sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

NOTA DA REITORIA DA UFRJ SOBRE AÇÃO DO MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO

Nota da Reitoria DA UFRJ sobre ação do Ministério do Planejamento


A Reitoria da UFRJ recebeu com surpresa o Ofício nº 5111/2017-MP, emitido em 24/1 pelo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MP), informando a interrupção do pagamento da correção salarial de 28,86% que, há 21 anos, foi incorporado ao contracheque de servidores filiados ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ (SINTUFRJ). Encaminhado pela Secretaria de Gestão de Pessoas e Relações do Trabalho no Serviço Público do MP e endereçado à Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4), o Ofício somente chegou à Universidade na tarde de quinta-feira (9/2) pelos Correios e desconsidera prerrogativas da autonomia de gestão administrativa da Universidade.

A incorporação do percentual de 28,86% à folha de pagamento dos servidores ocorreu em 1996, por meio de ação judicial do SINTUFRJ, e trata-se de uma conquista histórica dos sindicalizados que, em busca da isonomia salarial para os servidores civis, buscaram equiparação ao reajuste concedido apenas a militares, em 1993.

A decisão do Ministério do Planejamento, unilateral e sem comunicação prévia à UFRJ, afetará cerca de 8 mil servidores, metade composta por trabalhadores da ativa e, em igual número, servidores aposentados, já no pagamento referente a fevereiro, cuja folha foi fechada na UFRJ no dia 10/2. Na compreensão do Planejamento, sua decisão está amparada por força executória de manifestações expedidas pela Procuradoria Regional Federal da 2ª Região.

Tão logo recebeu o ofício, a Reitoria comunicou o recebimento à direção do SINTUFRJ e se colocou à disposição para cooperar institucionalmente com as ações que forem necessárias para reverter a decisão. Na sexta-feira (10/2), a assessoria jurídica do sindicato ajuizou ação contra a medida.
A Reitoria alerta para as consequências econômicas e sociais da perda abrupta de parcela significativa da remuneração dos servidores técnico-administrativos da UFRJ.

Com o objetivo de buscar soluções para as controvérsias jurídico-políticas sobre as ações judiciais obtidas pelas entidades representativas dos servidores da UFRJ, a Reitoria já vinha buscando interlocução com autoridades em diversos âmbitos do Governo Federal. Entendendo que é possível encontrar soluções negociadas que impeçam a queda repentina de remuneração dos servidores e objetivando tal encaminhamento, a Reitoria oferecerá todo o suporte institucional cabível ao SINTUFRJ e reafirma seu empenho em prol de soluções institucionais para proteger o poder aquisitivo dos servidores afetados pela intempestiva medida.


Rio de Janeiro, 14 de fevereiro de 2017

Prof. Dr. ROBERTO LEHER

Reitor da UFRJ

O MINISTÉRIO DE “NOTÁVEIS”


Rogério Cerqueira Leite


Foi Serra que, recém convidado para integrar o atual governo, anunciou: “Será um governo de notáveis”.

Obviamente ele também um notável.

O maior notável entreguista do Brasil.

E agora o Ministro Chefe da Casa Civil confessa publicamente que ofereceu ao PP de Maluf o Ministério da Saúde por todos os votos do partido e que teria o partido que indicar um notável.

E assim foi. Indicou o partido um notável medíocre.

O notável trambiqueiro Chefe da Casa Civil não teve vergonha de mostrar como foi formado o Ministério de notáveis.

Uma espécie de leilão.

Quem dá mais por este Ministério?

Quantos votos?

A fidelidade se compra. O valor de um Ministério é avaliado pelo seu orçamento. Cada bilhão vale meio voto. Assim sendo, o Ministério da Saúde com mais de 100 bilhões de orçamento foi vendido por 50 votos seguros.

Não é bacaninha?

A confissão do notável trambiqueiro também revela a notabilidade de alguns de seus colegas notáveis.

Assim, Romero Jucá seria um notável alcoviteiro.

Geddel, um notável chantagista.

O mais recente membro dessa verdadeira academia de notáveis, Moreira Franco, notável chicaneiro.

Aliás essa questão de notabilidade é contagiosa, pois vejam só a incorruptível Corte Suprema do País está para incorporar um notável plagiador.


A ameaça da convivência humana nos dias de hoje

16/02/2017 12:36 - Copyleft

A ameaça da convivência humana nos dias de hoje

A cultura do capital não oferece incentivos para cultivarmos o 'nós' da convivência, mas enfatiza o 'eu' do individualismo. Artigo de Leonardo Boff.


Leonardo Boff
reprodução
A onda de ódio que grassa no mundo, claramente no Brasil, as discriminações contra afrodescendentes, nordestinos,  indígenas, mulheres, LGBT e membros do PT sem falar dos refugianos e imigrantes rejeitados na Europa e pelas medidas autoritárias do presidente Donald Trump contra imigrantes muçulmanos, estão rasgando o tecido social da convivência humana a nível nacional e internacional.
 
A convivência é um dado essencial de nossa natureza, enquanto humanos, pois nós não existimos, co-existimos, não vivemos, convivemos. Quando se dilaceram as relações de convivência algo de inumano e violento acontece na sociedade e em geral em nossa civilização em franca decadência.
 
A cultura do capital hoje globalizada não oferece incentivos para cultivarmos o “nós” da convivência, mas enfatiza o “eu” do individualismo em todos os campos. A expressão maior deste individualismo coletivo é a palavra de Trump:”em primeiro lugar (first) os USA” que bem interpretada é “só (only) os USA.”
 
Precisamos resgatar a convivência de todos com todos que moramos numa mesma Casa Comum, pois temos uma origem e um destino comuns. Divididos e discriminados percorreremos um caminho que poderá ser trágrico para nós e para a vida na Terra.





 
Notoriamente a palavra “convivência”como reconhecem pesquisadores estrangeiros (por exemplo um acadêmico alemão, T. Sundermeier, Konvivenz und Differenz,1995) tem seu nascedouro em duas fontes brasileiras: na pedagogia de Paulo Freire e nas Comunidades Eclesiais de Base.
 
Paulo Freire parte da convicção de que a divisão mestre/aluno não é originária. Originária é a comunidade aprendente, onde todos se relacionam com todos e todos aprendem uns dos outros, convivendo e trocando saberes. Nas CEBs é essencial o espírito comunitário a e convivência igualitária de todos os participantes. Mesmo o bispo e os padres sentam-se juntos na mesma roda e todos falam e decidem. Nem sempre o bispo tem a última palavra.
 
Que é a convivência? A própria palavra contém em si o seu significado: deriva de conviver que significa conduzir a vida junto com outros, participando dinamicamente da vida deles, de suas lutas, avanços e retrocessos. Nessa convivência se dá o aprendizado real como construção coletiva do saber, da visão do mundo, dos valores que orientam a vida e das utopias que mentém aberto o futuro.
 
A convivência não anula as diferenças. Ao contrário, é a capacidade de acolhê-lhas, deixá-las ser diferentes e mesmo assim viver com elas e não apesar delas. A convivência só surge a partir da relativização das diferenças em favor dos pontos em comum. Então surge a convergência necessária, base concreta para uma convivência pacífica, embora sempre  haja níveis de tensão, por causa das legítimas diferenças.
 
Vejamos alguns passos rumo à convivência:
 
Em primeiro lugar, superar a estranheza pelo fato de alguém não ser de nosso mundo. Logo perguntamos: de onde vem? Que veio fazer? Não devemos criar constrangimentos, nem enquadrar o estranho mas acolhe-lo cordialmente.
 
Em segundo lugar, evitar fazer-se logo uma imagem do outro e dar lugar a algum preconceito (se é negro, muçulmano, pobre). É difícil mas é incondicional para a convivência. Enstein bem dizia: “é mais fácil desintegrar um átomo do que tirar um preconceito da cabeça de alguém”. Mas podemos tirar.
 
Em terceiro lugar, procurar construir uma ponte com o diferente que se faz pela pelo diálogo e pela compreensão de sua situação.
 
Em quarto lugar, é fundamental conhecer a língua ou rudimentos dela. Se não for possível, prestar atenção aos símbolos pois revelam, geralmente, mais que as palavras. Eles falam do profundo dele e do nosso.
 
Por último, esforçar-se para fazer do estranho um companheiro (com quem se comparte o pão) de quem se procura conhecer sua história e seus sonhos. Ajudá-lo a sentir-se inserido e não excluído. O ideal é faze-lo um alidado na caminhada do povo e daquela terra que o acolheu, pelo trabalho e convivência.
 
Acrescentamos ainda que não se deve restringir à convivência apenas à dimensão humana. Ela possui uma dimensão terrenal e cósmica. Trata-se de conviver com a natureza e seus ritmos e dar-se conta de que somos parte do universo e de suas energias que a cada momento nos atravessam.
 
A convivência poderá fazer da  geosociedade menos centrada sobre si mesma e mais aberta para cima e para frente, menos materialista e mais humanizada, um espaço social no qual seja menos difícil a convivência e a alegria de conviver.
 
Leonardo Boff é articulista do JB on line e escreveu: Convivência, respeito e tolerância, . Vozes 2006. 


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100 mil trabalhadores rurais entram em greve no Sertão

17/02/2017 17:06 - Copyleft

100 mil trabalhadores rurais entram em greve no Sertão

Trabalhadores cruzam os braços em resposta aos cortes de direitos propostos pelos empresários.


Brasil de Fato
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Na última quinta-feira (16) mais de 100 mil trabalhadores rurais assalariados da hortifruticultura cruzaram os braços na região do Vale do São Francisco, que compreende Pernambuco e Bahia. Os sindicatos avaliaram que estava impossível dar continuidade às negociações salariais, alegando que os empresários só propunham redução dos direitos conquistados nos últimos anos pela categoria. A última greve dos trabalhadores da hortifruticultura da região ocorreu há 13 anos.
 
Segundo os agricultores, os patrões estão querendo retirar as conquistas das convenções coletivas. Entre as propostas dos empresários estão: o fim dos 45 dias de estabilidade, sem demissões, após a data base da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT); o fim do pagamento das horas extras, sugerindo a criação do “banco de horas”; o fim do pagamento das “horas in tinere”, que são as horas gastas no trajeto para o trabalho quando não há transporte público para o estabelecimento; e a classe patronal sugere ainda que os trabalhadores passem a arcar com as despesas do transporte para o local de trabalho. As negociações da campanha salarial tiveram início em janeiro.
 
Após seis reuniões com a classe patronal, os sindicatos realizaram nova escuta da categoria em seus locais de trabalho, informando a proposta dos empresários. No dia 8, durante uma visita à empresa de hortifruti Shimabukuro, a dirigente sindical Simone Paim, do STR Petrolina, foi agredida verbal e fisicamente em frente aos trabalhadores. A agressora, a empresária chinesa Mikiko Koshiama Shimabukuro, foi denunciada ao Ministério Público do Trabalho (MPT).
 
Os trabalhadores decidiram, no dia 14, deflagrar a greve, que teve início após o prazo legal de 48 horas. As negociações foram conduzidas pelos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais (STRs) de Petrolina, Santa Maria da Boa Vista, Lagoa Grande, Inajá e Belém do São Francisco, em Pernambuco, pelos STRs de mais cinco cidades da Bahia; pelas federações de trabalhadores assalariados rurais de Pernambuco (Fetaepe), trabalhadores na agricultura de Pernambuco (FETAPE) e da Bahia (FETAG).




 
Os trabalhadores reivindicam piso salarial unificado em R$ 987,00, cesta básica e um reajuste de 10% para os que recebem salário acima do piso. O diretor de política salarial da FETAPE, Gilvan José Antunes, afirma que “os empresários não reconhecem que os milhares trabalhadores e trabalhadoras assalariados da hortifruticultura têm contribuído diretamente para o desenvolvimento da região do Vale do São Francisco”. Antunes reclama que o patronato continua apresentando propostas que ameaçam os direitos da categoria. “A negociação da campanha salarial está travada, por isso é importante a deflagração da greve. Não podemos aceitar retrocessos. Se os patrões mudarem a posição, a categoria estará aberta ao diálogo”.
 
*Com informações da FETAPE.


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STF é o garante do regime de exceção

16/02/2017 11:06 - Copyleft

STF é o garante do regime de exceção

O golpe só se consumou no Brasil porque o STF deu o suporte institucional e as garantias jurídicas para a sua concretização.


Jeferson Miola
Agência Brasil
A correta decisão do juiz Celso de Mello mantendo a nomeação do “angorá” Moreira Franco atesta que a decisão do tucano Gilmar Mendes em 18 de março de 2016, que anulou a posse do ex-presidente Lula na Casa Civil, foi um ato de conspiração para desestabilizar o governo e derrubar a Presidente Dilma.
 
Numa decisão liminar e monocrática, Gilmar seqüestrou a competência privativa da Presidente Dilma de nomear e exonerar seus ministros [Artigo 84 da CF]. Apesar da extrema gravidade e da inconstitucionalidade do ato, a decisão não foi apreciada e revisada pelo plenário do Supremo para não atrapalhar a tramitação final da farsa do impeachment na Câmara.
 
Nenhuma voz no STF se levantou para interromper a consumação desta aberração jurídica que, evitada, teria mudado o curso da história a partir do protagonismo do Lula no governo.
 
A diferença abismal de posicionamento do STF em duas situações rigorosamente idênticas de nomeação de ministros não deriva de discrepâncias doutrinárias entre os juízes que integram o Supremo; mas evidencia, antes disso, que o STF é peça essencial da engrenagem golpista e que seus juízes decidem – ou retardam suas decisões – com o olho no tabuleiro do golpe, não na Constituição.





 
Nos embates em que o respeito ao Estado de Direito favorece a dinâmica golpista e o governo usurpador, o STF atua na legalidade e em consonância com a Constituição, como ocorreu na decisão sobre o “angorá” do Temer.
 
Naquelas circunstâncias, contudo, que podem afetar a empreitada golpista, o STF interpreta a Constituição no marco de um regime de exceção, em afronta ao Estado de Direito.
 
Decisões tardias e procrastinações também demonstram o comprometimento do STF com a perpetração e a continuidade do golpe. A demora de 140 dias para afastar Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados, por exemplo, foi mortal para o governo Dilma.
 
O hoje presidiário foi mantido no cargo o tempo necessário para a consecução do roteiro do golpe. Ele só foi afastado 18 dias depois de presidir aquela sessão horripilante da Câmara de Deputados de 17 de abril de 2016 que aprovou o impeachment fraudulento.
 
A linguagem do voto-relatório do finado juiz Teori Zavascki para afastar o presidente da Câmara é chocante. Em 5/5/2016, Teori assim se pronunciou: “Cunha é um pejorativo que conspira contra a própria dignidade da instituição por ele lideradaNada, absolutamente nada, se pode extrair da Constituição que possa, minimamente, justificar a sua permanência no exercício dessas elevadas funções públicas.  ... O exercício do cargo, nas circunstâncias indicadas, compromete a vontade da Constituição, ...”.
 
É chocante que, apesar de tão categórica opinião sobre o pernicioso Eduardo Cunha, o STF decidiu afastá-lo só depois da votação do impeachment, embora Teori tivesse conhecimento dos elementos de acusação desde 15/12/2015, data em que recebeu o pedido de afastamento do MP.
 
Se o STF tivesse afastado Cunha antes da votação do impeachment, como corresponderia, certamente a marcha dos acontecimentos tomaria rumo distinto.
 
Outra demora marcante – e deliberada – foi quando da escuta ilegal e da divulgação criminosa que o juiz Sérgio Moro fez de conversas telefônicas da Presidente Dilma – episódio que foi cinicamente aproveitado por Gilmar Mendes para anular a posse do ex-presidente.
 
Embora entendendo que “a jurisprudência desta Corte é categórica acerca da inviabilidade da utilização da prova colhida sem observância dos direitos e garantias fundamentais previstas na Constituição”, Teori somente se pronunciou sobre o assunto 88 dias depois do fato ocorrido, e não impôs nenhuma punição ao juiz Moro. Em qualquer país civilizado do mundo, o juiz que gravasse ilegalmente o presidente do país seria demitido e preso.
 
Assim como durante a ditadura, no golpe de 2016 o STF mandou a Constituição às favas. Com o falso pretexto de respeitar a independência dos poderes, o Supremo legitimou os poderes totalitários de uma maioria circunstancial no Congresso e se recusou a apreciar o mérito do impeachment; se recusou a constatar a ausência de fundamento jurídico, de fato determinado, de crime de responsabilidade para a instalação do impeachment da Presidente Dilma.
 
O STF é um simulacro de Corte Constitucional. É um mero garante do regime de exceção; o instrumento legitimador da oligarquia golpista que promoveu a grande farsa do século 21 que destruiu a democracia para atacar as conquistas do povo, entregar a soberania nacional e deixar o Estado brasileiro sob o comando de uma máfia criminosa.
 
O golpe só se consumou no Brasil porque o STF deu o suporte institucional e as garantias jurídicas para a sua concretização.




Créditos da foto: Agência Brasil




Lula decola e a mídia exige um carrasco de avental limpo

16/02/2017 17:54 - Copyleft

Lula decola e a mídia exige um carrasco de avental limpo

Lula conta com 30,5% das intenções de votos no 1° turno, em um cenário com Marina Silva (11,8%), Bolsonaro (11,3%), Aécio Neves (10,1%) e Ciro Gomes (5%).


Tatiana Carlotti
Ricardo Stuckert
O governo que assaltou o poder em agosto de 2016 chega ao carnaval de 2017 como uma escola de samba bêbada, que caiu na dispersão, antes da apoteose.
 
Passados sete meses de supremacia golpista, com a mídia, o parlamento e o Judiciário alinhados no bombardeio institucional, ocorreu o improvável: Lula emergiu das cinzas, imbatível nas pesquisas para 2018.
 
Divulgada nesta 4ª. feira (15.02.2017), pesquisa da CNT/MDA atesta o crescimento do ex-presidente em todos os cenários propostos, batendo em qualquer adversário, tanto na sondagem espontânea, quanto na estimulada para o 1º e 2º turnos de 2018.
 
Caçado diuturnamente por todos os veículos do aparato conservador, em linha direta com os vazamentos e pautas formatados em Curitiba, Lula conta com 30,5% das intenções de votos no 1° turno, em um cenário com Marina Silva (11,8%), Bolsonaro (11,3%), Aécio Neves (10,1%) e Ciro Gomes (5%).





 
Em outro cenário, com Geraldo Alckmin no lugar do senador mineiro, o ex-presidente também lidera, com 31,8% ante 9,1%.
 
No 2° turno, o petista também desbanca Aécio (com 39,7% ante 27,5%), Marina Silva (com 38,9% ante 27,4%) e, claro, o decorativo Michel Temer (com 42,9% ante 19%). Este, aliás, vem se consolidando como um pé de chumbo desastroso.
 
A avaliação do ocupante da Presidência desaba e fica cada vez mais claro: quanto mais o tempo passa, mais o Brasil tem saudades da era Lula.
 
Uma saudade, inclusive, registrada como um “componente eleitoral inédito”, segundo outra pesquisa, encomendada pelo Valor Econômico e divulgada no começo desta semana (leia mais).
 
Sinal dos tempos
Enquanto isso, os veículos da mídia golpista reagem como se fossem aquela fotografia de Jânio Quadros, em que os pés do ex-presidente brigam com o corpo, tentando caminhar para direções distintas, ao mesmo tempo em que a cabeça contraria a vontade do pescoço que diverge da coluna cervical.
 
O aparato de comunicação brasileiro, de notório protagonismo no golpe de 31 de agosto, quer manter as aparências; ao mesmo tempo, clama por um trabalho sujo - de arrocho e desnacionalização – feito por “mãos limpas”. A mistura de arrocho, cinismo e dissimulação empesteia o ar eleitoral e bombeia votos para o palanque de Lula.
 
O resultado é um noticiário esquizoide: a editoria de economia elogia o garrote fiscal no pescoço do povo brasileiro, enquanto os colunistas reclamam do sangue respingado no avental do carrasco. Não que se opõem à sangria, apenas reclamam assepsia no serviço.
 
Após criarem todas as condições para a instalação de um governo com maioria citada ou investigada na Lava-Jato, os veículos da mídia golpista pararam de sustentar o insustentável. São notórias as críticas contra Temer e sua turma. Vejamos:
 
“Governo de Jucás”
Na última sexta-feira (10.02.2016), em seu Jornal das Dez, a Globonews transmitiu um vídeo (confira aqui) desconcertante sobre a “história do mais coordenado esforço empreendido até agora pelo governo Temer e seus aliados para se proteger da Operação Lava Jato e das reações do Ministério Público e da Justiça a essa ofensiva”.
 
São quase nove minutos à altura das várias campanhas já promovidas pelas Organizações Globo contra seus desafetos. Destaca-se a edição e cortes de reportagens, a composição das imagens, narração e trilha sonora, construindo uma atmosfera de suspense policial e de denúncia contra a entourage instalada no Planalto.
 
Soma-se a este vídeo, as várias críticas dos comentaristas da Globo à nomeação de Moreira Franco para a Secretaria Geral da Presidência da República, chancelada – e com foro privilegiado - pelo ministro Celso de Mello (STF) nesta terça-feira (14.02.2017). Temer, inclusive, precisou vir a público com uma solução, no mínimo, patética: “se houver denúncia, o ministro será afastado provisoriamente”, se transformando em réu, “o afastamento é definitivo”.
 
Eliane Cantanhêde, em O Estadão, na terça-feira (14.02.2016), foi incisiva: “o risco é virar um governo de Jucás”, evidenciando a realidade absurda da constituição de um governo composto por ministros que sairão “provisoriamente” e por “substitutos também provisórios”. Merval Pereira, por sua vez,  disparou na CBN:
 
“Ele (Temer) está dizendo ao STF que não nomeou Moreira Franco para blindá-lo. Mas é muito difícil definir essa barreira porque pode surgir uma denúncia tão avassaladora, como o áudio de Sergio Machado com o Jucá que inviabilize a permanência no governo. Pode ser que algum ministro apareça tão evidentemente comprometido que será preciso tirá-lo imediatamente do governo”.
 
Exercício de futurologia? Tudo indica que não. A ingovernabilidade é mais do que óbvia e, pelo visto, está ameaçando os negócios e os interesses em jogo.
 
Política X Economia
Miriam Leitão vem anunciando a “separação” entre política e economia, leia-se entre Henrique Meirelles (Fazenda) e Michel Temer, conforme visto em artigo publicado no último domingo:
 
“A economia começa a dar sinais de melhoria cada vez mais consistentes”, enquanto a política “se afunda em crises e decisões ruins”, afirma, ao disparar um corolário contra as decisões descabidas de Temer.
 
No dia seguinte, em “Desafio Nacional”, foi ainda mais incisiva:
 
“O país está em crise fiscal aguda, o governo federal tem tido déficits enormes, vários estados estão em colapso, a arrecadação caiu no país inteiro, o desemprego alastrou-se de forma impiedosa. Esta não é a hora de aumentar a folha sem definir de onde exatamente tirar os recursos”.
 
Outro exemplo foi a divulgação do áudio do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) pelo Estadão nesta terça-feira (14.02.2017), corroborando a movimentação em curso. Na gravação, Padilha explica, durante palestra aos para funcionários da Caixa Econômica Federal, como se deu a negociação de Ricardo Barros (PP) para o ministério da Saúde:
 
“Nosso objetivo era chegar nos 88% [de apoio no Congresso]. Até chegamos mais do que a gente imaginava, mas a gente queria ter uma base consistente. Muito bem, vamos conversar. Vocês garantem todos os nomes do partido em todas as votações? ‘Garantimos’. Então o Ricardo será o notável”, escancarou o ministro da Casa Civil.
 
Censura 
Outro episódio demonstra o ruído nas relações entre os golpistas do Planalto e os da mídia: a censura da Justiça de Brasília, a pedido de Temer, às reportagens da Folha e de O Globo sobre a chantagem do hacker Silvonei José de Jesus Souza contra a primeira-dama, Marcela Temer.
 
Depois de clonar e roubar dados do iPhone de Marcela, Souza ameaçou divulgar uma conversa dela que, segundo ele, teria potencial para jogar o nome do decorativo “na lama”. As mensagens divulgadas mostram a resposta da primeira-dama, afirmando que tudo não passa de montagem.
 
Na própria sexta-feira, quando a Folha divulgou a reportagem, o Planalto acionou a Justiça. No sábado, o Jornal Nacional noticiou a questão, a reportagem continua online.
 
Sobre o caso, The Intercept trouxe um excelente balanço, divulgando o material censurado inclusive. “Fazemos isso em defesa do direito da imprensa de trabalhar sem ser censurada pelo Estado, assim como para levar informações vitais que o público tem direito de conhecer sobre seus líderes”, aponta a reportagem.
 
E mais: “não fazemos isso por conta de nosso afeto pela Folha de S. Paulo ou pelo Globo. Os dois jornais atacam a liberdade de imprensa de outros veículos regularmente. A associação por eles controlada entrou com um processo que busca negar a liberdade de imprensa a veículos como BBC Brasil, El Pais Brasil, BuzzFeed Brasil e The Intercept, pedindo aos tribunais que determinem que não podemos fazer reportagens sobre o Brasil. E, ironicamente, esses dois veículos apoiaram o impeachment de uma presidente eleita democraticamente, Dilma Rousseff, levando Temer ao poder”.
 
Vale destacar que durante os treze anos de governos Lula e Dilma, a imprensa jamais sofreu uma censura semelhante.
 
Programa político
Note que, com exceção de The Intercept, estamos trabalhando apenas com o que foi disseminado pelos principais jornalões e comentaristas nos últimos dias. Não há dúvidas de que 2018 começou. Embora ainda não apareça o candidato do partido midiático, seu programa de governo já está no ar, não como possibilidade, mas verdade absoluta.
 
Destacamos três minutos dessa plataforma divulgada pelo Jornal Nacional, neste link. No espaço garantido ao jornalismo, segundo as leis que regem a concessão pública, o que vemos é uma explícita defesa das privatizações, do ajuste fiscal, do teto de gastos e da reforma da previdência.
 
Impressiona a superficialidade como essa defesa é apresentada, sem nenhuma problematização, pelo contrário: os argumentos contrários ao que é defendido em horário nobre, no Jornal Nacional, são qualificados de “ideológicos”.
 
Insistimos: sem sequer serem apresentados.
 
Uma aula e tanto para os marqueteiros.


Créditos da foto: Ricardo Stuckert