sexta-feira, 5 de junho de 2020

Carta Capital, em 05/6/2020

Sexta-feira, 05 de Junho de 2020
POLÍTICA
"Pedir intervenção militar em atos é liberdade de expressão", diz Mourão
Para ele, punição só deve vir após manifestantes agredirem pessoas → Continue lendo no site
POLÍTICA
Weintraub ataca governo chinês: “Há fortíssimas evidências que o vírus foi criado em laboratório”
Em depoimento escrito à PF, Weintraub associa, sem provas, China como causa do coronavírus e nega racismo em nome de ‘humor’ → Continue lendo no site
“Quem apoiou o fascismo tem que fazer autocrítica”, diz Rui Costa
Para governador da Bahia, quem votou no presidente conhecia o discurso dele → Continue lendo no site
Estudo sobre cloroquina é retirado do ar após pedido dos próprios autores
Após críticas à pesquisa, três cientistas envolvidos dizem não conseguir reavaliar os bancos de dados, diante a negativa de um quarto autor → Continue lendo no site
CARTACAPITAL ENTREVISTA

Os camisas negras de Bolsonaro

Os camisas negras de Bolsonaro

Mais de 1 milhão de crianças, 2 milhões de mulheres e 3 milhões de homens foram submetidos ao assassinato e à tortura de forma programada pelos nazistas com o objetivo de exterminar judeus e outras minorias. Nos primórdios da Itália fascista, os camisas negras - milícias paramilitares de Mussolini - espancavam grevistas, intelectuais, integrantes das ligas camponesas, homossexuais, judeus. Quando a ditadura fascista se estabeleceu, dez anos antes da nazista, Mussolini impôs seu partido como único, instaurou a censura e criou um tribunal para julgar crimes de segurança nacional; sua polícia secreta torturou e matou milhares de pessoas. Em 1938, Mussolini deportou 7 mil judeus para os campos de concentração nazista. Sua aliança com Hitler na 2ª Guerra matou mais de 400 mil italianos. 
Perdoem-me relembrar fatos tão conhecidos, ao alcance de qualquer estudante, mas parece necessário falar do óbvio quando ser antifascista se tornou sinônimo de terrorista para Jair Bolsonaro. Os direitos universais à vida, à liberdade, à democracia, à integridade física, à livre expressão, conceitos antifascistas por definição, pareciam consenso entre nós, mas isso se rompeu com a eleição de Bolsonaro. O desprezo por esses valores agora se explicita em manifestações, abraçadas pelo presidente, que vão de faixas pelo AI-5 - o nosso ato fascista - ao cortejo funesto das tochas e seus símbolos totalitários, aqueles que aprendemos com a história a repudiar. Jornalistas espancados pelos atuais “camisas negras” estão entre as cenas dessa trajetória. 
A patética lista que circulou depois que o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP) pediu que seus seguidores no Twitter denunciassem antifascistas mostra que o risco é mais do que simbólico. Depois do selo para proteger racistas criado pela Fundação Palmares, e das barbaridades ditas pelo seu presidente em um momento em que o mundo se manifesta contra o racismo, e que lhe valeram uma investigação da PGR, essa talvez seja a maior inversão de valores promovida pelos bolsonaristas até aqui. 
A ameaça contida na fala presidencial e na iniciativa do deputado, que supera a lista macartista pois não persegue apenas os comunistas, tem o objetivo óbvio de assustar os manifestantes contra o governo e de açular as milícias contra supostos militantes antifas, dos quais foram divulgados nome, foto, endereço e local de trabalho. É a junção dos “camisas negras” com a Polícia Militar, que já se mostrou favorável aos bolsonaristas contra os manifestantes pela democracia no domingo passado em São Paulo e no Rio de Janeiro. E que vem praticando o genocídio contra negros impunemente no país desde sua criação, na ditadura militar, muitas vezes com a cumplicidade da Justiça, igualmente racista. 
Como disse Mirtes Renata, a mãe de Miguel, o menino negro de 5 anos que foi abandonado no elevador pela patroa branca de sua mãe, mulher de um prefeito, liberada depois de pagar fiança de R$ 20 mil reais, “se fosse eu, a essa hora já estava lá no Bom Pastor [Colônia penal feminina em Pernambuco] apanhando das presas por ter sido irresponsável com uma criança”. Irresponsável. Note a generosidade de Mirtes com quem facilitou a queda de seu filho do 9º andar. 
Neste próximo domingo, os antifas vão pras ruas. Espero não ouvir à noite, na TV, que a culpa da violência, que está prestes a acontecer novamente, é dos que resistem como podem ao autoritarismo violento. Quem quer armar seus militantes, e politizar forças de segurança pública, está no Palácio do Planalto. É ele quem precisa desembarcar. De preferência de uma forma mais pacífica do que planejam os fascistas para mantê-lo no poder. 
Marina Amaral, codiretora da Agência Pública
O que você perdeu na semana

UTIs para indígenas. A ONG InfoAmazonia gerou uma série de gráficos que ilustram a distância de 3.141 aldeias até UTIs e o número de respiradores na Amazônia Legal. Mais da metade (58,9%) delas está localizada a mais de 200 quilômetros de um leito, e 10% destas estão entre 700 e 1.079 quilômetros de distância. 

Boato científico. Em meio à "infodemia", nome dado à epidemia de informação causada pelo excesso de notícias sobre determinados temas, uma modalidade de boato tem se difundido: aquele que se baseia em estudos científicos produzidos por pesquisadores verdadeiros, mas traz interpretações totalmente equivocadas.  

Anti-vacina. Uma quarta parte dos franceses e dos norte-americanos não tomaria a vacina para o novo coronavírus se ela já estivesse disponível. No Reino Unido, 12% não se vacinariam, e mais de 18% tentariam que familiares ou amigos não se imunizassem. Reportagem do EL PAÍS Brasil mostra o crescimento do movimento anti-vacina em meio à pandemia. 
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Linhão no Pará. No norte do estado, a Fundação Cultural Palmares (FCP) permitiu que linhas de transmissão passem sobre comunidades quilombolas e ribeirinhas sem consultá-las, contrariando suas normas sob justificativa da pandemia. “Sentimos como se não existíssemos”, desabafa Redinaldo Alves, liderança da comunidade quilombola de Arapucu. 

Gastos da Secom. Levantamento inédito da Pública mostra que, em meio à pandemia, os gastos do governo com publicidade aumentaram para afirmar aos brasileiros e ao exterior que o país “está no rumo certo”. Somente no período da crise do coronavírus, a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) utilizou mais de R$ 18,2 milhões em contratos para campanhas.

Publicidade para Bia Kicis. Alvo de inquérito do Supremo Tribunal Federal por fake news, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) foi a primeira e única cliente de três empresas de mídias sociais de bolsonaristas. De acordo com as notas fiscais obtidas pela Pública, são R$24,4 mil em verba parlamentar.


Os pedidos de impeachment contra Bolsonaro. A Agência Pública lançou nesta segunda-feira (1/6) uma ferramenta que explica de maneira fácil os pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Nela você encontra resumos de cada proposta e entrevistas exclusivas com os mais de 20 autores, de Joice Hasselmann (PSL-SP) a Ciro Gomes (PDT-CE). 
Pare para ler
 
Covid-19 na floresta. A ambientalista e primogênita do líder Chico Mendes, Angela Mendes, alerta para o abandono dos povos tradicionais do Acre, que precisam sair do isolamento social para buscar auxílio emergencial e alimentos: "Não percebemos orientações de nenhum tipo, nenhum movimento de nenhum governo, tanto federal como estadual. Parece que essas pessoas não existem neste momento. Mas elas existem, são muitas e precisam de respeito", denuncia.
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Os destaques da manhã no 247, em 05/6/2020

Weintraub disse à PF que China, maior parceiro do Brasil, é ditadura genocida

Bannon deve nomear amigo como assessor especial do Itamaraty

Aras quer afastar Alexandre de Moraes da condução das investigações no STF

CPMI da Fake News admite erro e retira Fórum de lista de sites com notícias falsas

Investigadores querem que Bolsonaro preste depoimento pessoalmente na PF

Grupos dirigentes dos manifestos pela democracia decidem não convocar para manifestações de rua

Médicos de várias especialidades aconselham adiamento das eleições municipais

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Equipe 24

Os destaques da noite no 247, em 04/6/2020

Secretarias de Saúde confirmam mais de
600 mil casos de Covid e 33.464 mortes

Grotesco: Weintraub é carregado por
apoiadores após depor na PF (vídeo)

Brasil está entre pacto institucional ou ruptura, diz Flávio Dino

Cynara Menezes: O que querem é tirar Bolsonaro ou domesticar Bolsonaro?

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'Interpretação de que Forças Armadas são um poder moderador é equivocada', diz Santos Cruz

Em editorial, Fórum denuncia tentativa de silenciamento de sites de esquerda

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