domingo, 9 de setembro de 2018

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares






A quem interessa o atentado?
A tarde de quinta-feira (06) levou para todos os noticiários um possível atentado contra a vida do candidato da extrema direita à Presidência do Brasil, em Juiz de Fora (MG)! O “Sete de Setembro”, sempre tão noticiado em nossa mídia, ficou relegado a segundo plano pois todos cuidavam de explorar ao máximo o acontecimento que pode dar mais alguns pontos percentuais para o candidato nas próximas pesquisas.
Mas está tudo muito confuso. Oficialmente ele passou por uma cirurgia que durou cerca de 2 horas e teria sofrido 3 lesões no intestino, ainda que nos primeiros momentos o filho do candidato tenha dito que eram “ferimentos superficiais” e os jornais tenham anunciado que o fígado tinha sido atingido. A nota médica oficial diz que ele teria passado por uma colostomia temporária para conectar seu intestino a uma bolsa fora do corpo.
A questão que deixa dúvidas são as fotos que foram publicadas em todas as redes sociais, em jornais televisivos e nos jornais impressos. Em nenhuma foto aparece sangue ou qualquer outra mancha nas mãos e na camisa do candidato.
Pior ainda é que as fotos mostradas de uma sala de cirurgia deixam ainda mais dúvidas: um médico que opera sem luvas, uma colostomia sem que o paciente seja entubado, não há sangue e nem as proteções costumeiras em volta da cirurgia, uma das enfermeiras está com a máscara abaixada e muitas outras dúvidas já debatidas exaustivamente nas redes sociais.
Em nota à imprensa, imediatamente após o “atentado”, a polícia anunciou que o agressor já estava identificado e preso, tratando-se de Adélio Bispo de Oliveira, de 40 anos. Seu advogado, Pedro Augusto Lima Possa, assegura que seu cliente assumiu a autoria do atentado, e que ele agiu por “motivações religiosas, de cunho político”. “Ele não tinha intenção de matar, em momento algum. Era só de lesionar”. Em suas mensagens nas redes sociais e em sua página na Internet ele demonstra ser desequilibrado mentalmente, muito confuso e influenciado por discursos religiosos de vários matizes.
Mas isto não deve desviar nossa atenção. Se houve ou não a facada, se o agressor sofre de problemas mentais ou se é grande o número de contradições no caso não deve desviar nossa análise do principal: a direita está e vai continuar se aproveitando do fato para causar comoção e colocar a opinião pública contra a esquerda. E precisamos dizer, de forma clara, que não temos qualquer interesse na morte desse candidato.
Bastaria o TSE ou o STF aplicarem a lei e agirem corretamente deixando Lula disputar as eleições e toda a publicidade em torno do candidato fascista seria imediatamente pulverizada. E nossa preocupação deveria estar voltada para a declaração de um dos filhos do candidato dizendo que “enquanto meu pai se restabelece, eu e meus irmãos, junto com o candidato a vice, assumiremos a campanha”! O general Mourão vai para a campanha? Ah! Isso sim deve nos preocupar.
No momento, devemos defender a continuidade do processo democrático, continuar na luta para que Lula possa disputar as eleições e apoiar o PSOL que está errônea ou provocativamente sendo usado pela direita sem ter qualquer verdade nas acusações.
Nota do Partido dos Trabalhadores de Juiz de Fora. O PT de Juiz de Fora vem a público repudiar qualquer tipo de violência. Ressaltamos nosso repúdio ao ocorrido com o candidato Jair Bolsonaro do PSL em nossa cidade. Vimos também afirmar que Adélio Bispo de Oliveira NÃO É e nem NUNCA foi filiado ao Partido dos trabalhadores e também não faz parte da campanha de Dilma ao Senado e de nenhuma campanha ligada ao Partido. Renê Matos - Presidente do PT de Juiz de Fora
Documento das pastorais da Igreja católica sobre as Eleições 2018. “Neste momento dramático, em que estão em risco o presente e o futuro de nossa Nação, não podemos ‘lavar as mãos’, nos omitir, nem buscar refúgio na neutralidade. O momento exige solidariedade com os empobrecidos, oprimidos e marginalizados. Para tanto, propomos construir um programa que seja uma referência e orientação para nossa gente nas eleições e que possa movimentar a espiral de cidadania e do bem comum.
Entre esses pontos, as entidades signatárias propõem: - Revogação das mudanças aprovadas na CLT que retiram direitos trabalhistas; - Reversão das privatizações executadas e fortalecimentos das empresas públicas; - Revogação da Emenda Constitucional 95, que congela os investimentos sociais por 20 anos; - Realização de uma Auditoria Cidadã da Dívida Pública, que consome aproximadamente metade de todo o orçamento público brasileiro; - Realização de Reforma Tributária que combata a desigualdade, taxando as grandes fortunas, as grandes heranças, os dividendos de grandes empresas e do sistema financeiro. Reversão das isenções fiscais e do perdão de dívidas e cobrança dos impostos devidos por grandes empresas; - Retomada dos programas sociais nos moldes anteriores a 2016, reforçando-os e universalizando-os; - Denúncia da partidarização e seletividade do judiciário; - Respeito à presunção da inocência e a Constituição que garante que a prisão somente deve ocorrer quando todos os recursos e instâncias tenham se esgotado; - Mobilizar a sociedade para uma ampla Reforma do Estado, que estimule mecanismos de participação direta, promova a democratização e a pluralidade dos meios de comunicação e garanta o pleno respeito aos direitos humanos; - Implementação do direito a demarcação das terras indígenas e quilombolas e realização de uma reforma agrária ampla e popular, com incentivos à produção agroecológica e agroflorestal e à comercialização de alimentos saudáveis para toda a população brasileira”. Assinam: Cáritas Brasileira; Comissão Brasileira Justiça e Paz; Comissão Pastoral da Terra; Conferência dos Religiosos do Brasil; Conselho Indigenista Missionário; Conselho Nacional do Laicato do Brasil; Conselho Pastoral dos Pescadores; Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social; Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (OLMA); Pastoral Carcerária; Pastoral Operária; Serviço Pastoral do Migrante.
Quando “eles” brigam por dinheiro. Seria uma das situações mais engraçadas dos últimos anos, se não fosse um desacato aos brasileiros e uma vergonha institucional de um país comandado por golpistas e autoridades ilegítimas.
A matéria foi divulgada pela revista Carta Capital com o título “Mais caro do mundo, Ministério Público está em guerra por grana”, mas vamos fazer apenas alguns comentários sobre a matéria.
Em primeiro lugar é preciso assinalar que temos o Ministério Público mais caro do mundo! Para quem não sabe, as repartições federais e estaduais vinculadas ao MP custam aos cofres públicos, por ano, 0,3% do PIB, dinheiro gasto com os altíssimos salários e ajudas de custo de procuradores, promotores e seus ajudantes. Na Itália, o gasto é de 0,09%. Em Portugal é de 0,06% e na Alemanha é de 0,02%! Mas aqui gastamos 0,3%, uma desproporção impressionante.
Mas esta não é a questão principal. Acontece que o MP recebe toda essa “grana” e briga pela divisão que foi feita pela atual procuradora-geral da República, a tristemente famosa Raquel Dodge que, por ocupar o posto que ocupa, comanda todo o MP da União. Sob sua ordem estão: o MP Federal (MPF), área de origem dela, o do Trabalho (MPT), o Militar (MPM) e o do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). E cabe a ela fazer a divisão do “sagrado dinheirinho” de todos e apresentar ao governo para constar no orçamento federal.
Acontece que as chefias das subdivisões do Trabalho, Militar e do Distrito Federal ficaram inconformadas com o rateio feito pela “poderosa” que ganhou muita força nas perseguições ao PT e a Lula. Para aquelas divisões, Raquel adotou “critérios casuísticos” que privilegiam o MPF, o dela, e causam “danos sem precedentes” no caixa das demais subdivisões, cujo funcionamento estaria ameaçado.
Ela responde: como Procuradora Geral da República cabe a ela, e só a ela, propor o orçamento do MPU!
De olho no Congresso! Para conversar com alguns companheiros e amigos, na hora de decidir sobre os votos a serem dados nas próximas eleições, é muito importante dar uma olhada em como agiram os atuais parlamentares. E o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) preparou um excelente material para isso. Um mapeamento revelando que deputados e senadores votaram, sobretudo depois do golpe de 2016, contra a classe trabalhadora e os interesses nacionais.
O levantamento deixa claro quem está por traz do golpe. Acesse o estudo completo: https://www.scribd.com/document/387802728/Mapa-de-Votacoes-Camara-dos-Deputados-e-Senado-Federal-2015-a-2019-55%C2%AA-legislatura#from_embed
Saúde e educação... adeus. Um imenso desafio para o próximo Presidente da República e uma bomba de efeito retardado deixada pelo pulha que se apossou do poder. Um estudo realizado pela consultoria de orçamento da Câmara dos Deputados aponta queda drástica nos investimentos públicos para saúde e educação no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias 2019, encaminhada pelo ilegítimo ao Congresso Nacional.
De acordo com os cálculos da consultoria, o corte na área da saúde será de R$ 1,2 bilhão. Na área de educação, os recursos para investimentos em 2019 serão de cerca de R$ 4 bilhões, metade do total liberado este ano. A maior parte dos cortes será nas universidades, aponta o documento.
Uma das maiores críticas à PEC da Morte, a secretária nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora da CUT, Madalena Margarida da Silva, diz que a cada medida que esses golpistas anunciam, maior é o tamanho do enfrentamento que o movimento sindical terá de fazer para proteger os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras. “Os cortes no Orçamento da União serão mais uma batalha”, diz a dirigente. Segundo ela, “daqui pra frente os desafios serão grandes, do tamanho do estrago que estão realizando”.
Junto com a saúde, outra área atacada pelo golpe de 2016 e que mais perdeu investimentos com a PEC da morte, a Educação também será afetada se o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias 2019 for aprovado sem alterações pelo Congresso Nacional.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, lembrou que este mesmo golpe colocou em curso uma política de privatização de bens públicos, inclusive a educação, como nunca antes nenhum governo eleito tentou pôr em prática porque jamais passaria pelas urnas.
Vergonha de ser brasileiro? Pode se creditar isso ao macróbio que ocupa o poder no país. Além de piorar a qualidade de vida dos trabalhadores e trabalhadoras, o golpe de 2016 atingiu profundamente a autoestima dos brasileiros. E o problema é muito mais profundo do que a crise econômica e o desemprego causado.
Análises sobre pesquisas do Instituto Datafolha, que vêm sendo feitas pela socióloga Thaís Moya e pelo jornalista Mauro Lopes, Brasil 247, revelam que quase 90% da população tinham orgulho de ser brasileira durante os dois mandatos do ex-presidente Lula. A ex-presidenta Dilma Rousseff encerrou o primeiro mandato com 84% da população orgulhosa de seu país. Na última pesquisa, em junho de 2017, metade do país tinha perdido o orgulho de sua nacionalidade.
Manta: 10 anos depois. Em janeiro de 2007 subia ao poder no Equador o líder popular Rafael Correa. Afinado com a política independente de Lula, Chávez, Evo, Kirchner e Pepe Mujica, Correa lançou no país a chamada “revolução cidadã” e iniciou o processo de afastar o país dos EUA e de sua política neoliberal. Em maio de 2017 entregou o poder a Lenin Moreno que havia sido seu colaborador e fazia os mesmos discursos progressistas, mas que, no fundo, era um traíra como agora estamos vendo.
Moreno não só está destruindo toda a base nacionalista criada por Correa como abriu as portas para os estadunidenses e reatou “profundos laços de amizade” com a Colômbia. Ou seja, o Equador anda de volta para os braços do neoliberalismo.
Agora tivemos notícias de que está sendo reativada a base de Manta que era mantida no país pelas forças militares dos EUA e foi totalmente desativada por Correa, em 2009. Pior ainda, a nova “base” é do tipo mais moderno das Forças Armadas estadunidenses que recebe o nome de OCS (Oficina de Cooperação e Segurança).
Segundo o Departamento de Defesa dos EUA, o papel das OCS é “promover os interesses de segurança específicos dos EUA, incluindo atividades internacionais de armamentos”. Promovem programas formais de venda e financiamento de armas, realiza “educação e capacitação militar internacional” e realiza os exercícios conjuntos com outros países. Em outras palavras, o perigo está de volta.
Argentina (6). Continuando a série sobre a crise argentina iniciada no Informativo passado, vamos trazer novas informações sobre o resultado do retorno do neoliberalismo. Quais as próximas medidas de Mauricio Macri e como isso vai refletir na política do país.
Em primeiro lugar, para cumprir uma das metas estabelecidas pelo FMI, Macri acaba de criar o Imposto sobre as Exportações. O novo imposto recebeu temporariamente o nome de “retenções” e significa que serão pagos mais 4 pesos por dólar em atividades primárias e 3 pesos por dólar no restante, mas Macri já avisou que é pouco e que “quem exporta tem mais capacidade de contribuir”. Ou seja, isso vai retornar nas costas dos trabalhadores.
A segunda medida anunciada em seu “plano” é a redução dos ministérios a menos da metade dos atuais. Deixando claro quais as suas áreas de interesse, Macri anunciou que Energia, Trabalho, Agroindústria, Saúde, Cultura e Ciência & Tecnologia passam a ser meras “secretarias”. Turismo e Ambiente passam a ser responsabilidade da presidência. Ou seja, haverá desemprego em massa de funcionários públicos para adequar a nova formatação dos ministérios.
E a terceira medida, prevista para ocorrer na próxima terça-feira, será uma viagem do ministro de Economia, Nicolás Dujovne, a Washington onde se encontrará com os patrões do Fundo Monetário Internacional para saber se já “abaixaram as calças” o suficiente para o Fundo adiantar os novos desembolsos do empréstimo feito.
Aliás, nesse sentido, o porta-voz oficial da instituição, Gerry Rice, declarou nesta sexta-feira (07) que “Estamos conseguindo avanços nas conversas que agora chegam ao nível técnico (...) e a Argentina tem o apoio total do FMI”. Ou seja, tudo está acertado, ao que parece.
Argentina (7). Mas, é claro, tudo isso terá um custo para o povo argentino. O êxito do novo pacote de austeridade imposto pelo Ministério da Economia prevê que 2018 terminará com uma recessão de 2,4% e uma aceleração inflacionária de até 42%!
As projeções oficiais já estão prevendo uma queda no setor produtivo, nos empregos e uma diminuição nos atendimentos sociais ainda maiores do que os anteriormente previstos.
Analistas econômicos locais já dizem que o “laboratório neoliberal” de Macri foi um completo fracasso e que a Argentina se aproxima de uma crise semelhante à de março de 2001. Mas o governo continua falando em “reduzir o déficit fiscal” em 2019 e, para isso, fazer novos cortes nos gastos públicos eliminando subsídios a empresas privadas de serviços.
Como seria de esperar, o governo já anunciou oficialmente que “pode ocorrer” novas demissões entre os trabalhadores da Administração Pública (nenhuma novidade, pois já estão ocorrendo).
Argentina (8). E o presidente Mauricio Macri vai ser processado judicialmente. A denúncia formal foi feita pela entidade Unidade Popular, através de um dos seus dirigentes, Claudio Lozano, pelo Movimento Popular ‘A Dignidade’ e pelo Observatório de Direitos da Cidade.
Macri está sendo acusado pelas três entidades por abuso de autoridade e violação do dever de funcionário público, depois de seu encontro com o FMI.
Argentina (9). Ao contrário do que a imprensa mundial vem divulgando, a Venezuela não é o país com a maior taxa de juros do mundo. Essa posição é da Argentina!
O país portenho já ostentava o título de campeão mundial quando sua taxa de juros era de 40% (contra 23% da Venezuela) e passou a ser insuperável depois que o Banco Central Argentino (BCRA) aumentou a taxa para 60%!
A medida foi tomada no final de agosto por Macri e tinha como objetivo tornar mais atrativa a moeda local, atraindo capital externo e fazendo frente à subida do dólar. Mas nem os economistas do governo acreditam muito na solução, pelo que vemos em alguns jornais locais.
A prostituição e o capitalismo (1). Nosso Informativo tem trazido algumas questões sobre a situação da mulher em nossa sociedade, da discriminação no local do trabalho, da exploração dos salários, etc. Falamos sobre os feminicídios e sobre o custo de ser mulher e disputar um mercado de trabalho. Mas há outros aspectos que continuam sendo escondidos, por medo, para evitar polêmicas ou por preconceito.
No dia 28 de agosto, entre os muitos jornais que costumo olhar na Internet, deparei com a seguinte manchete: “‘Most beautiful silicone ladies’”, ou (‘Senhoras de silicone mais bonitas’). Pensei que seria matéria apenas sobre as coisas às quais as mulheres recorrem para cuidar da aparência, etc. Eu estava justamente escrevendo sobre o custo de ser mulher (matéria no Informativo passado) e não dei muita atenção até voltar para ler.
Fiquei surpreso com o que vi ao ler título inteiro da matéria: “‘Most beautiful silicone ladies’: N. America's 1st sex doll brothel to open in Toronto”. Em tradução rápida: “'Senhoras de silicone mais bonitas': primeiro bordel de boneca sexual da América do Norte vai abrir em Toronto”! Ou seja, usando a expressão mais chula: vão abrir um puteiro de bonecas de silicone!
De acordo com a matéria, há seis “prostitutas” em oferta, com etnias que se ajustam ao gosto de qualquer um. Segundo a “diretora de marketing do bordel”, a pessoa encomenda por telefone e “a boneca, como uma menina, estará pronta e esperando por você na sala”. Meia hora custará ao patrono US $ 80, enquanto uma hora irá custar US $ 92! “Pequeno” detalhe. Se o cliente “se apaixonar” por uma das bonecas poderá se inscrever para uma assinatura mensal!
A que ponto chegou o sistema capitalista em sua ganância por mais lucros! Não vamos discutir aqui o lado moral ou social do fato. Mas vamos, sim, procurar debater a lógica econômica desse novo modelo de produção.
Quantos operários e operárias são empregados nessas fábricas de bonecas de silicone? No cálculo do salário desses operários e operárias está embutido o valor da “mercadoria” boneca sexual? Pelo que aprendemos com o marxismo, para se tornar “mercadoria” o objeto tem que ter “valor de uso” para alguém. Como se calcula o “valor de uso” dessa mercadoria? Como se calcula a utilidade dessa mercadoria? Como vão criar a “necessidade” de consumo dessa mercadoria? Como em outras situações, quando os trabalhadores reclamam que estão sendo substituídos por máquinas, poderão as prostitutas reclamar que estão sendo substituídas por bonecas? (https://www.rt.com/news/436986-sex-doll-brothel-toronto/)
A prostituição e o capitalismo (2). Já que tocamos no assunto, seria bom um iniciarmos um debate sobre o tema, já que há muito tempo nos preocupamos com essa visão de “prostituição” no mundo atual. Afinal de contas, em duas ou três palestras de que participamos, dissemos não concordar com essa definição que é sempre usada dizendo que trata-se da “mais antiga das profissões”! Afinal de contas, podemos dizer que a prostituição é uma “profissão”?
Recentemente, escrevemos um artigo falando sobre o tráfico de pessoas no mundo e que os organismos internacionais calculam que são mais de 40 milhões de pessoas nessa condição e o número vem aumentando muito rapidamente a ponto de transformar o tráfico de pessoas como o “segundo negócio ilícito mais rentável do mundo”, perdendo apenas para o tráfico de drogas. Não são conhecidos os números exatos, mas os estudiosos acreditam que o negócio movimenta mais de 150 bilhões de dólares por ano, sem contar a escravidão sexual decorrente do tráfico!
Qual a ralação disso com o nosso tema? É que, segundo informações da ONU, 71% das pessoas traficadas são mulheres e meninas que acabam virando escravas sexuais em prostíbulos ou são submetidas a trabalhos forçados.
E voltamos à questão inicial deste texto: a mulher (ou menina) prostituída contra a sua vontade é uma “profissional” da “mais antiga das profissões”? E como essa mulher (ou menina) pode ser entendida em relação ao homem que paga para usá-la como desejar? Ela é “trabalhadora” ou “mercadoria”?
Aqui nós colocamos uma questão de fundo: se consideramos a mulher (ou menina) prostituída como uma trabalhadora, podemos considerar o proxeneta que a explora um empresário ou empreendedor?
Pretendemos voltar ao tema nos próximos Informativos.
Mais problemas para o dólar? Nosso Informativo tem trazido algumas notícias sobre a crise que a moeda estadunidense atravessa, mas que costuma ser escondida pela nossa imprensa. Afinal de contas, a relação do dólar nos países não dependentes do FMI e dos EUA é diferente da nossa. Por exemplo, na atual crise argentina a referência passou a ser a subida desenfreada do dólar. No recente caso da suposta agressão ao candidato fascista o jornal Folha de São Paulo estampou imediatamente que o “atentado” fez o dólar cair!
Mas a verdade é que a supremacia do dólar como divisa internacional já está sendo muito questionada por vários países que começam a diversificar suas contas usando as próprias moedas ou buscando na moeda chinesa (o yuan) mais segurança. E a situação vai piorando rapidamente na exata medida em que o governo Trump passou a usar a tática de “sanções econômicas” contra os países que elege como “contrários aos interesses dos EUA”!
Um exemplo claro foi o anúncio, durante a semana, feito pelo presidente da Câmara de Comércio Irã-Iraque, Yahya Ale Eshaq. Ele buscou a imprensa para dizer que as transações comerciais entre os dois países não mais utilizaram o dólar, para contornar as sanções impostas por Trump que ameaça castigar quem negocia com Teerã. Os dois países passarão a utilizar o ‘dinar’, iraquiano, ou o ‘rial’, iraniano. Podem também, em alguns casos, usar o euro para proteger um mercado que movimenta oito milhões de dólares ao ano!
Entre muitos outros países, agora é o Paquistão que dá “luz verde” para o uso do yuan em seus negócios de importações, exportações e transações financeiras. Bangladesh já havia adotado, em agosto, a moeda chinesa como reserva de suas trocas comerciais. A Índia alterou suas regras de endividamento e permitiu que as empresas aumentassem suas dívidas em yuanes.
Nuvens negras contra o dólar no ar?
Só para lembrar! Já que tocamos no assunto, vale lembrar que no próximo sábado, dia 15, estaremos completando dez anos da quebra da empresa de serviços financeiros estadunidense, a Lehman Brothers, que desencadeou uma grande crise mundial da qual ainda não conseguimos sair e que se agrava.
Antes do capitalismo só havia crises econômicas quando ocorriam calamidades naturais, como enchentes, secas, terremotos, epidemias, ou então guerras. Faltavam alimentos e outros produtos para atender às necessidades do conjunto da população. Eram crises de subprodução.
Entendemos as crises econômicas como um “período de recessão” em que existe uma diminuição da atividade econômica, seja regional ou global. Mas a crise iniciada em 2008, ainda que tenha atingido um nível global até hoje não superado, foi uma crise que – seguramente – foi marcante e está sendo inesquecível para os países de mais alta industrialização que dependem fortemente de redes financeiras que, na verdade, movem uma imensa trama onde funcionam os principais centros de valores do mundo!
Sabemos que não há mais um só modelo de crise e que várias podem ser suas razões. Uma das leituras, que acreditamos encaixar-se melhor na atual, é a de que uma das razões seria a criação de dinheiro sem prévio processo produtivo ou, como já dissemos outras vezes aqui no Informativo, dinheiro que cria dinheiro sem criar um produto intermediário, uma mercadoria! Dinheiro que se reproduz a si mesmo.
E a presença de uma imensa massa desse dinheiro invisível, dinheiro especulativo, causou o desequilíbrio dos seus próprios locais de realização – as bolsas! Uma impressionante entrada de capitais no setor financeiro, especulativo, que levou a uma repentina queda na taxa de lucros porque os mercados estavam esgotados.
O mundo ainda não superou a crise de 2008, mas o dólar parece estar armando uma nova tempestade no horizonte próximo.

EUA discutiram planos de golpe com militares venezuelanos, diz NYT

EUA discutiram planos de golpe com militares venezuelanos, diz NYT

Segundo reportagem do "The New York Times", funcionários do governo Trump participaram de reuniões secretas com militares rebeldes que pediram apoio a Washington para derrubar Maduro

REDAÇÃO

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O governo do presidente americano, Donald Trump, participou de reuniões secretas com militares rebeldes da Venezuela para discutir planos de derrubar o presidente Nicolás Maduro, segundo reportagem do The New York Time publicada neste sábado (08/09).
As reuniões teriam sido realizadas ao longo do último ano, segundo 11 funcionários e ex-funcionários do governo dos Estados Unidos e um ex-comandante militar venezuelano ouvidos pelo jornal.
Estabelecer um canal com articuladores do golpe na Venezuela foi uma manobra arriscada para Washington, considerando seu histórico de intervenções clandestinas na América Latina, diz a reportagem.
"Muitos na região ainda se ressentem profundamente dos Estados Unidos por seu apoio a rebeliões, golpes e conspirações anteriores em países como Cuba, Nicarágua, Brasil e Chile, e por fechar os olhos para abusos cometidos por regimes militares durante a Guerra Fria", aponta o texto.
Os altos funcionários de Washington teriam decidido que, diante da crise humanitária na Venezuela, valia a pena ouvir o que os militares que planejavam derrubar Maduro tinham a dizer, apesar dos riscos.
De acordo com o The New York Times, um dos comandantes venezuelanos que participaram das conversas secretas está na lista de funcionários venezuelanos corruptos sancionados pelos EUA. Assim como outros membros do aparato de segurança da Venezuela, o militar em questão foi acusado por Washington de crimes que vão de tortura a tráfico de drogas e colaboração com as Forças Armas Revolucionárias da Colômbia (FARC), organização que os Estados Unidos classificam de terrorista.
Numa série de reuniões, realizadas a partir do segundo semestre do ano passado, militares venezuelanos teriam pedido apoio ao governo americano, solicitando que lhes fornecesse rádios criptografados para que eles pudessem se comunicar de maneira segura.
O governo americano não forneceu apoio material e, por fim, acabou decidindo não ajudar os conspiradores. Segundo o ex-comandante venezuelano ouvido pelo The New York Times, os rebeldes nunca pediram aos americanos que realizassem uma intervenção militar na Venezuela.
Apesar de não ter apoiado os planos de golpe, a disposição de Washington de se reunir várias vezes com articuladores venezuelanos pode sair pela culatra, diz a reportagem.
Em meio à grave crise política e econômica que assola a Venezuela, Maduro lançou mão repetidas vezes da tese de que imperialistas americanos estão tentando tirá-lo do poder. Agora, as reuniões secretas podem lhe servir de munição.
Tensão EUA x Venezuela
As relações entre Estados Unidos e Venezuela vivem um clima de tensão há anos. Depois que Trump assumiu a Casa Branca, Washington anunciou uma série de medidas restritivas contra a Venezuela, incluindo sanções econômicas diretas contra Maduro e altos funcionários do governo do país.
Em agosto do ano passado, Trump declarou não descartar uma "opção militar" como resposta à crise na Venezuela, afirmando que o país vivia uma "bagunça perigosa". As declarações foram condenadas por aliados na região, mas teriam estimulado militares venezuelanos rebeldes a procurar Washington.
Em julho deste ano, a imprensa americana noticiou que, em reunião com membros de seu gabinete em 2017, Trump sugeriu a possibilidade de invadir a Venezuela, alegando questões de segurança nacional.
Antes disso, em fevereiro, o então secretário de Estado americano, Rex Tillerson, afirmou que um golpe militar poderia ser uma das possíveis soluções para o fim do regime de Maduro na Venezuela, destacando, no entanto, que Washington preferia uma "transição pacífica" no país assolado por uma crise humanitária.

WADIH DEFENDE DEMISSÃO DO GENERAL VILLAS BÔAS