terça-feira, 7 de março de 2017

A INTEGRAÇÃO DO SÃO FRANCISCO É OBRA DE LULA E DILMA

A INTEGRAÇÃO DO SÃO FRANCISCO É OBRA DE LULA E DILMA


Mais importante obra de infraestrutura realizada no Nordeste em toda a história da República, o projeto de integração do São Francisco finalmente começa a levar água às regiões mais carentes do semiárido brasileiro. Mas, diferentemente do que tenta fazer crer jornalistas da imprensa nacional, e mesmo o ilegítimo governo de Michel Temer, a obra jamais esteve paralisada durante a gestão de Dilma Rousseff. Foi iniciada no governo Lula, ainda em 2007, e teve quase sua totalidade construída e concluída no governo da presidenta Dilma.

Esse projeto, sonhado ainda nos tempos de Dom Pedro 2º, desprezado por Fernando Henrique Cardoso, e que só saiu do papel nos governos do PT, vai garantir água a 12 milhões de habitantes que vivem em 390 municípios dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

No total, o projeto tem 477 km de extensão, organizados em dois eixos de transferência de água: Norte e Leste. A obra engloba a construção de nove estações de bombeamento, 27 reservatórios, quatro túneis, 13 aquedutos, nove subestações de energia e 270 km de linhas transmissão.

A oposição de outrora comemora como se fosse um feito do governo Temer a chegada da água no Sertão, noticiada no final de semana. Mentira. O projeto só não foi entregue por Dilma porque os setores mais atrasados da política brasileira, aliados às parcelas mais indignas da imprensa nacional e as velhas oligarquias, além de conservadores e políticos oportunistas – do PSDB e DEM e muitos do PMDB – arquitetaram e promoveram o Golpe de 2016. De maneira antidemocrática, esses setores retiraram do governo a presidenta eleita por 54,5 milhões de votos em 2014, usando como pretexto um impeachment baseado em inexistente crime de responsabilidade.

Em 6 de maio do ano passado, antes, portanto, do seu afastamento da Presidência, Dilma Rousseff visitou o Reservatório Terra Nova e a Estação de Bombeamento (EBI-2), do Eixo Norte, em Cabrobó (PE). Os jornais cobriram de maneira tímida a visita. A opção, claro, foi sobre o que Dilma disse em seu discurso sobre o processo de impeachment, cuja comissão acabava de ser instalada pelo Senado Federal. A cobertura pode ser conferida na Folha, no G1 ou, por exemplo, no Jornal do Commercio, de Pernambuco.


OS FATOS E NÚMEROS

Com investimento previsto de R$ 9,6 bilhões do Orçamento da União, o projeto de integração do São Francisco teve, até abril de 2016, R$ 7,95 bilhões executados com dinheiro do Orçamento da União. Isso significa que nada menos do que 86,3% da obra estavam concluídos até abril do ano passado, quando havia 10,3 mil trabalhadores nos canteiros das obras. 


Com 260 km de canais, o Eixo Norte do projeto teve 87,7% de execução concluídos até abril de 2016. Em Pernambuco, os municípios diretamente beneficiados foram Cabrobó, Mirandiba, Parnamirim, Salgueiro, Terra Nova e Verdejante. No Ceará, foram beneficiados Barro, Brejo Santo, Jati, Mauriti e Penaforte. Na Paraíba, Cachoeira dos Índios, Cajazeiras, Monte Horebe e São José de Piranhas. E, finalmente, na Bahia, os municípios de Abaré e Curaçá.

Já o Eixo Leste, com 217 km de canais, teve até abril do ano passado 84,4% de suas obras executadas. Em Pernambuco, os municípios diretamente beneficiados foram Betânia, Custódia, Floresta, Petrolândia e Sertânia. Na Paraíba, o município de Monteiro foi o beneficiado pelas águas.

Estes são os fatos. Tais números podem ser conferidos no sumário executivo, que estava disponível no site do Ministério da Integração Nacional até maio do ano passado, antes de ser apagado, de maneira irresponsável e criminosa, pelo governo ilegítimo de Michel Temer.


Fonte: Assessoria de Imprensa

Presidenta Dilma Rousseff 07/03/2017

Venezuelanos homenageiam Hugo Chávez em quarto aniversário de morte de líder revolucionário


Venezuelanos homenageiam Hugo Chávez em quarto aniversário de morte de líder revolucionário


Chávez deve ser lembrado 'em batalha permanente por felicidade dos povos', afirma presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em aniversário de quatro anos de morte de líder da Revolução Bolivariana
Os venezuelanos realizam uma série de homenagens durante o mês de março ao ex-presidente Hugo Chávez, que neste domingo (05/03) completa quatro anos de morte. Do dia 5 até o dia 15 de março, várias manifestações e visitas ao Quartel 4F, onde Chávez foi sepultado, estão programadas para lembrar o líder revolucionário.
“Em todo o país haverá atividades: fóruns, conversas, assembleias, mobilizações, em cada um dos estados e municípios do país”, afirmou o vice-presidente de Mobilização do PSUV (Partido Socialista Unido de Venezuela), Darío Vivas.
Estão programadas passeatas para os dias 8, 9 e 15 de março, em comemoração do Dia Internacional da Mulher e do Dia Anti-imperialista. No dia 15, quando se encerram as homenagens, os venezuelanos sairão da Universidade Militar Bolivariana em direção ao Quartel 4F.
AVN

Hugo Chávez morreu há quatro anos, em de março de 2013

Governo brasileiro volta atrás e revoga medida que concedia residência temporária para cidadãos de países fronteiriços

EUA querem incluir Caracas em sua 'agenda de guerra', diz vice-presidente venezuelano

'Nunca mais seremos colônia de ninguém', diz Caracas após Senado dos EUA aprovar resolução contra Venezuela

 
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reiterou durante reunião da cúpula da Alba-TCP (Aliança Bolivariana dos Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos), em Caracas, que o líder socialista deve ser lembrado “em batalha permanente” pela “felicidade dos povos”.
Maduro destacou que a Venezuela tem se mantido firme e leal ao legado de Chávez, e denunciou os ataques incessantes do imperialismo contra a Revolução Bolivariana e o povo venezuelano. Quatro anos após a morte de Chávez, “aqui está a Revolução Bolivariana, fundada pelo comandante Chávez, de pé, pronta para avançar sobre novos palcos, se recuperando dos golpes e com uma perspectiva em 2017 de recuperação”, declarou.

Revolução Cubana é solidária com Dilma, Lula e Cristina Kirchner, diz Raúl Castro; veja vídeo do discurso

Revolução Cubana é solidária com Dilma, Lula e Cristina Kirchner, diz Raúl Castro; veja vídeo do discurso

'Pobreza, catástrofes e imigrantes não podem ser contidos com muros, mas com cooperação, entendimento e paz', afirmou presidente cubano durante cúpula da Alba
O presidente de Cuba, Raúl Castro, reafirmou, neste domingo (05/03), a solidariedade da Revolução Cubana com Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Cristina Kirchner, considerados por ele como “reconhecidos líderes de Nossa América”, diante das perseguições políticas de que são alvos em seus países de origem. 
No encerramento de seu discurso na cúpula da ALBA-TCP (Aliança dos Povos Bolivarianos para a Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos), realizada em Caracas, o líder cubano também voltou a destacar “o compromisso de acompanhar a defesa da Venezuela e a posição digna, valente e construtiva do presidente Nicolás Maduro”.
Cancilleria Venezolana

Raúl Castro manifestou solidariedade de seu país com a Revolução Bolivariana

Pela primeira vez, desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi eleito, Raúl se pronunciou sobe a política imigratória adotada pelo homólogo norte-americano, classificada por ele de “irracional”. “O muro que se pretende construir na fronteira norte do México é uma expressão de irracionalidade, não apenas contra esse país irmão, mas contra toda nossa região. A pobreza, as catástrofes, os imigrantes não podem ser contidos com muros, mas com cooperação, entendimento e paz”.
Raúl também fez duras críticas à nova agenda do governo dos Estados Unidos que, segundo ele, “ameaça desatar um protecionismo comercial extremo e egoísta que impactará a competitividade de nosso comércio exterior; vai vulnerar os acordos ambientais para favorecer os lucros das transnacionais; vai perseguir e deportar imigrantes gerados pela distribuição desigual de riqueza e o crescimento da pobreza provocada pela ordem internacional imposta”.
Veja a íntegra do discurso de Raúl (em espanhol):

Cuba agradece solidariedade de mais de 140 países membros da ONU

Brasileiros dizem adeus a Fidel Castro em cerimônia em Santiago; veja fotos

O que a América Latina pode esperar de Donald Trump?

 
Cúpula da Alba
Os Estados integrantes da Alba decidiram que o ex-chanceler boliviano David Choquehuanca será o secretário-geral do bloco. Entre as determinações do encontro está a resolução de trabalhar em prol do reforço da unidade e da integração da América Latina e Caribe e expressaram preocupação com a situação dos imigrantes na região.
Reprodução/Twitter

Reunião foi a 14ª realizada pela Alba, iniciativa criada para fazer contraponto à Alca (Área de Livre Comércio das Américas)
Entre as decisões tomadas neste domingo estão:
  • - criação de condições que assegurem o desenvolvimento do bloco;
  • - afirmação da unidade e da integração regionais como “condição inadiável”
  • - reafirmação da América Latina e das Caraíbas como Zona de Paz
  • - reativação de um fundo de apoio jurídico e de assessoria aos imigrantes

Os países presentes também criticam o papel assumido pela OEA (Organização de Estados Americanos) que não representa os povos e reafirmam que a “defesa da Venezuela e de sua Revolução não é um problema exclusivo dos venezuelanos”, mas de toda a América Latina.
Outra resolução tomada pelos países reunidos em Caracas foi o reconhecimento do controle social dos bens públicos e coletivos como uma prioridade. Além disso, a água e o saneamento básico foram reconhecidos como “um direito humano que não pode estar em mãos privadas”, devendo ser dever dos Estados “garantir o abastecimento para o bem-estar dos povos”.
O organismo também apoiou a convocatória realizada pelo Estado Plurinacional da Bolívia para a Conferência Mundial dos Povos por um Mundo sem Muros, que será realizada nos dias 20 e 21 de Junho em Cochabamba.
A Alba é integrada por 11 países: Antígua e Barbuda, Cuba, Bolívia, Dominica, Equador, Granada, Nicarágua, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas e Venezuela.
Veja a íntegra da declaração, lida pela chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez (em espanhol):

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Dória e a decisão de ser cruel com os mais pobres

Dória e a decisão de ser cruel com os mais pobres

Tendo em vista que não houve providência esperada por parte do senhor prefeito João Dória, a Campanha Contra a Criminalização dos Movimentos Sociais colhe, por meio deste e mail, adesões de cidadãos e entidades para o manifesto abaixo, a ser divulgado nas redes sociais e entregue as devidas autoridades pelas entidades.
12bJá assinam o  manifesto as entidades abaixo relacionadas.
Campanha Contra a Criminalização dos Movimentos Sociais

DÓRIA E A DECISÃO DE SER CRUEL COM OS MAIS POBRES DOS POBRES

São Paulo assiste em silêncio ato de extrema violência. 
O Decreto de n.º 57.581, de 20 de Janeiro de 2017, (publicado no Diário Oficial do Município em 21 de Janeiro de 2017), editado pelo Prefeito João Dória, eliminou artigo existente em decreto anterior e dirigido aos servidores públicos municipais, proibindo-os de retirar das pessoas em situação de rua seus colchões e cobertores e é exemplo do desinteresse político em mitigar este grave problema social e da utilização de meios que apenas agravam o sofrimento desses pobres.
São Paulo possui hoje mais de 16 mil pessoas em situação de rua, inclusive muitas famílias. As causas desta tragédia cotidiana vão desde pessoas com problemas psiquiátricos a trabalhadores atingidos pela avassaladora crise econômica.
A realidade cruel da vida desses seres humanos, que não possuem voz nem representantes e que tem merecido de parte da sociedade o mais evidente desdém, quando não serem tratados como estorvo, será agravada ao extremo com esse Decreto do prefeito Dória, que a pretexto de “apreensão” resulta em um insulto à dignidade humana, além de evidente desrespeito ao direito de propriedade.
A alegação do Senhor Prefeito de que esse Decreto foi editado, mas que não será cumprido é de um absurdo completo.
Não se editam normas para que não sejam cumpridas. O fato é que servidores municipais, com a retirada da proibição, estão autorizados a essa prática que será utilizada sim, principalmente contra aqueles que  estejam em logradouros situados em áreas mais valorizadas da cidade.
Nem se alegue que se trata de um “estímulo”, para que a população de rua se dirija aos abrigos municipais.
Hoje, os abrigos municipais possuem vagas muito abaixo da necessidade de atendimento. Ou seja, não há vagas suficientes nos abrigos, cuja precaridade e desumanidade merecem outro destacado protesto.
A sociedade diante dessa ilegal arbitrariedade não pode se omitir e deve tomar todas as medidas cabíveis para que esse Decreto seja revogado, restabelecendo a legislação anterior.
As entidades abaixo assinadas conclamam que todos se mobilizem para que a revogação do Decreto 57.581/17 seja efetivada imediatamente, pois o inverno se aproxima e tragédias certamente acontecerão.
São Paulo, 20 de fevereiro de 2017
Assinam:
Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, CJP/SP;
Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo, CSDDH;
Comitê Contra o Genocídio da Juventude Preta, Pobre e Periférica;
Grupo Tortura Nunca Mais do Estado de São Paulo, GTNM-SP;
Mandato Toninho Vespoli;
Pastoral da Educação da Arquidiocese de SP;
Pastoral Fé e Política da  Arquidiocese de SP;
Pastoral da Moradia da Arquidiocese de SP;
CEDECA Sé;
Núcleo Maximiliano Kolbe, NMK:
Centro de Apoio e Pastoral do Migrante, CAMI;
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, IEAB;
Caritas Arquidiocesana de SP
Pastoral do Menor da Arquidiocese de SP
Pastoral Indigenista
Pastoral da Mulher Marginalizada
Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB/Regional SP
Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça, CPMVJ
Democracia Corintiana, CDC

Achille Mbembe: “A era do humanismo está terminando”


Achille Mbembe: “A era do humanismo está terminando”

Outro longo e mortal jogo começou. O principal choque da primeira metade do século XXI não será entre religiões ou civilizações. Será entre a democracia liberal e o capitalismo neoliberal, entre o governo das finanças e o governo do povo, entre o humanismo e o niilismo”, escreve Achille Mbembe. E faz um alerta: “a crescente bifurcação entre a democracia e o capital é a nova ameaça para a civilização” e mais: “a transformação da política em negócio coloca o risco da eliminação da própria possibilidade da política”.
640px-Achille_Mbembe_2Achille Mbembe (1957, Camarões) é historiador, pensador pós-colonial e cientista político; estudou na França na década de 1980 e depois ensinou na África (África do Sul, Senegal) e Estados Unidos. Atualmente, ensina no Wits Institute for Social and Economic Research (Universidade de Witwatersrand, África do Sul). Ele publicou Les Jeunes et l’ordre politique en Afrique noire (1985), La naissance du maquis dans le Sud-Cameroun. 1920-1960: histoire des usages de la raison en colonie (1996), De la Postcolonie, essai sur l’imagination politique dans l’Afrique contemporaine (2000), Du gouvernement prive indirect (2000), Sortir de la grande nuit – Essai sur l’Afrique décolonisée (2010), Critique de la raison nègre (2013). Seu novo livro, “The Politics of Enmity”, será publicado pela Duke University Press neste ano de 2017.
O presente artigo foi publicado, originalmente, em inglês, no dia 22-12-2016, no site do Mail & Guardian, da África do Sul, sob o título “The age of humanism is ending” e traduzido para o espanhol e publicado por contemporeafilosofia.blogspot.com em 31-12-2016. A tradução é de André Langer.
Eis o artigo:
Não há sinais de que 2017 será muito diferente de 2016.
Sob a ocupação israelense por décadas, Gaza continuará a ser a maior prisão a céu aberto do mundo.
Nos Estados Unidos, o assassinato de negros pela polícia continuará ininterruptamente e mais centenas de milhares se juntarão aos que já estão alojados no complexo industrial-carcerário que foi instalado após a escravidão das plantações e as leis de Jim Crow.
A Europa continuará sua lenta descida ao autoritarismo liberal ou o que o teórico cultural Stuart Hall chamou de populismo autoritário. Apesar dos complexos acordos alcançados nos fóruns internacionais, a destruição ecológica da Terra continuará e a guerra contra o terror se converterá cada vez mais em uma guerra de extermínio entre as várias formas de niilismo.
As desigualdades continuarão a crescer em todo o mundo. Mas, longe de alimentar um ciclo renovado de lutas de classe, os conflitos sociais tomarão cada vez mais a forma de racismo, ultranacionalismo, sexismo, rivalidades étnicas e religiosas, xenofobia, homofobia e outras paixões mortais.
A difamação de virtudes como o cuidado, a compaixão e a generosidade vai de mãos dadas com a crença, especialmente entre os pobres, de que ganhar é a única coisa que importa e de que ganhar — por qualquer meio necessário — é, em última instância, a coisa certa.
Com o triunfo desta aproximação neodarwiniana para fazer história, o apartheid, sob diversas modulações, será restaurado como a nova velha norma. Sua restauração abrirá caminho para novos impulsos separatistas, para a construção de mais muros, para a militarização de mais fronteiras, para formas mortais de policiamento, para guerras mais assimétricas, para alianças quebradas e para inumeráveis divisões internas, inclusive em democracias estabelecidas.
Nenhuma das alternativas acima é acidental. Em qualquer caso, é um sintoma de mudanças estruturais, mudanças que se farão cada vez mais evidentes à medida que o novo século se desenrolar. O mundo como o conhecemos desde o final da Segunda Guerra Mundial, com os longos anos da descolonização, a Guerra Fria e a derrota do comunismo, esse mundo acabou.
Outro longo e mortal jogo começou. O principal choque da primeira metade do século XXI não será entre religiões ou civilizações. Será entre a democracia liberal e o capitalismo neoliberal, entre o governo das finanças e o governo do povo, entre o humanismo e o niilismo.
O capitalismo e a democracia liberal triunfaram sobre o fascismo em 1945 e sobre o comunismo no começo dos anos 1990 com a queda da União Soviética. Com a dissolução da União Soviética e o advento da globalização, seus destinos foram desenredados. A crescente bifurcação entre a democracia e o capital é a nova ameaça para a civilização.
Apoiado pelo poder tecnológico e militar, o capital financeiro conseguiu sua hegemonia sobre o mundo mediante a anexação do núcleo dos desejos humanos e, no processo, transformando-se ele mesmo na primeira teologia secular global. Combinando os atributos de uma tecnologia e uma religião, ela se baseava em dogmas inquestionáveis que as formas modernas de capitalismo compartilharam relutantemente com a democracia desde o período do pós-guerra – a liberdade individual, a competição no mercado e a regra da mercadoria e da propriedade, o culto à ciência, à tecnologia e à razão.
Cada um destes artigos de fé está sob ameaça. Em seu núcleo, a democracia liberal não é compatível com a lógica interna do capitalismo financeiro. É provável que o choque entre estas duas ideias e princípios seja o acontecimento mais significativo da paisagem política da primeira metade do século XXI, uma paisagem formada menos pela regra da razão do que pela liberação geral de paixões, emoções e afetos.
Nesta nova paisagem, o conhecimento será definido como conhecimento para o mercado. O próprio mercado será reimaginado como o mecanismo principal para a validação da verdade. Como os mercados estão se transformam cada vez mais em estruturas e tecnologias algorítmicas, o único conhecimento útil será algorítmico. Em vez de pessoas com corpo, história e carne, inferências estatísticas serão tudo o que conta. As estatísticas e outros dados importantes serão derivados principalmente da computação. Como resultado da confusão de conhecimento, tecnologia e mercados, o desprezo se estenderá a qualquer pessoa que não tiver nada para vender.
A noção humanística e iluminista do sujeito racional capaz de deliberação e escolha será substituída pela do consumidor conscientemente deliberante e eleitor. Já em construção, um novo tipo de vontade humana triunfará. Este não será o indivíduo liberal que, não faz muito tempo, acreditamos que poderia ser o tema da democracia. O novo ser humano será constituído através e dentro das tecnologias digitais e dos meios computacionais.
A era computacional – a era do Facebook, Instagram, Twitter – é dominada pela ideia de que há quadros negros limpos no inconsciente. As formas dos novos meios não só levantaram a tampa que as eras culturais anteriores colocaram sobre o inconsciente, mas se converteram nas novas infraestruturas do inconsciente. Ontem, a sociabilidade humana consistia em manter os limites sobre o inconsciente. Pois produzir o social significava exercer vigilância sobre nós mesmos, ou delegar a autoridades específicas o direito de fazer cumprir tal vigilância. A isto se chamava de repressão.
A principal função da repressão era estabelecer as condições para a sublimação. Nem todos os desejos podem ser realizados. Nem tudo pode ser dito ou feito. A capacidade de limitar-se a si mesmo era a essência da própria liberdade e da liberdade de todos. Em parte graças às formas dos novos meios e à era pós-repressiva que desencadearam, o inconsciente pode agora vagar livremente. A sublimação já não é mais necessária. A linguagem se deslocou. O conteúdo está na forma e a forma está além, ou excedendo o conteúdo. Agora somos levados a acreditar que a mediação já não é necessária.
Isso explica a crescente posição anti-humanista que agora anda de mãos dadas com um desprezo geral pela democracia. Chamar esta fase da nossa história de fascista poderia ser enganoso, a menos que por fascismo estejamos nos referindo à normalização de um estado social da guerra. Tal estado seria em si mesmo um paradoxo, pois, em todo caso, a guerra leva à dissolução do social. No entanto, sob as condições do capitalismo neoliberal, a política se converterá em uma guerra mal sublimada. Esta será uma guerra de classe que nega sua própria natureza: uma guerra contra os pobres, uma guerra racial contra as minorias, uma guerra de gênero contra as mulheres, uma guerra religiosa contra os muçulmanos, uma guerra contra os deficientes.
O capitalismo neoliberal deixou em sua esteira uma multidão de sujeitos destruídos, muitos dos quais estão profundamente convencidos de que seu futuro imediato será uma exposição contínua à violência e à ameaça existencial. Eles anseiam genuinamente um retorno a certo sentimento de certeza — o sagrado, a hierarquia, a religião e a tradição. Eles acreditam que as nações se transformaram em algo como pântanos que necessitam ser drenados e que o mundo tal como é deve ser levado ao fim. Para que isto aconteça, tudo deve ser limpo. Eles estão convencidos de que só podem se salvar em uma luta violenta para restaurar sua masculinidade, cuja perda atribuem aos mais fracos dentre eles, aos fracos em que não querem se transformar.
Neste contexto, os empreendedores políticos de maior sucesso serão aqueles que falarem de maneira convincente aos perdedores, aos homens e mulheres destruídos pela globalização e pelas suas identidades arruinadas.
A política se converterá na luta de rua e a razão não importará. Nem os fatos. A política voltará a ser um assunto de sobrevivência brutal em um ambiente ultracompetitivo.
Sob tais condições, o futuro da política de massas de esquerda, progressista e orientada para o futuro, é muito incerto. Em um mundo centrado na objetivação de todos e de todo ser vivo em nome do lucro, a eliminação da política pelo capital é a ameaça real. A transformação da política em negócio coloca o risco da eliminação da própria possibilidade da política.
Se a civilização pode dar lugar a alguma forma de vida política, este é o problema do século XXI.
*Original da revista IHU on line do Instituto Humanitas Unisinos

Milhares de professores vão às ruas na Argentina e iniciam paralisação de 48 horas por aumento nacional de salários


Milhares de professores vão às ruas na Argentina e iniciam paralisação de 48 horas por aumento nacional de salários


Adesão à paralisação chega a 92% em todo o país, diz Frente Nacional Docente; manifestação em Buenos Aires se dirigiu à sede do Ministério da Educação para exigir negociação salarial nacional e 35% de reajuste para compensar 40% de inflação em 2016
Milhares de professores argentinos da rede pública de ensino iniciaram nesta segunda-feira (06/03) uma paralisação de 48 horas em todo o país, exigindo um aumento de salário para a categoria em nível nacional que compense a inflação de 40% no ano passado.
Segundo a Frente Nacional Docente, que agrupa os cinco maiores sindicatos de professores do país, a adesão à greve chega a 92%.
Em Buenos Aires, a marcha de professores, apoiados por representantes da ATE (Associação de Trabalhadores do Estado), percorreu as principais ruas da capital argentina e se dirigiu desde o Congresso Nacional até o Ministério da Educação. “Esta marcha com mais de 50 mil professores deve fazer o governo refletir”, declarou a representante sindical Sonia Alesso.
CTA / Facebook

Organizadores estimam que marcha de professores em Buenos Aires reuniu 50 mil pessoas
Os professores exigem uma negociação salarial em nível nacional, se opondo à existência de salários diferentes nas 23 províncias e na capital federal, depois da decisão do Executivo nacional de deixar nas mãos das gobernaciones (Estados) o montante do mínimo salarial segundo as possibilidades de cada uma.
A grande maioria dos governos locais propõe 18% a pagar em quatro quotas, atreladas ao índice da inflação, enquanto os professores pedem um reajuste de 35% para compensar a perda pela inflação, que em 2016 se elevou a mais de 40%.

Macri endurece lei para restringir migração e agilizar deportações na Argentina

Promotor argentino acusa Mauricio Macri de tráfico de influência por beneficiar empresa aérea ligada a seu pai

Argentina pede explicações a Brasil sobre apoio a voos militares britânicos rumo às ilhas Malvinas

 
Após várias tentativas frustradas de diálogo com o governo de Mauricio Macri, os professores convocaram a paralisação de 48 horas nos dois primeiros dias do ano letivo de 2017 na Argentina.
Enquanto Macri inaugurava o ano letivo na província de Jujuy junto ao ministro da pasta, Esteban Bullrich, no restante do país, neste primeiro dia de aulas, as salas das escolas públicas permaneceram vazias.
CTA / Facebook

Paralisação de professores teve 92% de adesão em todo o país, diz Frente Nacional Docente
Apenas três províncias, Jujuy, Santiago do Estero e San Luis, começaram as aulas. No resto, em todos os níveis, 12 milhões de alunos ficaram em suas casas.
Os professores apontaram que depois da paralisação de 48 horas e a outra marcha a ser realizada amanhã acompanhando a Confederação Geral do Trabalho, preparam um plano de luta por melhores salários e condições de trabalho.
“Paritária nacional ou segue a greve”, declarou Hugo Yasky, da CTA (Confederação de Trabalhadores da Argentina). “Ir contra a escola pública é analfabetismo político, seja na Casa Rosada ou no Ministério da Educação. Não há nada mais nobre para os argentinos do que a escola”, disse o sindicalista.
Agência Efe

Cartaz em porta de escola no centro de Buenos Aires indica adesão de professores à paralisação de 48 horas nesta segunda e terça-feira

 
*Com Prensa Latina