quinta-feira, 29 de março de 2018

13 milhões de desempregados reforçam fracasso de Temer

29 de março de 2018 - 13h53 

13 milhões de desempregados reforçam fracasso de Temer

  

“O governo não deu saída para a crise que o Brasil atravessa. E não é só econômica. É de confiança, é ética, moral e a economia não reagiu por mais que o governo venha discursando que o país está reagindo usando até a reforma trabalhista para enganar a população que ia melhorar o desemprego, vimos que não é verdade. Caiu a máscara do governo”, declarou ao Portal Vermelho Miguel Torres, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos.

Na opinião de Clemente Ganz (foto), diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o aumento do desemprego é uma tendência neste período do ano mas ele chama a atenção para a deterioração do mercado de trabalho, que vem se consolidando no país. “Em relação aos que vivemos em 2015 e 2016 parou de cair mas estamos longe de ter uma dinâmica econômica para recuperar a qualidade do mercado de trabalho de 2014”, explicou.

Miguel Torres acrescentou ainda que a reforma trabalhista, além de incentivar a perda da qualidade nos postos de trabalho, também impede o fortalecimento do mercado interno. “O efeito é o mesmo entre o desempregado que não tem renda e o empregado com renda baixa. Nenhum dos dois consome, portanto, a economia não aquece, não haverá geração de emprego”, argumentou Miguel.

De acordo com Clemente, o Brasil experimenta um cenário vivido por países europeus que implementaram reforma trabalhista como a Espanha, por exemplo. “O desemprego caiu às custas de empregos precários, a massa salarial caiu e a dinâmica econômica está fraca. Não sabem o que fazer”, acrescentou Clemente.

Ele explicou que a massa salarial, que é a soma de todas as remunerações, é o que dá poder de consumo às famílias, o que pode alavancar o crescimento econômico. “Vivemos no Brasil o rebaixamento dessa massa salarial, os novos empregos pagam salário menores e o desemprego é muito alto. Se antes duas pessoas trabalhavam na família e ganhavam R$ 2 mil, hoje são três, quatro trabalhando para ganhar R$ 1.800,00. Essa queda compromete o consumo e a dinâmica da economia.”

Miguel (foto) exemplificou o drama vivido pelos trabalhadores com o desemprego e o rebaixamento de salários. “Há seis anos começamos a fazer no final do ano campanha de arrecadação de alimentos para moradores de rua. Naquela época o morador de rua era dependente químico, de álcool, drogas, era nômade ou sofria de algum distúrbio. Eram pouquíssimas as famílias. Atualmente, 80% da população de rua são formados por famílias que perderam a renda ou o emprego e não conseguem pagar o aluguel. Isso é o efeito dos desmandos que têm acontecido no Brasil”, enfatizou o sindicalista.

Integrante do Movimento Brasil Metalúrgico, que reúne entidades vinculadas a todas as centrais sindicais do país, Miguel afirmou que a retomada do crescimento passa pela reindustrialização do Brasil. “Hoje o peso da indústria dentro do Produto Interno Bruto (PIB) não passa de 6%, quando já chegou a 17%. Não existe um país forte sem uma política de desenvolviento nacional que tenha a indústria como alicerce para gerar emprego de qualidade e renda. O atual governo ainda facilita o fechamento de empresas nacionais e promove as importações, o que tem quebrado nossas indústrias em favor de empresas multinacionais”, criticou o metalúrgico.

‘Capitalismo, Classe Trabalhadora e Luta Política’ será lançado na terça (3/4)

‘Capitalismo, Classe Trabalhadora e Luta Política’ será lançado na terça (3/4)

De autoria do presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann, e do professor Reginaldo Moraes, o livro Capitalismo, Classe Trabalhadora e Luta Política no Início do Século 21 - Experiências no Brasil, Estados Unidos, Inglaterra e França terá lançamento na próxima terça (3/4), em São Paulo. A publicação pode ser baixada aqui.
A Editora Fundação Perseu Abramo, responsável pela edição, distribuirá cem exemplares na atividade de lançamento, marcada para ocorrer na livraria Tapera Taperá, no centro d a capital paulista. Os convidados participarão ainda de um bate papo com Marcio Pochmann sobre o livro.
Segundo Pochmann e Moraes, "o livro procura apresentar uma visão sintética e simplificada das metamorfoses da classe trabalhadora tal como aparecem no início deste milênio. Vemos hoje um descompasso entre a ascensão de ocupações sem sujeitos históricos identificáveis e a tradicional estrutura de representação dos interesses herdada da sociedade industrial, que terminou sendo contaminada por novos movimentos sociais marcados por certo niilismo fragmentário e dispersante".
"Trata-se  de  uma  tentativa  de  síntese  e,  assim,  uma  provocação  aos  leitores, para que busquem, sobretudo, explorar as consequências destas mudanças na vida política, na organização das lutas sociais, no confronto de classes que, como sabem, segue sendo o motor da história", escreveram os autores na apresentação.
Serviço
Quando:  Terça-feira, 3 de abril
Lançamento Capitalismo, Classe Trabalhadora e Luta Política no Início do Século 21 - Experiências no Brasil, Estados Unidos, Inglaterra e França, com a presença de um dos autores, Marcio Pochmann.
Onde: Tapera Taperá - Galeria Metrópole
Avenida São Luís, 187, 2º andar, loja 29, São Paulo, SP

Desmontando mitos sobre os governos do PT

Desmontando mitos sobre os governos do PT

Aloizio Mercadante e Marcelo Zero trazem em Governos do PT: um Legado para o Futuro uma retrospectiva das gestões petistas no governo federal. O texto foi produzido a partir de discussões internas e contribuições da assessoria da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) no Senado, da Fundação Perseu Abramo e do grupo de economistas do Instituto Lula, tendo reunido diversos especialistas sobre os temas abordados.
Trata-se de uma importantíssima obra para retomar o legado dos governos petistas e desfazer mitos sobre os governos de Lula e Dilma, entre os quais as ideias veiculadas de que eles teriam “quebrado o Brasil”, promovido uma “gastança”, criado o “maior esquema de corrupção da história”, como aponta a presidenta Dilma Rousseff no prefácio do livro.
Mercadante e Zero defendem que os governos do PT promoveram uma mudança no padrão de desenvolvimento econômico, colocando no centro a geração de empregos e a ascensão social dos mais pobres, combinada com instrumentos estatais em favor de maior dinamismo voltado à redistribuição. No livro, sustenta-se que são pilares desse novo padrão de desenvolvimento: a inserção internacional soberana;  o aprofundamento da democracia e da participação popular; a inclusão social com distribuição de renda; aumento das oportunidades para todos e a redução das desigualdades.
Os autores questionam a ideia de que o ciclo internacional de commodities teria sido o fator propulsor para o bom desempenho da economia brasileira nos anos 2000, apontando a importância dos investimentos públicos e privados articulados à conformação de um amplo mercado interno de consumo. Esse último, por sua vez, só foi possível pelas políticas sociais com viés para o combate à pobreza e a importância da redistribuição. Mencionam como resultados dessas políticas o Brasil ter saído do Mapa da Fome (ONU/FAO), a queda da mortalidade e a do trabalho infantil.
Partindo para os setores específicos, apontam que a educação foi tratada como prioridade e concebida como um bem público, estratégico e imprescindível para o desenvolvimento. Na saúde, os autores colocam como política de maior impacto o Programa Mais Médicos, e na habitação, o Programa Minha Casa Minha Vida. Para o desenvolvimento regional, tratam da importância da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), que reduziu desigualdades entre as regiões e ampliou, por exemplo, o acesso à água, com o programa que construiu 1,2 milhão de cisternas no semiárido nordestino. A seção sobre agricultura destaca os recordes da produção agrícola, o investimento em agricultura familiar e na reforma agrária. Sobre as políticas culturais, os autores apontam que a política cultural nos governos do PT foi pensada a partir da sua dimensão simbólica, da dimensão da cultura e da arte como um direito fundamental, e da cultura como um eixo essencial para o dinamismo da economia criativa. Quanto à política pública de prevenção e combate à corrupção, nos governos do PT a escolha de procuradores foi realizada de forma independente, nomeando os indicados pelo corpo técnico, além de fortalecer o Judiciário, criar o Portal da Transparência, entre outras medidas que aumentaram as denúncias de corrupção no país. Os autores mencionam que a Convenção da ONU contra a Corrupção considera o fortalecimento do funcionalismo público – tal como ocorreu durante os governos do PT1 – como medida preventiva contra a corrupção. Sobre a segurança pública, são elencados diversos projetos para o setor nos governos petistas. Sobre a sustentabilidade e proteção ao meio ambiente, destaca-se a ousada meta da presidenta Dilma, anunciada na COP 21 em Paris, de aumentar para 24% a participação das novas fontes renováveis (solar, eólica e biomassa) na geração de energia elétrica até 2030, com efetivos avanços de suas participações. Os autores também discutem a redução da vulnerabilidade externa e inserção internacional soberana do Brasil ao final dos governos do PT, que contrasta com sua vulnerabilidade aos choques em 2003. Sobre a defesa nacional, o Brasil também contou com a construção de uma Base Industrial de Defesa que, com o reaparelhamento das Forças Armadas, se tornou um pilar estratégico. A gestão dos recursos naturais estratégicos se caracterizou, segundo os autores, por um melhor aproveitamento dos recursos do país, como as terras agricultáveis, riquezas naturais e reservas de petróleo. A expansão do crédito também foi de enorme importância nesse período para alavancar os investimentos e o consumo. Mercadante e Zero  fazem, ainda, uma extensa discussão sobre o que tem sido desmontado com o golpe de Estado em cada uma dessas temáticas.
Os autores também desmistificam a ideia de que o PT teria “quebrado” o Brasil: mostra-se que a trajetória fiscal nesse período foi bastante sólida e que a piora do resultado fiscal em especial a partir de 2015 é fruto da queda da arrecadação e não do aumento do gasto do governo. Apontam a crise política e o papel da oposição, a atuação da Lava Jato ao paralisar a Petrobras e grandes empresas brasileiras, a queda dos preços das commodities, a crise da China, a seca, entre outros aspectos. No entanto, não é feita a associação de que uma das razões da queda da arrecadação dos gastos foi a adoção de um choque recessivo a partir de 2015, segundo Rossi e Mello (2017)2, composto por um choque fiscal que reduz as despesas públicas em termos reais, um choque de preços administrados, em especial nos combustíveis e energia, um choque cambial com a desvalorização brusca do real e um choque monetário com o aumento dos juros nas operações de crédito. Esse choque recessivo teve grande impacto na atividade econômica e na arrecadação.
Também são apontadas as transformações que vêm ocorrendo na economia e no mundo do trabalho que colocam limites estruturais a projetos de desenvolvimento, como a financeirização da economia, o papel da China, a globalização e o impacto de um novo paradigma científico, tecnológico e de inovações. No plano interno, os autores pontuam que reformas fundamentais como a política e a fiscal/tributária não ocorreram durante os governos do PT por impedimentos diversos e que isso representa entraves.
Conclui-se que o legado dos governos petistas “é generoso, profundo e consistente e, em algum momento da história, voltará renovado e revigorado”. O livro é um esforço necessário para recuperar e defender esse legado, mas há também nele elementos para aprimorar esse projeto para o futuro.
Ana Luíza Matos de Oliveira é economista (UFMG), mestra e doutoranda em Desenvolvimento Econômico (Unicamp), integra o GT sobre Reforma Trabalhista IE/Cesit/Unicamp e o Grupo de Conjuntura da Fundação Perseu Abramo

notas

1.

Cardoso Jr., J. C. P.; Nogueira, R. P. “É preciso defender o Estado brasileiro: tendências da ocupação no setor público na primeira década de 2000”. In: Krein, J. D. et al. (Orgs.) Regulação do Trabalho e Instituições Públicas. São Paulo: Editora Perseu Abramo, 2013

2.

Rossi, P.; Mello, G. “Choque recessivo e a maior crise da história: a economia brasileira em marcha ré”. Nota de Conjuntura I – CECON IE. Unicamp, 2017

A onda fascista: Padre Amaro pode ter o mesmo destino que os jovens mortos em Maricá


A onda fascista: Padre Amaro pode ter o mesmo destino que os jovens mortos em Maricá. Por Donato

 
O Padre Amaro é preso no Pará
Nas últimas semanas, apenas para citar os casos mais em evidência, tivemos o assassinato de Marielle Franco, os atentados contra Lula, o ataque de um aluno nazista contra um colega de classe negro em uma escola de São Paulo, as ameaças de morte direcionadas ao padre Júlio Lancellotti e a chacina de cinco jovens em Maricá após assistirem um show do cantor Projota (o tipo de episódio que a vereadora Marielle tanto denunciava).
Soma-se agora a essa lista de atrocidades a perseguição ao padre Amaro. Sacerdote que trabalhou ao lado Dorothy Stang (a missionária assassinada em 2005 a mando de fazendeiros grileiros), padre José Amaro Lopes de Sousa vinha dando sequência ao trabalho da religiosa americana na Comissão Pastoral da Terra, em Anapu, no Pará.
Nesta terça-feira, padre Amaro foi abordado na rua por mais de 20 policiais e conduzido até a sua residência para realização de um mandado de busca e apreensão. O objetivo era o de recolher documentos e objetos que comprometessem o pároco. As acusações são de incitação a invasão de terra, extorsão e abuso sexual. O caso – e as provas – corre em segredo de justiça.
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No domingo a noite, os cinco garotos que participavam de um grupo de dança, cantavam rap e trabalhavam em produções de eventos voltavam de um show de Projota foram executados na mesma área de lazer onde costumavam dar aulas para crianças de 8 a 10 anos. Dois dos jovens eram filiados ao PCdoB. A polícia investiga a participação de milicianos no caso.
Levantar suspeita de ‘desvio de comportamento’ contra padres é a maneira mais fácil (e covarde) de conquistar a opinião pública. E acusar padre Amaro de agir como um grileiro é aproveitar-se do momento político – de algum resquício de antipatia com o MST – e inverter os papéis. O pároco está sendo definido como um ‘grande líder e incentivador das ocupações de terras no município’.
Dorothy Stang foi morta por defender comunidades pobres de serem expulsas de áreas disputadas por barões da terra e por atuar nos chamados PDS (Projetos de Desenvolvimento Sustentável).
Padre Amaro faz o mesmo (junto às Irmãs de Notre Dame, a mesma congregação a qual Dorothy pertencia) e sua prisão ocorre no exato momento em que começavam a circular informações de que uma gleba seria liberada em breve em favor dos colonos, contrariando interesses de gente graúda.
Os meninos de Maricá foram mortos por motivos ainda não esclarecidos, mas entre as certezas temos que eram pobres, negros, que faziam um trabalho de conscientização social. O professor Igor Fuser (Relações Internacionais da UFABC) postou nas redes sociais:
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Cinco jovens assassinados, dois deles vinculados ao PCdoB, e todos faziam trabalho social e cidadão. Os prováveis assassinos são integrantes de milícias (grupos ilegais e fortemente armados, formados por policiais, ex-policiais, comerciantes, etc) que assumem o controle de favelas e outras comunidades pobres, onde cobram proteção aos moradores, comerciantes e microempresários, no mais puro estilo mafioso, e em muitos casos se envolvem também com o tráfico de drogas, de armas e outras atividades criminosas, com a conivência e cumplicidade das forças policiais. Quem cai em desgraça com as milícias é eliminado, como parece ter sido o caso desses jovens.”
O bispo de Marabá, Dom Vital Corbellini, demonstrou preocupação com a situação de padre Amaro e fez uma contundente defesa da reforma agrária:
“Estamos apreensivos com os acontecimentos que estão correndo nestes últimos dias em relação à prisão do Padre Amaro e tudo aquilo que se refere à questão da terra no Pará, Sul e Sudeste do Estado (…) É preciso lutar pela terra para todas as pessoas, contra o desmatamento de florestas, favorecer a vida do povo pobre que vive na sua terra. Como a terra nesta área é muito expressiva em minérios, e outros metais de valor, atrai a atenção das grandes empresas, e os proprietários de terra fazendo com que haja a concentração da terra sempre mais nas mãos de algumas pessoas. O latifúndio está reinando. Quem grita contra  tal situação corre o risco da perseguição ,e às vezes, da própria vida. Os conflitos agrários são diversos em todo o Estado de modo que é preciso pensar a reforma agrária.”
A prisão do padre Amaro é resultado da influência dos fazendeiros e grandes latifundiários sobre o poder judiciário da região. A juíza nem mesmo deu-se ao trabalho de ouvir o Ministério Público antes de decretar a prisão. Prisão esta que é preventiva e não em razão de flagrante. Está fundamentada exclusivamente em depoimentos, obviamente, de fazendeiros.
Desde a morte da missionária Dorothy Stang, padre Amaro já recebeu centenas de ameaças de morte. Seus inimigos, entretanto, devem ter avaliado as consequências de ter mandado matar a missionária e, ao que tudo indica, elaboraram um golpe branco. Aproveitaram o rastro do escândalo de Formosa no qual padres foram presos por desvio de dinheiro e simularam mais uma operação.
Como aos olhos e ouvidos do telespectador leigo hoje tudo é uma grande ‘operação’ para passar o país a limpo, tome ação abusiva pra cima dos que incomodam.
A Direção Nacional da CPT emitiu uma nota: “Padre Amaro é um incansável defensor dos direitos humanos e, por isso, é odiado pelos exploradores da região e por aqueles que acobertam seus crimes. Há muito tempo que ele vem sendo ameaçado de morte pelos latifundiários, por aqueles que querem se apropriar criminosamente de terras públicas para explorá-las, às custas da expulsão do povo que precisa das terras para sobreviver”.
Tão logo tomou conhecimento de que os jovens executados estavam retornando de seu show, o rapper Projota também manifestou sua tristeza num tom menos indignado que resignado.
“Tô me sentindo assim, fraco e impotente (…) Espero realmente que respostas cheguem! Pois é assim hoje em Maricá, como foi em Osasco, como acontece em todas as favelas no RJ, nas periferias do Nordeste e em cada canto do nosso país. Gente sem voz, povo acuado e fragilizado, até quando??? Até quando??? Hoje a quebrada chora“.
Quem acreditava que as mortes de Chico Mendes ou Marielle Franco seriam divisores de águas, enganou-se.

Jean Wyllys: o Brasil precisa de uma frente antifascista

Jean Wyllys: o Brasil precisa de uma frente antifascista

 
Lula com Boulos e Manuela D’Ávila no ato em Curitiba encerrando a caravana
Publicado na Mídia Ninja
POR JEAN WYLLYS
O que aconteceu no Paraná foi um ato terrorista. Não usemos eufemismos, assim seria chamado em qualquer país civilizado. Foi, também, uma manifestação da emergência do fascismo que, desde o golpe, está cada vez mais empoderado, orgulhoso do seu ódio e violento.
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A caravana de Lula foi atacada a tiros. Em qualquer democracia saudável, isso teria sido repudiado sem justificativas por todos, seria a capa dos jornais de hoje e teria provocado uma reação unânime da sociedade. Mas nesse Brasil anestesiado, houve até um pré-candidato que justificou a barbárie. Geraldo Alckmin disse que os petistas “estão colhendo o que plantaram”.
Não foi o boçal, mas o candidato da direita que se diz “liberal” e “de centro”. Em qualquer país normal, um candidato que justificasse tiros contra a caravana do seu adversário se derrubaria nas pesquisas e seria afastado pelo próprio partido. Mas Alckmin não é inexperiente ou burro, fez isso para disputar eleitores de Bolsonaro, mostrando que ele também pode representar os odiadores. É um sintoma da gravidade da crise política e moral do país. Perdemos a capacidade de perceber o absurdo e o naturalizamos. Mas isso não começou ontem.
Em 2016, quando uma presidenta eleita foi derrubada, nosso país deu o primeiro passo em direção a um regime autoritário. Aceitamos como se fosse normal que os partidos que perderam as últimas quatro eleições presidenciais chegassem ao governo junto a um vice-presidente traidor, para implementar o programa vencido nas urnas. E a degradação democrática foi se aprofundando cada dia mais.
Como uma democracia de fachada precisaria de novas eleições esse ano, os golpistas precisam impedir o Lula de concorrer, porque ele ganha. Foi assim que um setor do Judiciário usou o processo absurdo do triplex, para enquadrá-lo na Lei da Ficha Limpa. E, mais uma vez, naturalizamos isso.
Em breve podemos ter um dos principais líderes políticos do país preso – um preso político – e uma eleição presidencial fraudulenta, sem o candidato que venceria. Mas será que vai ter mesmo? Hoje, o Blog do Noblat noticia conversas reservadas com um ministro “muito próximo do presidente” que diz que talvez não tenha eleições em 2018. Vamos naturalizar isso também?
É nesse contexto que precisamos entender o que ocorreu no Paraná. Vários parlamentares, eu inclusive, recebemos ameaças de morte. Uma vereadora do meu partido foi assassinada a tiros. Agora atiraram contra a caravana do Lula. Não estou dizendo que todos esses atos tenham um mesmo mandante, nem acho, mas eles fazem parte de um mesmo processo político. O fascismo é hoje um cão raivoso que está solto. Aliás, são centenas, cada um deles com seus próprios ódios e fora de controle.
O que mais precisa acontecer? Como é possível que, diante de um ato de terrorismo contra um ex-presidente, as capas dos principais jornais falem de qualquer outra coisa? Como é possível que políticos e jornalistas tentem culpar Lula e o PT pelas balas contra eles, tentando transformar as vítimas em culpados, porque parece que nesse país tudo é culpa do Lula! É inacreditável que depois de um atentado a tiros, parte da imprensa e da política queira desviar a atenção do fascismo que ajudou a crescer e culpar quem recebeu as balas.
O antipetismo e o macarthismo foram um cavalo de Tróia usado pelos plutocratas do PSDB, pelos traidores da base do governo petista, por setores da grande mídia, do empresariado e do mercado financeiro, e pela casta do Judiciário, para derrubar um governo eleito e garantir mais facilmente as medidas econômicas neoliberais e antipopulares e os privilégios do andar de cima em tempos de crise econômica e “ajuste”.
E esse discurso de ódio precisava do apoio dos grupelhos fascistas, dos odiadores patológicos, das bravatas de Bolsonaro e de algumas sub-celebridades caricatas, que os golpistas acharam que poderiam controlar.
Ninguém pode. A história do século XX tem exemplos disso. O ovo da serpente quebrou. E agora que o fascismo ceifou brutalmente uma vida — e até ela foi difamada depois de morta — e disparou tiros contra uma caravana política, os golpistas, que não conseguiram até agora emplacar um nome que os represente, estão perdendo o voto antipetista para o candidato fascista. E, desesperados, já falam até em cancelar as eleições.
Diante desse cenário de terror, a esquerda e os setores democráticos, de forma ampla, sem sectarismo, precisam se unir. A decisão de Manuela D’Ávila e Guilherme Boulos, pré-candidatos à presidência pelo PCdoB e pelo PSOL, de participar hoje de um ato unitário junto a Lula em Curitiba, contra o fascismo e sua violência, é um passo importante e correto. Enfrentamos circunstâncias excepcionais e precisamos de medidas excepcionais.
Uma frente ampla antifascista se faz necessária!

PF prende “assessor do envelope” e o “coronel” de Michel Temer SERÁ QUE É PRÁ VALER?

PF prende “assessor do envelope” e o “coronel” de Michel Temer

A Polícia Federal prendeu agora de manhã o ex-assessor de Michel Temer que admitiu ter recebido um “envelope” de dinheiro do doleiro Lúcio Funaro, supostamente a pedido de Eliseu Padilha. José Yunes, advogado e amigo pessoal de Michel Temer foi o primeiro homem  a ser apontado como “recebedor” de dinheiro de Temer e seu parceiro de negócios em transações imobiliárias.
O caso é anterior ao do “assessor da mala”, Rodrigo Rocha Loures, flagrado recolhendo R$ 500 mil da JBS e diz respeito á suposta propinagem no Porto de Santos, pois foram presos o dons da empresa Rodrimar, Antonio Celso Grecco, e  o  ex-ministro de Agricultura Wagner Rossi, pai do deputado Baleia Rossi, um dos líderes da bancada temerista na Câmara.
No “pacote” foi detido também o ex-coronel da Polícia Militar, Lima,  apontado pela Procuradoria Geral da República (PGR), com base na delação da JBS, como um dos intermediários de propina que se destinaria ao presidente no caso do decreto de portos.
As ordens de prisão – e, naturalmente, os holofotes – são do Ministro Luís Roberto Barroso e foram surpreendentes, pois o caso tem muito mais de um ano desde que foi denunciado e levou ao pedido de demissão de Yunes do Palácio do Planalto.
Como dizia aquele comercial do vidente na televisão: “nada é fruto do acaso”…

Suspeitos de atentado a Lula são denunciados ao MP do Paraná

Suspeitos de atentado a Lula são denunciados ao MP do Paraná

 
Publicado no Porém.net
A advogada Tânia Mandarino no MP do PR
O Ministério Público do Paraná já tem dez suspeitos do atentado a caravana do ex-presidente Lula. A denúncia foi feita pelo Coletivo Advogadas e Advogados pela Democracia (CAAD). A notícia crime que identifica as pessoas foi construída a partir de relatos que chegaram via e-mail e foram entregues ao procurador e coordenador do Centro de de Apoio de Direitos Humanos, Olympio de Sá Sotto Maior.
De acordo com a advogada Tânia Mandarino, o coletivo recebeu mais de cem emails com denúncias. O planejamento do atentado à caravana é um deles. Nas imagens printadas de uma conversa de Whatsapp e que foram entregues ao MP, os suspeitos conversam sobre a compra da arma que será utilizada e do artefato conhecido como miguelito, que serviria para furar os pneus dos ônibus.
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Na mensagem, uma suspeita pergunta. “Onde se arruma esses miguelitos”. Outro membro do grupo complementa com “Nao vamos dar chanse nem deles desseren do onibus (sic)”. Outro integrante explica como comprar arma que seria utilizada no atentado: “Vai na loja de arma compra uma puma 38 ou 44 é mais fácil que do q vc imagina (sic)”, orienta o homem que tem a identidade ainda sobre sigilo. De acordo com sites especialistas em armas, Puma se trata de uma “carabina de ação por alavanca, com ferrolho de duplo trancamento, percursor flutuante e cão exposto”.
Print anexado a notícia crime
O coletivo solicitou ao Ministério Público que o atentado seja considerado crime federal e pediu a prisão preventiva dos suspeitos, principalmente de um deles que possui diversas armas regularizadas e participa de movimentos de extrema direita. “Na denúncia, um suspeito é considerado de grande perigo, pois tem porte de armas e seria ligado ao MBL. Estamos considerando esse grupo como é formação de quadrilha, pois eles planejavam um atentado contra a caravana”, alerta Mandarino.
Além dos casos registrados no Paraná, o CAAD também vai relatar outros incidentes ocorrendo em Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. O pedido é que o Ministério Público do Paraná encaminhe as denúncias para os Estados vizinhos. A notícia crime identificou 29 suspeitos.
Abertura de investigações
Já o procurador e coordenador do Centro de de Apoio de Direitos Humanos, Olympio de Sá Sotto Maior demonstrou preocupação com a escalada da violência no Brasil e no Paraná. Ele disse que é inadmissível que se aproximando do período eleitoral políticos sejam atacados por pensarem diferente. “A democracia sofre com esses tipo de atitude criminosa. Não dá pra se imaginar que amanhã o Alckmin venha ao Paraná, ou Bolsonaro, e aqueles que não os apoiem atuem no sentido de impedir o acesso, ou jogar pedras ou atirar. É uma barbárie inaceitável e o Ministério Público vai cumprir com sua função para que haja punição desses responsáveis”, esclarece o procurador.