terça-feira, 2 de abril de 2019

ADEUS, PINGO!

Hoje é um dia de infinita tristeza para mim e minha família: acabo de receber da clínica, onde Pingo estava internado, a notícia de seu falecimento.
Durante treze anos Pingo foi um amigo que nos deu muita alegria e paz.
Não tenho condições de, nessa hora, escrever mais.
ADEUS PINGO! JAMAIS O ESQUECEREMOS, AMIGO!

A bala é banal

A bala é banal

Ninguém paga R$ 60 mil por um carro só para deixar na garagem.
E ninguém paga isso por um fuzil de precisão, como o que estava sendo vendido num shopping center ontem pelo sargento da PM Fábio Henrique Soares se não for para atirar e, com certeza, não em latas vazias.
Como os 117 fuzis apreendidos com outro sargento da PM, o Ronnie Lessa, preso como o executor de Marielle Franco e Anderson Gomes certamente não eram para guerrinhas de paint ball.
Mas, fazer o quê, se o presidente da República  estimula, publicamente, o fetiche da arma de guerra?
Se o governador do Estado diz que liberou seus “snipers”, com fuzis iguais, para processarem, julgarem, condenarem e executarem seres humanos apenas com um dedo no gatilho?
Se querem armas, armas, armas a granel nas casas, achando que elas não irão para a rua?
Bolsonaro diz que “o que torna uma arma nociva depende 100% das intenções de quem a possui”.
Tem razão, mas é impossível controlar intenções, porque até das boas está cheio o inferno, mas é possível controlar as armas.
Aliás, falando em intenções, não está a cada dia está mais evidente que são policiais que armam o crime, porque o crime lhe é fonte de tudo: de dinheiro, de prestígio e de poder? E promover a ideia de que é na bala que se resolve tudo, não deu votos?
O crime compensa.

O que falta para o impeachment desse traidor da Pátria? Bob Fields, comparado com o bozo, era um ferrenho nacionalista


02 DE ABRIL DE 2019, 08H40

Bolsonaro diz que “biodiversidade” e Amazônia estão “à disposição” em encontro com empresários em Israel

Repetindo bordões, Bolsonaro falou por 11 minutos e disse que "nós queremos um Israel grande, mas queremos um Brasil grande também, como o Trump quer a América grande
Bolsonaro em Israel (Alan Santos/PR)
  
  Por Pedro Moreira, de Jerusalém, especial para a Fórum
No terceiro dia da visita oficial à Israel, o Presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (2) que está à disposição para fazer acordos relacionados com a biodiversidade brasileira.
Bolsonaro e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, falaram na abertura de um evento voltado a empresários brasileiros e israelenses, promovido em um hotel em Jerusalém, pela ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
Ao falar dos ministros do governo que o acompanham, disse que o titular do Gabinete de Segurança Institucional, General Augusto Heleno, comandou a Amazônia e emendou:
“Olha o mar de biodiversidade que temos pela frente. Estou à disposição prezado Netanyahu, pra fazermos parcerias e acordos nesse sentido. Eu acho que, com todo respeito à Austrália e outros países, eu acho que ninguém tem a biodiversidade que nós temos. Estamos à disposição nessa área, novos campos a serem descobertos. O que poderá vir da biodiversidade? Eu acho que ninguém sabe ainda. E nós temos e estamos à disposição.”
Bolsonaro disse que venceu as eleições contra um cenário adverso. E que seu governo está despertando a confiança do mundo pelo Brasil, atribuindo o fato à escolha de seus subordinados.
“Nós temos escolhido uma equipe realmente de pessoas qualificadas, pessoas que tem o seu país, o Brasil, acima de tudo. Nós queremos um Israel grande, mas queremos um Brasil grande também, como o Trump quer a América grande.”
Bolsonaro fez referência, mais uma vez, ao grafeno, um tipo de mineral, ao qual ele chamou de material do futuro. “Temos uma universidade, em São Paulo, a Mackenzie, que trata já, há quatro anos, de pesquisaram isso daí. Dizem que, na próxima década, um trilhão de dólares movimentará a economia do mundo das maravilhas do grafeno. Eu não vi aqui, talvez tenha. Se não tiver, vamos trabalhar juntos. Temos a segunda maior reserva de grafite do mundo e estamos à disposição.”
Disse, ainda, que tem estudado Israel e que também aqui, durante a visita, percebeu que o país é muito aberto ao mundo. Falou, mais uma vez, que em primeiro de janeiro, nasceu um novo Brasil, livre de questões ideológicas.
“Estamos fazendo a nossa parte. Propostas foram encaminhadas ao Parlamento. Tenho certeza que o nosso Parlamento, com a sua responsabilidade e o seu patriotismo nos dará uma resposta a isso.”
E afirmou que está tomando outras medidas, como reformas, “a diminuição do peso do Estado, a desburocratização, mudança nas questões escolares, a busca de parcerias junto ao mundo, em especial aqui, em Israel.”
Escritório em Jerusalém
Ao falar do escritório brasileiro a ser aberto em Jerusalém, foi aplaudido pela plateia, formada, em sua maioria, por empresários. Disse que Brasil e Israel haviam se tornado “noivos, no bom sentido, abrindo aqui uma representação nossa de negócios, de tecnologia, de pesquisa e inovação em Jerusalém, os senhores começam cada vez mais a notar que esse nosso relacionamento veio para ficar.
E agradeceu, no mesmo tom de proximidade que tem marcado a relação entre ele e o primeiro-ministro israelense. “Muito obrigado, prezado irmão Benjamin Netanyahu.”
O Presidente falou por cerca de onze minutos, aparentemente de improviso, de pé, no palco do evento. Antes, ele e Netanyahu haviam visitado estandes de empresas de tecnologia.
O primeiro a falar na abertura do evento foi Netanyahu. Com o apoio de slides exibidos em telões no palco, num estilo muito usado por ele em apresentações ao público. Por cerca de quatorze minutos, mostrou, em inglês, números positivos da economia israelense. Disse, por exemplo, que o país ultrapassou o Japão no indicador de PIB per capta – a soma de todas as riquezas produzidas por um país, dividida pelo número de habitantes. Falou, também, que o PIB israelense cresceu 4,4% no ano passado.
E, repetindo um gesto recorrente nessa visita, falou das relações entre os dois países.
“Nós temos uma irmandade, nossas civilizações começaram aqui nessa cidade há milhares de anos, nós compartilhamos nossas caminhadas, nós compartilhamos nossas tradições, como uma grande árvore de raízes profundas e galhos que se estendem até os céus. E eu acredito que não há parceria melhor do que a parceira entre Brasil e Israel.”
Para o restante desta terça-feira, a agenda do Presidente foi modificada. O encontro com integrantes da comunidade brasileira previsto para a manhã desta quarta-feira (3), foi antecipado para hoje. E será algo menor que o planejado. Ao invés de visitar a comunidade de Raanana, que fica a cerca de 76 km de Jerusalém, um grupo de 25 representantes virá se encontrar com Bolsonaro no hotel em que ele está hospedado.
Com isso, o retorno ao Brasil será antecipado em duas horas, na manhã desta quarta-feira.
O porta-voz da presidência, Otávio Rêgo Barros, disse que a mudança ocorreu por motivos logísticos e de segurança.
Não haverá, também, a visita a uma empresa de tecnologia que fabrica componentes para automação de carros. De acordo com a assessoria do Itamaraty, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não iria mais acompanhar Bolsonaro no compromisso, em que estava previsto um passeio a bordo de um veículo autônomo (sem motorista).
Está mantida a visita ao Museu do Holocausto e o plantio de uma muda de oliveira no Bosque das Nações. No local, há oliveiras plantadas por vários chefes de Estado.

Fórum em Israel, apoie a cobertura

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Ivo Herzog diz a Ernesto Araújo que o pai foi “assassinado por aqueles que te deram o emprego”

02 DE ABRIL DE 2019, 08H35

Ivo Herzog diz a Ernesto Araújo que o pai foi “assassinado por aqueles que te deram o emprego”

A carta foi uma reação à afirmação de Araújo de que o nazismo foi um fenômeno de esquerda
Vladimir Herzog. Foto: Arquivo
De acordo com informações da coluna de Mônica Bergamo publicada nesta terça-feira (2), Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, assassinado pela ditadura militar, pediu que o chanceler Ernesto Araújo renuncie “imediatamente ao cargo” de ministro das Relações Exteriores do Brasil.
“A família do meu pai veio para o Brasil fugindo dos nazistas. Os que lá ficaram foram brutalmente assassinados. O meu pai foi brutalmente assassinado por aqueles que te deram o emprego que o senhor tem. Meu pai sempre foi de esquerda. O senhor entendeu ou precisa desenhar?”
A carta foi uma reação à afirmação de Araújo de que o nazismo foi um fenômeno de esquerda. Em entrevista a um canal simpático à extrema direita no youtube, questionado sobre a diferença entre o nacionalismo que defende e o pregado pelos regimes autoritários passados da Alemanha, Itália e Rússia, o ministro respondeu que o sentimento nacional teria sido distorcido por grupos que o utilizaram para chegar ao poder.
“Uma coisa que eu falo muito é dessa tendência da esquerda de pegar uma coisa boa, sequestrar, perverter e transformar numa coisa ruim. É mais ou menos o que aconteceu sempre com esses regimes totalitários. Isso tem a ver com o que eu digo que fascismo e nazismo são fenômenos de esquerda”, destacou Araújo, na entrevista divulgada em 17 de março pelo “Brasil Paralelo”.

É urgente deter o louco, antes que ele destrua tudo


COLUNA NO GLOBO

Riscos e erros da política externa

POR MÍRIAM LEITÃO
O governo Bolsonaro não tem uma política externa. Não a formulou ainda. O filho do presidente faz sombra ao chanceler, que se ocupa com revisões delirantes da História. Nesse contexto, Bolsonaro vai viajando e improvisando pelo caminho numa área sensível e com ligação direta com a economia. Os militares e a ministra da Agricultura têm atuado como moderadores para evitar o pior, enquanto o ministro das Relações Exteriores se comporta como se estivesse numa cruzada mística na luta entre o bem e o mal.
Tomar decisões de política externa com base em ideologia, qualquer que ela seja, é o caminho mais curto para errar. Fiz esse mesmo tipo de crítica ao governo Lula em inúmeras colunas. Quando ele foi a Trípoli, em 2003, visitar o ditador Muamar Kadafi, eu escrevi neste espaço que era uma viagem sem propósito, pé e cabeça. O tempo provou que foi um equívoco. Os erros foram vários e aqui sempre criticados. Em alguns casos, deixaram contas para serem pagas pelo país. Agora o que se vê no governo Bolsonaro é a mesma insistência em fazer uma diplomacia ideológica.
No caso da viagem a Israel, Bolsonaro está conseguindo desagradar todos os lados e ainda entrar na disputa eleitoral, sendo usado pelo primeiro-ministro Bibi Netanyahu. Qual o sentido de uma viagem nove dias antes de uma disputa eleitoral? Se o premier israelense vencer, teria sido melhor ir depois. Se perder, Bolsonaro terá feito o mesmo que fez nos Estados Unidos, escolher um lado na política interna do país visitado. No caso dos Estados Unidos, é um erro com graves repercussões no cenário de um governo democrata em 2020.
Bolsonaro não abriu a embaixada em Jerusalém, como prometeu. Apenas um escritório, e assim decepcionou o anfitrião, que queria isso como trunfo eleitoral. O Brasil é um país grande. Até agora só a Guatemala seguiu a política americana de trocar a cidade da embaixada. Os palestinos reagiram a Bolsonaro, mas como houve decepção do seu anfitrião, ele voltou a prometer que a mudança virá no futuro. O que pode afetar o comércio com os árabes. O presidente improvisa em política externa, questão em que todos os passos têm que ser bem pensados.
As declarações pouco amistosas feitas em relação à China podem ter efeitos no comércio exterior. Os chineses falam pouco e mostram seu desagrado em ações concretas. O problema é que eles são grandes para nós. A China comprou 86% da soja que o Brasil exportou no ano passado e 50% de todas as vendas da Vale.
Na cruzada mística do chanceler, o Brasil tem que se unir aos Estados Unidos para “salvar a civilização cristã” de ameaças como a China. No mundo real, onde as coisas acontecem e negócios são feitos, a China é o maior parceiro dos Estados Unidos e nosso competidor em vários produtos.
— A gente pode ser surpreendido com impactos econômicos em relação à China. As declarações feitas pelo governo são meio gratuitas, e nelas não se consegue ver qual é o nosso interesse — disse um diplomata.
Na ida a Washington, o amadorismo fez o Brasil exagerar na retórica adesista e isso já provocou um episódio estranho. O secretário de Estado, Mike Pompeo, ao condenar a presença russa na Venezuela, na semana passada, disse que falava em nome dos aliados da América Latina. Um experiente diplomata, ainda na ativa, explicou o problema:
— A presença russa merecia ser criticada, mas nós não precisamos de que os Estados Unidos sejam o nosso porta-voz para tratar de questões na América Latina.
Não há até agora qualquer ideia do que seja a política externa em relação à região. Sabe-se que mudanças serão feitas no Mercosul, mas quais serão essas alterações não se sabe. Tudo o que o presidente fez até agora, que foi notado, foi a constrangedora defesa dos ditadores Alfredo Stroessner, no Paraguai, e Augusto Pinochet, no Chile.
Nos órgãos internacionais, o Brasil se isola e toma posições exóticas. No dia 22, em Nova York, na conferência sobre a mulher da ONU, o representante brasileiro fez ressalva a vários trechos do texto. O Brasil criticou, por exemplo, o ponto que dizia ser preciso “garantir à mulher acesso universal a serviços de saúde sexual e reprodutivos”, porque considerou que isso era uma alusão ao aborto. São ridículas as posições que o Brasil vem adotando em órgãos multilaterais. E isso sem falar nos delírios do ministro Ernesto Araújo com o tal “esquerdismo” de Hitler.
(Com Alvaro Gribel, de São Paulo)