terça-feira, 25 de setembro de 2018

Chomsky: “Crescimento da extrema-direita é consequência do neoliberalismo”


Chomsky: “Crescimento da extrema-direita é consequência do neoliberalismo”

Em seminário realizado em SP, filosófo estadunidense alerta: a democracia declina diante do poder corporativo
Por Leonardo Fernandes e Pedro Ribeiro Nogueira, do Brasil de Fato 
Noam Chomsky participou do debate “O progressismo e o neoliberalismo em um mundo em desenvolvimento” / Foto: Sérgio Silva | Fundação Perseu Abramo
Na Suécia, país-estandarte da social democracia europeia, a extrema-direita xenófoba conquistou 17,5% dos votos em eleições realizadas nesta semana. Associando sua raiva aos imigrantes, como acontece em diversas partes da Europa, dos EUA e até no Brasil, a razão do crescimento da direita radical pode não estar tão associada ao ódio irracional contra populações vulneráveis, mas ao sentimento de abandono diante da aplicação de políticas neoliberais, como aconteceram nos últimos anos na Suécia.
Essa é a opinião do renomado linguista, cientista político e filósofo Noam Chomsky, apoiado por um estudo de cinco economistas suecos que mostrava a ligação entre o corte de gastos em políticas sociais e o crescimento do ódio. “Os eleitores da extrema-direita xenófoba têm pouco contato com imigrantes, mas sofreram com as políticas neoliberais do governo sueco em anos recentes. São pessoas deixadas de fora conforme a desigualdade cresceu e que se sentiram abandonadas pelas instituições políticas”, relatou Chomsky, presente ao Seminário Internacional Ameaças à Democracia e a Ordem Multipolar, e responsável por abrir a segunda mesa do evento, “O progressismo e o neoliberalismo em um mundo em desenvolvimento”.
Ele explicou também que o neoliberalismo surgiu durante uma crise da democracia, nas década de 1970, quando as mentes pensantes do capitalismo central se sentiram ameaçadas pelo crescimento de grupos organizados de minorias, mulheres, negros e LGBT, que buscam reivindicar seus direitos.
Contra esse movimento, as elites precisaram desenhar um novo modelo social que combatesse as greves e as lutas dos trabalhadores. “Eles diziam: ‘são marginais que devem ser colocados em seus lugares’ – ou seja, como espectadores, não participantes do processo político, enquanto a minoria de homens responsáveis comandam em nome de todo mundo”. Desde então, os lucros do mercado financeiro cresceram mais de 1000%, enquanto os salários reais declinaram.
Essa mudança de paradigma, que também demandou mudanças na educação para formar cidadãos mais “dóceis e obedientes”, preconizadas pelas reformas do Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial, geram “frustração, raiva e tristeza” na classe trabalhadora, que irá se voltar contra alvos mais vulneráveis. E, desde os anos 1970, quando aconteceu o “assalto neoliberal de Margaret Thatcher e Ronald Reagan [Primeira ministra do Reino Unido e o presidente dos EUA nos anos 1980]”, que preconizava a inexistência da sociedade – “existem apenas indivíduos”–, o modelo teve que ser renovado.
Criação de precariedades
Com a crise imobiliária de 2008 e as revoltas que se seguiram em todo o mundo, o sistema financeiro teve que buscar novas formas de garantir seus lucros. “A economia está desenhada para criar precariados”, diz Chomsky, ao lembrar de um estudo importante do economista Alan Krueger, que mostra “que 95% do crescimento do emprego nos EUA entre 2005 e 2015 aconteceu em arranjos alternativos, temporários, de meio período, transformando a sociedade em um saco de batatas e criando uma mistura tóxica que pode irromper de formas perigosas, como vemos hoje pelo mundo”.
Além disso, avançou o que ele qualifica de “capitalismo corporativo”. “O poder corporativo se traduz em declínio da democracia”, analisa Chomsky. “A grande maioria da população é abandonada e os representantes apenas defendem os interesses dos doadores de campanha. A Amazon, a segunda empresa de US$ 1 trilhão de dólares dos EUA, que consome 2% da energia elétrica do país, tem muitos subsídios, enquanto se cortam benefícios sociais. Só quem ganha é o agronegócio, as finanças, as grandes indústrias”.
Com a democracia sob ataque, um processo que, apesar do exemplo estadunidense, pode ser visto também no Brasil e em diversas partes do globo, quais são as saídas? Mesmo reconhecendo que a situação do país é grave, Chomsky apresenta um exemplo generoso:
“Há um século, o Brasil era reconhecido como possível colosso e esse objetivo parecia à vista há alguns anos, quando se tornou talvez o país mais respeitado do mundo, sob a liderança de Lula e de seu ministro Celso Amorim, com seus impressionantes feitos. E isso é uma indicação do que pode ser alcançado pelo país. Nunca subestime os obstáculos à frente e tampouco a capacidade do espírito humano de superá-los e prevalecer”.
Resistências
Mesa 2 – O progressismo e o neoliberalismo em um mundo em desenvolvimento. DATA: 14/06/2018. LOCAL: SP. FOTO POR SÉRGIO SILVA – AGÊNCIA FPA
Na sequência, antes de começar sua exposição, Cuauhtémoc Cárdenas, presidente do Centro Lázaro Cárdenas, do México, e ex-governador do Distrito Federal daquele país, destacou a satisfação de encontrar o ex-presidente Lula na superintendência da Polícia Federal em Curitiba, na tarde da última quinta-feira (13). “Encontramos uma pessoa que nos levantou o ânimo, nos fez ver que ele segue combativo e disposto a seguir na luta”.
Cárdenas fez uma explanação sobre a realidade atual do México, recordou a aplicação de políticas neoliberais nas últimas décadas e a recente eleição do esquerdista Andrés Manuel López Obrador como um marco para a história recente dos mexicanos, no sentido de superar problemas gerados ou aprofundados pelo período neoliberal. “Nós acreditamos que a única forma de resolver os nossos problemas é mudar o modelo, o sistema de desenvolvimento político, econômico e social que temos”.
“Estamos propondo uma mudança na forma como vivemos. E que finalmente possamos superar isso que ficou conhecido como políticas neoliberais”, ressaltou.
Em seguida, Luiz Carlos Bresser Pereira, economista, cientista político, ex-ministro nos governos de José Sarney (PMDB, 1985-1990) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1994-2002) fez uma fala com foco no desenvolvimento da economia capitalista até a adoção das políticas neoliberais, mais fortemente aplicadas a partir da década de 80 na América Latina. E fez uma crítica aos projetos políticos de esquerda, pela ausência de uma alternativa. “O neoliberalismo, que esteve vigente no mundo desde a década de 80, fracassou. Mas a centro-esquerda não conseguiu formular o seu projeto econômico”.
Já Carlos Ominami, ex-senador chileno e diretor da Fundación Chile 21, homenageou o ex-presidente Lula. “Eu diria que Lula é o principal líder, a figura mais destacada do progressismo a nível global. Em uma época existiam dois: Nelson Mandela e Lula. Mandela se foi e Lula ficou. Por isso, por sua liderança no Brasil e no mundo, podemos dizer que tentaram acabar com ele, mas não conseguiram. Hoje Lula é maior do que antes”.
E comparou o golpe de estado no Brasil, em 2016, ao golpe vivido por Salvador Allende no Chile, na década de 70. “As ameaças à democracia existem e são muito sérias. E o Brasil é um exemplo disso. O golpe de estado em 2016 contra Dilma é, talvez, o fato mais grave da política latino-americana desde o golpe contra Salvador Allende”.
Brasil da esperança
O ex-primeiro ministro espanhol José Luís Rodrigues Zapatero, lembrou, em tempos de crise migratória, como o Brasil foi capaz de receber ao longo de sua histórias, ondas de imigrantes europeus, acolhendo, dando refúgio e oferecendo uma nova vida e construção do país. E que isso se seguiu até o presente, com os últimos governos progressistas do país.
“O Brasil é uma referência decisiva para a América Latina. O Brasil de Lula, da democracia, da esperança. Nunca se havia empenhado tanto na luta contra a pobreza e a miséria no mundo. Temos que reconhecer o seu compromisso em erradicar a pobreza extrema e a morte por fome. Minha geração pode ser a primeira que conhece o fim da mortalidade pela fome no mundo”, disse.
Zapatero, ao fim, pediu que o campo progressista não perca a esperança e a capacidade de pensar saídas para o neoliberalismo. “Todos os petistas, lulistas, todo o Brasil progressista, temos que demonstrar que não permitem que a democracia seja a superioridade dos mais poderosos. Não podemos perder a confiança em nós mesmos, no que representamos nos valores da esquerda, nos ideais, e saber que a democracia é sempre uma luta pela democracia.”, finalizou.

A História do Golpe — Ato 1: A derrubada de um governo legítimo

https://www.youtube.com/watch?v=GWpbxLJhgyc

Fim de uma era: o Reino Unido volta a nacionalizar estatais privatizadas, por Luis Nassif

Fim de uma era: o Reino Unido volta a nacionalizar estatais privatizadas, por Luis Nassif

Pioneira nas privatizações do serviço público, o Reino Unido promoveu, nos últimos dias, o controle estatal de uma prisão e uma ferrovia. Os dois episódios serviram de gancho para um balanço das privatizações inglesas pelo jornal francês Le Monde.
Chefe da Pesquisa da Unidade de Estratégia de Serviços Europeus, Dexter Whitfiel entende que se está chegando ao fim da era Thatcher. A reversão da tendência poderá ter repercussões profundas em outros países europeus.
O presídio foi nacionalizado depois de uma inspeção de Peter Clarke, diretor da Inspetoria Prisional Britânica, na penitenciária de Birmingham. Encontrou nos chuveiros roupas manchadas de sangue cercadas por excrementos de ratos; vestígios de vômito e sangue; um preso em estado de choque, sentado nas molas de uma cama que teve o colchão roubado por outros presos. Durante a inspeção, nove carros foram queimados em um estacionamento normalmente reservado para os funcionários.
No dia 16 de agosto, Clarke ordenou ao estado que assumisse a direção da prisão, que era administrada desde 2011 pela empresa privada G4S.
O caso foi explorado pela oposição. Sem admitir o fracasso das privatizações, o governo britânico nacionalizou diversas companhias privatizadas, como a companhia ferroviária East Coast Main Line, que operava trens em uma linha que ligava Londres a Edimburgo.
Tão influente que era tratada pela oposição como “a empresa que administra o Reino Unido”, a Carillion faliu. Ela operava centenas de cantinas escolares, limpava hospitais, fazia a manutenção de quartéis.
Pioneira nas privatizações, a Inglaterra está repensando radicalmente o modelo, diz a reportagem.
Liderados por Jeremy Corbyn, a oposição trabalhista está pedindo a nacionalização das principais empresas de água, eletricidade, gás e ferrovias. As pesquisas indicam que mais de três quartos dos ingleses são a favor.
O mesmo destino aguarda as PPPs (Parcerias Público-Privadas). Nos últimos dez anos, houve cerca de 50 PPPs por ano. Em 2017, apenas uma PPP havia sido concluída.
De acordo com o National Audit Office, as PPP se tornaram extremamente onerosas: os 700 contratos em andamento vão exigir reembolsos de 199 bilhões de libras (221 bilhões de euros) até a década de 2040.
Paradoxalmente, há enorme semelhanças com os excessos que ocorreram no antigo bloco soviético.
A privatização britânica foi radical. Privatizaram-se a água, a eletricidade, o gás e as ferrovias, e uma infinidade de serviços públicos do dia-a-dia, como call centers de prefeituras, estacionamentos e coleta de lixo, assistência social a pessoas com deficiência, reintegração de presos libertados sob fiança.
Entrevistada, Abby Innes, da London School of Economics, explicou que “ao tentar criar um mercado em áreas que não comportam mercado, o estado britânico teve que embarcar em um tipo de planejamento socialista".
Todas as PPPs são reguladas por contratos. Em projetos simples, como limpar hospitais ou cuidar de jardins, os contratos dão conta. Mas em áreas de difícil quantificação – como ajudar a reintegrar presos -, os abusos se tornaram comuns. E fica impossível quantificar, planejar e definir metas.
O mesmo ocorreu com os serviços públicos de água, gás e eletricidade.
Tanto Clement Attlee, que comandou as nacionalizações no pós-guerra, como Margareth Thatcher, que implementou as privatizações, diziam que importa a regulação. Mas, segundo Dieter Helm, professor da Universidade de Oxford, desde 1989 dezoito empresas mantêm monopólios regionais de água por prazos ilimitados. De 2007 a 2016, elas distribuíram 95% de seus lucros para acionistas. Portanto, reinvestiram apenas 5% no seu negócio. Em vez de ser reinvestido em benefício dos consumidores, o dinheiro fugiu do setor. Tudo graças à regulação implementada.
Não que a situação fosse melhor antes. Quando eram públicas, as empresas também foram subcapitalizadas pelo receio dos políticos em aumentar as tarifas.
Também nas ferrovias privatizadas não houve aumento de oferta de assentos e os preços aumentaram. Mas a solução não é meramente a nacionalização dos serviços, diz Helm.
Os trens, por exemplo, convivem com pistas não eletrificadas e com apenas uma linha de alta velocidade. Houve problemas de responsabilidade compartilhada na linha principal da costa leste, renacionalizada em maio. Para ganhar seu contrato, Virgin e Stagecoach prometeram pagar ao Estado 3,3 bilhões de libras (3,7 bilhões de euros) entre 2015 e 2023. Contavam com um aumento acentuado no número de passageiros, que deveria vir, em especial, de pistas melhoradas no norte da Inglaterra. Mas a Network Rail, a empresa nacionalizada que controla a rede ferroviária, não investiu.
Da mesma forma, a crise da prisão de Birmingham pode ter vindo da má gestão da G4S, mas não exclusivamente. Todas as penitenciárias estão em crise, porque a população carcerária dobrou desde a década de 1990 e o número de carcereiros caiu um terço desde 2010, com as políticas de austeridade implementadas.
O que impõe uma conclusão, segundo o Le Monde: sejam serviços subcontratados ou não, privados ou não, o Estado não pode fugir de sua responsabilidade como investidor e regulador.

Aula Pública Opera Mundi com Jessé de Souza: a elite faz a classe média de tola?

https://www.youtube.com/watch?v=tzl5-JIg_1A

20 Minutos - Qual a ligação dos EUA com a Lava Jato?

https://www.youtube.com/watch?v=jquYQiPAmr4

Fernando Morais: "Diga não ao bloqueio criminoso contra Cuba"

https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=ZiQ-xJgPIIQ

20 Minutos - Breno Altman: Venezuela - ditadura ou democracia?

https://www.youtube.com/watch?v=Ub0iYO1V_VA&t=2s

Jornalista que revelou o plano terrorista de Bolsonaro no Rio disse que ele a ameaçou de morte


Jornalista que revelou o plano terrorista de Bolsonaro no Rio disse que ele a ameaçou de morte. Por Kiko Nogueira

 





O croqui do plano de Bolsonaro na matéria da Veja

Em 1987, uma reportagem da Veja revelou que Jair Bolsonaro elaborou um plano terrorista para explodir bombas em quartéis e outros locais estratégicos no Rio de Janeiro.
Bolsonaro e outro militar, Fábio Passos, queriam pressionar o comando.
“Sem o menor constrangimento, Bolsonaro deu uma detalhada explicação sobre como construir uma bomba-relógio”, escreveu a repórter Cássia Maria.
“O explosivo seria o trinitrotolueno, o TNT, a popular dinamite. O plano dos oficiais foi feito para que não houvesse vítimas. A intenção era demonstrar a insatisfação com os salários e criar problemas para o ministro Leônidas Pires Gonçalves. De acordo com Bolsonaro, se algum dia o ministro do Exército resolvesse articular um golpe militar, ‘ele é que acabaria golpeado por sua própria tropa, que se recusaria a obedecê-lo’”.
Leônidas tentou desmentir a história, mas a revista publicou desenhos feitos à mão pelo próprio Bolsonaro, mostrando a adutora de Guandu, que abastece o Rio, e o rabisco de uma carga de dinamite.
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Documentos foram publicados pelo DCM com exclusividade.
O STM, por nove votos a quatro, considerou–o inocente, mesmo depois de uma comissão interna do Exército, chamada de Conselho de Justificação, tê-lo excluído do quadro da Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) e de suas explicações não terem sido consideradas satisfatórias.
Bolsonaro alegou que não conhecia Cássia. E depois a ameaçou de morte, contou ela.
Cássia afirma que, quando se preparava para depôr no caso, encontrou Bolsonaro.
Ele fez um gesto com as mãos, como se estivesse disparando uma arma contra ela. “Você vai se dar mal”, disse-lhe.
Cássia passou a precisar de proteção policial.
A história foi registrada na revista e no Jornal do Brasil (abaixo, os recortes).
Trinta e um anos depois, esse sujeito é líder nas pesquisas eleitorais, com basicamente os mesmos métodos.





























EX-MULHER REVELOU AMEAÇA DE MORTE DE BOLSONARO, SEGUNDO ITAMARATY