quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Acusações contra presidente lesa pátria não param mas nada é investigado Para que servem o judiciário, a pf e o mp?

Acusações contra presidente lesa pátria não param mas nada é investigado

Imagem de perfil do Colunista
Presidente golpista Michel Temer recebe alta após angioplastia e retorna a Brasilia / Marcos Corrêa/PR
São muitas as acusações, que são engavetadas e que pesam sobre o lesa pátria
O governo lesa-pátria entreguista de Michel Temer não deveria continuar exercendo o cargo que passou a ocupar depois do golpe parlamentar, midiático e judicial do ano passado. São muitas as acusações, que são engavetadas e que pesam sobre o lesa pátria. A última, extremamente grave, e que deveria ser investigada a fundo é a denúncia segundo a qual Temer teria favorecido fraudulentamente no leilão do pré-sal a Shell e a British Petrolium em detrimento da Petrobras. Os Senadores Roberto Requião e Lindberg Farias tomaram a frente da denúncia.
O fato já está a provocar até a mudança ortográfica do nome do presidente ilegítimo, agora sendo apresentado como MiShell  e não mais com ch. O fato é grave e está sendo divulgado em vários jornais do exterior, colocando o Brasil em uma situação deveras embaraçosa. A rigor a denúncia deveria ser investigada com o máximo rigor. Mas vale também assinalar que o que vem acontecendo depois da ascensão dos golpistas ocupantes do governo não chega a surpreender.
Com a chaga entreguista de Temer e seus seguidores, o principal deles o aposentado do Banco de Boston e Ministro da Fazenda Henrique Meirelles, pode se chegar a conclusão que o braço amigo de Mishell Temer não é de todo impossível de prejudicar a Petrobras. Os golpistas na verdade vieram exatamente para isso e  não investigação da grave denúncia confirmará a tese levantada pelo cientista político Jesse Souza segundo a qual a verdadeira corrupção, a do mercado, é escondida da opinião pública, optando a mídia comercial conservadora divulgar um tipo de corrupção, grave certamente, mas que não alcança o volume feito pela verdadeira corrupção do mercado.
No caso do leilão que pode ter favorecido as mencionadas empresas multinacionais petrolíferas, a acusação certamente não será tão divulgada como outras e acusados como Mishell Temer seguirão ocupando os mesmos espaços sem a mínima cerimônia favorecendo no que estiver ao alcance do Presidente ilegítimo os grupos econômicos internacionais que cobiçam as riquezas nacionais.
É realmente vergonhoso para o Brasil que denúncias dessa gravidade não sejam investigadas e os representantes do povo, com raras exceções, nada façam. Na verdade fatos dessa natureza apenas confirmam que o combate a corrupção por aqui não é para valer, mas apenas uma bandeira para iludir incautos que se deixam facilmente enganar.
Se no país vigorasse um estado de normalidade e não de anormalidade em que o governo está entregando de mão beijada as riquezas nacionais, denúncia como a aqui mencionada envolvendo Mishell Temer seria realmente investigada com o máximo rigor, de forma independente e sem que os acusados estivessem atrás do jogo.
É o mínimo que se pode pedir, mas se não for atendido ficará confirmado que o combate a verdadeira corrupção não é mesmo para valer. As teses de Jesse Souza seguem, portanto, mais atuais do que nunca.
Em tempo: é lastimável que o ocupante da presidência da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) continue no cargo, mesmo  sendo Laerte Rimoli um interventor do governo golpista e depois dele divulgar no facebook um comentário de caráter racista contra a atriz Tais Araújo e sua família, consequentemente contra o sociedade brasileira, o que concretamente contraria a legislação referente a própriia EBC. E até porque racismo é crime previsto em lei.
Mas como o Brasil segue dominado pelo atual esquema golpista, fatos dessa natureza não chegam a surpreender, porque no momento atual, tudo é possível.
Edição: Brasil de Fato RJ

STF proíbe amianto em todo o Brasil; fibra cancerígena já é vetada em 70 países ATÉ QUE ENFIM!

SAÚDE

STF proíbe amianto em todo o Brasil; fibra cancerígena já é vetada em 70 países

Decisão derruba artigo de lei federal que permitia o uso da substância, usada para fabricar telhas, na construção civil

Brasil de Fato | São Paulo (SP)
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Ouça a matéria:
Cena do documentário Não Respire - Contém Amianto, produzido pela Repórter Brasil / Reprodução
Por 7 votos a 2, o STF, Supremo Tribunal Federal, proibiu a produção, uso e comercialização do amianto branco em todo o país. Os ministros Alexandre de Moraes e Marco Aurélio Mello foram os únicos que se posicionaram a favor da permissão do produto.
A decisão desta quarta-feira (29) derruba o artigo da Lei Federal 9.055 que permitia o uso da substância, conhecida também por crisotila, na construção civil. Com isso, o Congresso Nacional e os estados estão proibidos de aprovar leis que autorizem o uso do material.
Em agosto, o STF manteve a proibição do amianto em São Paulo, mas não obteve quórum suficiente para banir o amianto em todo o território nacional. Isso porque para derrubar um artigo da legislação federal são necessários, pelo menos, seis votos.
A fibra é usada, principalmente, para fabricação de telhas e caixas d'água. A substância está diretamente relacionada aos casos de mesotelioma, um tipo de câncer fatal. O produto já foi banido em mais que 70 países.
Segundo a OMS, Organização Mundial da Saúde, mais de 125 milhões de pessoas em todo mundo estão expostas ao amianto em seus locais de trabalho, através da inalação de fibras presentes no ar.
Uma de cada três mortes por câncer ocupacional deve-se ao produto. A judicialização do amianto no país já ocorria há 16 anos. A primeira Ação Direta de Inconstitucionalidade sobre o tema era de 2001.
Pouco antes da decisão do STF, a Eternit, maior fabricante de telhas e caixas d’água de amianto no Brasil, anunciou que deixaria de usar a fibra cancerígena até o fim de 2018.
Em agosto, a empresa foi condenada, em primeira instância, a pagar indenização por danos morais coletivos de 500 milhões de reais por exposição de trabalhadores ao amianto na mina de São Félix, em Minas Gerais.
Veja o trailer do documentário "Não respire, contém amianto":
Edição: Vanesa Martina Silva

Jessé Souza: “Bolsonaro é filho do casamento entre a Lava Jato e a Rede Globo”

ELEIÇÕES 2018

Jessé Souza: “Bolsonaro é filho do casamento entre a Lava Jato e a Rede Globo”

Sociólogo lançou livro em Curitiba e explicou por que a operação é vista com bons olhos pelas classes dominantes

Brasil de Fato | Curitiba (PR)
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Deputado Jair Bolsonaro (PP) aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenções de voto para a Presidência da República / Marcelo Camargo
Lançamento de livro, palestra e curso sobre a formação da sociedade brasileira. Em pouco mais de 24 horas, o sociólogo Jessé Souza fez da chamada “República de Curitiba” um espaço de debates sobre o Poder Judiciário e a operação Lava Jato.
A passagem do intelectual potiguar pela capital paranaense, na semana passada, foi simbólica. Não só porque Curitiba é a cidade-sede da Lava Jato, mas porque a palestra aconteceu no campus Santos Andrade da Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde o juiz Sérgio Moro trabalha há dez anos como professor de Direito.
O curso foi ministrado na Universidade Positivo (UP), também no entorno da praça Santos Andrade, em parceria com Luiz Rocha, presidente da comissão de direito do consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB/PR).
Jessé Souza é mestre e doutor em Sociologia, pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Universidade de Heidelberg, na Alemanha, e presidiu o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) entre 2015 e 2016. Com pós-doutorado em Psicanálise e Filosofia pela Nova Escola de Pesquisa Social, nos Estados Unidos, ele tornou-se livre docente na Universidade de Flensburg, também na Alemanha, em 2006.
A reportagem do Brasil de Fato Paraná acompanhou o bate-papo que sucedeu o lançamento da obra A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato [Leya, 2017], no último dia 23, e apresenta uma síntese das teses defendidas pelo autor nos quatro capítulos do livro.
Histórico
A revolução de 1930, comandada por Getúlio Vargas, é considerada um divisor de águas na história brasileira, porque coloca o Estado pela primeira vez na posição de protagonista do desenvolvimento do país.
Os anos seguintes foram marcados pela ampliação dos incentivos governamentais à pesquisa e à industrialização, por políticas públicas que permitiriam a geração de empregos e pela assinatura do Decreto-Lei nº 5.452, conhecido como a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
A elite paulistana, derrotada em 1930, jamais engoliu que Vargas fosse o presidente, e passou a disseminar no Brasil ideias antigetulistas e anti-estatais. Logo, a classe média urbana comprou esse discurso, motivada por uma preocupação em “se distinguir dos de baixo” – mentalidade que remete a uma tradição escravocrata.
Jessé Souza interpreta que não é apenas a renda mensal que define quem é “ralé” e quem é de classe média. Passam a ser importantes, para essa diferenciação, o consumo de certos bens culturais, que demonstrem “sensibilidade e bom gosto”, a valorização do trabalho intelectual sobre o trabalho manual e a crença na meritocracia e na moralidade.
“A suposta superioridade moral da classe média dá a sua clientela tudo aquilo que ela mais deseja: o sentimento de representarem o melhor da sociedade. (…) [A classe média] tem algo que ninguém tem, nem os ricos, que é a certeza de sua perfeição moral”, descreve o autor no penúltimo capítulo do livro. Nesse fragmento, aparecem algumas pistas para entender as condições de existência da Lava Jato no século XXI.

Temos uma sociedade desigual e mal informada, com pouquíssima reflexão sobre si mesma
Sob esse ponto de vista, a operação representa uma continuidade, e não um rompimento na história das elites. Jessé Souza afirma que a escravidão – que não foi herdada de Portugal – engloba todas as instituições da sociedade brasileira, e baseia “desde o ano zero” as concepções de economia, política e justiça que hoje são defendidas pela classe média.
Patrimonialismo
A ampliação dos direitos trabalhistas e a inclusão dos mais pobres na esfera do consumo são encaradas como ameaça no Brasil moderno. Como antídoto ao “intervencionismo estatal”, as classes dominantes apostam no mercado – em oposição ao Estado – como caminho para o crescimento econômico e para uma pretensa moralização do país.
No senso comum, o Estado brasileiro passa a ser visto como patrimonialista, ou seja, incapaz de distinguir os limites entre o público e o privado, porque reproduz o “mito da brasilidade” – que convém aos donos dos bancos e das grandes empresas.
Segundo esse mito, a corrupção e o “jeitinho brasileiro” aparecem em todas as esferas do Estado, desde os pequenos funcionários públicos até os políticos do alto escalão. A sonegação de impostos, a formação de carteis e a superexploração do trabalho, praticadas pelas grandes empresas, são deixadas de lado no debate sobre a corrupção.
Populismo
A mesma palavra que as classes dominantes usaram para demonizar as políticas de interesse dos mais pobres, a partir dos governos de Getúlio Vargas, voltou a ser reproduzida quando Lula (PT) assumiu a Presidência da República, em 2003: populismo.
Vendeu-se, então, a ideia de que a “ralé brasileira”, por não ter instrução, acaba enganada e corrompida por políticos carismáticos – enquanto a classe média é vista como consciente e imune a qualquer forma de manipulação.
Para Jessé Souza, essa aplicação do termo populismo é preconceituosa e equivocada. Afinal, a própria classe média, em capítulos-chave da história política brasileira, posicionou-se contra seus próprios interesses, estimulada pela Rede Globo e pelos demais meios de comunicação empresariais, que representam o capital financeiro.
O exemplo mais recente, segundo o autor, foram as manifestações que pediam o impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), sob o pretexto de “combater à corrupção”. Em poucos meses, a mesma classe que comemorou o golpe silenciou diante de uma série de escândalos no governo Michel Temer (PMDB).
“Nós temos uma sociedade desigual, mal informada, com pouquíssima reflexão sobre si mesma, e que é sempre presa das mesmas armadilhas”, declarou o intelectual potiguar durante a palestra, ao analisar as motivações do golpe de 2016.
Síntese
O uso mal-intencionado do termo populismo, somado à ideia de que o Estado – e nunca o mercado – é um antro de corrupção, abriu espaço para que a os pobres fossem vistos como desprezíveis, senão responsáveis pela própria miséria. Jessé Souza sugere, então, que o avanço da Lava Jato foi legitimado por uma elite colonizada, que conseguiu apoio da classe média para enfrentar os avanços de todo e qualquer governo que se proponha a reduzir privilégios: “A Lava Jato criminalizou a bandeira da igualdade social”.
O adjetivo “colonizada”, nesse caso, diz respeito à entrega do petróleo da camada pré-sal ao capital financeiro internacional – um ataque à soberania nacional estimulado, em grande medida, pelas denúncias de corrupção no âmbito da Petrobras. “A Lava Jato expressa o que há de pior na elite brasileira, e isso está começando a ficar óbvio. Daqui a cinco ou dez anos, ela vai ser conhecida como a maior vergonha nacional”, antecipa o sociólogo.
Perspectivas
Não existe, segundo Jessé Souza, nenhuma possibilidade de surgir um movimento transformação social, que favoreça a maioria da população, a partir do ideal de combate à corrupção propagado pela Lava Jato: “Tudo aquilo que se apresenta como novidade é uma simples máscara velha de um jogo antigo”.
O mesmo vale para as eleições do ano que vem. O sociólogo interpreta que o Poder Judiciário e a mídia convenceram a classe média da necessidade de fazer uma “limpeza social”, o que banalizou os discursos de violência e segregação.
Os políticos que ganharam projeção nos últimos quatro anos, e que pretendem disputar a Presidência em 2018, refletem essa tendência: “Bolsonaro é filho legítimo do casamento entre a Lava Jato e a Rede Globo”, afirmou Jessé Souza, ao ser questionado por um dos espectadores sobre as alternativas eleitorais.
Veja também
Esta reportagem apresenta algumas das reflexões estimuladas por Jessé Souza no livro A Elite do Atraso, mas não esgota o debate sobre a postura da classe média em relação à Lava Jato. Acompanhe a próxima edição do Brasil de Fato Paraná e conheça a interpretação de outros dois pesquisadores, Armando Boito Jr. (Unicamp) e Danilo Martuscelli (UFFS), que levantam novas hipóteses sobre os interesses que estavam por trás do “combate à corrupção”.
Para ler outras reportagens sobre a operação Lava Jato, acese a cobertura especial do Brasil de Fato.
Edição: Ednubia Ghisi

Privatização da Eletrobras vai comprometer segurança da Amazônia, dizem especialistas

SEGURANÇA

Privatização da Eletrobras vai comprometer segurança da Amazônia, dizem especialistas

Entre as preocupações de segmentos populares, estão a segurança nacional e as reservas indígenas em regiões de fronteira

Brasil de Fato | Brasília (DF)
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Ouça a matéria:
Exército brasileiro estima que patrimônio natural total da Amazônia gire em torno U$ 23 trilhões; riqueza está em risco / Tamara Sare/Fotos Públicas
A privatização da Eletrobras, uma das prioridades da pauta econômica do governo, reflete diretamente na segurança estratégica da Amazônia brasileira. É o que dizem especialistas e segmentos populares que acompanham o tema. Eles alertam para o risco de comprometimento do domínio sobre o território, caso a estatal seja repassada para o controle do capital privado.
O engenheiro eletricista Edney Martins, presidente do Sindicato dos Urbanitários do Amazonas, destaca que o abastecimento de energia nos 44 pontos de instalações militares da fronteira amazônica, por exemplo, é feito pela estatal. 
"Em determinadas regiões, você só tem o destacamento e a empresa do grupo Eletrobras gerando e distribuindo energia para o Exército. Como é isso? Nós vamos entregar pros chineses a manutenção das Forças Armadas brasileiras nas fronteiras da Amazônia?”, questiona. 
A Eletrobras atua em 700 municípios da Amazônia, chegando a mais de mil localidades.
O avanço do interesse privado tende a comprometer também os recursos da região. Para se ter uma ideia, o Exército brasileiro estima que o patrimônio natural total da Amazônia gire em torno 23 trilhões de dólares, incluindo recursos hídricos, minerais, biológicos, entre outros. Edney Martins destaca os riscos de uma ação privatista na região:
"Quando você fala em privatização e abertura para empresas de capital internacional, significa que você vai dar um passe livre pra uma multinacional e talvez até uma estatal de outro país se instalar. Isso traz um risco muito grande de evasão de capital biológico, de evasão de riquezas minerais”, afirma. 
Evasão e segurança
Outro problema apontado pelos críticos da privatização da Eletrobras é o risco de evasão dos povos que vivem nas fronteiras. Isso porque, com a entrega da empresa ao capital privado, haveria uma maior precarização do serviço e até mesmo falta de atendimento a alguns povos de localidades mais distantes, cenário que poderia levar a uma intensa migração dessas comunidades para os grandes centros, fragilizando as fronteiras brasileiras. 
Esse tema também se relaciona com a temática indígena, por exemplo. Estima-se que a privatização possa afetar ainda mais o processo de demarcação de terras de comunidades que vivem na região de fronteiras. Segundo Gilberto Vieira, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), esses grupos têm uma contribuição importante na defesa do território:
“Eles fazem de fato essa vigilância porque estão cuidando do patrimônio que é deles, então, cabe ao Estado brasileiro ficar atento a isso e reagir no sentido de garantir a segurança”, afirma.
Congresso
A proposta de privatização da Eletrobras será encaminhada pelo Planalto ao Congresso Nacional através de um projeto de lei. Atualmente, o texto está em fase de redação pela Casa Civil.
Edição: Vanessa Martina Silva

Há 49 anos, o pódio mais emblemático das Olimpíadas


ESPORTE É LUTA

Há 49 anos, o pódio mais emblemático das Olimpíadas

Tommie Smith e John Carlos protagonizaram protesto pela vida do povo negro norte-americano

Brasil de Fato | Recife (PE)
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Eles não olharam a bandeira em respeito à nação, mas baixaram a cabeça e ergueram o punho, com luvas pretas: a saudação dos Panteras Negras / Acima: Reprodução da internet; Abaixo: Rodolpho Machado; Reprodução da internet; Michael Zagaris; e USA Today Sports.
O dia é 16 de outubro de 1968. O segundo dia das provas de 200 metros rasos nas Olimpíadas da Cidade do México. O norte-americano Tommie Smith, “O Jato”, justificou seu favoritismo e levou o ouro com o tempo de 19,83 segundos. O compatriota John Carlos levou o bronze. Ao cruzarem a linha de chegada, se abraçaram e fizeram os últimos ajustes para o protesto que entraria para a história do esporte.
Retiraram os sapatos e trajavam meias pretas. Subiram no pódio, receberam as medalhas e, ao tocar o hino dos Estados Unidos, eles não ergueram o rosto em respeito à nação, mas baixaram a cabeça e ergueram o punho, usando luvas pretas: a saudação dos Panteras Negras, organização política socialista e revolucionária norte-americana, fundada dois anos antes com o objetivo de organizar a população negra para enfrentar a violência causada pela polícia nos bairros negros. O maior atacante da história de Portugal, Eusébio (ex-Benfica), além dos brasileiros Sócrates (ex-Corinthians) e Reinaldo (ex-Atlético-MG) celebravam seus gols repetindo o gesto.
Os anos 1960 foram duros para a população negra norte-americana, com os assassinatos de Malcolm X (1965) e Martin Luther King Jr (1968). Além disso, os EUA estavam no meio da Guerra do Vietnã (1955-1975), de onde sairia derrotado e com aproximadamente 60 mil soldados mortos – em sua maioria negros. No esporte, o pugilista Muhammad Ali, campeão olímpico e mundial de boxe, perdeu seu cinturão em 1967 por se negar a ir lutar na Guerra.
Estimulados pelo também negro professor de sociologia Harry Edwards, da universidade em que eram bolsistas Tommie Smith e John Carlos, atletas negros de várias modalidades fundaram a associação Projeto Olímpico pelos Direitos Humanos (OPHR). Alguns membros, como a estrela do basquete Kareem Abdul-Jabbar, boicotaram os jogos olímpicos. Mas Tommie Smith e John Carlos foram, ganharam as medalhas e protestaram no pódio.


Mas o protesto em defesa das vidas negras não foi bem recebido pelas autoridades e imprensa. Os atletas foram duramente criticados até pelo Comitê Olímpico Internacional, que disse que não se pode misturar política e esporte.  A dupla de corredores teve seus vistos de permanência no México imediatamente cancelados e, no dia seguinte, foram expulsos da Vila Olímpica. Seus companheiros corredores do revezamento 4x400 quiseram abandonar os jogos, mas os medalhistas os convenceram a competir. Lee Evans, Larry James, Ron Freeman correram e levaram o ouro. No pódio, usaram boinas, outro símbolo dos Panteras Negras.
A dupla foi condenada ao esquecimento durante muitos anos até começarem a ser reconhecidos como símbolos da luta do povo negro norte-americano.
O homem branco

Junto a Tommie Smith e John Carlos está o australiano Peter Norman, o homem branco em segundo lugar no pódio. Naquela noite o corredor fez os 200 metros em 20,06 segundos, que permanece até hoje, 50 anos depois, como recorde nacional da Austrália para a modalidade. Ele não é negro e não ergueu o punho, mas usou o distintivo da OPHR no pódio como forma de demonstrar apoio ao protesto dos companheiros norte-americanos.
Na Austrália se vivia um momento de grande violência racista contra os aborígenes, população nativa da ilha continental. Norman também acabou relegado ao esquecimento pelas autoridades e se tornou alcoólatra. Mesmo décadas depois, nas Olimpíadas de Sidney 2000, nenhuma homenagem foi feita ao recordista nacional. Tommie Smith e John Carlos estiveram em seu funeral, em 2006.
Futebol americano hoje

Em 2012 o adolescente Trayvon Martin, de 17 anos, caminhava para a casa do pai, na Flórida, quando foi assassinado a tiros por um vigilante, que alegou legítima defesa. Mas Trayvon estava desarmado. Antes, em 2011, a vítima foi Anthony Lamar Smith. Outro caso similar, também emblemático, foi o de Michael Brown, em Ferguson.
Uma onda nacional de protestos da população negra das periferias se seguiu e os casos de violência policial contra jovens negros passaram a ter mais repercussão na sociedade e na mídia.  Os protestos contra a violência policial foram muitas vezes respondidos com mais violência policial e mortes de outros jovens negros. Para completar, boa parte dos assassinos foi inocentado pela justiça norte-americana.
Os fatos citados, somados à desigualdade brutal entre negros e brancos nos Estados Unidos, inspirou o jogador de futebol americano Colin Kaepernick a protestar antes de todos os jogos. Desde o segundo semestre de 2016, o quarterback não cantava o hino com a mão no peito, mas se ajoelhava. O gesto teve muitas críticas, mas também muitas demonstrações de apoio, inclusive de outros jogadores do seu então clube, o San Francisco 49ers.
Mas não importa se o protesto é justo, o tratamento dado a quem protesta permanece o mesmo de outros tempos. No meio deste ano, quando as equipes montavam elenco para a temporada 2017/2018, Colin Kaepernick foi demitido do San Francisco e nenhum outro clube quis contratá-lo, apesar de ser um dos 10 melhores quarterbacks do campeonato.
Mas outros atletas seguiram protestando, o que levou o caricato presidente Donald Trump a se pronunciar, no último mês de setembro, nas redes sociais pedindo justamente que os clubes demitissem qualquer atleta que repetir o protesto. Os jogadores responderam em massa ao conservador: brancos e negros, eleitores de Trump ou não, a maior parte dos atletas - e até cantores que interpretam o hino - realizou protestos antes dos jogos, se ajoelhando e, novamente, erguendo o punho, mostrando que ninguém mais ficará em silêncio diante do racismo.
Edição: Monyse Ravena

Bob Fernandes: Moro se desculpa, mas não se arrepende de escuta ilegal

Bob Fernandes: Moro se desculpa, mas não se arrepende de escuta ilegal

O comentário preciso sobre as declarações de moro, que na mídia, só Bob Fernandes tem coragem de fazer.
Mais do que os demais, o juiz Moro encarna a Lava Jato. Nesta segunda, 27, assistimos a uma confissão: “Não me arrependo de forma nenhuma…”.
Moro disse isso sobre gravações e vazamento das conversas entre Lula e Dilma em 16 março de 2016.
Um dia depois daqueles grampos e vazamento Moro reconheceu irregularidade nas gravações. Relatou:
-Determinei a interrupção da interceptação às 11 hs 12…
Mas seguiram gravando. Só uma hora e seis minutos depois, às 12 hs18, as operadoras foram avisadas pela Polícia Federal.
Às 13 hs 32 foi feita a segunda gravação. Mais de duas horas depois do tempo legal determinado por Moro para interrupção.
Disso, Moro se defendeu: “Como havia justa causa e autorização legal, não vislumbro maiores problemas…”.
Ministros do Supremo Tribunal vislumbraram enorme problema. Marco Aurélio foi duríssimo e claro:
-Isso é crime. Está na lei (…) Moro simplesmente deixou de lado a lei. Isso está escancarado.
Teori Zavaski, então relator da Lava Jato, bateu:
-Papel do juiz é o de resolver, não criar conflitos. Imparcialidade pressupõe discrição, prudência, serenidade (…) e não se deixar contaminar pelos holofotes.
Treze dias depois das gravações e vazamento, o juiz se desculpou.
Moro, que hoje diz não ter se arrependido “de forma nenhuma”, então pediu “respeitosas escusas” ao Supremo.
Nesse caso, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região julgou representação contra Moro. Por 13 a 1 decidiu a favor de Moro concluíndo:
-A Lava Jato traz “problemas inéditos” e exige “soluções inéditas”.
Esse mesmo TRF-4 julgará Lula na Segunda Instância. Confirmada a sentença de Moro, Lula ficará inelegível.
Carlos Eduardo Thompson Flores preside o TRF-4. E ele já opinou. Disse que, embora “não conheça as provas”, a sentença de Moro foi “irretocável”.
Nesta terça, 28, a Folha informou: “Tribunal que vai julgar Lula acelera trâmite de ações”.
Isso não deveria ser a respeito apenas de Lula. Porque é muito maior. E deixar a lei de lado em nome da lei, teve, tem e terá consequências.
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