quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Parecer jurídico contra sementes crioulas é mais uma faceta do golpe, afirma MPA


Parecer jurídico contra sementes crioulas é mais uma faceta do golpe, afirma MPA

Indicações de advogado do Conab, se aplicadas, prejudicam a agricultura familiar

Brasil de Fato | São Paulo (SP)
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Sementes crioulas são sementes tradicionais que foram mantidas e selecionadas por várias décadas através dos agricultores tradicionais / Foto: La Vía Campesina
Desde a última terça-feira (24), movimentos ligados à Via Campesina denunciam em suas redes parecer jurídico assinado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), órgão executor ligado ao Ministério da Agricultura e Pecuária, que recomenda a proibição de sementes crioulas no âmbito do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) Sementes.
Sementes crioulas são aquelas geradas naturalmente por meio da reprodução das plantas, em oposição às sementes vendidas por corporações transnacionais como a Monsanto, que são geneticamente manipuladas para que a lavoura resultante de seu plantio seja estéril – assim, o produtor rural é obrigado a comprar novas sementes para a próxima safra.
Aos olhos do autor do parecer do Conab, para que as sementes crioulas possam ser incluída no PAA-Sementes, seria necessário que elas fossem cadastradas no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem).
Ao exigir o Renasem, o parecer impede a comercialização de sementes crioulas via mecanismos de compra institucional, o que poderia impedir agricultores de serem beneficiários do Programa de Aquisição de Alimentos.
Golpe atrás de golpe
Segundo Frei Sérgio Görgen, do Movimento dos Pequenos Agricultores, o parecer não tem fundamento jurídico e seria mais uma faceta do golpe sofrido pela democracia em 2016.
"Mais um golpe dentro do golpe, agora atingindo as sementes crioulas, os quilombolas, indígenas e os agricultores mais pobres, porque as sementes não eram usadas para produzir para o mercado, mas sim para a subsistência dessas famílias", afirma.
Desde de 2003, a Lei 10.711, conhecida como Lei das Sementes, regulamenta o setor e aponta os direitos e obrigações de todas as partes. Em nota, a Via Campesina aponta que "a Lei de Sementes dispensa este Registro para as Sementes/Cultivares de Variedades Crioulas". 
O procurador da Conab, o advogado Ricardo Augusto de Oliveira, compreendeu a relação entre agricultores familiares produtores de sementes e agricultores familiares beneficiados pelo PAA-Sementes como “comercializadora”, o que seria vetado pela Lei das Sementes. A afirmação foi feita com base no fato de a Conab emitir nota fiscal para os produtores, o que validaria uma relação comercial.
Para a Via Campesina, este é outro equívoco, pois o órgão é apenas "mediador e executor" do Programa, e a emissão de notas tem como objetivo cumprir "uma formalidade necessária aos procedimentos legais como transporte, remuneração da entidade fornecedora e quantificação, entre outros".
Alternativa
Milton Fornazieri, do setor de produção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), entende que o parecer tenta minar o esforço de movimentos populares do campo para que as sementes crioulas se fortaleçam como alternativa na disputa com sementes transgênicas e híbridas.
"No momento que você restringe a venda, você está priorizando as sementes das grandes empresas. Praticamente todas as sementes crioulas são produzidas por associações e pequenas cooperativas ligadas à agricultura familiar e camponesa", pontua.
Em nota enviada à reportagem, a Conab afirmou que "não está extinta a possibilidade de utilização das sementes crioulas no Programa de Aquisição de Alimentos" e reafirma que está apenas vinculando-as à apresentação do Renasem. "A referida lei somente permite a dispensa para troca ou comercialização entre os próprios agricultores familiares".
Frei Sérgio, no entanto, teme que o parecer possa ter consequências graves no combate à fome. "Ele [o parecer] simplesmente vai aumentar a fome para milhares de famílias camponesas do Brasil", explica. 
Com o novo parecer, as sementes produzidas se transformarão em grão para consumo ao invés de garantir a subsistência no campo de quem tem que plantar o que comer.
Edição: Diego Sartorato

Militantes em greve de fome recebem apoio de parlamentares

Militantes em greve de fome recebem apoio de parlamentares

Protesto está no segundo dia e pede liberdade para Lula, além de denunciar retorno do Brasil ao Mapa da Fome

Brasil de Fato | Brasília (DF)
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Parlamentares durante visita ao grupo de grevistas nesta quarta (1o), em frente ao STF, em Brasília / Gustavo Bezerra/PT na Câmara
Os seis militantes que estão em greve de fome para exigir a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) receberam, nesta quarta-feira (1º), a visita e o apoio dos deputados federais Luizianne Lins (PT-CE), Paulo Pimenta (PT-RS) e Paulo Teixeira (PT-SP).
Os parlamentares visitaram o grupo numa tenda montada no final da tarde em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) para abrigar os militantes e receber apoiadores. Na ocasião, eles destacaram a coragem dos trabalhadores e a importância do protesto.
“É uma atitude heroica essa que eles resolveram tomar. A gente considera fundamental ter esse laço com essas pessoas que estão arriscando sua própria vida pro bem de todos nós”, afirmou a deputada cearense.
Pimenta, atual líder da bancada do PT na Câmara, ressaltou a simbologia da greve, acrescentando que ela projeta ainda mais o caráter político da prisão de Lula não só dentro do país, mas também diante do cenário internacional.
“Esperamos que, com esse gesto [deles], a gente consiga provocar a consciência, a reflexão, e que as pessoas tenham claro que existem brasileiras e brasileiros dispostos a dar a própria vida em defesa da democracia e do Estado democrático de direito”, completou.
Já o deputado Paulo Teixeira reforçou a pressão sobre a presidente do STF, Cármen Lúcia, para que o Supremo julgue a Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) nº 54, que trata da garantia da presunção de inocência após condenação em segunda instância. De autoria do PCdoB, a petição foi protocolada no dia 26 de junho.
“O presidente Lula está sendo vítima de uma prisão arbitrária, injusta e persecutória por parte de segmentos do Poder Judiciário, e ela não pode ser omissa”, defendeu Teixeira.
Mais cedo, o grupo recebeu também a visita do líder da minoria na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
Sociedade
O apoio popular também foi um dos destaques do ato realizado pelos grevistas nesta quarta. Os grevistas receberam a visita de um grupo de instrumentistas que agitou a mobilização em torno do STF e ainda de outros trabalhadores.
A professora aposentada Inês Bettoni esteve presente para prestar solidariedade aos militantes. Ela conta que se sentiu estimulada a demonstrar apoio porque se considera representada pelo grupo e defende uma maior mobilização popular em torno do protesto.
“É pra que se faça justiça. Tenho convicção de que Lula não é criminoso. Ele é inocente”, afirma.
Grevistas
A grevista Rafaela Alves, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), disse que a demonstração de apoio incentiva o grupo a seguir em frente.
“A gente não come alimento, mas conta com a energia, a mística, a esperança, conta com essa presença de outros companheiros e companheiras, então, acaba sendo um alimento pra nossa resistência”, enfatizou.
Os seis militantes iniciaram o protesto nessa terça (31), quando protocolaram no Supremo o manifesto intitulado “Greve de fome por justiça no STF”. Além de pedir a soltura do ex-presidente, eles denunciam o retorno do Brasil ao Mapa da Fome, do qual o país havia saído em 2014.
Edição: Diego Sartorato

Juca Kfouri: uma saída para o horror


Juca Kfouri: uma saída para o horror

Uma eleição sem o favorito inviabilizará a necessária conciliação nacional. Somente com Lula no pleito, vencedor ou derrotado, sairemos da sinuca de bico em que nos metemos
por Juca Kfouri publicado 01/08/2018 19h35, última modificação 01/08/2018 19h52
VIA BLOG DO JUCA
lula e bolso
Não há no candidato do polo fascista nada que se compare com o ex-presidente que deixou mandato com 87% de aprovação
Blog do Juca – Do mesmo modo que há quem não acredite ser justa a prisão de Lula, ou o impeachment de Dilma, existem os que têm em Bolsonaro a figura do salvador da pátria. A julgar, porém, por quem são uns e outros, a semelhança estaciona aí se a questão é meramente de fé.
Porque na turma do ex-presidente, e líder nas pesquisas eleitorais, estão, entre tantos: Chico Buarque, Gilberto Gil, Fábio Konder Comparato, Noam Chomsky, Slavoj Žižek, Leonardo Padura, Luis Fernando Verissimo, Bernie Sander, Thomas Piketty, Milton Hatoum e Raduan Nassar, para ficar em apenas 11 nomes de primeiro time em qualquer seleção que se faça pelo planeta afora, seja pelo que significam no mundo jurídico, das artes, da política, da economia ou da filosofia. Gente que não ganhará, ou perderá, um tostão qualquer que seja o resultado eleitoral.
Não há, do outro lado, em segundo lugar nas pesquisas, nada que se compare, a não ser gente que não se importa com a tortura, com a homofobia, o racismo, com estupro, ou com a mais repugnante idiotia, algumas figuras até da mídia — o que demonstra como certos veículos outrora respeitados despencaram em credibilidade e colaboraram para o clima de intolerância que agora, arrependidos?, denunciam como assustador.
Gente que há mais de 500 anos se locupleta ou que, no desespero da crise, se autoengana com soluções autoritárias. A questão está em como combater a onda fascistoide que ameaça o país nas eleições de outubro.
E não será revelando as barbaridades que defendem, a desinformação que propagam ou os absurdos históricos que repetem.
Porque diante das campanhas midiáticas que nos trouxeram a quadro tão sombrio, nada cola nos propagandistas do retrocesso civilizatório em nome do combate à corrupção que os alimenta.
Se assim foi nos Estados Unidos, não há por que imaginar situação diferente no Brasil.
Tentar desconstruir as falsidades da extrema-direita tupiniquim sobre a escravidão, ou sobre o combate à mortalidade infantil, será pregar no deserto dos que sempre dirão que não foi bem isso que o truculento candidato quis dizer, até porque ele é uma pessoa doce e equilibrada, tanto que carrega no colo crianças que apenas brincam de bang bang.
O esforço para impedir o segundo mandato, a partir de seu primeiro dia, de alguém legitimamente eleita pelo povo, deu nisso: na morte política de quem disputou com ela e na ascensão do que há de pior em qualquer parte do mundo.
Seria formidável se surgisse uma saída intermediária, mas é óbvio que boa parte do Brasil considerará ilegítima uma eleição sem o favorito, o que inviabilizará a necessária conciliação nacional.
Somente com Lula no pleito, vencedor ou derrotado, sairemos da sinuca de bico em que nos metemos.
E para quem avaliar que entre Lula e Bolsonaro existe um conflito de extremos, sempre será bom lembrar que o hoje encarcerado ex-presidente saiu do governo com 87% de aprovação, o suficiente para, se quisesse, convocar e ser novamente reeleito, ao estilo chavista.
E ele recusou.
Lula é tão extremista como Pelé foi goleiro.
O que não podemos é seguir adiante com o quadro de intolerância vivido hoje em dia.
A ponto de ontem, numa mesma entrevista com Fernando Haddad, um lado chamar jornalista de golpista e outro de petista. O que prova, cabalmente, que era apenas jornalista.

AFL-CIO Maior central dos EUA denuncia 'farsa' e pede 'libertação imediata' de Lula


AFL-CIO

Maior central dos EUA denuncia 'farsa' e pede 'libertação imediata' de Lula

Entidade que reúne operários dos Estados Unidos e Canadá diz que é hora de "elevar nossas vozes juntamente com os trabalhadores brasileiros" em defesa da igualdade e da justiça social
por Redação RBA publicado 01/08/2018 13h38, última modificação 01/08/2018 13h58
RICARDO STUCKERT
Lula Livre
Central americana diz que a Lula foi negada a presunção de inocência e o direito a um julgamento justo
São Paulo – A American Federation of Labor and Congress of Industrial Organizations (AFL-CIO), maior central operária dos Estados Unidos e Canadá, lançou na semana passada um manifesto no qual reivindica a "libertação imediata" do ex-presidente Luiz Inácio Lulada Silva, até que os recursos contra a sua condenação tenham sido julgados em última instância, e defendem seu direito de concorrer às eleições deste ano. Os sindicalistas também querem uma "revisão imparcial e objetiva" do processo contra Lula, com garantias ao amplo direito de defesa do ex-presidente. 
No documento, intitulado Defendendo a Democracia no Brasil, a AFL-CIO diz que Lula "tem sido alvo de ataques da mídia convencional e perseguido por partes do Judiciário politicamente motivado" nos últimos dois anos. Segundo o texto, o objetivo é impedi-lo de participar das eleições, inviabilizando a restauração de "políticas de igualdade social e inclusão" aplicadas pelos governos petistas desde 2003, responsáveis pela retirada de 40 milhões de brasileiros da pobreza. 
"Desde 2015, os interesses corporativos, os grandes meios de comunicação e as forças da direita organizaram um ataque a essas conquistas, bem como aos líderes que as defenderam", diz o manifesto da AFL-CIO. 
A central se compromete ainda a trabalhar junto a parlamentares estadunidenses e outras organizações internacionais para ampliar a conscientização sobre as ações promovidas contra a democracia no Brasil, com mobilizações e também por meio de denúncias à mídia. 
Confira o manifesto da AFL-CIO na íntegra:
DEFENDENDO A DEMOCRACIA NO BRASIL
Durante anos, a AFL-CIO e seus sindicatos desenvolveram alianças estratégicas com sindicatos brasileiros através de apoio mútuo em campanhas com empresas multinacionais, criando sindicatos comprometidos com a democracia, igualdade racial e de gênero. Como populismo autoritário de direita que procura dividir e enfraquecer os trabalhadores enquanto consolida o poder corporativo e aumenta o privilégio em nossas democracias, a AFL-CIO compromete-se a trabalhar com os sindicatos brasileiros parceiros junto com o movimento sindical global para defender a democracia no Brasil e apoiar o retorno do país ao curso progressista que foi seu objetivo nos primeiros quinze anos deste século.
De 2003 a 2015, os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff abraçaram a inclusão social, de gênero e racial, tiraram 40 milhões de brasileiros da pobreza e implantaram políticas que promovem a negociação coletiva e aumentos sistemáticos do salário mínimo para aumentar a participação dos trabalhadores na riqueza criada por eles. Trabalhadores domésticos e outros excluídos obtiveram direitos trabalhistas totais. Novas políticas de educação superior aumentaram o acesso e disponibilidade para mais trabalhadores e mais afro-brasileiros. 
Durante estes governos, foram construídas moradias a preços acessíveis, a eletricidade chegou a locais onde não havia nenhuma e o saneamento melhorou notavelmente, além de ter havido reduções significativas no trabalho infantil e forçado. Essas políticas foram combinadas com um crescimento econômico estável. Em suma, o povo brasileiro recuperou a esperança para o futuro. A AFL-CIO e outros olharam para o Brasil como líderes de uma luta global por democracia e igualdade, governando com um objetivo dos trabalhadores e dos cidadãos. Em quatro eleições sucessivas, os cidadãos brasileiros votaram em Lula e em sua sucessora, Dilma Rousseff, eleita duas vezes, expressando seu apoio a essas políticas.
Desde 2015, os interesses corporativos, os grandes meios de comunicação e as forças da direita organizaram um ataque a essas conquistas, bem como aos líderes que as defenderam. Primeiro, a sucessora de Lula, Dilma Rousseff, foi retirada em 2016 por meio de um golpe parlamentar liderado por um político que foi retirado por uma condenação por corrupção. Dilma foi destituída do cargo por um Senado, dos quais mais da metade estava sob investigação ou condenados por corrupção; Dilma, por sua vez, nunca foi acusada de corrupção. Ao tomar o poder, o presidente não eleito Michel Temer e o legislativo que destituiu Dilma, impuseram políticas racistas e ambientalmente devastadoras, contra os trabalhadores. Planos de austeridade reduziram o acesso à saúde e educação, enquanto a violência policial em comunidades predominantemente afro-brasileiras aumentou. Nos seus primeiros meses, esse governo mudou as leis trabalhistas para tornar todo o Brasil um país onde o trabalhador não é obrigado a participar de um sindicato, enfraquecer a negociação coletiva e atacar a estabilidade financeira do movimento trabalhista. Como o Comitê de Especialistas da OIT informou em fevereiro de 2018, a revisão da legislação trabalhista “não se baseia na negociação, mas na abdicação dos direitos”. Desde que houve estas mudanças, a negociação coletiva diminuiu em 39,6%.
Nos dois últimos anos, Lula tem sido alvo de ataques da mídia convencional e perseguido por partes do judiciário politicamente motivado. Foi-lhe negado a presunção de inocência e seu direito a um julgamento justo e aos recursos. Em 7 de abril, Lula foi preso (com uma sentença de 12 anos) apesar da falta de provas de corrupção, liberdade a qual é garantida pela constituição do Brasil bem como a presunção de inocência, até que o processo de recurso esteja encerrado. Estes ataques têm como objetivo impedi-lo de concorrer à presidência em outubro de 2018 e à sua restauração das políticas de igualdade social e inclusão.
No mês passado, da prisão, Lula anunciou sua candidatura à Presidência. Ele continua a liderar em todas as pesquisas, com mais apoio que todos seus oponentes em potencial juntos. A principal oposição a Lula é um ex-militar da direita que defende a ditadura de 1964-1985 e elogia os que utilizaram a tortura durante este regime. Ele rejeita explicitamente as conquistas progressistas das presidências do Lula e Dilma. 
Por dois anos, a AFL-CIO e suas afiliadas expressaram nossas preocupações aos governos dos EUA e do Brasil, bem como lideraram ações de solidariedade nos fóruns americanos e internacionais. A AFL-CIO também envolveu membros do congresso para erguer suas vozes em oposição a esses ataques ao estado de direito, à democracia no Brasil, a Lula e Dilma. Continuaremos ativos em defesa do movimento trabalhista brasileiro, de seus aliados e de sua democracia, bem como das políticas e líderes progressistas, como Lula, que trouxeram mudanças reais às famílias trabalhadoras brasileiras.
O Conselho Executivo da AFL-CIO apela, assim, a todo o governo do Brasil, incluindo o judiciário brasileiro, para reverter essa farsa da justiça e proteger os direitos fundamentais ao devido processo legal e a um julgamento justo, adotando as seguintes medidas: 
• Libertação imediata de Lula até que o processo de apelação tenha sido concluído, de acordo com a constituição brasileira;
• Uma revisão imparcial e objetiva do caso de Lula pelo judiciário com todos os devidos direitos do processo garantidos;
• Permita que Lula concorra para a presidência na eleição deste ano. Restaure a democracia no Brasil, uma vez que as pessoas devem ter o direito de votar no candidato de sua escolha;
• A AFL-CIO trabalhará em coalizão com o movimento trabalhista global e outras organizações de direitos humanos e justiça social para apoiar a luta pela democracia e pelos direitos dos trabalhadores no Brasil. Nosso trabalho nesta campanha de coalizão inclui as seguintes ações:
• Receber ativistas brasileiros da democracia e justiça durante visitas aos Estados Unidos e trabalhar com a comunidade brasileira progressista nos Estados Unidos;
• Defender a democracia no Brasil no Capitólio e em outros níveis e filiais de organizações governamentais e internacionais, bem como em eventos trabalhistas nacionais e internacionais;
• Aumentar a conscientização sobre esses ataques à democracia do Brasil por meio de comunicações e manifestações;
• Construir uma aliança de organizações e indivíduos comprometidos com esses objetivos. 
A AFL-CIO reconhece a partir de nossa própria experiência histórica e atual com ataques semelhantes aos direitos dos trabalhadores e do compromisso de nossa central com a justiça social e a igualdade, que devemos elevar nossas vozes juntamente com os trabalhadores brasileiros.

Contradições: em livro, Fux garante direito de Lula a ser candidato A LEI NÃO VALE PARA LULA?


ELEIÇÕES 2018

Contradições: em livro, Fux garante direito de Lula a ser candidato

Ao se posicionar, como membro do TSE, contra candidatura de Lula, ministro contraria a si mesmo como jurista. PT lembra que Fux já tomou dezenas de decisões favoráveis a outros candidatos
por Redação RBA publicado 01/08/2018 09h02, última modificação 01/08/2018 16h50
REPRODUÇÃO/STF/RICARDO STUCKERT
Fux e Lula
TSE tem considerado "grave violação à soberania popular" impedir candidatura por condenação que ainda pode ser revertida
São Paulo – Em livro escrito em 2016, intitulado Novos Paradigmas do Direito Eleitoral – o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luiz Fux, não deixa dúvidas ao afirmar que sempre que houver possibilidade de um candidato reverter eventual condição de inelegibilidade, a lei garante que o candidato "prossiga na corrida eleitoral". É o caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não ainda não foi julgado em última instância, cabendo ainda recursos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o processo em que foi condenado, considerados farsa jurídica por especialistas do Brasil e do mundo.
Havendo ainda possibilidade de reverter a condenação, portanto, o Fux ministro do TSE contradiz o Fux jurista e professor de Direito. Nesta terça-feira (31), o ministro disse que "um político enquadrado na Lei da Ficha Limpa não pode forçar uma situação, se registrando, para se tornar um candidato sub judice". 
REPRODUÇÃOlivro fux
O livro do ministro Fux que confirma o direito de Lula a ser candidato em 2018
A mesma Lei da Ficha Limpa prevê a possibilidade de suspensão da inegibilidade no seu artigo 26-C, como reconheceu anteriormente o ministro Edson Fachin. A inegibilidade de Lula só seria definitiva, portante, se seu caso tivesse sido julgado em última instância, quando, na verdade, a condenação pela qual o ex-presidente cumpre mandado de prisão expedido por Sergio Moro foi confirmada apenas pela segunda instância – o Tribunal Federal da 4ª Região (TRF4), de Porto Alegre. 
Em nota, o PT lembra que o entendimento do TSE sobre casos desse tipo tem sido que negar candidatura por causa de uma condenação não definitiva significa "grave violação à soberania popular", e que o próprio ministro Fux tomou dezenas de decisões nesse sentido em relação a outros candidatos. "Se continuar decidindo conforme tem feito até hoje Fux irá reconhecer que Lula pode sim ser candidato à presidência da República."
A fala de Luiz Fuz durante evento na Bahia proporcionou manchete a O Estado de S. Paulo de hoje. O jornal trata o discurso de ocasião do ministro do TSE como fato conveniente e consumado. A reportagem do jornal diz ainda que o caso Lula deverá levar o plenário do Tribunal Superior Eleitoral a julgar o registro de sua candidatura até no fim deste mês, antes do início da propaganda eleitoral no rádio e na TV, previsto para 31 de agosto.
Assim como fez o TRF4, há uma expectativa dos que torcem contra a candidatura, como o jornal paulista, de que se dê ao caso Lula mais velocidade do que de que costume. O objetivo é tentar impedir que o PT leve Lula ao horário eleitoral e fortaleça tanto a tese da legalidade da candidatura quanto a força eleitoral do ex-presidente.

ELEIÇÕES 2018 Jurista Afrânio Jardim defende o direito de Lula dar entrevistas

ELEIÇÕES 2018

Jurista Afrânio Jardim defende o direito de Lula dar entrevistas

Ao enfatizar que Lula não perdeu “seus direitos políticos" enquanto a sentença não transitar em julgado, ele afirma que a lei eleitoral garante tratamento igual entre candidatos a cargos majoritários
por Redação RBA publicado 01/08/2018 17h47, última modificação 01/08/2018 19h15
REPRODUÇÃO
Afrânio Jardim
"Melhor soltá-lo do que descumprir regras jurídicas relevantes e macular a futura eleição por falta de legitimidade", afirma o jurista
São Paulo – Um dos mais renomados juristas do Brasil, Afrânio Silva Jardim destacou nesta quarta-feira (1º), em rede social, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “está em pleno gozo de seus direitos políticos”, concordando com manifestação no mesmo sentido feita pela desembargadora Kenarik Boujikian, a qual defendeu (em artigo na Fórum) o direito de Lula em dar entrevistas. "Se proibisse a entrevista, ou seja, que o preso exercesse o direito de liberdade de expressão atingiria o direito de informação e de liberdade de imprensa, que são direitos sociais", argumenta Kenarik.
Segundo Afrânio Jardim, embora o ex-presidente esteja preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, sua condenação ainda não transitou em julgado e sua pena é de “clausura”, ou seja, a restrição física de locomoção.
Por isso, enfatiza que Lula não perdeu “seus direitos de cidadão, seus direitos políticos”. E cita o artigo 15 da Constituição Federal, que determina ser “vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; incapacidade civil absoluta; condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; e improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º”.
Condenado em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro e, em segunda instância no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), mas ainda sem ter sua sentença transitado em julgado, Afrânio Jardim afirma que Lula pode votar e ser votado. “Enquanto o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não julgar eventual impugnação ao registro de candidato do ex-presidente Lula, ele goza de todos os direitos decorrentes desta condição de candidato, desde que compatíveis com a sua clausura”, conclui.
Ele lembra que a legislação eleitoral e a Constituição Federal garantem o direito à isonomia entre os candidatos a cargos políticos de eleição majoritária, como é o caso de Lula, pré-candidato à Presidência da República. “Desta forma, o ex-presidente tem direito a dar entrevistas, a gravar vídeos e a participar dos debates com os demais candidatos à Presidência da República. Isto, enquanto não for julgada eventual impugnação a seu registro, não mais cabendo qualquer recurso”, explica Afrânio Jardim, procurador de Justiça aposentado.
Segundo ele, para que tal participação fosse viabilizada, é possível o uso de recursos tecnológicos, como vídeos conferências, por exemplo. “Por outro lado, nada impede gravações de vídeos na cela da Polícia Federal. Por derradeiro, o ex-presidente poderia ser apresentado às emissoras de rádio ou televisão, podendo ser, provisoriamente, transferido, um dia antes, para alguma unidade prisional perto de tal emissora (o partido e/ou o candidato poderiam pagar o custo destas operações logísticas)”, argumenta.
Afrânio, também professor associado de Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), destaca que a “legitimação das eleições depende de sua legalidade”, e que tal legitimidade pressupõe a igualdade de tratamento entre todos os candidatos.
“Seria cínico fingir desconhecer que este candidato é um ex-presidente da República, uma personalidade admirada mundialmente, um grande líder popular e que está disparado na frente em todas as pesquisas de opinião pública”, pondera o jurista. “Teria sido melhor obedecer a decisão do desembargador federal Favreto, que optou pela liberdade do candidato Lula. Melhor soltá-lo do que descumprir regras jurídicas relevantes e macular a futura eleição por falta de legitimidade.”