que se dirigirão à capital gaúcha.

"Li com espanto as últimas notícias de que juízes estão se sentindo preocupados e ameaçados com nossas manifestações pacíficas e em defesa de justiça para todos e também para Lula", disse Vagner, acrescentando que o enfrentamento dos movimentos populares sempre foi político. Estão previstas vigílias e atos públicos em todo o Brasil, nos dias 23 e 24, organizados pela CUT, as principais centrais sindicais e pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.

Freitas reforçou que as mobilizações têm como objetivo primordial a defesa da legalidade, do legítimo direito do ex-presidente Lula se candidatar nas eleições de outubro e do restabelecimento da democracia. "É enfrentamento político, contra governos burgueses que não admitem que trabalhadores tenham direitos. É contra eles que nos insurgimos".

Segundo ele, "baderneiros não são os trabalhadores, mas quem quebrou a ordem constitucional, quem rasgou a Constituição e quem quer uma sociedade excludente, só para atender interesses dos empresários".

"Vamos estar nas ruas contra a reforma da Previdência Social, contra a reforma trabalhista, pela legalidade democrática e pelo fim do golpe. E este golpe só vai acabar com o direito de Lula se candidatar e se eleger, porque ele personifica toda essa luta e a retomada dos nossos direitos", sintetizou.

Para o jurista e ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, diante do histórico recente de parte da Justiça e da forma como o TRF-4 tem se manifestado acerca do processo contra o ex-presidente Lula, "com estardalhaço, pressa e sem passar imagem republicana", a ida de Thompson Flores a Brasília "aconteceu muito mais para ajustar o discurso do Judiciário sobre o caso".

Fato novo
Eugênio Aragão, que também é procurador e professor da Universidade de Brasília (UnB), comentou o que poderia mudar no julgamento do dia 24, diante de uma sentença da juíza Luciana Correa Tôrres de Oliveira, da 2ª Vara de Execução e Títulos do Distrito Federal, que penhorou o tríplex do Guarujá num processo que cobra dívidas da OAS, a verdadeira proprietária do imóvel. A informação foi divulgada na última sexta-feira (12).

"Se o julgamento fosse honesto e levasse em consideração esse fato novo, o relator do processo no TRF-4 abriria novo prazo para manifestações, porque isso interfere diretamente no que será julgado. Essa decisão da juíza de Brasília vai no sentido oposto da sentença proferida por Sérgio Moro e confirma a tese da defesa e as provas que apresentou, mostrando que o imóvel nunca pertenceu a Lula", explicou o jurista.
 


Rede Brasil Atual com reportagem de Solange do Espírito Santo, da CUT

Por que a condenação de Lula tem de ser anulada?

ANÁLISE

Por que a condenação de Lula tem de ser anulada?

Sérgio Moro condenou Lula sem provas, contra a lei e contra os fatos; e, por isso, a sentença tem de ser anulada

São Paulo
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Lula será julgado pela 8.ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região / Divulgação TRF4
Você deve ter visto na Rede Globo que Lula foi condenado em primeira instância no caso do tríplex do Guarujá, com base em “provas testemunhais, documentais e periciais”. Isso é mentira. O juiz Sérgio Moro condenou Lula sem nenhuma prova. Na verdade, a defesa provou que Lula é inocente das acusações. Mas isso foi censurado na Globo.
Como a sentença é injusta e fora da lei, a defesa de Lula apresentou um recurso ao Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF-4), que é superior a Sérgio Moro, para anular a decisão do juiz de Curitiba (PR). Este recurso será julgado no dia 24 de janeiro por três desembargadores, na sede deste órgão, em Porto Alegre (RS).
A Globo, o governo golpista de Michel Temer e os inimigos do povo brasileiro querem que Lula seja condenado outra vez, para que ele não possa participar das eleições presidenciais deste ano. Por isso, o processo contra Lula está sendo feito num tempo recorde, passando na frente de ações muito mais antigas.
Primeira instância
A sentença de Sérgio Moro ignora os depoimentos de 73 testemunhas de defesa e de acusação que inocentaram Lula e só leva em conta a palavra de dois réus que já estavam condenados e mudaram seus depoimentos originais. Por terem falado contra Lula, esses dois réus foram premiados por Moro com redução de penas.
Não existem documentos nem provas periciais contra Lula. Na verdade, foi a defesa de Lula que pediu provas periciais sobre documentos sem assinatura e sobre a contabilidade do Grupo OAS, para demonstrar que não houve repasse de recursos para o ex-presidente. Mas Sérgio Moro proibiu a realização das perícias.
Moro também impediu que a defesa de Lula tivesse acesso a peças importantes do processo, grampeou os telefones do escritório dos advogados do petista e distorceu fatos e depoimentos. Além disso, divulgou – contra a lei – conversas telefônicas de Lula, dona Marisa Letícia e seus filhos; divulgou até telefonema com a presidenta Dilma Rousseff. Comportou-se sempre como acusador, e não como juiz.
Na ânsia de condenar Lula de qualquer jeito, Moro abandonou até mesmo as teses dos procuradores – que não podiam ser provadas – e o criminalizou por conta própria, com base em suas convicções. Isso contraria todas as leis e códigos de processo do Brasil e de todos os países civilizados.
Defesa
Quando a defesa de Lula questionou as contradições da sentença, pela primeira vez, Moro simplesmente respondeu que não era preciso provar que Lula era o proprietário do tríplex nem que a construção e reforma do imóvel tenham sido feitas com recursos desviados da Petrobras. Ou seja, admitiu que Lula foi condenado num processo em que não existe crime.
A sentença de Moro foi criticada em artigos e livros pelos mais importantes advogados e juristas do Brasil e de outros países. O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, afirma que, diante dos fatos e das ilegalidades cometidas em Curitiba, só existe uma decisão possível no TRF-4: anular o processo e reconhecer a inocência de Lula.
Edição: Vivian Fernandes

"Parlamento vota as leis, Executivo sanciona e Judiciário interpreta"





"Parlamento vota as leis, Executivo sanciona e Judiciário interpreta"

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Guilherme Feliciano: "Se o juiz entender que preceito é inconstitucional, é dever dele não aplicar"
Por Vitor Nuzzi
Da Rede Brasil Atual
Daqui a três semanas, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) vai discutir a revisão de 34 súmulas, para adequação à Lei 13.467, de "reforma" da legislação. Um debate que o presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Guilherme Feliciano, considera precipitado. "A lei é discutível em diversos aspectos que vão além da legalidade", observa, referindo-se a normas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e princípios contidos na Convenção Americana de Direitos Humanos, como já apontou a própria Anamatra. Ele também reage a quem diz que o Judiciário trabalhista tentará "boicotar" as mudanças. "Como funciona o modelo republicano? O Parlamento vota as leis, o Executivo sanciona e o Judiciário interpreta e aplica. Não há de ideológico nisso."
Nesta segunda-feira (15), Feliciano reuniu-se com a presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, levando, como diz, um "alerta para ameaças à independência técnica dos juízes". É uma referência aos ataques sofridos pelo Judiciário trabalhista pela críticas ao teor da nova lei. O que deve ser levado em conta, lembra o presidente da Anamatra, é o chamado controle difuso da constitucionalidade: quando a lei tem alguma inconstitucionalidade, os juízes "não só podem, como devem" afastá-la e aplicar incidentalmente o princípio constitucional, que deve prevalecer, considerando a hierarquia normativa.
Leia mais:
"Isso não é boicote, comício, terrorismo. Isso acontece nas Américas desde o caso Marbury x Madison, referência a uma decisão de 1803 da Suprema Corte dos Estados Unidos sobre a predominância da Constituição sobre as leis, afastando aquelas que contrariam a Carta. Se o juiz entender que determinado preceito da lei é inconstitucional, é dever dele não aplicar", resume Feliciano.
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Ele considera que, em vez de se reunir já no próximo dia 6 de fevereiro, o ideal seria o TST aguardar um pouco mais antes de revisar sua jurisprudência, monitorando as decisões de primeira e segunda instâncias. Além disso, o presidente da Anamatra lembra que há no Supremo 15 ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs) – duas da própria associação – questionando diversos aspectos da Lei 13.467. "O TST vai rever a sua súmula provavelmente considerando o teor da lei, quando o STF pode julgar inconstitucionais alguns aspectos."
Um desses aspectos refere-se à validade da nova lei para contratos anteriores a 11 de novembro, quando o texto entrou em vigor. A Medida Provisória (MP) 808, editada para regulamentar a 13.467, fala que a lei se aplica aos contratos vigentes. Mas, para o presidente da Anamatra, deve-se considerar o princípio da condição mais benéfica. "O TST já tinha uma tendência a entender que incidência da lei nos contratos em vigor teria certos limites. Mas o que é direito adquirido?", questiona, vendo pouca clareza no termo.
Insegurança jurídica
Outro tema relevante refere-se às chamadas horas in itinere, do percurso de casa para o trabalho, que a Justiça entendia como devidas ao trabalhador, por já estar à disposição do empregador. "Até o dia 10 de novembro, ele (trabalhador) recebia as horas do trajeto. A partir do dia 11, ele deixa de receber? A meu ver, não." A Súmula 9 do TST considera que o tempo gasto pelo empregado, "em condução fornecida pelo empregador, até o local de trabalho de difícil acesso, ou não servido por transporte público regular, e para o seu retorno é computável na jornada de trabalho".
A lei acabou com esse pagamento. Há uma proposta intermediária, que pode ser considerada, de fazer com que as horas in itinere sejam pagas para contratos até 10 de novembro do ano passado. Feliciano observa que é preciso considerar "aquelas situações em que o trajeto efetivamente configura tempo à disposição (do empregador)".
Esses e outros exemplos, acrescenta, mostram que a nova lei está longe de garantir o que seus defensores pregavam. "Tudo o que esta lei não ofereceu aos operadores do Direito, à sociedade civil e ao próprio patronato foi segurança jurídica", afirma. A proposta original do Executivo, lembra, alterava apenas sete artigos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), enquanto o relatório do deputado Rogério Marinho (PSDB-RN) mexeu com 117. E a MP 808, ainda parada, recebeu quase mil emendas.
Para mudar uma súmula, são necessário votos de dois terços do TST, ou 18 dos 27 ministros. Coincidentemente, 18 foi o número de juízes da Corte que se manifestaram contra a tramitação da "reforma" no Congresso, no ano passado. O atual presidente do TST, Ives Gandra Martins Filho, que deixará o cargo em fevereiro, tem posições majoritárias. "Francamente majoritárias", diz Feliciano. Posteriormente a essa carta, a ANPT (procuradores) e a Abrat (advogados trabalhistas) endossaram o texto. Mas não se pode garantir que esse posicionamento se reflita na sessão que revisará as súmulas. Um ex-presidente do TST, João Oreste Dalazen, de visão considera mais progressista, por exemplo, acaba de se aposentar.
Na semana passada, Gandra, no exercício da Corregedoria da Justiça do Trabalho, mudou sentença de primeira instância que suspendia demissões na universidade Estácio de Sá, aplicando a nova lei. Para o presidente da Anamatra, houve "intervenção administrativa numa decisão judicial", baseada em item do regimento interno da Corregedoria questionado há nove anos no STF, ainda sem decisão.

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