terça-feira, 18 de julho de 2017

COMO O PROCESSO DE SONEGAÇÃO DA GLOBO SUMIU DA RECEITA

Como o processo de sonegação da Globo sumiu da Receita

Joaquim de Carvalho

No dia 2 de julho do ano passado, um grupo de blogueiros, com o Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé e o Mega Cidadania à frente, foi ao Ministério Público Federal no Rio de Janeiro e entregou uma representação com 25 páginas do processo da Receita Federal em que os donos da TV Globo são responsabilizados pela prática de crime contra a ordem tributária.

O procurador recebeu os documentos e encaminhou para a Polícia Federal, que abriu inquérito. “Tinha grande esperança de que o crime fosse, finalmente, apurado, em razão da independência do Ministério Público”, diz Alexandre César Costa Teixeira, autor do blog Mega Cidadania.

No último 7 de outubro, dois dias depois do primeiro turno das eleições, o inquérito foi arquivado, por decisão do delegado Luiz Menezes, da Delegacia Fazendária da Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro. A decisão teve endosso do Ministério Público e foi acatada pela 8ª Vara Federal Criminal do Estado.

“A frustração é muito grande. Eu me empenhei muito para que esse caso não ficasse impune”, disse Alexandre, ao saber que a representação dele e de seus amigos acabou no arquivo da Justiça Federal.

“Eles não chamaram nenhum de nós para depor, mesmo sabendo que fomos nós que conseguimos as páginas do processo que havia desaparecido da Receita. É um absurdo”, afirma. “O sentimento é de indignação”, diz ele, que já foi funcionário do Banco do Brasil e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

Alexandre faz parte de uma rede que atuou na internet, em junho do ano passado, para fortalecer as manifestações de rua. Foi ele quem entregou a Miguel do Rosário, do site O Cafezinho, os documentos que incriminavam a Globo, o que provocou, em julho de 2013, uma manifestação em frente à porta da Globo, na rua Von Martius, Jardim Botânico, em que foram distribuídos adesivos com a frase “Sonegação é a maior corrupção”.

O processo desapareceu da Receita Federal no dia 2 de janeiro de 2007, quando já estava separado para que uma cópia fosse encaminhada ao Ministério Público Federal, com uma representação para fins penais, em que Roberto Irineu Marinho, João Roberto Marinho e José Roberto Marinho são apontados como responsáveis por crimes contra a ordem tributária.

Uma investigação da Receita Federal apontou a agente administrativa Cristina Maris Meinick Ribeiro como responsável pelo sumiço. A prova mais forte contra ela é um vídeo que registra a sua entrada e saída da Delegacia da Receita Federal.

Na entrada, Cristina Maris aparece com uma bolsa. Na saída, além da bolsa, ela tem uma sacola, onde, segundo testemunhas, estavam as três pastas do processo.

Seis meses depois do crime, a agente administrativa acabou presa, a pedido do Ministério Público Federal, mas ficou apenas dois meses e meio atrás das grades.

Sua defesa, formada por cinco advogados, conseguiu no Supremo Tribunal Federal um habeas corpus, numa decisão em que o relator foi o ministro Gilmar Mendes.

Em janeiro de 2013, Cristina Maris foi condenada a 4 anos e onze meses de prisão. O juiz que assina a sentença escreveu que Cristina agiu “com o evidente propósito de obstar o desdobramento da ação fiscal que nele se desenvolvia, cujo montante ultrapassava 600 milhões de reais.”

No mesmo processo em que foi condenada por ajudar a Globo, Cristina Maris respondeu à acusação de interferir no sistema de informática da Receita Federal para dificultar a cobrança de impostos de outras três empresas.

Cristina Maris vive hoje num apartamento da Avenida Atlântica, esquina com a Rua Hilário de Gouveia, em Copacabana, mas não dá entrevista. Informado de que eu gostaria de conversar com ela, o porteiro acionou o interfone e, depois de falar com alguém, disse que ela não estava.

O processo da Receita Federal permaneceu desaparecido até que Alexandre conseguiu com um amigo cópia de 25 páginas do processo e as entregou para Miguel do Rosário, que publicou em O Cafezinho.

Eu fui apresentado ao amigo de Alexandre em um apartamento no centro da cidade. Sob condição de não ter seu nome revelado, ele me levou, no dia seguinte, a uma casa no subúrbio carioca, e ali telefonou para outra pessoa, a quem pediu para trazer “a bomba”.

Não eram apenas 25 páginas, mas o processo inteiro, original.

Meia hora depois, chegaram dois homens, um deles com uma mochila preta nas cotas.

Abrigaram a mochila e tiraram de dentro os dois volumes do processo, mais o apenso.

Os documentos são originais, inclusive os ofícios da TV Globo, em papel timbrado, em que a empresa, questionada, entrega os documentos exigidos pela Receita Federal.

Alguns desses documentos são os contratos em que a Globo, segundo o auditor fiscal Alberto Sodré Zile, simula operações de crédito e débito com empresas abertas no Uruguai, Ilha da Madeira, Antilhas Holandesas, Holanda e Ilhas Virgens Britânica, a maior parte delas paraísos fiscais.

Esses contratos, que o auditor Zile classifica como fraude, têm a assinatura de Roberto Irineu Marinho e de João Roberto Marinho. TV Globo, Power, Porto Esperança, Globinter, Globo Overseas são algumas das empresas que fazem negócios entre si para, ao final, adquirir uma empresa nas Ilhas Virgens Britânicas, a Empire, que tinha como sede uma caixa postal compartilhada com Ernst & Young Trust Corporation e detinha os direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002.

Analisada superficialmente, a papelada indica que a Globo tem uma intensa atividade internacional, e está em busca de novos espaços no exterior. Vistos com lupa, como fez o auditor da Receita Federal, esses documentos mostram que tudo não passou de simulação.

As empresas são todas controladas pela família Marinho e os contratos são de mentirinha. No fundo, o que a Globo busca é se livrar do imposto de renda que deveria ser pago na fonte, ao comprar os direitos de transmissão da Copa do Mundo.

O amigo de Alexandre esclarece que os dois homens que guardam a bomba não pertencem à quadrilha que faz desaparecer processos das repartições públicas do Rio de Janeiro, a qual a ex-funcionária da Receita Federal Cristina Maris prestou serviço.

Os processos estiveram em poder da quadrilha até que o amigo de Alexandre conseguiu resgatá-lo da única maneira que se negocia com bandidos: pagando o preço do resgate. Ele não diz o valor.

Alexandre recebeu os originais e quis entregá-los à Polícia Federal num fim de semana. Mas, ao saber que se tratava do inquérito da Globo, o delegado de plantão teria se recusado a ficar com os documentos.

Alexandre decidiu então esperar ser chamado para depor, oportunidade em que entregaria uma cópia do processo ou mesmo o original, caso o delegado quisesse. Mas a intimação que ele esperava receber nunca chegou.

“Dizem que o processo da Receita Federal foi remontado, com cópias fornecidas pela Globo. Seria interessante comparar o original com esse processo remontado, se é que foi remontado”, afirma.

Na sexta-feira da semana passada, eu procurei o delegado encarregado do inquérito, Luiz Menezes.

Quando perguntei do inquérito, ele disse: “Esse inquérito já foi relatado e foi para a justiça federal.” Quando perguntei sobre a conclusão dele, respondeu: “Arquivo”. Por quê? “A Globo apresentou o DARF de recolhimento do imposto.” O senhor se lembra de quanto era o DARF? “Não”.

Na 8ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, a informação que obtive é que, no dia 7 de outubro, o processo deixou de existir, tomando o caminho do arquivo, como sugerido pelo delegado, com a anuência do Ministério Público Federal.

Sobre a hipótese de ter havido crime de lavagem de dinheiro, cuja punibilidade não é extinta mesmo com o pagamento de imposto atrasado, o delegado Luiz Menezes não quis falar.

Por que um processo que desapareceu dos escaninhos da Receita Federal em janeiro de 2007, beneficiando a TV Globo, sobreviveu no submundo do crime?
Segundo o amigo de Alexandre, a situação saiu do controle da Globo quando o processo caiu nas mãos de um homem que tentou extorquir dinheiro da empresa.

“A Globo pagou para fazer desaparecer o processo da Receita e teria que pagar de novo”, diz.

Aqui entra uma versão em que é difícil separar a lenda da verdade.

Com a ajuda de um aparato policial amigo, a Globo teria tentado retomar os documentos à força, mas a operação falhou, e o processo continuou no submundo até que foi trazido à luz pela militância na internet.

Hoje, mesmo contendo informações de teor explosivo, as autoridades querem distância do processo.

“A Globo é blindada. Nós tentamos chamar a atenção para o problema, mas ninguém se dispõe a ouvir”, diz Alexandre.

Na época da Copa, Alexandre procurou as empresas de outdoor do Rio de Janeiro, para divulgar um anúncio em que informa da existência do processo e pede a apuração.

A campanha era assinada pelos blogueiros, mas nenhuma empresa de outdoor aceitou abrigar a mensagem.

Enquanto órgãos oficiais não investigam o caso, o processo da Receita Federal que envolve a Globo continuará sendo transportado em mochilas no subúrbio do Rio de Janeiro.


Artigo de Fidel: o irmão Obama


Artigo de Fidel: o irmão Obama
“Não necessitamos que o império nos presenteie com nada”
28 de março de 2016

Fidel Castro. Foto: Roberto Chile
Os reis da Espanha nos trouxeram os conquistadores e proprietários, cujas marcas ficaram nos fardos circulares de terras concedidos aos buscadores de ouro nas areias dos rios, uma forma abusiva e vergonhosa de exploração, cujos vestígios podem ser vistos do ar em muitos lugares do país.
O turismo hoje, em grande parte, consiste em mostrar as delícias das paisagens e saborear as iguarias alimentares de nossos mares, e sempre que se compartilha com o capital privado das grandes corporações estrangeiras, cujos lucros caso não obtenham milhares de milhões de dólares per capta, não são dignos de atenção nenhuma.
Já que me vi obrigado a mencionar o tema, devo acrescentar, principalmente para os jovens, que poucas pessoas percebem a importância de tal condição neste momento singular da história humana. Não direi que o tempo se perdeu, porém não vacilo em afirmar que não estamos suficientemente informados, nem vocês e nem nós, acerca dos conhecimentos e das consciências que deveríamos ter para enfrentar as realidades que nos desafiam. O primeiro a ser considerado é que nossas vidas são uma fração histórica de segundo, que é preciso compartilhar também com as necessidades vitais de todo ser humano. Uma das características deste é a tendência à supervalorização de seu papel, o qual contrasta por outro lado com o número extraordinário de pessoas que encarnam os sonhos mais elevados.
Ninguém, no entanto, é bom ou é mau por si só. Nenhum de nós está projetado para o papel que deve assumir na sociedade revolucionária. Em parte, os cubanos tiveram o privilégio de contar com o exemplo de José Martí. Pergunto-me, inclusive, se tinha que cair ou não em Dos Ríos, quando disse “para mim é hora”, e se lançou contra as forças espanholas entrincheiradas em uma sólida linha de fogo. Não queria regressar aos Estados Unidos e não tinha quem o fizesse voltar. Alguém arrancou algumas folhas de seu diário. Quem carregou essa pérfida culpa, sem dúvida, que foi obra de algum intrigante inescrupuloso? Conhecem-se diferenças entre os Chefes, porém jamais indisciplinas. “Quem tentar apropriar-se de Cuba colherá o pó de seu solo encharcado de sangue, se não perecer na luta”, declarou o glorioso líder negro Antonio Maceo. Reconhece-se igualmente em Máximo Gómez, o chefe militar mais disciplinado e discreto de nossa história.
Olhando-o de outro ângulo, como não admirar-se com a indignação de Bonifacio Byrne quando, da distante embarcação que o trazia de volta a Cuba, ao avistar outra bandeira junto à da estrela solitária, declarou: “Minha bandeira é aquela que não foi jamais mercenária...”, para acrescentar de imediato uma das mais belas frases que escutei: “Se desfeita em pequenos pedaços chega a ser minha bandeira algum dia... nossos mortos levantando os braços saberão defendê-la, todavia!...”. Tampouco esquecerei as inflamadas palavras de Camilo Cienfuegos naquela noite, quando a várias dezenas de metros, bazucas e metralhadoras de origem norte-americana nas mãos contrarrevolucionárias, apontavam para o terraço onde estávamos parados. Obama nasceu em agosto de 1961, como ele mesmo explicou. Mais de meio século se passou desde aquele momento.
Vejamos, assim, como pensa hoje nosso ilustre visitante:
“Vim aqui para deixar para trás os últimos vestígios da guerra fria nas Américas. Vim aqui estendendo a mão da amizade ao povo cubano”.
De imediato, um dilúvio de conceitos, inteiramente inovadores para a maioria de nós:
“Ambos vivemos em um novo mundo colonizado por europeus”. Prosseguiu o Presidente norte-americano. “Cuba, assim como os Estados Unidos, foi constituída por escravos trazidos da África. Assim como os Estados Unidos, o povo cubano tem heranças em escravos e escravistas”.
As populações nativas não existem para nada na mente de Obama. Tampouco diz que a discriminação racial foi varrida pela Revolução; que a aposentadoria e o salário de todos os cubanos foram decretados por esta antes que o senhor Barack Obama fizesse 10 anos. O odioso costume burguês e racista de contratar capangas para que os cidadãos negros fossem expulsos de centros de recreação foi varrida pela Revolução Cubana. Esta passaria para a história pela batalha que liderou em Angola contra o apartheid, pondo fim à presença de armas nucleares em um continente de mais de um bilhão de habitantes. Não era esse o objetivo de nossa solidariedade, mas ajudar os povos de Angola, Moçambique, Guiné Bissau e outros do domínio colonial fascista de Portugal.
Em 1961, apenas dois anos e três meses depois do Triunfo da Revolução, uma força mercenária com canhões e infantaria blindada, equipada com aviões, foi treinada e acompanhada por navios de guerra e porta-aviões dos Estados Unidos, atacando de surpresa nosso país. Nada poderá justificar aquele premeditado ataque que custou a nosso país centenas de baixas entre mortos e feridos. Da brigada de assalto pró-ianque, em nenhuma parte consta que tenha evacuado um só mercenário. Aviões ianques de combates foram apresentados ante as Nações Unidas como grupos de cubanos sublevados.
É bem conhecida a experiência militar e o poderio desse país. Na África acreditaram igualmente que a Cuba revolucionária seria posta facilmente fora de combate. O ataque pelo Sul de Angola por parte das brigadas motorizadas da África do Sul racista os levou até as proximidades de Luanda, a capital deste país. Aí, se iniciou uma luta que se prolongou não menos que 15 anos. Não falaria sequer disto, a menos que tivesse o dever elementar de responder ao discurso de Obama no Gran Teatro de La Habana Alicia Alonso.
Não tentarei, tampouco, dar detalhes, apenas enfatizar que ali se escreveu uma página honrosa da luta pela libertação do ser humano. De certa forma, eu desejava que a condita de Obama fosse correta. Sua origem humilde e sua inteligência natural eram evidentes. Mandela esteve preso por toda vida e se converteu em um gigante da luta pela dignidade humana. Um dia chegou a minhas mãos uma cópia do livro que narra parte da vida de Mandela e – oh, surpresa! – o prólogo era de Barack Obama. O folheei rapidamente. Era incrível o tamanho da minúscula letra de Mandela precisando dados. Valeu a pena conhecer homens como aquele.
Sobre o episódio da África do Sul, devo assinalar outra experiência. Eu estava realmente interessado em conhecer mais detalhes sobre a forma com que os sul-africanos adquiriram as armas nucleares. Só tinha a informação muito precisa de que não passavam de 10 ou 12 bombas. Uma fonte segura seria o professor e investigador Piero Gleijeses, que redigiu o texto de “Missões em conflito: Havana, Washington e África 1959-1976”. Um trabalho excelente. Eu sabia que ele era a fonte mais segura do ocorrido e assim o contatei. Respondeu-me que ele não falava mais do assunto, porque no texto respondeu às perguntas do companheiro Jorge Risquet, que foi embaixador ou colaborador cubano em Angola, muito amigo seu. Localizei Risquet. Já em outras importantes ocupações, estava terminando um curso, faltando várias semanas. Essa tarefa coincidiu com uma viagem bastante recente de Piero a nosso país. Advertiu-me que Risquet já era idoso e sua saúde não era ótima. Em poucos dias ocorreu o que eu temia. Risquet piorou e faleceu. Quando Piero chegou não tinha nada a fazer exceto promessas, porém eu já tinha conseguido informação sobre as armas e a ajuda que a África do Sul racista recebeu de Reagan e Israel.
Não sei o que Obama tem a dizer agora sobre esta história. Ignoro se sabia ou não, ainda que seja muito questionável que não soubesse de absolutamente nada. Minha modesta sugestão é que reflita e não tente agora elaborar teorias sobre a política cubana.
Há uma questão importante:
Obama pronunciou um discurso no qual utiliza as palavras mais melosas para expressar: “É hora de esquecermos o passado. Deixemos o passado, olhemos o futuro, olhemos juntos para ele, um futuro de esperança. E não será fácil, existirão desafios e, por isso, vamos dar tempo ao tempo. Porém, minha estadia aqui me dá mais esperanças do que podemos fazer juntos como amigos, como família, como vizinhos... juntos”.
Supõe-se que cada um de nós corria o risco de um infarto ao escutar estas palavras do Presidente dos Estados Unidos. Após um bloqueio impiedoso que durou quase 60 anos, mais os que morreram nos ataques mercenários a barcos e portos cubanos, a explosão de um avião repleto de passageiros em pleno voo, invasões mercenárias, múltiplos atos de violência e de força?
Não existe a ilusão de que o povo deste nobre e abnegado país renunciará à glória, aos direitos e à riqueza espiritual que ganhou com o desenvolvimento da educação, da ciência e da cultura.
Advirto, também, que somos capazes de produzir os alimentos e as riquezas materiais de que necessitamos com o esforço e a inteligência de nosso povo. Não necessitamos que o império nos presenteie com nada. Nossos esforços serão legais e pacíficos, porque é nosso compromisso com a paz e a fraternidade de todos os seres humanos que vivem neste planeta.
Descrição: http://www.cubadebate.cu/wp-content/uploads/2016/03/Firma-de-Fidel-27-de-marzo-de-2016-150x125.jpg
Fidel Castro Ruz
27 de março de 2016
22:25

Fonte: http://www.cubadebate.cu/especiales/2016/03/28/articulo-de-fidel-el-hermano-obama/#.VvmpSzEUP46
Tradução: Partido Comunista Brasileiro (PCB)


Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares






Mais além da condenação de Lula!
(Ernesto Germano Parés)
Certo, entendo que duas grandes questões envolveram todos os que se interessam por política e por cidadania no país: a condenação de Luís Inácio Lula da Silva por um “juizeco” de quinta vara e a absolvição de Michel Temer em uma grande maracutaia com a troca de deputados para garantir a maioria dos votos na Comissão.
Sobre a condenação de Lula, sinceramente, não creio que alguém minimamente informado esperasse que o “juizeco” o liberasse depois de quase quatro anos de teatro através da mídia, não é? O que nos deve interessar, de agora em diante, é qual será a atitude dos partidos de esquerda e dos sindicatos diante do novo quadro, ainda que todos comentem sobre a possibilidade de recursos, julgamento em instâncias superiores, denúncias feitas internacionalmente, etc.
Estamos diante de um dos maiores avanços já conhecidos nesse retorno do neoliberalismo na nossa região. É verdade que os golpes em Honduras, no Paraguai e na Argentina foram muito difíceis para o povo desses países que estão sofrendo duramente com a reimplantação da receita do FMI e seus similares, mas o caso brasileiro está sendo ainda mais violento, mais avassalador, mais cruel.
Na sessão do Senado Federal que deveria votar a reforma trabalhista, na terça-feira (11), aconteceu de tudo! As manobras do bloco governista/patronal para aprovar “de qualquer maneira” as mudanças que retiram direitos históricos dos trabalhadores foram de todos os tipos: compra de votos de senadores através de negociação de cargos para parentes e amigos; intimidações e até mesmo manobras não regimentais do presidente da Casa, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE). Contrariado com o protesto dos partidos de oposição, o “digníssimo” desligou os microfones, apagou as luzes do plenárioe e se retirou soberbamente.
A senadora Fátima Bezerra (PT-RN), acompanhada das senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Vanessa Grazziotin (PC do B- AM) haviam tomado a mesa diretora e se recusavam a sair, como forma de protesto. O covarde nem sequer tentou argumentar com as senadoras e, ainda em pé, suspendeu a sessão.
Mas o governo golpista fez valer sua maioria e seus atos ilegais. Na mesma noite a votação foi retomada e o Senado Federal aprovou a chamada reforma trabalhista-sindical (PLC 38/17). Para completar, o plenário bem orquestrado e domesticado rejeitou 178 emendas de senadores. O PT apresentou dois destaques para votação em separado (DVS) retirando da reforma o trabalho intermitente e a presença de gestantes e lactantes em locais insalubres. O PSB tentou derrubar a prevalência do negociado sobre o legislado. Mas o plenário também derrubou os destaques.
Aprovado pelos senadores capachos, o PLC 38/17 seguiu para o golpista Temer que o sancionou sem vetos na quinta-feira (13). E o quadro social brasileiro só tente a ficar ainda mais difícil.
A reforma trabalhista, aprovada na terça-feira (11) no Senado, além da retirada de uma grande quantidade de direitos dos trabalhadores, banaliza o trabalho escravo e dificulta o seu combate, de acordo com especialistas que atuam na erradicação do crime no país.
Ainda que a reforma não altere a forma como o trabalho escravo é caracterizado pela legislação, o texto traz várias mudanças na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que afetam o combate ao crime. Entre elas, estão a ampliação da terceirização, a contratação de autônomos de forma irrestrita, e a possibilidade de aumentar a jornada de trabalho e de reduzir as horas de descanso.
À frente da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério Público do Trabalho (Conaete), o procurador Maurício Ferreira Brito chama a atenção para os direitos que poderão ser negociados entre patrões e empregados, o chamado “negociado sobre o legislado”. Segundo ele, “a depender do que se negocie, você pode legalizar práticas do trabalho escravo”.
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) prepara uma edição especial da Jornada de Debates sobre a reforma trabalhista. A ideia é avaliar os impactos da nova legislação nas relações do trabalho e discutir ações para as centrais sindicais enfrentarem a conjuntura de retrocessos de direitos.  “O Dieese junto com dirigentes de centrais sindicais já estão preparando uma série de debates para pensar estratégias de condução das campanhas salariais, por exemplo. A legislação entra em vigor nos próximos 120 dias e precisamos nos preparar para enfrentar cada aspecto das novas regras”, afirmou o diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, em entrevista à Rádio Brasil Atual. “Precisamos reverter a situação na luta cotidiana enfrentando o que essa legislação pretende que é dar segurança às empresas para precarizarem as condições de trabalho”, enfatizou o diretor.
O início dessas jornadas de debate deve ocorrer dia no próximo dia 27 de julho, em São Paulo. O lançamento será transmitido pela internet. Acompanhe mais informações na página do Dieese.
Veja quadro comparativo com as mudanças na CLT:
http://www.diap.org.br/images/stories/CLT-COMPARADA%20-%20Prof.%20Danilo%20Gaspar.pdf
País mergulhado em crise! Excelente o novo trabalho produzido pelo Dieese mostrando a crise econômica em que o país afunda e desmascarando as falsas “boas notícias” divulgadas pelos golpistas que se apossaram do país.
Os fatos são tão óbvios que não podem ser contestados seja lá por quem for. “Pouco mais de um ano depois de assumir o poder central, o governo liderado por Michel Temer mostra-se incapaz de conduzir o país para a normalidade política e econômica. Envolto em sucessivas crises, com baixíssima aceitação popular, fragilizado politicamente e denunciado por corrupção pela Procuradoria Geral da República, o governo não reúne condições de liderar a retomada de um novo ciclo de crescimento”, diz o documento em sua introdução.
As críticas do Departamento são muito claras: “As tentativas de reativar a economia estão limitadas a reformas que aumentam o empobrecimento das parcelas mais carentes e necessitadas da população, que têm no sistema de Seguridade Social a única possibilidade de viver com certa dignidade. Além disso, seguindo o mesmo ideário, propõe uma reforma trabalhista que desregulamenta o mercado de trabalho, legaliza formas precárias de contratação, reduz os ganhos dos trabalhadores e enfraquece os sindicatos, diminuindo a capacidade de organização e resistência dos trabalhadores. Sob o pretexto de aumentar a eficiência e competitividade da economia, a reforma trabalhista irá suscitar, com os retrocessos nela contidos, tensões e confrontos desnecessários às relações já difíceis entre capital e trabalho”.
E o trabalho alerta para um importante ponto que temos destacado em nosso Informativo. “Com o uso intensivo dos meios de comunicação de massa, especialmente a televisão, o governo tenta ‘vender’ os dois projetos como se fossem a salvação da lavoura. Chantageando a sociedade, insiste que, sem a aprovação das duas reformas, o Brasil não retornará ao crescimento e que, por isso mesmo, elas são imprescindíveis. Contribuem e reforçam essa lógica falaciosa importantes formadores de opinião, nos grandes veículos de comunicação e na academia”.
Como já demonstramos em números anteriores do Informativo, o documento do Dieese desmascara a tal “retomada econômica” comemorada por Temer e Meirelles. Tudo uma grande farsa.
Comprovando a ampliação da crise. Contrariando os discursos oficiais dos golpistas, a maior parte dos brasileiros chega ao segundo semestre de 2017 sem ainda ter notado melhora no quadro econômico. Um levantamento feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional e Dirigentes Lojistas (CNDL) com consumidores de todas as regiões, idades e classes sociais revela que, na comparação com 2016, 80% dos brasileiros tiveram de fazer cortes no orçamento ao longo do primeiro semestre deste ano para lidar com os efeitos da crise.
O principal item cortado por esses consumidores foi a alimentação fora de casa, citado por seis em cada 10 (57%) pessoas. Outros produtos e serviços que também deixaram de ser prioridades para o brasileiro foi a aquisição de roupas, calçados e assessórios (55%), idas a bares e restaurantes (53%), gastos com lazer e cultura, como cinema e teatro (51%), viagens (51%), idas a salões de beleza (50%) e a compra de itens supérfluos nos supermercados (50%).
A avaliação que os entrevistados fazem do desempenho da economia do país como um todo também vai na mesma direção: para 39% dos entrevistados, as condições da economia brasileira pioraram nos seis primeiros meses deste ano em relação ao ano passado, enquanto para 38%, ela se manteve do mesmo jeito. De modo inverso, apenas 19% acreditam que houve melhora ao longo do período.
Outro dado que demonstra o alcance da crise é que 57% dos brasileiros passaram a fazer bicos e trabalhos extras para complementar a renda de casa. O desemprego bateu à porta de 36% dos consumidores ouvidos e pouco mais de um terço (35%) precisou recorrer a empréstimos bancários ou ajuda de familiares para organizar o orçamento. Há ainda, 26% de entrevistados que para conseguir algum dinheiro tiveram de vender algum bem.
Resultado do dinheiro mais curto é que 38% dos entrevistados foram parar nos cadastros de inadimplentes pelo não pagamento das contas. Mais da metade (51%) dos consumidores admitiram ter ficado vários meses ao longo deste ano com as contas no vermelho e 56% não estão conseguindo pagar todas as contas em dia.
E o quadro não deve melhorar, para os entrevistados. A maior parte (47%) mostra-se desacreditada da possibilidade de crescimento da economia brasileira ainda neste ano. Apenas 29% dos brasileiros nutrem alguma esperança de que o país volte a crescer ainda em 2017.
MST ocupa área que era usada pelo tráfico de drogas! (Comunicação MST no Paraná / Da Página do MST) Na manhã de terça-feira (11) cerca de 300 integrantes do MST ocuparam a Fazenda Besouro, no município de Catanduvas, região oeste do Paraná.
A fazenda, com 76 alqueires, pertencia a um grupo do tráfico de drogas, que já foi julgado e passado para a União.
Segundo a coordenação do movimento, a área deve ser destinada à Reforma Agrária, pois já foi julgada, e não há mais instâncias para recorrer dessa decisão.
No Paraná, existem mais de 10 mil famílias acampadas, em diversas regiões do estado. No último período, houve uma ofensiva para cima desses acampamentos, com reintegração de posse em áreas com mais de 12 anos.
O MST reafirma seu compromisso com a Reforma Agrária, e exige o assentamento imediato para as famílias acampadas no estado.
Brasil: lei do cão! Um estudo publicado na quinta-feira (13) pela ONG Global Witness apontou que o Brasil é o país mais perigoso do mundo quando se trata de questões agrárias. Segundo dados publicados pela organização, 49 pessoas que defendiam causas ambientais e rurais foram assassinadas em 2016.
A ONG ainda afirma que a indústria madeireira estaria ligada a 16 assassinatos, enquanto que grandes proprietários de terra seriam responsáveis por inúmeras mortes na Amazônia. Para a Global Witness, “o Brasil tem sido sistematicamente o país mais funesto para defensores e defensoras do meio ambiente e da terra”.
Para a Comissão Pastoral da Terra (CPT) os assassinatos podem ser atribuídos “ao avanço agressivo, com respaldo estatal, de projetos empresariais - incluindo agronegócios, mineradoras e empresas de energia - sobre as terras de comunidades indígenas e tradicionais, assim como de pequenos agricultores, os quais têm organizado uma crescente resistência coletiva para enfrentar o problema”.
Ainda de acordo com a CPT, “as raízes do conflito encontram-se na história do colonialismo e da escravidão no Brasil, e o fato de o governo nunca ter resolvido os problemas estruturais do setor agrário”. Segundo dados da Comissão, o número de assassinatos por conflitos no campo em 2016 no Brasil foi o maior em 13 anos e desde janeiro de 2017, 46 pessoas foram mortas devido a conflitos de terra.
Venezuela e Rússia desenvolverão projetos conjuntos na área de energia. Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, e Vladimir Putin, presidente russo, realizaram uma reunião telefônica na segunda-feira (10) para analisar projetos conjuntos no setor de combustíveis e energia. O informe foi divulgado pelo departamento de imprensa do Kremlin.
Na conversa ficou claro que os projetos são de interesse estratégico para os dois países e Maduro aproveitou para colocar Putin a par das medidas tomadas pelo seu Governo para normalizar a situação interna e sobre as ações dos terroristas que tentam desestabilizar o processo democrático para eleição da nova Assembleia Nacional Constituinte.
O terrorismo da direita na Venezuela. Os mercenários pagos por Washington já não se limitam a ações contra o Governo e sabotagens contra a economia venezuelana. Agora passaram abertamente a agredir pessoas que defendem o governo de Maduro, aos melhores métodos das milícias fascistas!
Caracterizados como “crimes de ódio”, essas ações são praticadas contra cidadãos por várias razões: opção sexual, religião, condição socioeconômica, nacionalidade ou ideologia. E o que está acontecendo na Venezuela é uma verdadeira onda desses crimes praticados por grupos de extrema direita e provocadores treinados pela CIA.
A – no dia 26 de junho, um grupo de pessoas encapuçadas queimou e apunhalou Giovanny González, de 24 anos, porque achavam que ele era chavista. O fato aconteceu no município de Chacao, estado de Miranda, uma região com frequentes atos violentos e atentados da chamada “oposição”; B – em Cadudare, no estado de Lara, um grupo violento golpeou selvagemente um tenente aposentado da Guarda Nacional Bolivariana, Danny José Subero. A agressão aconteceu no dia 27 de maio e Danny José foi torturado e depois atingido por dois tiros, vindo a morrer; C – o jovem Orlando Figuera morreu depois de ser linchado e queimado vivo por um grupo violento de setores da oposição, porque “parecia” estar defendendo o Governo. O fato ocorreu no dia 20 de maio.
São muitos relatos e são preocupantes. Segundo relatórios oficiais, já são 97 pessoas assassinadas por esses grupos chamados de “oposição”.
Começa a campanha para a Assembleia Nacional Constituinte. Os mais de seis mil aspirantes à Assembleia Nacional Constituinte iniciaram na segunda-feira (10) a campanha eleitoral. Eles devem percorrer todo o país com o objetivo de esclarecer suas propostas.
Mais de 4.800.000 venezuelanos se mobilizaram no domingo (09), nos 335 municípios do país, para dar início à campanha eleitoral. “Esta mobilização foi uma demonstração de força, alegria e paz que mostra a realidade na Venezuela, pessoas que trabalham e saem de casa todos os dias para ajudar na solução dos nossos problemas, pessoas que querem construir o futuro. A verdadeira Venezuela que deseja um país de justiça e igualdade, com diálogo e paz”, disse Héctor Rodríguez, atual presidente do processo da Assembleia Nacional Constituinte.
Mas a direita não quer paz. No mesmo dia em que iniciava a campanha para a Assembleia Nacional Constituinte, José Luis Rivas Aranguren, candidato de 41 anos e que representava motoristas profissionais, foi assassinado com vários tiros.
Ele foi atacado durante um ato de campanha no estado de Aragua. Vários candidatos estavam presentes durante o incidente e relatam que quando José Luis se preparava para iniciar seu discurso uma pessoa que estava na plateia fez os disparos e fugiu do local.
México rico? Uma empresa privada, a Talos Energy, anunciou durante a semana a descoberta de uma nova jazida de petróleo localizada a 60 quilômetros da costa de Dos Bocas, em Veracruz. O consórcio é composto por duas empresas estrangeiras (Talos Energy e Premier Oil) e a mexicana Sierra Oil.
Segundo informações iniciais, a estimativa é de que o novo poço tenha entre 1 bilhão e 400 milhões até 2 bilhões de barris de petróleo e as perfurações do poço tiveram início no dia 21 de maio
“Esta é uma descoberta histórica e significativa. Acreditamos que essa descoberta representa exatamente os objetivos da reforma energética: novos capitais, novos participantes e um espírito de inovação que permitirá gerar mais empregos locais e renda para o Governo”, disse o diretor executivo da Talos, Tim Duncan, em um perfeito exemplo de discurso neoliberal. E nem ficou com a cara vermelha!
Pobre México! 32.318 pessoas “desapareceram” no México desde 2006. A informação foi publicada pelo Sistema Nacional de Segurança Pública da Secretaria de Governo.
Hoje no México as pessoas desaparecidas somam o dobro de todas aquelas que desapareceram durante as ditaduras na Argentina e no Chile em meados dos anos 1970. O problema é que, para a comunidade internacional, o México é um país democrático com um governo legitimamente eleito. Esse é apenas um disfarce que esconde, de maneira não muito velada, desaparecimentos focados, práticas de tortura, cumplicidade entre o crime organizado e o governo. Hoje se pode afirmar que o “desaparecimento forçado” é uma prática usada de maneira sistemática pelo Estado, como repetem, escrevem e demonstram ativistas, jornalistas e acadêmicos com pesquisas, dados e relatos.
Pobreza atinge jovens argentinos. Um estudo realizado pela Universidade Católica Argentina (UCA) indicou que seis de cada dez crianças argentinas com até 17 anos vivem em situação de pobreza estrutural.
Os critérios utilizados pelo Observatório da Dívida Social da Infância, órgão da UCA foram divididos em seis áreas específicas. A análise é feita levando-se em conta o acesso dos jovens a alimentação, saneamento, moradia, saúde, informação e educação.
O estudo indicou que 7,6 milhões de crianças vivem em situação de vulnerabilidade no país. O levantamento realizado pela universidade ainda apontou que, atualmente, 58,7% das crianças da Argentina com até 17 anos vivem privadas de algum das seis áreas analisadas.
Em maio, o Observatório da Dívida Social Argentina da UCA divulgou outro estudo apontando que a pobreza urbana no país havia chegado a 32,9%, somando o maior percentual em sete anos.
A pesquisa ainda mostrou que 2,7 milhões de pessoas vivem em situação de rua no país. Este número representa 6,9% da população argentina.
Pobreza na Itália. (Matéria em Opera Mundi) Pouco mais de 4,7 dos 60,8 milhões de italianos estavam vivendo em condição de pobreza absoluta em 2016, revelou um estudo apresentado pelo Instituto Italiano de Estatísticas (Istat) na quinta-feira (13). Em número de famílias, há quase 1,7 milhão na miséria.
O número representa 7,9% da população do país e ficou estável na comparação com os últimos quatro anos, mas está bem acima do registrado em 2012, quando 5,6% dos italianos estavam nessas condições.
Apesar da estabilidade dos últimos anos, quando é analisada a incidência da pobreza absoluta em famílias com três ou mais filhos, houve uma grande alta. Há dois anos, elas representavam 18,3% desse tipo de estrutura familiar contra 26,8% no ano passado.
Houve também uma alta significativa na pobreza entre as pessoas menores de idade, que aumentaram de 10,9% em 2015 para 12,5% (1,292 milhão) em 2016.
Ser pouco capacho é bobagem! O presidente francês, Emmanuel Macron, está dando uma verdadeira lição de submissão e falta de vergonha a outros que também se destacaram como puxa-sacos dos EUA.
Em visita de Donald Trump à França, para participar de um ato militar em comemoração ao Dia da Bastilha e à cooperação franco-americana na Primeira Guerra Mundial, Macron não mediu esforços para demonstrar que é um capacho muito bem amestrado dos EUA. Em coletiva de imprensa após uma reunião no Palácio do Eliseu, Trump saudou a relação “indestrutível” entre Paris e Washington.
Durante o desfile militar, os dois sentaram-se lado a lado, aplaudindo e tocando um o braço do outro quando os aviões militares de ambos os países os sobrevoaram. “A presença de Trump ao meu lado é um sinal de uma amizade duradoura, e quero agradecê-lo”, disse Macron após o evento. E nos brindou com essa pérola: “Nada jamais vai nos separar”!
O programa de Trump e o rombo no orçamento. O Departamento de Orçamento do Congresso estadunidense está preocupado com a proposta orçamentária encaminhada por Donald Trump para 2018. Segundo especialistas, se aprovada a proposta pode levar a um rombo de 720 bilhões de dólares, segundo informe divulgado no sábado (15) pela Fox News.
O documento assinala que a Administração de Trump parece estar muito otimista com relação a um possível crescimento econômico nos EUA. Os cálculos do Departamento mostram que a economia deve crescer apenas 1,9%, muito aquém dos 3% previstos pelo Governo.


Nota da CPT


O povo brasileiro recebeu, no mesmo dia, 11 de julho, dois golpes fatais contra os direitos e a democracia em nosso país: o presidente ilegítimo Michel Temer (PMDB) sancionou o PLV 12/2017, até então Medida Provisória (MP) 759/2016, tida como a "MP da Grilagem", e o Senado aprovou a Reforma Trabalhista. No dia seguinte, para desviar o foco do cenário de horrores de tais reformas, o juiz Sérgio Moro condenou, sem provas, o ex-presidente Lula a nove anos e meio de prisão.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) já denunciou, em Nota do dia 06 de junho de 2017, o grave perigo que a MP 759 significa para as populações do campo. Neste mesmo sentido, a aprovação da Reforma Trabalhista e a rápida sanção presidencial dela demostram um esquema ágil e articulado de usurpação total de direitos do povo brasileiro, o que vai expor a população às mais diversas e cruéis violências sociais.

Todo este projeto de desmonte de direitos dos cidadãos e cidadãs significa um pesadelo sem prazo para acabar e que resultará em muitos e graves retrocessos e perdas: regularização de terras griladas e entrega de terras a estrangeiros, com o consequente aumento da grilagem; desmonte e abandono dos assentamentos rurais, provocando o êxodo; violência agravada na cidade e no campo – a CPT já registrou em 2017, até o momento, 48 assassinatos de camponeses em conflitos no campo; aumento do desemprego, precarização da saúde e da educação, recessão econômica, domínio da terceirização e outros males.

A elite política e econômica perdeu o pudor e, descaradamente, sem nenhum escrúpulo, joga num poço de lama a população e suas perspectivas e possibilidades de melhoria de vida, tudo isso para garantir seus privilégios escandalosos.

A crise sem precedentes que vivemos é uma demonstração da total subordinação dos poderes da República aos interesses do capital. Para isso, sacrificam-se, sem cerimônias, os direitos dos mais pobres, duramente conquistados.

No âmbito do Judiciário, a postura do juiz Sérgio Moro em relação a Lula já era esperada e revela uma atuação política, não independente, parcial, que tende a dominar os tribunais brasileiros, num judicialismo antirrepublicano.

Como se não bastasse, o "leilão" promovido por Temer para "comprar" com dinheiro público e cargos os votos dos deputados da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) a seu favor, pela rejeição da denúncia contra ele por corrupção passiva, enterra de vez a credibilidade da República brasileira.

A esperança está nas ruas.

Não se pode tolerar que uma classe política tão corrompida decida os destinos de um povo tão diverso e com tantas potencialidades.

Junto com o povo exigimos Eleições Diretas Já e a revogação de todas as reformas feitas contra os trabalhadores e os mais pobres.

Com o profeta Miqueias dizemos: "Ai dos que vivem maquinando a maldade, planejando seus golpes, deitados na cama. É só o dia amanhecer e o executam porque está a seu alcance" (Mq 2,1).

Goiânia, 14 de julho de 2017.

Coordenação Executiva Nacional da Comissão Pastoral da Terra


 Fonte: RBA

O TRIUNVIRATO APOCALÍPTICO QUE GOVERNA O BRASIL

o triunvirato apocalíptico que governa o Brasil

ROBSON SÁVIO REIS SOUZA


Vamos pôr os pingos nos is: o trio que hoje controla os três poderes da República das Bananeiras é formado por três cavaleiros do apocalipse.

Na versão original do livro do Apocalipse, a visão profética do apóstolo João enxerga quatro cavaleiros: Peste, Guerra, Fome e Morte. Na nossa versão tupiniquim, o quarto cavaleiro, a morte, se concretiza no funeral de uma república e dos seus poderes agonizantes; portanto, é o resultado da ação dos outros três cavaleiros.

Aécio certamente representa a peste: uma infecção aparentemente incontrolável, a contaminar com uma cegueira inexplicável amplos setores conservadores e elitistas da nossa sociedade que não percebem o abismo que ele cavou para o país desde sua derrota eleitoral em 2014. Ele controla o tucanato, fiel da balança a sustentar um governo ilegítimo, sem credibilidade e que afronta o Brasil e os brasileiros. Como toda a peste, produz uma destruição enorme, mas, para o bem da Nação, terá que ser controlada e extirpada.

Gilmar, a guerra, é aquele que tenciona todos os poderes; beligerante, usa das estratégias mais ardilosas e perversas para conseguir seus intentos. Como um comandante vaidoso, age sem hesitação; não tem pudor nem temor. Para auferir conquistas, não teme as atitudes mais inescrupulosas à luz do dia. Convive e banqueteia tranquilamente com os outros dois cavaleiros com toda a certeza da impunidade. Afinal, pontifica num poder que, como escreveu o professor Fábio Konder Comparato, é “submisso às elites, corrupto em sua essência e comprometido com a injustiça”. Sabe que pode contar com muitos dos seus pares nas suas aventuras antidemocráticas. A bolinha do sorteio supremo que o diga... Afinal, numa certa República das Bananeiras muitos diabos não vestem Prada; vestem toga.

Temer, a fome, apesar de aparentemente poderoso, é o mamulengo dos donos do poder (rentistas, empresários, latifundiários, banqueiros). Ele negocia ardilosamente uma série de políticas antissociais num país marcado pela desigualdade. Suas “reformas” significarão mais carestia, precarização do emprego e das condições de vida para a maioria dos brasileiros. Teleguiado pelo representante do rentismo, o poderoso Henrique Meireles, sua sombra oculta, não tem nenhum escrúpulo em liderar uma coalizão parlamentar de gatunos (dirigida por um bandoleiro atualmente preso) que desfigura e macula a Constituição Federal de 1988 a favorecer descaradamente a Casa Grande e os interesses dos "guerreiros do norte" - que se consideram os proprietários dessas plagas. Mesmo atolado num lamaçal, age como um espírito desnorteado, moribundo e agonizante, mas apegado ao que lhe resta.

O triunvirato que hoje governa o país se uniu por motivos particulares e nada republicanos. Os três navegam num mesmo barco furado que vaza excremento por todos os lados; são odiados pelo povo; mas, precisam somar forças para se sustentarem no poder.

Assim como nos dois triunviratos da Roma antiga, o fim dos três cavaleiros do apocalipse tupiniquim não será glorioso. Apesar de aparentemente unidos e momentaneamente vitoriosos, Aécio, Gilmar e Temer sabem que essa união estratégica e o poder momentâneo dela auferido escondem uma imensa repulsa popular que os lançará, mais cedo ou mais tarde, no abismo dos degredados. Daqueles que traíram uma Nação e seu povo.

E não nos contentemos com o argumento segundo o qual a história fará justiça...

* Doutor em Ciências Sociais, professor universitário e membro da Comissão da Verdade de MG


Boletim do NPC


Boletimdo NPC

14 de julho de 2017
NOTÍCIAS DO NPC

NPC lança livro sobre experiências de lutas operárias

NOTÍCIAS DO NPC

Comunicação e poder popular em debate

NOTÍCIAS DO NPC

NPC participa do I Encontro Latino Americano de Comunicação Comunitária

NOTÍCIAS DO NPC

NPC lança plataforma de comunicação via Whatsapp

    CHARGE DE SEMANA


ARTIGOS

Reforma trabalhista: por que os trabalhadores aceitaram calados?

ENTREVISTAS

Brasil injusto e sem empregos decentes

RADIOGRAFIA DA COMUNICAÇÃO SINDICAL

Sindicato lança o SisejufeApp: conectados somos mais fortes

A COMUNICAÇÃO QUE QUEREMOS

Dissertação sobre comunicação popular estuda jornal Terra Sem Males

NPC INFORMA

Sílvia Federici no Museu da Maré

NPC INFORMA

UFBA será palco aberto para conferência de Angela Davis

DE OLHO NA HISTÓRIA

Brasil do passado e do presente

DE OLHO NO MUNDO

Governo do Uruguai avança na implementação da Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual

DE OLHO NA VIDA

A condenação de Lula

[Por Luis Felipe Miguel/Facebook - 12.07.17] Sergio Moro cumpriu o script. Um dos espetáculos jurídicos mais grotescos da história, tão aberrante que só encontra equivalentes nas piores ditaduras, avança no rumo esperado. O protagonista desta história é um retrato quase perfeito do triste Brasil de hoje. É um pigmeu moral que detém um poder que está em completo desacordo com sua capacidade de exercê-lo. Covarde, afina diante de suas vítimas; mas, por escrito, sentindo-se garantido por seus protetores, fala grosso. Subserviente diante da elite à qual fantasia pertencer, é truculento com aqueles que julga que são seus inferiores sociais. Sobra-lhe em prepotência o que lhe falta em caráter e também em inteligência e competência profissional. Que a nossa classe média tenha escolhido este sujeito como seu messias é uma demonstração de quão vivo permanecem seus traços distintivos, que sempre foram uma força negativa na história do Brasil: o ódio aos pobres, o medo de uma ascensão social, por pequena que seja, que reduza a distância que a separa deles, o apego feroz aos próprios privilégios, mesmo que à custa de negar direitos aos outros. Há muito a criticar em Lula e no lulismo. Mas não há dúvida de que, quaisquer que sejam seus erros, ele está sendo perseguido por seus acertos. O juiz Moro não tem mais do que um triplex e um pedalinho para indicar nos autos. Mas o que ele está condenando é o compromisso com a erradicação da miséria e o exemplo de que um proletário pode governar.
DE OLHO NA VIDA

A nova classe do setor de serviços e a uberização da força de trabalho

DE OLHO NA MÍDIA

Do manual do ativista escaldado – Parte 3

DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO

A censura no Brasil veste toga

MEMÓRIA

Memórias Reveladas – Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964-1985)

PROPOSTA DE PAUTA

Privatização das telecomunicações: vantagem pra quem?

[Por Luisa Santiago] Em meados da década de 90, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, o Congresso Nacional aprovou a quebra do monopólio estatal no setor de telecomunicações brasileiro, condição que era garantida pela Constituição Federal de 1988. Esse foi um passo decisivo que abriu as portas para os processos de privatização do setor. Diversos movimentos se organizaram contra esse projeto, mas o governo foi adiante. Um dos principais argumentos em defesa da privatização era o de que ela geraria concorrência e, consequentemente, faria com que as empresas oferecessem aos consumidores um serviço de melhor qualidade. A realidade, no entanto, é bem diferente do discurso. Hoje, em 2017, 23 anos depois do início do processo de privatização, o serviço oferecido pelas operadoras de telefonia e internet é de péssima qualidade e causa diversos transtornos aos usuários. Vejamos o nosso caso, por exemplo. O Núcleo Piratininga de Comunicação é formado por jornalistas, estudantes, programadores visuais, comunicadores populares e pesquisadores de diferentes estados do Brasil. Atuamos junto a sindicatos que estão igualmente em vários estados diferentes. Produzimos comunicação, notícia, informação. Nosso trabalho - como o de muitos companheiros -, hoje, depende do bom funcionamento da internet. No entanto, estamos há seis meses numa luta diária para conseguir receber um serviço de qualidade no centro da cidade do Rio de Janeiro. Mas se era pra privatizar para melhorar o serviço porque tão pouca qualidade e um preço tão alto? A quem serviu esse discurso e esse processo? Quem ganha diariamente com ele? Os consumidores, com certeza, não são.
HOMENAGENS

Morre a professora Ecléa Bosi

DICAS

Minissérie apresenta vida da primeira escritora mexicana

PÉROLAS

Por Ousmane Semène, considerado o pai do cinema africano

PÉROLAS

Por Jézio Hernani Bomfim

PÉROLAS

Por Charlie Beckett

Edição 341
Para jornalistas, dirigentes, militantes e assessores sindicais e dos Movimentos Sociais
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Edição: Claudia Giannotti (MTB 14.915)
Redação: Claudia Giannotti e Eric Fenelon
Colaboraram nesta edição: Katia Marko (RS), Luisa Santiago (RJ), Marina Schneider (RJ), Mario Camargo (SP), Najla Passos (MG), Sergio Domingues (RJ), Sheila Jacob (RJ), Reginaldo Moraes (SP), Rosangela Ribeiro Gil (SP).