quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Democracia em colapso?

Segunda-feira, 30/09/2019
Olá!
O Sesc São Paulo e a Boitempo realizam em parceria, entre os dias 15 e 19 de outubro, no Teatro Paulo Autran do Sesc Pinheiros, em São Paulo, o Seminário Internacional “Democracia em colapso?”.
Em um momento em que a polarização política dita boa parte dos debates atuais na sociedade brasileira, cerca de 50 convidados nacionais e internacionais promovem um amplo debate sobre as origens e as diferentes perspectivas históricas, políticas e sociais que perpassam o conceito de democracia. A programação conta com um curso, debates, conferências e com o lançamento de livros, além da edição número 33 da revista Margem Esquerda, publicação semestral da Boitempo.
O evento conta com apoio de CartaCapital e contará com conferencistas e debatedores internacionais como Angela Davis, Michael Löwy, Silvia Federici e Patricia Hill Collins, além de presenças nacionais de peso como Esther Solano, colunista de CartaCapital, Marilena Chaui, Bianca Santana, Daniel Cara, Flávia Biroli, Luiz Eduardo Soares, Ricardo Antunes, Sabrina Fernandes, Ruy Braga, Maria Rita Kehl, Juca Kfouri e muito mais.
Confira a programação completa clicando aqui. As inscrições para pacote integral do ciclo de debates já estão esgotadas, mas você ainda pode se inscrever para o curso “A democracia pode ser assim” no site do Sesc. A partir das 12h do dia 09 de outubro, o site do Sesc disponibilizará ingressos por dia avulso para o ciclo de debates.
Para os residentes de fora de São Paulo, convidamos a conferir o canal no YouTube da TV Boitempo, que contará com vídeos do evento e melhores momentos.
Serviço
O QUE: Seminário "Democracia em Colapso?"
QUANDO: 15 a 19/10 a partir de 12h
ONDE: Sesc Pinheiros - R. Pais Leme, 195 - Pinheiros
São Paulo - SP, 05424-150

Mulheres do Marajó

Ed. #22 | 2 de outubro de 2019
Boa tarde!

Na semana passada, a Agência Pública divulgou uma impressionante reportagem sobre a violência sexual no Marajó, no Pará. As repórteres Andrea DiP e Julia Dolce estiveram na região e encontraram um cenário de miséria e abandono do Estado, onde meninas de 5 anos são exploradas sexualmente em troca de alimentos. Confira hoje um texto inédito de Andrea DiP sobre a pauta.

Veja também os demais destaques da Agência Pública e as novidades do Programa de Aliados.

Caio Costa
      
Mulheres do Marajó 
por Andrea DiP
                                                            
Quando ouvi a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, atribuir a violência sexual contra crianças e adolescentes no Marajó a uma suposta “falta de calcinha” decidi minha próxima pauta. Uma fala dessas, grave em tantos níveis, não poderia ficar impune. Na ocasião, o lançamento do programa “Abrace o Marajó”, a ministra ainda propôs como solução a instalação de uma fábrica de lingerie no arquipélago.

Em poucos dias, eu e a fotógrafa Julia Dolce fizemos as malas e fomos para o Pará encontrar a irmã Henriqueta Cavalcante, referência no enfrentamento à violência sexual na região. Ela nos levaria para São Sebastião da Boa Vista, um dos municípios com menor IDH do Brasil, como são 14 das 16 cidades do arquipélago. A viagem até o Marajó é feita de barco e leva mais ou menos horas, dependendo de onde se quer atracar. Existem lugares nos quais só se chega com mais de dois dias de viagem e é preciso ir mudando para embarcações cada vez menores conforme o rio vai estreitando. Quanto mais remoto, maior é o abandono por parte do Estado.

Eu não sei se você já leu ou não a reportagem, mas queria contar duas coisas que marcaram. A primeira é mais uma sensação do que um fato. A de que aquele lugar, tão lindo, tão quente, tão pobre e tão esquecido, está suspenso no tempo e no espaço. As histórias que ouvimos ali são de dar vertigem na gente. Crianças que a partir dos 5 anos idade já tem o corpo explorado sexualmente em troca de comida. De um pedaço de carne. Um pacote de biscoito. Um galão de óleo diesel. Gerações de meninas que são estupradas por seus pais a partir dos 7 anos de idade até virarem adultas, que parem filhas que também são netas. Netas que estarão predestinadas a, quando alcançarem certa idade, também serem violentadas pelo pai-avô, num ciclo de violência sem fim.

Montanhas de lixo a céu aberto, cobertas por urubus e cachorros a poucos metros do centro da cidade. Escolas que atendem quase 200 crianças mas funcionam só por duas horas ao dia porque falta luz, falta ventilador, falta merenda - que quando chega é saqueada por gente com fome.

A segunda coisa que eu queria contar pra vocês, que me emocionou muito, é que a gente também viu a força das mulheres marajoaras. Meninas que erguem suas vozes e pedem por mudanças, que dizem que querem ser delegadas, juízas, promotoras e lutadoras numa busca por defesa delas mesmas e da comunidade. E mulheres incríveis que lutam por essas outras mulheres e meninas – a reportagem no fim só entrevistou mulheres –, como a promotora Patrícia Medrado, que vimos trabalhar incessantemente e em diversas frentes, ou a conselheira tutelar Paula Rodrigues que, em operação de resgate de uma menina que havia engravidado do pai, sofrido um aborto e tinha muitas dores, se deitou no chão de uma embarcação para que a menina se apoiasse sobre ela.

Não ministra, o problema das meninas do Marajó não é a falta de calcinha. Mas sim, existem muitas coisas que o poder público pode fazer. Meu conselho para a senhora é que deixe as ideias esdrúxulas de lado e procure Henriqueta, Patrícia, Paula, as meninas do interior de São Sebastião da Boa Vista e dos furos de rio do Marajó, ouça o que elas têm a dizer. Menos falação delirante, mais escuta qualificada. Isso sim será um abraço no Marajó. 
Andrea DiP é repórter especial e editora na Agência Pública.
Rolou na Pública
Marajó. A reportagem sobre exploração sexual no Marajó mencionada no texto da newsletter de hoje foi republicada por 13 veículos, desde portais de abrangência nacional, como o site da Revista Exame, a blogs regionais, como o Ananindeua Debates.

Na segunda-feira, revelamos quem é Alexandre Giordano, suplente do senador Major Olímpio. A reportagem mostra que Giordano responde a processos judiciais e tem negócios imprecisos como empresário.

Também na segunda-feira publicamos entrevista com a pesquisadora Mônica Lopes Ferreira, do Instituto Butantan, que passou a sofrer perseguições após publicar estudo que comprova que não há dose segura de agrotóxicos. Até agora, a entrevista soma 18 republicações e mais de 18 mil engajamentos nas redes sociais.  
Novas dos Aliados
 
Alterar cartão. Temos recebido algumas queixas e mensagens com dúvidas sobre como alterar o cartão de crédito cadastrado para fazer contribuições à Agência Pública. Estamos trabalhando para desenvolver uma ferramenta que facilite esse processo, que deve ficar pronta ainda neste mês. Por enquanto, há duas maneiras de trocar o seu cartão:
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2) Caso o cartão cadastrado esteja vencido ou inválido, você vai receber um e-mail automático da Vindi no dia da sua contribuição. A mensagem dirá que o pagamento da sua contribuição falhou e, ao final do e-mail, haverá um link para que você cadastre um novo cartão.


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