terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Altman esclarece tuíte sobre porte de armas: "o caminho para enfrentar o neofascismo é o da denúncia e da mobilização social"

 

Altman esclarece tuíte sobre porte de armas: "o caminho para enfrentar o neofascismo é o da denúncia e da mobilização social"

Breno Altman

247 - O jornalista Breno Altman publicou uma nota esclarecendo uma declaração dada nesta terça-feira (16) sobre a flexibilização do porte de armas, e o que isso significa para a esquerda brasileira.

Nela, Altman diz que sua intenção não foi dar a entender que "a solução possível fosse o armamento generalizado da esquerda".

"O povo tem o direito de se defender dessa violência clandestina, incluindo o recurso aos decretos em seu próprio favor. Mas o caminho para enfrentar o neofascismo é o da denúncia e da mobilização social em defesa das garantias democráticas", diz.

Em um tuíte publicado nesta tarde, Altman havia defendido que, se aprovados os decretos de Bolsonaro facilitando o acesso a armas, militantes de esquerda deveriam "exercer todos os direitos legais de adquirir e possuir armas, além de buscarem treinamento".

Leia a íntegra, postada em seu Facebook:

"CORRIGINDO A ROTA

A lógica dos textos curtos e a dinâmica intempestiva das redes sociais, somadas ao cansaço e ao descuido, às vezes nos levam a opinar de forma descontextualizada. 

Foi o que ocorreu comigo em dois posts que escrevi sobre decretos que expandem direitos de compra e posse de arma. Na busca da síntese, acabei passando mensagem simplista, como se achasse que a solução possível fosse o armamento generalizado da esquerda. Peço desculpas aos que me criticaram e também aos que me apoiaram por esse sinal truncado. 

Os decretos de Bolsonaro dão continuidade à quebra do Estado de Direito, reforçando milícias urbanas e rurais como um potencial punho armado, ilegal, das classes dominantes. 

O povo tem o direito de se defender dessa violência clandestina, incluindo o recurso aos decretos em seu próprio favor. Mas o caminho para enfrentar o neofascismo é o da denúncia e da mobilização social em defesa das garantias democráticas. 

Não há dúvidas históricas de que, diante da violência criminosa das elites, os povos não podem aceitar esses ataques sem resistência. 

Esse foi o princípio geral que advoguei em meus posts, em um argumento que, tomado de forma isolada, ficou parecendo alguma espécie de apoio à confrontação armada.

Não é essa minha posição, pois seria alienação da realidade. Continuo convencido que apenas a luta de massas, a rebelião social, a desobediência civil, associadas às batalhas institucionais e eleitorais, podem por um fim à aliança entre o neofascismo e o neoliberalismo. 

Meu intuito era deixar claro que esses decretos ampliam a ruptura com a Constituição de 1988 e o pacto democrático baseado na soberania popular. 

Infelizmente dei brecha para uma compreensão enviesada acerca desse tema".