domingo, 8 de dezembro de 2019

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares






Não dá para esperar sentado.
“Louvo quem espera sabendo / Que pra melhor esperar / Procede bem quem não para / De sempre mais trabalhar / Que só espera sentado / Quem se acha conformado”.
Gilberto Gil gravou Louvação em seu primeiro LP, em 1967, um ano antes das grandes mobilizações no Brasil e das famosas passeatas que ocupavam o centro do Rio de Janeiro e reuniam várias categorias de trabalhadores e profissionais.

O regime militar implantado por um golpe respondeu endurecendo ainda mais o sistema, mas, no final da década seguinte, retomamos as ruas, realizamos greves e começamos a mudar o panorama. Nesse período, ninguém “esperou sentado” e muito foi feito para que as grandes greves operárias acontecessem.
É, não dá para esperar sentado.
E o Rio fica sem educação e sem saúde! O Governo do Estado do Rio de Janeiro ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) contra trechos da Lei 12.858/2013, conhecida como Lei dos Royalties do Petróleo.
A ação, protocolada na terça-feira, é assinada pelo governador, Wilson Witzel, e pelo procurador-geral do estado, Marcelo Lopes da Silva, e pede que os recursos advindos dos royalties da exploração do petróleo não tenham que ser usados exclusivamente para as áreas de saúde e educação, como foi estabelecido no governo de Dilma Rousseff. A Lei determina que as receitas de royalties e participações especiais relativas a contratos celebrados a partir de 3 de dezembro de 2012 sejam destinadas a educação (75%) e saúde (25%).
Na ação, Witzel alega que o objetivo não é reduzir as verbas destinadas a educação e saúde, mas ter liberdade para aplicar os recursos dos royalties em outras áreas, como segurança. Ou seja, vai comprar mais armas para a polícia continuar matando a população pobre. Gastar com saúde e educação? Melhor matar todo mundo que reclama.
Vem aí o “imposto sobre o desemprego”! Será que existe algo semelhante em algum outro país, em algum outro planeta ou em alguma outra galáxia? O desempregado ser obrigado a pagar imposto porque perdeu o emprego?
Pois é. Se o Congresso Nacional aprovar a íntegra da Medida Provisória (MP) nº 905/2019, do Programa Verde Amarelo, a partir de março de 2020 o governo do insano poderá cobrar dos milhares de desempregados o novo imposto que criou sobre o seguro-desemprego. Trata-se de uma “pequena” taxa de pelo menos 7,5% de contribuição previdenciária.
Em geral, as MPS entram em vigor assim que são publicadas no Diário Oficial da União (DOU). E a Constituição também proíbe a cobrança em menos de 90 dias, para evitar que tributos criados no final do ano surpreendam o contribuinte em pouco tempo. Então, a cobrança de imposto sobre o seguro-desemprego só entra em vigor em 1º de março do ano que vem.
Atualmente, o seguro-desemprego não é taxado e foi garantido pela Constituição de 1988 a trabalhadores e trabalhadoras formais, ou seja, com carteira assinada, tendo como objetivo garantir o sustento do trabalhador enquanto ele tenta se recolocar no mercado de trabalho.
Em 2019, segundo o IBGE, do total de mais de 12 milhões de desempregados no país, 3,2 milhões (25,2% do total) procuravam trabalho há dois anos ou mais e 1,7 milhão (13,6%) entre 1 ano e 2 anos.
Pode desmatar o quanto quiser! O ex-capitão reformado não está ligando a mínima para a Amazônia e o negócio dele é cumprir a promessa de campanha e ampliar a área para os grandes pecuaristas. Vamos substituir a floresta por bois e a carne vai ser exportada. O povo come ovo.
O índice de desmatamento na Amazônia Legal cresceu 212% no mês de outubro, na comparação com o mesmo período do ano passado, indicando a manutenção da tendência de alta nas taxas de devastação da floresta.
O número está em um relatório divulgado na terça-feira (03) pelo Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), ONG sediada em Belém (PA) e que fornece indicadores mensais de desmatamento.
Segundo o Imazon, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), ferramenta de monitoramento baseada em imagens de satélites e criada em 2008, detectou 583 quilômetros quadrados de destruição na Amazônia Legal em outubro passado.
As taxas de desmatamento medidas pelo Imazon registram altas seguidas desde julho, mas o crescimento de outubro é o maior do ano até aqui em termos proporcionais. No acumulado dos 10 primeiros meses de 2019, o índice de destruição é de 5,6 mil quilômetros quadrados, crescimento de 24% em relação ao mesmo período de 2018.
Deficientes físicos que se danem. Em mais um ataque aos direitos trabalhistas e humanos, a dupla “insano e muito doido” mira agora a lei que garante vagas para contratação de pessoa com deficiência.
O Projeto de Lei 6.159/19, enviado à Câmara com regime de urgência constitucional (tranca a pauta após 45 dias), propõe uma série de alterações que afetam drasticamente a política de inclusão no trabalho das pessoas com deficiência.
Atualmente, a empresa com 100 ou mais funcionários é obrigada a preencher de 2% a 5% das vagas com trabalhadores reabilitados ou portadores de deficiência.
A proposta do ex-militar e seu ministro da economia traz dispositivo alternativo ao cumprimento da Lei de Cotas. Ao invés de contratar, a empresa poderá contribuir para um fundo de reabilitação. Outro ponto crítico: a contratação de pessoa com deficiência grave será considerada em dobro para o preenchimento das vagas.
“Deixa que eu tenho um canal direto”! De todas as insanidades do ex-capitão, essa bateu todos os recordes e provocou a maior risada já vista.
Na segunda-feira (02), Donald Trump anunciou em sua conta no Twitter que vai restaurar as tarifas do aço e alumínio brasileiros e argentinos. A medida é uma reação do Império a desvalorização das moedas locais desses dois países.
“O Federal Reserve também deve agir para que os países não tirem mais proveito do nosso dólar forte, desvalorizando ainda mais suas moedas. Isso torna muito difícil para nossos fabricantes e agricultores exportar seus produtos de maneira justa”, disse Trump na rede social.
No final de agosto, o governo dos EUA flexibilizou as importações destes produtos quando decidiu que companhias estadunidenses que negociarem aço do Brasil não precisariam pagar 25% a mais sobre o preço original desde que provem que há ausência de matéria-prima no mercado interno. O Brasil está entre os principais fornecedores de aço e ferro para os EUA.
Ao receber a notícia o insano que governa o Brasil disse aos seus auxiliares: “deixe comigo que eu tenho um canal direto com o Trump”. É ridículo!
Ah! Mas para os militares tudo bem. A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado aprovou na terça-feira (3) o projeto de lei que reestrutura as carreiras e reforma o sistema previdenciário dos militares. O PL 1.645/2019 segue agora para o Plenário. Se aprovado sem alterações, segue para sanção presidencial.
A proposta que altera as regras da Previdência das Forças Armadas, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros nos estados tem várias vantagens em relação aos trabalhadores e trabalhadoras da iniciativa privada e servidores públicos, entre elas, não têm obrigatoriedade de cumprir de idade mínima de 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres) para requerer a aposentadoria.
Quando se aposentarem, os militares receberão o mesmo valor do último salário (integralidade) e os reajustes serão iguais aos dados aos ativos.
A contribuição dos militares será de 10,5%. Trabalhadores e trabalhadoras da iniciativa privada contribuem mensalmente com percentuais que vão de 7,5% a 11,68% ao INSS. Mas os militares terão direito a adicionais pela dedicação exclusiva à carreira, que podem variar de 5% no início da carreira, a 32%, no final. Para os oficiais-generais, o percentual vai de 35% a 45%. Além disso, os militares terão um reajuste no adicional de habitação anuais, até 2023, que serão incorporados aos soldos, e nas ajudas de custo, gratificações de representação e auxílios-transporte.
É pobre, pode matar! Não é apenas o governador do Rio de Janeiro que deixa de investir em saúde e educação para armar melhor a sua polícia. O governador de São Paulo, João Doria, também não se importa com a violência policial e ainda elogia os soldados que matam adolescentes nas periferias.
Pouco depois do anúncio da morte de nove jovens que foram cercados na saída de um baile, ele elogiou a política de segurança do Estado. “Hoje, São Paulo tem uma polícia preparada, equipada e bem informada”, afirmou durante a solenidade de filiação do ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gustavo Bebianno ao PSDB do Rio de Janeiro.
O governador também afirmou que aumentou o orçamento da segurança para o ano que vem e que os melhores indicadores de segurança do País estão em São Paulo. “Não há hipótese de uma comunidade, uma população, uma cidade, um estado ou uma grande região ter paz sem ter segurança. Em São Paulo, isso se faz com seriedade, com planejamento, com estruturação, com inteligência para permitir a ação preventiva do crime, com respeito aos policiais”, declarou.
Mas a população denuncia truculência policial com frequentadores do baile ao longo da dispersão. Vídeos publicados nas redes sociais mostram o momento que agentes do Estado batem, com cassetetes, em pessoas nas ruas. Jornalistas chegaram a publicar muito dos relatos de agressão no Twitter. Em um deles, é possível ver um grupo de pessoas sendo encurralado pela PM em uma passagem estreita. Os policiais usam os cassetetes para bater nos que estão à frente do grupo.
Mais imagens mostram um agente chutando uma pessoa rendida na parede. A rua parece esvaziada, e outros PMs passam com um homem aparentemente detido pelo local. Um outro vídeo também flagra o momento em que um policial agride uma pessoa que corria na rua.
Os nove mortos durante uma ação da Polícia Militar no baile funk da comunidade de Paraisópolis, zona sul da cidade de São Paulo, eram jovens. Muito jovens. Quatro garotos menores de idade. A idade das vítimas não ultrapassa os 23 anos. Eram oito homens e uma menina.
Volta da ditadura? Para a maioria dos brasileiros, com o governo do ex-capitão o país corre mais riscos de instaurar novamente uma ditadura militar, como a que governou o Brasil entre os anos de 1964 a 1985, período conhecido como ‘anos de chumbo’ por causa da forte repressão e violência contra a esquerda e quem ousasse pensar diferente ou questionar o governo militar. Nesse período, centenas de militantes foram presos, torturados e assassinados pela polícia política. Muitas famílias nunca conseguiram enterrar seus entes queridos porque muitos corpos desapareceram.
A informação é da pesquisa da Veja/FSB publicada na sexta-feira 06), que contatou que para 40% dos brasileiros o país corre riscos de voltar a ser uma ditadura. Outros 28% acreditam que essa possibilidade é pequena e apenas 26% dos entrevistados estão razoavelmente tranquilos quanto a essa possibilidade.
O levantamento mostra ainda que para 77%, a democracia é sempre, ou na maioria das vezes, o melhor sistema de governo. Enquanto para 10% a ditadura é uma alternativa ideal.
Manda quem pode! As entrevistas feitas pelo Portal Eu, Rio com pacientes da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro — nas quais eles denunciam irregularidades e erros médicos — não são jornalísticas, pois “não há qualquer conteúdo investigativo na reportagem que corrobore os abusos relatados pelas entrevistadas”.
Esse foi o argumento usado pelo desembargador Edson Vasconcelos, do Tribunal de Justiça fluminense, ao determinar na sexta-feira (29/11) que o portal retirasse as reportagens do ar, sob pena de multa diária de R$ 1 mil.
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) apresentou, nesta quarta (4/12), pedido para ingressar como amicus curiae no agravo de instrumento.
Para a ABI, a decisão é “autoritária” e “inconstitucional”. A entidade cita a ADPF 130, quando o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da Lei de Imprensa e, consequentemente, da censura prévia. E voto do ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello de abril (Reclamação 31.117). Na ocasião, ele reafirmou a impossibilidade de a Justiça exercer o papel de censor através de medidas cautelares, como ocorreu nesse processo.
OEA foi parte do golpe na Bolívia. Reportagem publicada no domingo (01/12) pelo site argentino El Cohete a la Luna mostra que a OEA divulgou seu relatório preliminar sobre as eleições na Bolívia de maneira antecipada e mesmo sem a apuração dos técnicos do órgão demonstrar que tivesse havido fraude na eleição vencida por Evo Morales em outubro.
De acordo com o site, a comparação das atas de apuração digitais com as atas de papel, em uma amostra aleatória tomada pelos observadores, não mostrava diferenças significativas. Ou seja, a verificação apontava que Morales havia efetivamente ganhado no primeiro turno com mais de 10% de diferença em relação ao segundo colocado, o ex-presidente Carlos Mesa.
O órgão difundiu, segundo o Cohete a la Luna, um relatório preliminar, ocultando os dados da verificação que excluiria a possibilidade de fraude e, além disso, não demonstrando um padrão de comportamento nos dados, o que poderia mostrar problemas generalizados. Até hoje, o relatório definitivo não foi divulgado, apesar do pedido de órgãos como o Celag (Centro Estratégico Latino-americano de Geopolítica).
Por fim, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, antecipou em um dia, de acordo com o site, a divulgação do relatório, encerrando os trabalhos mesmo com a verificação ainda em curso e sem que os técnicos soubessem que o informe estava sendo publicado. Eles precisaram ser retirados em caráter de emergência de La Paz, em meio ao início de episódios de violência.
Bolívia sitiada. Evidências de terrorismo contra a população e violações de direitos humanos perpetrados por forças de segurança e cidadãos relacionados ao golpe de estado são o que um grupo de observadores da sociedade civil afirma ter testemunhado em sua viagem ao país andino.
Além de ter sido recebida no aeroporto de Santa Cruz sob rigorosa supervisão, rejeição e perseguição, a delegação argentina, em solidariedade ao povo boliviano, apresentou um relatório preliminar após o retorno do país vizinho.
Em uma coletiva de imprensa, alguns dos representantes das diferentes organizações sociais, populares e sindicais que organizaram a visita disseram que testemunharam centenas de pessoas em um local seguro na cidade de El Alto, fizeram visitas a casas particulares de algumas vítimas e hospitais na área.
“Estávamos na paróquia de San Francisco de Assis, um lugar que era refúgio para os corpos dos mortos no massacre de Senkata, e digo refúgio porque os corpos que não estavam guardados foram mutilados e desapareceram”, disse Tito Ferrari, representante da organização da Frente Popular Darío Santillán, que liderou o grupo.
Ferrari insistiu que o governo de fato da Bolívia é sustentado graças ao poder de fogo das Forças Armadas e que “instalaram um aparato terrorista que deixa muitas pessoas com medo de denunciar”.
Novas eleições na Bolívia. As eleições na Bolívia já foram marcadas para março de 2020 e todos os partidos legalmente constituídos podem participar, mas as pessoas reeleitas continuamente em uma posição de dois períodos consecutivos podem não concorrer à mesma posição.
O ministro da presidência do governo golpista da Bolívia, Xerxes Justiniano Atalá, informou neste domingo que o primeiro turno das eleições gerais ocorrerá no mês de março do próximo ano.
A presidente golpista, Jeanine Áñez, promulgou a Lei do Regime Excepcional e Transitório para a realização de novas eleições gerais, que deixam sem efeito os resultados das eleições em outubro passado.
Por seu lado, o Movimento ao Socialismo (MAS) denunciou que, após o golpe de Estado perpetrado contra o presidente Evo Morales, agentes policiais e militares se mobilizam nas ruas para reprimir manifestantes que exigem a restauração do fio constitucional e o retorno de Morales ao poder.
Mujica se encontra com Evo. O ex-presidente e senador eleito do Uruguai, José Pepe Mujica, foi ao México na segunda-feira (02) para encontrar Evo Morales, ex-presidente da Bolívia que foi forçado a renunciar após um golpe de Estado no país.
“Recebi a visita do irmão Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai e incansável lutador social pela dignidade de nossos povos. Agradeço sua solidariedade com a nossa querida Bolívia nestes momentos”, publicou Morales em suas redes sociais.
Antes do encontro, Mujica participou do ato de 1 ano de governo do presidente Andrés Manuel López Obrador, do México. No comício, o mexicano falou sobre seus feitos no país e, pela primeira vez, declarou publicamente que a Bolívia sofreu um golpe. “Evo foi vítima de um golpe de Estado! Do México para o mundo sustentamos: democracia sim, militarismo não!”, disse Obrador.
O uruguaio ainda participou de uma conferência na Universidade Iberoamericana da Cidade do México, onde recebeu título de doutor honoris causa, e vai realizou uma palestra durante o encontro latino-americano “México ante os extremismos: o valor da cultura ante o ódio”, na terça-feira.
Apesar de ter se dedicado integralmente nos últimos dias para as eleições presidenciais do Uruguai, que elegeram o direitista Luis Lacalle Pou à presidência após 15 anos de governos da Frente Ampla, Mujica não deixou de condenar o processo de derrocada de Morales e ascensão da autoproclamada Jeanine Añez.
Chile: o povo segue nas ruas. Muitos chilenos hoje se perguntam até que ponto Sebastián Piñera poderá aturar os protestos contra seu plano neoliberal de governo.
Na segunda-feira (02), as pesquisas Pulso Ciudadano, da consultoria Criteria Research, e Public Square, da Cadem, diferem em pontos em termos de níveis de desaprovação do presidente, mas concordam que são um recorde em comparação com a história recente.
Para o Cadem, considerado por analistas complacente com o governo, na última semana a aprovação para Piñera caiu para 10% e sua desaprovação chegou a 82%. Isso indica que nos últimos sete dias o apoio do presidente caiu dois pontos percentuais e o índice de desaprovação aumentou um.
Os resultados do Pulso Ciudadano, que cobre todo o mês de novembro, são ainda piores, pois refletem apenas 4,6% de aprovação - quase cinco pontos a menos que os resultados de outubro - enquanto a rejeição da gestão presidencial aumentou 17 por cento, atingindo 78,1 dos entrevistados.
Os resultados e as duas pesquisas parecem coincidir com a crescente demanda dos manifestantes exigindo a renúncia do presidente, embora em entrevistas dadas à imprensa Piñera tenha insistentemente dito que ele não deixará o cargo.
Acabaram as bombas! Como resultado do uso indiscriminado contra o movimento social, desde 18 de outubro, as forças policiais chilenas hoje praticamente esgotaram as bombas de gás lacrimogêneo e tiveram que comprar novas quantidades no Brasil.
Segundo o jornal La Tercera, as forças policiais foram instruídas a usá-las “efetivamente para alcançar o objetivo desejado, que nada mais é do que dissolver manifestações que não são pacíficas e gradualmente como um protocolo sobre o uso da força”.
O jornal indica que o corpo de Carabineros fez uma compra limitada de cartuchos de lançadores da empresa brasileira Condor, que devem ser usados ​​de acordo com a ordem para otimizar sua eficácia e não desperdiçá-los. O uso de bombas de lágrima também aumentou depois que o alto comando de Carabineros suspendeu temporariamente o uso de espingardas, devido aos graves danos causados ​​pelos projéteis a centenas de pessoas, muitas delas com lesões oculares irreversíveis.
Colômbia: trabalhadores continuam nas ruas. A greve geral nacional convocada por centrais sindicais e movimentos populares da Colômbia na quarta-feira, contra o pacote de medidas trabalhistas e previdenciárias do governo do presidente Iván Duque, levou milhares de pessoas a ocuparem as ruas das principais cidades do país e contou com a adesão de diversas categorias de trabalhadores, estudantes e membros do movimento indígena.
Em Bogotá, capital colombiana, diversas marchas partiram de diferentes pontos da cidade culminando com uma grande concentração na praça Bolívar, centro da cidade, onde está localizada a sede do governo colombiano. Foram registradas apresentações artísticas, danças e panelaços na região.
Na quinta-feira, o Comitê Nacional de Paralisações (Comité Nacional del Paro, em espanhol), organização que conta com a participação de sindicatos de trabalhadores e associações de estudantes, teve a sua quinta reunião com representantes do governo para tentar chegar a um acordo e encerrar a onda de manifestações. As duas primeiras conversas foram infrutíferas. O presidente Iván Duque já afirmou que não dialogará “à base de ultimato e exigências”.
O principal sindicato que promove protestos contra as políticas econômicas e sociais do presidente da Colômbia, Iván Duque, rejeitou a possibilidade de suspender a greve nacional de quarta-feira e insistiu em um diálogo direto com o governo para buscar um acordo.
A CUT é o principal sindicato da Colômbia, com mais de 500.000 membros e 700 associações de trabalhadores.
França: greve geral contra reforma da previdência. Uma greve geral contra a reforma da Previdência proposta pelo presidente Emmanuel Macron paralisou desde quinta-feira (05) diversos serviços no país, incluindo trens, aviões, escolas e hospitais. A previsão é que estes sejam os maiores protestos desde o início da crise dos “coletes amarelos”, há cerca de um ano.
Cerca de 90% dos trens de alta velocidade TGV deixam de circular nesta quinta, assim como um em cada cinco trens inter-regionais TER. Onze das 16 linhas do metrô de Paris amanheceram fechadas, enquanto outras três funcionam com restrições.
A Direção Geral da Aviação Civil (DGAC) previu o cancelamento de cerca de 20% dos voos com origem ou destino na França. A paralisação de parte dos controladores de voo obrigou a companhia aérea Air France a anular 30% de seus voos domésticos e 15% de seus voos europeus. Mas a empresa afirmou que manterá todos os voos de longa distância. Grande parte das escolas não abriu as portas.
Foram convocadas oficialmente em todo o país 245 manifestações, das quais a principal aconteceu em Paris, onde o esquema de segurança mobilizou um efetivo de cerca de 6 mil policiais. As autoridades recomendaram que lojas no percurso da passeata de protesto na capital fechem suas portas.
A paralisação nacional ganhou, ainda, a adesão de policiais, coletores de lixo, advogados, aposentados e também dos “coletes amarelos”, o poderoso movimento social surgido na França em novembro de 2018. As mobilizações também receberam o apoio de 182 artistas e intelectuais, entre eles o economista Thomas Piketty, autor do best-seller O Capital no século 21, além de partidos de esquerda.
O que impulsionou a indignação popular foi a reforma previdenciária planejada por Macron. Promessa de campanha do presidente, ela visa simplificar e substituir os atuais 42 regimes especiais por um sistema único, acabando com privilégios de determinadas categorias profissionais, como a dos funcionários da estatal ferroviária SNCF e da rede de metrô parisiense.
Jornais deixam de circular na França. Jornais franceses como o Liberation e Le Parisien deixaram de circular em suas versões impressas na quinta-feira (05) por conta da greve geral no país contra a reforma da previdência proposta pelo presidente Emmanuel Macron. Os sites continuam funcionando, e as versões digitais dos jornais estão publicadas online, mas os trabalhares das gráficas e dos serviços de distribuição paralisaram as atividades.
Além deles, a Radio France suspendeu a emissão de noticiários por conta da mobilização. Um aviso publicado no site da emissora diz que “em função do movimento de greve na França, nossos jornais não irão ao ar nesta quinta-feira, 5 de dezembro”, mas não deixa claro se foi a equipe técnica ou a de jornalistas, ou mesmo as duas categorias que paralisaram.
A emissora está transmitindo somente músicas, que são somente interrompidas pelo aviso de que, devido à greve, não é possível transmitir os noticiários.
O segundo dia de greve contra a reforma da Previdência perturbou principalmente o setor de transportes na França, na sexta-feira (6). Nove das 14 linhas do metrô de Paris continuaram completamente paralisadas, três funcionam parcialmente e apenas as duas linhas automáticas circulam normalmente. O serviço de ônibus é a alternativa para os parisienses que tentam ir ao trabalho. Mas várias linhas são afetadas pelo movimento e os ônibus estão lotados.
Sindicato fala em 1,5 milhão nas ruas da França. Sindicatos dos ferroviários, dos trabalhadores autônomos do transporte e do transporte aéreo afirmaram que continuarão em greve até a próxima segunda-feira
A greve geral contra a reforma da previdência levou cerca de 1,5 milhão de pessoas às ruas em mais de 70 cidades da França na quinta-feira (05), segundo a Confederação Geral do Trabalho (CGT) francesa.
De acordo com a central sindical, manifestações foram registradas nas principais cidades do país como Marselha, Toulouse, Bordéus, Grenoble e Paris. Os sindicatos dos ferroviários, dos trabalhadores autônomos do transporte e do transporte aéreo afirmaram que continuarão em greve até a próxima segunda-feira (09/12). Além da paralisação, à qual aderiram categorias como policiais, advogados, aposentados, estudantes, professores, garis e trabalhadores do setor privado, ocorreram mais de 200 manifestações em todo o país.
Os protestos realizados na quinta-feira contaram com trabalhadores de vários setores, estudantes, professores e também aposentados. À rádio RFI, a pensionista Chantal Vignot falou sobre sua insatisfação com o governo de Emmanuel Macron e disse que o governo está retirando “antigas conquistas”.
Trump: “a batata está assando”. A presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, instruiu na quinta-feira (05) os parlamentares do Partido Democrata a começarem a elaboração dos artigos do processo de impeachment contra o presidente Donald Trump.
Em pronunciamento, a democrata ainda afirmou que o mandatário estadunidense abusou de seus poderes e que “os fatos são incontestáveis”.
As declarações de Pelosi surgem um dia após o início da nova fase do inquérito de impeachment de Trump no Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes. Durante a audiência desta quarta-feira, quatro juristas argumentaram sobre o caso.

Um tiro no pé do país

Um tiro no pé do país

Pesquisa mostra inferno brasileiro: incapaz de agradar à maioria da população, Bolsonaro só conta com a confiança absoluta de 19% dos eleitores, escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia.
(Foto: ADRIANO MACHADO - REUTERS)
 
Por Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia Os números da última pesquisa DataFolha mostram que Jair Bolsonaro está longe de representar o país.  O contingente de brasileiros e brasileiras que definem seu governo como ruim e péssimo é claramente superior àqueles que classificam como bom e ótimo -- 36% a 30%.
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Essa situação não chega a ser novidade, mas, na comparação com antecessores no cargo, Bolsonaro conseguiu bater o próprio recorde. Tornou-se o pior presidente desde 1990, na volta das eleições diretas -- bate até Fernando Collor, confiscou a poupança logo depois da posse, por 36% a 34%.
Num ponto do levantamento que aponta para o caráter de um presidente, aquele traço da personalidade que acompanha uma autoridade em todas as horas, podendo auxiliar ou atrapalhar na travessia de momentos difíceis, o resultado é um desastre.
Nada menos que 43% da população diz que não confia naquilo que Bolsonaro diz. Outros 37% dizem que confiam -- às vezes. Mesmo entre sua base, a palavra de Bolsonaro não vale muito. Embora 30% aprovem o governo, apenas 19% acreditam sempre no que o presidente diz.
Longe do carnaval produzido pelos aliados do governo para celebrar um leve respiro numa economia que permanece no fundo do poço, 55% da população acredita que a crise "deve demorar para acabar".
Numa demonstração de que a população tem clareza para distinguir seus interesses e reivindicações,  apontando responsabilidades na direção de quem não cumpre suas obrigações com a maioria,  o governo é rejeitado por 48% dos desempregados, 46% dos pretos, 43% dos mais pobres e 41% das mulheres.
Numa queda vergonhosa para quem fez do combate a corrupção uma grande promessa de campanha, nem Sérgio Moro escapa. Nesse quesito, onde o governo já acumula um impressionante conjunto de escândalos, a aprovação caiu de 34% para 29%, e hoje se encontra no mesmo patamar (28%) da cultura, onde nem o bolsonarista mais fanático  imaginaria receber boas notas.
Não surpreende que Bolsonaro só tenha um apoio sólido entre aqueles setores que seu governo beneficia ou promete beneficiar. Muito felizes  estão os empresários, que apoiam Bolonaro num grau de alegria poucas vezes exibida -- 58% -- mas inteiramente compreensível pelo projeto de transferência de renda a favor dos mais ricos, jamais realizado em nossa História.
Entre os assalariados, apenas aqueles acima dos 5 mínimos, faixa ampla, que concentra classe média alta e executivos, chega a 44%. Entre os religiosos, o maior apoio (39%) se encontra nos evangélicos pentecostais. Como os números demonstram, Bolsonaro não faz nem pretende fazer um governo dirigido à nação. O desempenho deixa clara a origem da chamada polarização. Ela começa no governo Bolsonaro.
Não há dúvida de que a pesquisa assegura um oxigênio novo para Paulo Guedes, num país onde uma elevação de 0,6% no PIB do trimestre chegou a ser apontada como um fósforo no fim do túnel.
"Torcida oficial e oficialista cresceu mais do que o Pibinho", registrou Vinícius Torres Freire, colunista da mesma Folha.
Ao funcionar como um reforço para o Posto Ipiranga, a pesquisa  não é aquilo que interessa ao governo. Nos últimos dias, Bolsonaro vinha emitindo sinais indiscretos de impaciência com o desempenho pífio de uma economia com desemprego em alta e consumo em baixa -- até o preço da carne e do lombo de porco ameaçam estragar o Natal do brasileiros e brasileiras.  
A experiência ensina que, num governo sem apoio da maioria da população, o crescimento econômico pode ser a última chance para se evitar novas quedas e desastres, previsíveis até 2022. O problema é que, mesmo pensadores que concordam com as ideias gerais da política econômica em vigor, alimentam uma desconfiança cada vez maior de Paulo Guedes.
Na mesma viagem aos Estados Unidos na qual  que referiu-se a ditadura do AI-5 com naturalidade maligna, o ministro fez uma palestra descrita sem piedade pela economista Monica de Bolle, em artigo na Época (2/12/2019). Apresentou uma "lista de desejos" como se fosse relação de novas reformas em curso, escreve de Bolle, justificando o fato de que em determinados círculos ela costuma ser apontada como uma espécie de Laura Carvalho do pensamento conservador -- diferente pelo viés político, mas equivalente pela originalidade e pela erudição. "Foi errático, pulou de um tema para outro, divagou e falou bobagem", descreveu, com bagagem intelectual para escrever o que você pode ler em seguida: "o pensamento econômico moderno abandonou as teses de Guedes sobre crescimento e pobreza há tempos. Também abandonou a idéia de estado mínimo por ele apregoada". Em nova definição do perfil do ministro, a professora registrou: "Guedes é adepto do clubismo na troca de ideias. Fala para si e para os que querem ouví-lo, sem capturar aqueles que operam em frequências distintas".
Nesta conjuntura, dar um alívio a Paulo Guedes é tudo que o país não precisa.
Alguma dúvida? 

“O discurso de Bolsonaro é criminoso e de alta periculosidade”, afirma psicanalista Christian Dunker

“O discurso de Bolsonaro é criminoso e de alta periculosidade”, afirma psicanalista Christian Dunker

Em entrevista à TV 247, em Lisboa, o professor e psicanalista Christian Dunker analisou o discurso fascista de Bolsonaro e falou das relações do neoliberalismo e do capital com o sofrimento. "O capitalismo descobriu o sofrimento como capital", disse. Assista
Christian Dunker e Jair Bolsonaro
Christian Dunker e Jair Bolsonaro (Foto: 247 | PR)
 
Carlos Hortmann, 247 - Um dos intelectuais públicos brasileiros de grande relevância para além dos muros da universidade, o internacionalmente reconhecido professor da USP e psicanalista Christian Dunker, concedeu uma entrevista exclusiva para o programa Conexão Lisboa da TV 247.
Esteve na capital portuguesa para uma semana de aulas, conferências e palestras, contudo, encontrou um tempo para falar sobre a realidade brasileira e os avanços dos movimentos neofascistas no mundo.  
Na sua diversidade de análises, sinalizou para uma compreensão mais alargada do que é e o que representa o neoliberalismo. Nesse sentido, Dunker afirma que o “capitalismo descobriu o sofrimento como capital” e o neoliberalismo utiliza o sofrimento como elemento fundamental para reprodução da vida social. Ou seja, o neoliberalismo forja um novo tipo de moralidade, que não restringe apenas a um modo de produção, mas é uma componente crucial para compreendermos o ressurgimento do fascismo. 
Ao comentar o caso do massacre em Paraisópolis durante uma ação da Polícia Militar que matou nove jovens, o professor enfatiza que “o discurso de Bolsonaro é criminoso e de alta periculosidade.” 
Dunker faz mais reflexões da ordem da psicanálise em seu canal do Youtube, “Falando Nisso”.

Os destaques da noite no 247

Bolsonaro hostiliza Argentina e cancela ida de ministro à posse de Fernández

Discurso de Bolsonaro é de alta periculosidade, diz Christian Dunker

Lula: não queremos uma televisão mentirosa como a Globo

Glenn ironiza Zambelli: impossível contar suas fake news

Quebra-quebra no Mineirão marca rebaixamento do Cruzeiro

Dirigente que comanda o Cruzeiro é o mesmo do Helicoca

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