domingo, 22 de janeiro de 2017

A CRETINICE DA GLOBO E A TRAGÉDIA DO BRASIL

A cretinice da Globo e a tragédia do Brasil

Jeferson Miola
A Rede Globo avultou como o monopólio midiático dominante, logo se convertendo na mais eficiente máquina de propaganda e de legitimação do regime militar.


Foi sobretudo no período do ditador Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) que o terror de Estado foi institucionalizado como método oficial para a repressão e para o aniquilamento da resistência à ditadura civil-militar implantada em 1º de abril 1964.

Uma potente arquitetura repressiva e de perseguição política foi montada no governo federal e nos estados brasileiros com o engajamento financeiro de grandes grupos econômicos – entre os quais Ford, GM e Ultragaz.

A Rede Globo avultou como o monopólio midiático dominante e, assim, logo se converteu na mais eficiente máquina de propaganda e de legitimação do regime – desinformando, alienando e entretendo a população, e ocultando a realidade e a face atroz da ditadura.

Em 1º de setembro de 1969, um mês antes do início do período do general Médici, a Globo lançou o Jornal Nacional (JN), programa noticioso que ainda nos dias de hoje exerce poderosa influência no debate político no Brasil, com força de organização, articulação e propagação do discurso hegemônico.

Em determinadas edições do JN daquela época, não por coincidência nos dias de cometimento de atrocidades pelo regime, o âncora do telejornal, Cid Moreira, com voz grave e solene finalizava o noticiário com uma conclamação: “brasileiros, nunca fomos tão felizes!” (sic).

Naquele que foi o ambiente mais macabro e horroroso da história do país, a Globo anunciava ao povo brasileiro uma suposta e nunca antes vivenciada felicidade! Com a infâmia, escondia o terror que dizimava a resistência democrática e, ao mesmo tempo, ocultava a censura, as cassações, perseguições, mortes, os desaparecimentos e exílios impostos pelo regime.

A Globo repete a cretinice nos dias atuais. Na edição do JN da última quinta-feira (12), fez uma reportagem bizarra sobre o que chama de “inflação pessoal”. Num exercício eufemístico, o JN individualizou a responsabilidade pela crise econômica e insinuou medidas que cada pessoa deveria adotar para enfrentar a própria “inflação pessoal”: se usa carro, substituir por ônibus; se a escola particular está cara, a pública é a alternativa; se o feijão pesa no orçamento, por que não deixar de comê-lo? …

Com tal enquadramento sobre a carestia e a perda de renda causada pelo desemprego brutal, a Globo teve o claro objetivo de ocultar a desastrosa política econômica do governo golpista – política que está afundando o Brasil e vai promover uma crise humanitária sem precedentes. A única diferença é que desta vez o William Bonner (o sucessor do Cid Moreira no JN) não exaltou que “nunca fomos tão felizes!”.

A Globo não foi apenas cúmplice dos ataques à democracia e aos governos progressistas, mas teve participação golpista ativa; foi coautora e sócia-fundadora das empreitadas golpistas nos últimos 52 anos: em 1964, no golpe civil-midiático-militar; e em 2016, no golpe jurídico-midiático-parlamentar.

A Globo é a expressão fiel da índole da classe dominante brasileira: golpista, intolerante e antidemocrática, sempre a postos para derrubar governos progressistas e as políticas de distribuição de renda, igualdade social e independência nacional.

A Globo é nefasta à democracia e à construção do ideal de uma nação justa, igualitária e moderna. Nunca existirá democracia sem o controle democrático dos meios de comunicação e sem o fim do poder monopólico do noticiário e da informação em mãos de uma única família.

A Rede Globo é uma tragédia para o Brasil – a quebra do seu poder nefasto é um requisito para a democracia e para a soberania nacional.


PREÇO DA ALIANÇA COM PMDB FOI O ASSALTO AO ESTADO

Preço da aliança com PMDB foi o assalto ao Estado


A cada dia que passa, fica claro o preço que a presidente Dilma Rousseff teve que pagar para garantir a governabilidade, antes do golpe parlamentar que a derrubou.

Para conseguir os votos do PMDB no Congresso, Dilma teve que engolir Geddel Vieira Lima numa vice-presidência da Caixa Econômica Federal e aliados de Eduardo Cunha em postos chave da administração federal – todos, é claro, indicados pelo então vice-presidente Michel Temer.

Agora que se sabe a finalidade dessas indicações, quem foi às ruas contra a corrupção se dá conta de que a presidenta honesta foi derrubada para que o PMDB, que vendia seu apoio no Congresso, pudesse governar sem intermediários.

A Operação Cui Bono, deflagrada na sexta-feira 13 pela Polícia Federal, foi pedagógica. Revelou que Geddel Vieira Lima, indicado por Michel Temer para uma vice-presidência da Caixa Econômica Federal, estava lá com uma finalidade específica: garantir recursos para o PMDB e políticos aliados por meio de propinas cobradas de grandes empresários. Tudo isso em parceria com Eduardo Cunha, outro grande parceiro de Temer.

No modelo político brasileiro, do chamado presidencialismo de coalizão, Dilma se elegeu duas vezes presidente da República, mas sempre em minoria no Congresso. A aliança com o PMDB, em tese, deveria dar equilíbrio aos governos do PT.

No entanto, mesmo tendo Michel Temer como vice, a relação PT-PMDB sempre foi tensa. Políticos como Geddel e Cunha, além de Eliseu Padilha e Moreira Franco, outros expoentes do quarteto ligado a Temer, sempre cobravam mais espaços no governo.

Como Dilma conhecia as intenções desse quarteto, ela fazia o máximo possível para conter o estrago. Por isso mesmo, frequentemente, era acusada de inabilidade política. No glossário peemedebista, ser inábil politicamente significa não entregar a mercadoria.

Dilma engoliu essa turma enquanto pôde. No entanto, quando Cunha se elegeu presidente da Câmara, provavelmente financiando uma penca de deputados, como revelam as mensagens trocadas com o Pastor Everaldo, o preço se tornou alto demais. Se antes era necessário entregar apenas os anéis, agora era hora de dar os dedos, as mãos, os braços e os colares.

Como Dilma não cedeu, perdeu o pescoço. Curiosamente, no entanto, os brasileiros que foram às ruas contra a corrupção contribuíram para a deposição de Dilma e para instalar no poder justamente os maiores especialistas em mercantilização da política.

A presidente honesta foi derrubada para que o PMDB, que vendia seu apoio no Congresso, pudesse governar sem intermediários.