quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

O poder do financismo

Economia Política

O poder do financismo

O mito da força do mercado impõe ao conjunto da sociedade os sacrifícios coletivos para que sejam drenados, de forma segura e contínua, a essa ínfima parcela os recursos extraídos de todos os demais setores

 
15/02/2018 12:17
 

Paulo Kliass *

O período entre as festas do final do ano e a folia do Carnaval é normalmente marcado pela divulgação de informações que deveriam deixar envergonhados todos os que se preocupam com um mínimo de decência e justiça em termos da organização de nossa sociedade. Em especial, me refiro à forma como são apropriadas e distribuídas as diferentes formas de renda e riqueza entre nossos cidadãos.
Durante os meses de janeiro e fevereiro as instituições financeiras apuram seus balanços patrimoniais e contabilizam os lucros realizados ao longo do ano anterior. Um dos aspectos que mais impressiona nessa maratona de publicação de seus resultados é a aparente naturalidade com que esses números são tratados por aqueles que são os responsáveis pelas editorias de economia dos grandes meios de comunicação e também por parte da maioria de nossos dirigentes políticos.
Nesses tempos de endeusamento da meritocracia e de loas incomensuráveis lançadas às virtudes dos empresários eficientes em suas áreas de atuação, tudo isso parece tão normal. Afinal, se ganharam mesmo tanto dinheiro assim só pode ser pelo simples fato de que são bons e competentes naquilo que fazem como operadores sua área de negócios. A realidade dos lucros bilionários dos bancos tornou-se uma espécie de tradição intocável em nossa sociedade, cada vez mais tão marcada pelo abismo verificado entre as duas centenas de milhões dos que quase nada possuem e o punhado de trilhardários que adoram ostentar suas fortunas. Estes últimos parecem adorar a acirrada disputa da presença em listas de bilionários, tão cuidadosamente elaborada por revistas especializadas, como as mais conhecidas Forbes e Fortune.
Assim, em 2017 a duplinha dinâmica dos líderes do capital privado em nosso sistema financeiro mantiveram sua dianteira. Enquanto Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal eram orientados a atrasarem suas respectivas divulgações, os donos de Itaú e Bradesco exibem orgulhosos as suas façanhas. O primeiro é o banco do presidente do Banco Central e ofereceu um novo recorde, ao registrar um lucro líquido de R$ 25 bilhões. O segundo é o banco do candidato de Lula a presidente do Banco Central em 2015 e apresentou ligeira queda em seu lucro, obtendo apenas R$ 15 bi ao longo do ano passado.
Brasil: paraíso dos bancos
A terceira posição dentre os bancos privados operando por nossas terras ultimamente tem sido ocupada pelo conglomerado financeiro espanhol Santander. Em 2017 o lucro obtido pela filial tupiniquim foi de R$ 10 bi. Esse resultado representou um salto de 36% em relação ao ano anterior. Tal performance assegurou a lucratividade do grupo em sua escala de atividade global. Os rendimentos auferidos pelo banco apenas no Brasil representaram 26% do total dos ganhos do grupo espanhol em todo o mundo. Recordemos que se trata do sétimo maior banco do planeta.
A soma dos lucros dos 3 maiores bancos privados em nosso mercado financeiro no ano passado alcançou a cifra de R$ 50 bi. Sabe-se de todo o esforço realizado pelas áreas jurídicas e de planejamento tributário das instituições para escapar do pagamento de impostos. Assim, os ganhos reais foram muito maiores do que esses aqui contabilmente revelados e declarados. Isso sem contar a generosidade absurda oferecida pela legislação criada por FHC - e mantida desde então pelos sucessivos governos de Lula, Dilma e Temer - que isenta de tributação o recebimento privado de lucros e dividendos. Uma loucura!
O Brasil está mergulhado há mais de 2 anos em uma profunda recessão econômica. O PIB encolheu mais de 8% desde 2015, como consequência direta do aprofundamento da estratégia do austericídio. O desemprego chegou a atingir 14 milhões de trabalhadores e a quebradeira das empresas foi generalizada ao longo desse período. Apesar de todo esse clima de catástrofe social e econômica, o único setor que não foi sequer atingido pela crise foi justamente a banca. As instituições financeiras continuaram faturando muito alto e apresentaram seguidamente resultados ostentando lucros vergonhosamente bilionários.
O poder do financismo ultrapassa os limites da área de atuação das instituições financeiras. O mito da força do mercado - tão amedrontador aos olhos dos analistas e especialistas forjados no interior do próprio sistema - impõe ao conjunto da sociedade os sacrifícios coletivos para que sejam drenados, de forma segura e contínua, a essa ínfima parcela os recursos extraídos de todos os demais setores.
A cumplicidade do Banco Central
As fontes desses ganhos inexplicáveis e inaceitáveis são multivariadas. A sinecura proporcionada pela permanência das nossas taxas oficiais de juros em níveis de campeã do mundo é uma delas, com toda a certeza. Os bancos têm rentabilidade muito elevada sem fazer absolutamente nada: basta emprestar ao governo com ganhos balizados pela SELIC. A prática antiga e conhecida da sonegação tributária no interior do sistema das finanças reforça o poder das empresas e retira recursos do conjunto da sociedade. As tarifas cobradas pelos chamados “serviços” bancários no interior de nossas fronteiras também figuram dentre as mais elevadas do planeta. Além desses fatores, ganha participação especial os ganhos proporcionados pelos impressionantes níveis de “spread” praticados pelos bancos.
A farsa da colocação de dirigentes de bancos privados no comando do Banco Central cai como sopa no mel em tal quadro incestuoso. Ao brandir pela “independência” do BC para que este opere em termos supostamente “técnicos”, os defensores dos interesses do financismo buscam legitimar a prática daquilo que a sabedoria popular chama de “colocar a raposa para tomar conta do galinheiro”. Afinal, nada mais “político” do que deixar a instituição responsável pela regulamentação e fiscalização do sistema financeiro nas mãos dos próprios banqueiros.
Ora, como encontrar outra resposta para a ausência de ação do BC no controle do crime de abuso econômico praticado há décadas pelos bancos? A prática articulada das empresas em regime de oligopólio é por demais conhecida para que se tente outra forma que não a intervenção pesada do órgão regulador na defesa dos interesses das partes mais frágeis na relação econômica determinada. Fiquemos apenas com o exemplo mais escandaloso do “spread” praticado nas operações realizadas com cartões de crédito.
Lucros dos bancos só crescem
O BC acaba de divulgar seu mais recente relatório com tais informações. Em dezembro de 2017, a média da taxa cobrada pelos bancos nessas operações era 335% ao ano. Recordemos apenas que naquele momento a SELIC estava na faixa de 7% ao ano. Quem se dedicar a calcular o diferencial de ganho nessa operação chegará ao inacreditável percentual de 4.685%. É por isso que a posição de chefe de tesouraria de instituições financeiras no Brasil é tão cobiçado. Em nenhuma outra praça do mundo uma singela operação de crédito oferece tamanha rentabilidade sem praticamente nenhum risco envolvido.
Mas Paulo, poderão arguir alguns leitores, o fato é que a taxa SELIC baixou no período mais recente e isso deve ter impactado os custos das operações. Pois peguemos os valores observados nos finais de ano anteriores:

Como se pode perceber, os ganhos dos bancos nas operações só fizeram crescer nesse período mais recente, como vinha ocorrendo desde sempre. Esteja a SELIC em alta ou em baixa, esteja a inflação mais ou menos controlada, os interesses dos bancos não são afetados. Muito pelo contrário! A complacência e a cumplicidade do BC só contribuem para essa verdadeira sensação de impotência do conjunto da sociedade frente ao poder exacerbado do sistema financeiro.
A proximidade do pleito de outubro e a oportunidade gerada pelo debate de alternativas eleitorais não podem deixar de lado a questão da dominância do financismo. É necessário uma ampla discussão nacional a essa respeito. É urgente que superemos nossa condição de uma sociedade que permite se deixar escrava dos desejos do parasitismo rentista por tanto tempo. Um modelo social e econômico menos desigual pressupõe maior capacidade de controle e regulação do Estado perante esse perigoso poder. Por outro lado, as empresas do mundo das finanças deveriam contribuir com maior capacidade de arrecadação tributária para um Brasil mais justo e desenvolvido.

* Paulo Kliass é doutor em Economia pela Universidade de Paris 10 e Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal.
Fonte: Carta Maior

Nise da Silveira: a mulher que revolucionou o tratamento mental por meio da arte


PSIQUIATRIA

Nise da Silveira: a mulher que revolucionou o tratamento mental por meio da arte

Com terapia ocupacional, psiquiatra alagoana enxergou potencial de pacientes com estigma da loucura

Brasil de Fato | São Paulo
,
Ouça a matéria:
Nise da Silveira ficou conhecida por seu trabalho como psicoterapeuta e na Luta Antimanicomial / Centro Cultural da Saúde/Ministério da Saúde

Já dizia Machado de Assis que “De médico e louco todo mundo tem um pouco”. O ditado ficou famoso pelo livro O Alienista, de 1882, que faz um debate sobre a loucura. Uma frase parecida é da nordestina Nise da Silveira, grande admiradora do autor brasileiro: “Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas muito ajuizadas.”
Nise Magalhães da Silveira nasceu em 1905 e ajudou a escrever e revolucionar a história da psiquiatria no Brasil e no mundo. Nascida em Maceió, Alagoas, ela ficou conhecida por humanizar o tratamento psiquiátrico e era contrária às formas agressivas usadas em sua época, como o eletrochoque.
De uma inteligência rara e inquietação gigantesca, Nise também inspirou quem conviveu com ela, como é o caso de Gonzaga Leal, artista e terapeuta ocupacional. Ele foi amigo pessoal da alagoana e afirma que "estar junto dela era objeto de amor". "A Nise, para mim, é uma grande inspiração. Ela era uma mulher de uma cultura muito superior e de uma curiosidade absurda; uma mulher que, como ela dizia, era um Lampião, no melhor sentido da coragem, de ser destemida e, além de tudo, uma nordestina; uma mulher que andava de braços colados com o seu desejo."
Gonzaga Leal e Nise da Silveira/Arquivo Pessoal Gonzaga Leal
Inspirada em Carl Jung, um dos pais da psiquiatria, Nise foi uma das primeiras mulheres a se formar em medicina no Brasil. Em meados de 1940, ela foi pioneira na terapia ocupacional, método que utiliza atividades recreativas no tratamento de distúrbios psíquicos. A alagoana se destacou por usar a arte como uma forma de expressão e de dar voz aos conflitos internos vivenciados principalmente pelos esquizofrênicos, que tiveram suas obras expostas ao redor do mundo.
A revolucionária frequentava grupos marxistas e ficou presa por dois anos acusada de envolvimento com o comunismo. Afastada da psiquiatria, ela continuou seus estudos enquanto estava no presídio Frei Caneca. Para Mariana Sgarioni, jornalista e pesquisadora, Nise da Silveira continua atual por ter quebrado paradigmas muito à frente de seu tempo. "O legado dela como mulher, estudiosa e médica, a gente colhe até hoje. Exemplo disso é o Movimento Antimanicomial, que começou com ela. Nise era incômoda, isso incomodava muita gente, por isso que ela acaba presa e, logo depois da prisão, ela ficou meio escondida e viveu na clandestinidade durante muito tempo."
De Nise da Silveira, muitos movimentos, exposições, filmes e ocupações surgiram na resistência contra os manicômios. Um deles é a Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (Renila), que luta contra o aprisionamento e exclusão dos chamados loucos, como destaca Beatriz Viana, integrante da organização. "A Renila está com uma lema levantando a bandeira de que a democracia é antimanicomial. Não existe um modelo antimanicomial em uma situação que não seja a democrática. A luta é não só pela desconstrução dos manicômios com muros, mas da cultura manicomial, para romper o estigma que o louco tem na sociedade."
Em 1956, Nise fundou a Casa das Palmeiras, um passo na direção da luta contra os hospícios, que chegaria a seu ápice com a Lei Antimanicomial, de 2001. Do esforço da psiquiatra e de seus pacientes foi criado o Museu do Inconsciente, aberto até hoje no Rio de Janeiro junto ao Instituto Municipal Nise da Silveira, atual nome do Centro Psiquiátrico de Engenho de Dentro, onde a médica construiu seu projeto.
Obra de Adelina Gomes, uma das pacientes de Nise da Silveira/Acervo Museu de Imagens do Inconsciente
Gonzaga Leal conta que Nise era muito ligada ao sagrado e tinha consciência plena da finitude do ser humano. Ele lembra que a amiga queria passar os últimos dias de vida em um mosteiro. "Por ela ser uma defensora dos animais e um amor profundo pelos gatos, ela dizia sempre que queria morrer como um gato, que se recolhe e morre sozinho."
Em 15 de fevereiro deste ano, Nise completaria 113 anos, mas a sua luta reflete os avanços que a psiquiatria já alcançou e o caminho que ainda precisa trilhar. Nise da Silveira é mais do que atual, é sinônimo de resistência atemporal e expansão do pensamento, como destaca o amigo. "A Nise é uma das grandes brasileiras, ela continua vivíssima e acho que temos muitas provas da existência dela."
Para conhecer um pouco mais sobre a psiquiatra alagoana, assista ao filme Nise - O coração da Loucura, lançado em 2016 e dirigido por Roberto Berliner. Confira o trailer:

Edição: Anelize Moreira

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Observação deste blogueiro: sugiro ler sobre a vida e a obra de Artur Bispo do Rosário.

Pedro Casaldaliga, o eterno lutador

Pedro Casaldaliga, o eterno lutador 

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Pedro, Profeta e Poeta.
Em Homenagem aos 90 anos (16 de fevereiro de 2018) do mestre de todos nós.
Em Homenagem aos 90 anos (16 de fevereiro de 2018) do mestre de todos nós.
Quem poderia imaginar um catalão, sair de sua terra, nunca mais voltar e apaixonar-se pelos
povos indígenas da America latina?
Quem poderia imaginar em plena ditadura empresarial-militar, nos confins da Amazônia, um
homem franzino, usar a fé e a coragem para denunciar e exigir justiça, em defesa dos
trabalhadores, posseiros, povos indígenas e camponeses, humilhados e explorados?
Quem poderia imaginar , que jurado de morte pelos latifundiários da região, em 1976, foram à
Delegacia interceder por duas mulheres pobres que estavam sendo torturadas. E um dos
policiais, confundiu a aparência de bispo e assassinou seu colega, padre João Bosco Burnier,
em seu lugar?
Quem poderia imaginar, que um homem de igreja relutasse até os últimos instantes por que
não queria ser nomeado bispo, até ser convencido pelo seu melhor amigo, o bispo Dom Tomas
Balduino?
Quem poderia imaginar, que quando poucos podiam, ele se engajou desde a década de
setenta em defesa da causa dos povos nicaraguense, cubano, guatemalteco..
Quem poderia imaginar que esse homem, além de pastor e profeta, era um grande poeta?
Usou as letras e a força das palavras, para denunciar o injusto, solidarizar-se com os
trabalhadores e pregar as mudanças..Com sua vocação literária, ajudou a escrever a Missa da
terra sem males, a Missa dos quilombos.. cantada por nosso querido Miltom Nascimento e
outros músicos. E escreveu centenas de poemas, que expressam a linguagem da alma e do
coração.
Quem poderia imaginar, que apesar de viver no longínquo São Felix do Araguaia, e das
dificuldades de comunicação da época, contribuiu decisivamente para articular e fundar,
primeiro, o CONSELHO MISSIONARIO INDIGENA(CIMI), na CNBB, para defender os povos
indígenas. E depois a Comissão Pastoral da Terra(CPT), como um serviço ecumênico dos
cristãos em apoio à organização dos camponeses brasileiros?
Quem poderia imaginar que um bispo brasileiro, com todo seu poder e influencia, preferisse
viver como pobre, entre os pobres, com suas sandálias havaianas e sua sabedoria de
verdadeiro mestre?
Quem poderia imaginar sua coragem, de ir a Roma e dizer umas verdades para o todo
poderoso cardeal Ratzinger? Pedro foi um defensor e praticante do ecumenismo, de todas as
práticas e crenças religiosas, de um Deus-pai- mae-irmão, de todos e todas, que aparece em
diferentes formas e práticas. Às vezes, até nas manifestações da natureza e sobretudo na voz
do povo!

Quem poderia imaginar, que apesar de conviver muitos anos com seu “primo” parkison, como
o chama, nunca desanimou , recusando-se a mudar para outros centros com maior atenção
médica.
Pedro tornou-se um grande brasileiro e latino-americano. Um exemplo de luta, dignidade e
coerência. É nosso orgulho , dos povos indígenas, dos camponeses, dos pobres e de todas as
igrejas. Com seus noventa anos de corajosa teimosia, palavra, que gosta muito de usar.
Certa vez disse aos jornalistas da imprensa burguesa, que criticavam nossas ocupações de
terra, “Se o MST não existisse teríamos que criá-lo! “
O MST se orgulha de seu carinho e agradece seu exemplo!
Por Joao Pedro stedile,
(Conheci Dom Pedro numa ocupação urbana, Vila Santo Operário, em Canoas-RS, nos idos de
1979, junto com o Irmão Antonio Cecchin. Cultivo desde então, admiração e amizade. Ele
esteve em muitas atividades do MST, sempre nos ajudou com sua presença, reflexões, escritos
e sobretudo seu exemplo. Foi um dos privilégios que a vida me deu).

O ridículo de Huck: “”Vou ali chorar um pouquinho e já volto”

O ridículo de Huck: “”Vou ali chorar um pouquinho e já volto”

nota de Monica Begamo, agora há pouco, na Folha, dá ideia do patético que era esta pantomima da “candidatura Huck”.
Luciano Huck está triste “como quem interrompe uma gravidez” por ter desistido de disputar a Presidência, diz um de seus mais próximos interlocutores.
“O corpo todo se preparava e se movia para a chegada dessa nova vida. E ela teve que ser interrompida. É frustrante”, completa o amigo do apresentador.
“Vou ali chorar um pouquinho e já volto”, disse o próprio Huck a colegas que conversaram com ele depois da decisão.
Ah, tenham paciência, mas só pode ser a reação de um menino mimado que se viu sem o brinquedo que já achava ser seu.
E “abortou” a candidatura por quê? Ora, por dinheiro, porque é o que perderia se tivesse chutado os belíssimos contratos que tem para ser candidato. Chorar por isso é ter lágrimas de crocodilo.
Monica diz que “Huck teria percebido também que a campanha presidencial não seria um passeio: desde a semana passada, começou a ser questionado sobre a compra de um avião particular com financiamento do BNDES e sobre o uso de leis de incentivo para projetos sociais.”
Ora, cara, você não é capaz de explicar e defender o que faz? Só “se garante” no discurso neoliberal porque suas “mordidas” ficam ocultas pela cumplicidade da grande mídia?
Você até estava saindo “no lucro”, com todo o marketing que acumulou com a bajulação. Mas agora, com essa apelação, pôs tudo fora.

Wilson Ferreira explica a bomba semiótica da Tuiuti



https://www.youtube.com/watch?v=LqbuA8-yFtA

Bolívia e Chile rechaçam ameaças dos Estados Unidos de intervenção militar na Venezuela

Bolívia e Chile rechaçam ameaças dos Estados Unidos de intervenção militar na Venezuela


Procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, denunciou supostos planos colombianos, com apoio norte-americano, para uma invasão em seu país
O presidente da Bolívia, Evo Morales, e o chanceler chileno, Heraldo Muñoz, rechaçaram nesta terça-feira (13/02) as ameaças de uma intervenção militar na Venezuela pelos Estados Unidos.
Morales pediu que se realize uma reunião de emergência da Unasul (União Sul-Americana de Nações) para discutir as ameaças.
“Quero aproveitar esta oportunidade para expressar nossa solidariedade com a Venezuela, ante as constantes ameaças de intervenção. Os EUA têm que deixar de nos ameaçar. A Unasul deveria convocar uma reunião de emergência e fazer respeitar a soberania de um povo irmão”, disse, pelo Twitter.
Por sua vez, Muñoz afirmou, em Lima, que o Chile nunca estaria a favor “de uma intervenção militar ou de outra natureza na Venezuela”.
“Nos opomos aos golpes de Estado e ao uso da força; queremos uma saída pacífica, eleitoral, política para a situação”, disse o chanceler que, apesar disso, esteve reunido na capital peruana com outros representantes diplomáticos americanos e declarou rechaço às eleições presidenciais marcadas para 22 de abril.
Reprodução/Twitter
Evo Morales rechaçou ameaças de intervenção militar na Venezuela

Governo venezuelano assina rascunho de acordo de paz, mas oposição se nega; conversas seguem

Venezuela marca data das eleições presidenciais deste ano: 22 de abril

Oposição da Venezuela se recusa a assinar acordo e negociações com governo são interrompidas

 
O Partido Comunista do Chile também se pronunciou sobre as ameaças. Em nota, a agremiação fez um chamado aos “democratas para defender a soberania e autodeterminação dos povos. “A política exterior estadunidense, tanto no passado, como no presente, nos mostra que está disposta a avalizar intervenções militares e golpes de Estado. (…) Não ao intervencionismo dos Estados Unidos na Venezuela”, diz o comunicado.
Ameaças dos EUA
Há uma semana, o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, fez uma viagem por México, Peru, Argentina e Colômbia logo após sugerir, em uma palestra na Universidade do Texas, que militares poderiam intervir na Venezuela.
Logo após a viagem de Tillerson, o presidente colombiano Juan Manuel Santos anunciou medidas para restringir a entrada de refugiados venezuelanos no país e mobilizou 3.000 unidades militares para “reforçar” o controle militar na fronteira.
No começo da semana, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, denunciou supostos planos colombianos, com apoio norte-americano, para uma invasão em seu país. "Da Colômbia, estão planejando nada mais, nada menos que um bombardeio militar, a invasão militar, a ocupação a sangue e fogo de um país pacífico como a Venezuela", afirmou, em discurso transmitido pela emissora estatal VTV. "Aqui vamos combater e vamos resistir. Não temos medo!", completou.
(*) Com teleSUR

Tuiuti explica o golpe de 2016 para quem ainda não entendeu:

Tuiuti explica o golpe de 2016 para quem ainda não entendeu: via

A DIFERENÇA FUNDAMENTAL ENTRE BEIJA_FLOR E PARAÍSO DO TUIUTÍ. Leitura imperdível!

A DIFERENÇA FUNDAMENTAL ENTRE BEIJA_FLOR E PARAÍSO DO TUIUTÍ.
A primeira ajudando a Globo a desconstruir o recado do POVO, na segunda.

Por JOAQUIM DE CARVALHO_ DCM.

Globo apoia a Beija-Flor, mas Tuiuti tem a força do povo: algo soa familiar? Por Joaquim de Carvalho
Por Joaquim de Carvalho - 13 de fevereiro de 2018

O Carnaval do Rio em 2018 já entrou para a história, mas o último capítulo desta jornada será escrito com a divulgação do resultado do júri, nesta quarta-feira.

Duas visões de mundo foram expostas nos desfiles deste ano e uma delas deve prevalecer, com o resultado das notas dos jurados.

Não significa que uma dessas duas escolas vá vencer, mas há uma disputa implícita entre a Paraíso do Tuiuti e a Beija-Flor de Nilópolis.

Não é uma questão técnica apenas, é uma questão política.

E é impossível dissociar o samba da política, não da política partidária, menor, mas daquela que define a relação entre as pessoas num território.

O samba trata do cotidiano, em geral das pessoas do morro, o morro que foi ocupado como resultado de um processo multissecular de exclusão social.

A arte do Carnaval está lá, desde sempre. Mas se encontra também em outras comunidades de excluídos.

Nesta Carnaval de 2018, de um lado, a Beija-Flor, se destacou pela apresentação com um enredo que poderia ser escrito por um editor do Globo, com alegorias que remetem à corrupção.

Ratos correndo com malas de dinheiro, o prédio da Petrobras em ruína, crianças abandonadas, miséria.

Como se todas essas mazelas fosse resultado da corrupção política exclusivamente.

É o roteiro da Lava Jato.

A Paraíso do Tuiuti, de outro lado, se destacou por apresentar a causa desse estado de coisas. Foi mais profunda, foi mais inteligente, foi intelectualmente mais sofisticada.

A escola, novata entre as grandes, retratou a escravidão, mas não como uma página virada da história do Brasil.

A escravidão que ecoa nos dias de hoje, através da ação uma elite insensível, gananciosa, mistificadora, manipuladora e sanguinária.
É o roteiro daqueles que denunciam a Lava Jato como um instrumento de afirmação de classe,da classe dos que mandam, daqueles que estão acima da política institucional..

Jack Vasconcelos, o carnavalesco, mostrou que o golpe que tirou Dilma Rousseff do poder é resultado direto da mesma correlação de forças que fez do Brasil o último país a abolir a escravidão nas Américas.

Abolição que não se seguiu da necessária política compensatória, como aconteceu nos Estados Unidos no século XIX e aqui, só a partir de 2003, ainda que timidamente, no governo do PT.

Jack Vasconcelos criou os manifestoches, brasileiros manipulados a ponto de se apropriarem de símbolos que não lhe são exclusivos, como a camisa da Seleção Brasileira, ou que não lhe pertencem, como o bater de panelas, próprio de quem passa fome.

Manifestoches manipulados por uma mão grande, que pode ser a Globo, mas não só. Refere-se a todos os donos do poder.

Carteira de trabalhado queimada não é uma crítica à falta de trabalho regular, que obriga o brasileiro ao trabalho informal, como mentiu o jornalismo da Globo, ao descrever o desfile.

Foi uma alegoria que denuncia a extinção dos direitos, resultado da reforma trabalhista e da terceirização irrestrita, ambas frutos de uma intensa e antiga pressão dos donos da Globo.

A Tuiuti mostrou que a raiz dos nossos problemas está na desigualdade social, que se ampliou com o golpe e deve se ampliar ainda mais se o golpe não for contido.

A Beija-Flor mostrou o peso dos impostos na vida dos brasileiros, fazendo eco ao MBL, que não contam que quem paga imposto no Brasil é pobre, porque rico ou sonega, ou não é tributado.

O pobre, quando compra uma aspirina, paga imposto.

Para manter este estado de coisas é que se move a máquina da corrupção.

Tem, a propósito, uma afiliada da Globo, a RBS, flagrada na Operação Zelotes, o raio x dos senadores, sem que até agora tenha sido incomodada pela Justiça.

Os donos da Globo foram denunciados por crime contra a ordem tributária, num processo da Receita Federal que descobriu sonegação milionária na aquisição dos direitos de transmissão da Copa de 2002.

O processo desapareceu da Receita Federal na véspera da denúncia ser enviada ao Ministério Público Federal.

Uma neta de Roberto Marinho teve seu nome encontrado na papelada do escritório brasileiro da Mossack Fonseca, que tinha uma única atividade: abrir as portas dos paraísos fiscais para a lavagem de dinheiro ou ocultação de patrimônio.

É um braço do escândalo mundial Panamá Papers, mas nada aconteceu com Paula Marinho, a neta de Roberto Marinho.

A mesma neta usufruiu durante muitos anos de um imóvel construído ilegalmente numa área de proteção ambiental em Parati.

O processo é antigo, tem mais de seis anos, e até agora a Justiça não conseguiu tomar o depoimento de uma mulher que é a laranja dos verdadeiros proprietários.

Essa mulher, que mora no Rio de Janeiro, ignora as intimações, e a Justiça Federal não cogita condução coercitiva, nesse caso absolutamente justificável.

No escândalo da Fifa, que envolve corrupção grossa, a Globo até agora se safa, como bagre ensaboado na mão de um pescador.

Seu diretor envolvido nas negociações de direitos de transmissão foi abatido pelas denúncias, mas permanece de boca fechada.

A lista de suspeitas envolvendo a Globo é extensa.

Mas nesta quarta-feira, depois do resultado, se der Beija-Flor, como parece ser seu desejo— até comentarista internacional da emissora elogiou a escola —, a Globo repetirá a ladainha — o brasileiro não tolera corrupção, etc.

O buraco é mais embaixo, e a Tuiuti mostrou onde ele começa, mas, nas relações que se tecem a partir de um grupo de comunicação, a verdade — e o mérito — é o que menos importa.

A Beija-Flor, a propósito, tem relações antigas com a família Marinho.

Seu patrono, Anísio Abraão David, presidente de honra da Beija-Flor, comprou em 2004 de Roberto Marinho o triplex de cobertura em Copacabana, onde o fundador da Globo costumava receber convidados para uma famosa festa de Reveillon.

O triplex, já em nome de Anísio, acusado de explorar jogo ilegal, foi alvo em 2011 de uma operação cinematográfica da Polícia Civil, com agentes descendo de rapel de helicóptero para cumprir mandado de busca.

Anísio, condenado a mais de 47 anos de prisão, está solto e a escola em que ele manda se sente à vontade para denunciar a corrupção na avenida, com o incentivo e o elogio da TV da família Marinho.

Já a Tuiuti, este ano, chega ao júri do Carnaval com uma única força, a do povo.

Nunca o Carnaval espelhou tanto a realidade brasileira.