terça-feira, 26 de abril de 2022

Fóruns sociais debatem reconstrução nacional e projeto de nação

 A PARTIR DESTA TERÇA

Fóruns sociais debatem reconstrução nacional e projeto de nação

De terça até sábado (30), Fórum Social das Resistências e Fórum Social Justiça e Democracia, terão como desafio central fortalecer a luta contra a extrema direita e retomar o desenvolvimento do país

Delaney Turner/CC.0/Unsplash
favela-delaney-turner-unsplash

São Paulo – A partir desta terça-feira (26), terão início em Porto Alegre dois importantes eventos de mobilização e articulação dos movimentos sociais e políticos populares, progressistas e de esquerda: o Fórum Social das Resistências e o Fórum Social Justiça e Democracia. Até sábado (30), ambos os eventos terão como desafio central fortalecer a luta contra a extrema direita e retomar o desenvolvimento do país.

Os dois eventos pretendem produzir propostas para o debate internacional do Fórum Social Mundial (FSM2022) que será realizado no México, em maio.

Em entrevista, Silvana Conti, vice-presidenta da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no estado (CTB/RS) e uma das principais articuladoras da ação nos fóruns, afirma que durante os eventos, “ocorrerão grandes encontros dos movimentos sociais, dos partidos políticos, das centrais sindicais. De amplos setores da sociedade que acreditam que nós podemos vencer. Que o amor pode vencer o ódio. Que a resistência e a luta valem a pena e que nós precisamos, com todas as forças que temos, construir a unidade para derrotar o nosso inimigo em comum”.

Ela reforça que “o nosso grande desafio em 2022 é derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo, um projeto negacionista que ataca diariamente as instituições, colocando em risco o Estado democrático de direito; colocando em risco a vida do povo brasileiro, principalmente a vida das mulheres e, principalmente, das mulheres negras chefas de família”.

Projeto de nação

Silvana salienta que “estes ataques que nós sofremos diariamente precisam terminar e para isso, a gente precisa fazer um grande esforço, uma grande força-tarefa nacional para reconstruir o Brasil na perspectiva de um país democrático, soberano, com um projeto de nação cuja agenda esteja voltada para os  trabalhadores e trabalhadoras, para as mulheres, os negros e as negras, povos indígenas e população LGBTQIA+, pessoas com deficiências, enfim, com todos, todas e todes que são brasileiros e brasileiras e que não aguentam mais essa situação: o alto preço do gás e dos alimentos; a fome, o desemprego, a violência política, a violência doméstica, enfim, todos os tipos de violência que o nosso povo tem sofrido”.

Por fim, Silvana destaca: “quem puder, venha para Porto Alegre, pega a sua bandeira, a sua esperança, a sua força e resistência e venha se somar com a gente. Serão espaços muito potentes, principalmente de construção de unidade e de agendas de luta. Nós, comunistas, sabemos fazer isso muito bem, isso está no nosso DNA. Temos a certeza de que podemos fazer florescer a esperança”.

A programação prevê a tradicional marcha de abertura na terça-feira (26), às 17h no Largo Glênio Peres, ao lado do Mercado Público e da Prefeitura Municipal da capital gaúcha.

Confira nos links abaixo a programação completa e a ficha de inscrições para participar:

Fórum Social das Resistências:  Programação  |  Inscrições

Fórum Social Mundial Justiça e Democracia:  Programação  |  Inscrições

Por  Priscila Lobregatte, do Portal Vermelho

Denúncia: garimpeiros estupram e matam indígena Yanomami de 12 anos

 EM RORAIMA

Denúncia: garimpeiros estupram e matam indígena Yanomami de 12 anos

Povo Yanomami vive tragédia social sob ataque do garimpo ilegal. Outra criança indígena segue desaparecida após cair em um rio

Bruno Kelly/Relatório Yanomami Sob Ataque
yanomami_garimpo
Garimpo na foz do rio Aracaçá em janeiro de 2022. Imagem mostra contaminação da água e desmatamento da região por ação de garimpeiros

Brasil de Fato – Uma criança indígena de 12 anos morreu após ser sequestrada e sofrer violência sexual por parte de garimpeiros que invadiram na comunidade Aracaçá, na Terra Indígena (TI) Yanomami, em Roraima. A denúncia foi divulgada na segunda-feira (25) pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami.

“Os garimpeiros violentaram e estupraram ela. Ocasionou o óbito. O corpo da adolescente está na comunidade”, afirmou a liderança no vídeo publicado em uma rede social. 

Garimpo ilegal contaminou 75% da população de Santarém com mercúrio

Segundo Hekurari, a ação dos invasores também resultou no desaparecimento de outra menina, que teria caído do barco em que estava com garimpeiros durante a violência. “A criança está desaparecida dentro do rio. Comunico as autoridades, Ministério Público Federal”, declarou o presidente do Condisi. 

“Amanhã também irei na comunidade buscar o corpo da adolescente que os garimpeiros ocasionaram o óbito por violência. Estou muito triste que está acontecendo isso com meu povo”, lamentou a liderança.

Comunidade “em vias de desaparecimento”

Local dos crimes, a comunidade de Aracaçá fica próximo ao rio Uraricoera, uma das áreas mais devastadas pelo garimpo ilegal, que vem provocando uma tragédia social sobre os Yanomami. 

O relatório “Yanomami Sob Ataque”, divulgado neste mês pela Hutukara Associação Yanomami, aponta que a comunidade Aracaçá está “em vias de desaparecimento” em função da desagregação social provocada pela atividade. 

Mineração e garimpo ilegal avançam quase 500% em territórios indígenas

Além da introdução de bebidas alcoólicas pelos garimpeiros e do acirramento de conflitos internos, o relatório aponta que indígenas “deixaram de abrir roças e hoje dependem da alimentação oferecida pelos garimpeiros em troca de serviços, como carregar combustível e realizar pequenos fretes de canoa”.

“Lá, ainda de acordo com os [indígenas] Palimiu Theli, os garimpeiros introduziram bebidas e um ‘pó branco’ que deixaram os [indígenas] Sanöma viciados, alterados e violentos”, afirma trecho do documento. 

Lideranças responsabilizam Bolsonaro 

O garimpo ilegal na TI Yanomami disparou 3.350% entre 2016 e 2021. A consequência direta é o crescimento da malária, da desnutrição infantil, da contaminação por mercúrio e da exploração sexual.

Para os Yanomami, a invasão garimpeira é fruto, principalmente, das escolhas de Jair Bolsonaro (PL). Segundo o documento, a “política do atual governo” é de “incentivo e apoio à atividade, apesar do seu caráter ilegal, produzindo assim a expectativa de regularização da prática”. 

Garimpo ilegal leva fome, doença e exploração sexual para território Yanomami

“Nós, lideranças, não queremos seus garimpeiros! Nossos animais de caça já acabaram! As crianças já estão sofrendo com doenças de pele e diarreias! Nossos filhos já estão doentes! Bolsonaro, busque seus filhos garimpeiros e os leve de volta!”, diz uma liderança indígena, em trecho da fala destacado no relatório “Yanomami Sob Ataque”.

As principais notícias desta noite no Brasil 247