quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Privatização rima com destruição. Sempre.


Suécia volta atrás e revê sistema de privatização do ensino

25/12/2013 12:04
Por Redação, com agências internacionais - de Estocolmo

Uma das maiores escolas suecas faliu e deixou os alunos desamparados
Uma das maiores escolas suecas faliu e deixou os alunos desamparados
Quando uma das maiores empresas privadas de educação da Suécia faliu, alguns meses atrás, deixou 11 mil alunos desamparados e fez com que o governo repensasse a reforma neoliberal da educação, feita nos moldes da privataria com o Estado financiando a entrega dos serviços públicos aos oligopólios capitalistas e assim causando graves prejuízos para os trabalhadores e a população.
No país de crescimento mais acelerado da desigualdade econômica entre todos os membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), os aspectos básicos do mercado escolar desregulamentado estão agora sendo reconsiderados, levantando interrogações sobre o envolvimento do setor privado em outras áreas, como a de saúde.
Duas décadas após o início de seu experimento de livre mercado na educação, cerca de 25% dos alunos do ensino médio da Suécia frequentam agora escolas financiadas com recursos públicos, mas administradas pela iniciativa privada. Essa proporção é quase o dobro da média mundial. Quase metade desses alunos estudam em escolas parcial ou totalmente controladas por empresas que compram participações em outras empresas.
Na expectativa das eleições do ano que vem, políticos de todos os matizes estão questionando o papel dessas empresas, acusadas de privilegiar o lucro em detrimento da educação, com práticas como deixar alunos decidirem quando aprenderam o suficiente para passar e não manter registro de notas.
A Suécia substituiu um dos sistemas escolares mais rigidamente regulamentados do mundo por um dos mais desregulamentados, o que levou a escândalos como um caso de 2011 em que um pedófilo condenado pôde abrir várias escolas de forma absolutamente legal.
As escolas privadas introduziram muitas práticas antes exclusivas do mundo corporativo, como bônus por desempenho para funcionários e divulgação de anúncios no sistema de metrô de Estocolmo. Ao mesmo tempo, a concorrência pôs os professores sob pressão para dar notas mais altas e fazer marketing de suas escolas.
No início, disseram que a participação privada na educação se daria por meio de escolas geridas individualmente e em nível local. Poucos vislumbraram que haveria empresas e grandes corporações administrando centenas de unidades.
O fechamento de escolas e a piora dos resultados tiraram o brilho de um modelo de educação admirado e imitado em todo o mundo pelos mesmos privatistas e neoliberais que propagandeiam o mercado capitalista como uma espécie de solução milagrosa para todos problemas da sociedade, quando na verdade é o capitalismo quem gera todos os problemas e desigualdades sociais ao concentrar toda a riqueza, poder e oportunidades nas mãos de uma classe dominante privilegiada, as custas da miséria, exploração e exclusão de grande parte da humanidade e do empobrecimento crescente dos povos.

Fonte: Correio do Brasil

Vou bombardear sua casa/cidade e você deve gostar e agradecer.


Israel ameaça com novos ataques à Faixa de Gaza no Natal

25/12/2013 12:15
Por Redação, com agências internacionais - de Jerusalém e Gaza

Israel ataca Faixa de Gaza com bombardeio pesado
Israel ataca Faixa de Gaza com bombardeio pesado
Presidente do regime israelense, Shimon Peres advertiu aos moradores da Faixa de Gaza, nesta quarta-feira, que caso respondam aos ataques das tropas israelenses, impedirá a entrada de ajuda externa ao território. Além de ameaçar com o reforço do cerco de Gaza, Peres afirmou que se os moradores de Gaza reagirem aos ataques israelenses, aumentará 10 vezes esses ataques.
Em declarações dirigidas aos moradores do território palestino, Peres avisou que “estão brincando com fogo, nós mantemos nossa segurança a todo custo e sob qualquer circunstância”. Na véspera, dois palestinos, entre eles uma menina de três anos, perderam a vida e deixaram feridos nos ataques aéreos do regime israelense contra o sul de Gaza.
Estes incidentes tiveram lugar pouco depois que um israelense morreu por disparos efetuados desde a Faixa de Gaza, em represália pelo recente assassinato de vários palestinos em Gaza em mãos de efetivos do regime de Tel Aviv. Segundo os grupos de defesa dos direitos dos palestinos, mais de uma dezena de palestinos foram assassinados pelas forças israelenses na primeira metade de 2013 e cerca de 1.800, entre eles mulheres e crianças, foram detidos durante o mesmo período.
Por outra parte, o ministro israelense de assuntos militares, Moshe Yaalon, ordenou o fechamento da fronteira Karam Abu Salem, a única via pela qual é feito o abastecimento de produtos de primeira necessidade, como alimentos, combustível e medicamentos. O regime de Tel Aviv impôs desde 2007 um férreo cerco contra a Faixa de Gaza, impedindo que seus cidadãos exerçam seus principais direitos, entre eles o direito ao trabalho, à saúde, à educação e à liberdade de circulação.
O secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, condenou as incursões aéreas do regime de Israel contra a Faixa de Gaza. O Movimento de Resistência Islâmica Palestina (Hamas) em um comunicado, denunciou o ataque israelense e pediu à comunidade internacional que pressione o regime usurpador e o obrigue a cessar os ataques.

General francês e professor de torturas

General francês e professor de torturas

Comissão da Verdade de SP investiga participação do francês Paul Aussaresses em aulas de tortura e táticas de repressão

Thaís Barreto



A revelação de que a França, país que redigiu as Declarações dos Direitos do Homem e do Cidadão, também colaborou com a Ditadura brasileira, abre mais um capítulo para investigações na Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”. A audiência pública realizada nesta terça-feira (17/12) tratou da participação do general francês Paul Aussaresses no direcionamento de aulas de tortura e outras técnicas de repressão no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), em Manaus (AM).

“A Escola foi fundada em 1964 para treinar policiais na selva. Em 1966 começaram a dar os cursos”, explicou o pesquisador Fermino Alves. O presidente da Comissão “Rubens Paiva”, Adriano Diogo, vai direcionar a investigação em parceria com a Comissão Nacional da Verdade (CNV) para identificar os nomes dos adidos militares e dos alunos que participaram das aulas e como isso se espalhou em outros países da América Latina, inclusive a ligação com a Operação Condor. O CIGS, onde funcionou a escola, chegou a ter outra nomenclatura a partir de outubro de 1970, era o Centro de Operações na Selva e Ações de Comandos (Cosac).

Aussaresses, ao lado do general Jacques Massu, participou intensivamente da repressão do movimento nacionalista argelino, na Batalha de Argel, ocorrida em janeiro de 1957. Essa experiência fez com que ele fosse convidado em 1961, pelo presidente John Kennedy, para ensinar ao Exército dos Estados Unidos sua experiência. Depois veio para o Brasil, onde fez contato direto com o então chefe do Sistema Nacional de Informação (SNI), o general João Batista Figueiredo e com Sérgio Paranhos Fleury, no auge da repressão. Paul introduziu no Brasil a terminologia “Esquadrões da morte” e acabou ficando conhecido como “a cara visível da tortura”, conforme assinalou Fermino.

A partir de uma reportagem publicada na primeira pagina do Le Monde Diplomatique, na França, ele ficou amplamente conhecido e os detalhes causaram grande impacto no país. “Uma mulher contou que foi torturada e era estuprada duas vezes ao dia por soldados franceses que a estupravam em grupo. É uma historia terrível, teve repercussão enorme e o Le Monde foi procurar os militares franceses que atuaram na época”, contou a jornalista brasileira Leneide Duarte-Plon que mora na França e está escrevendo um livro sobre Paul.

“Ele revelou em detalhes como foi feita a repressão em Argel. [Na época] disse que não tinha nem arrependimento, nem remorso e faria tudo de novo. Ele acreditava que a tortura pode ser necessária”, detalhou Leneide. Paul Aussaresses morreu no último (3/12) sem responder por seus crimes. Ao publicar um livro em 2001, ele e os editores acabaram processados por “apologia de crimes de guerra” mas a Justiça o absolveu, protegido pela Lei da Anistia, conforme explicou Leneide.

“Em 1973 veio para o Brasil como adido militar, um eufemismo para uma colaboração estreita de informações e controle dos nossos exilados na França”, contou a jornalista que o entrevistou longamente. A entrevista será publicada na íntegra no livro que será lançado em abril de 2014. “Ele disse que o general Figueiredo participou diretamente [das sessões] de tortura. Fiqueiredo e o delegado Fleury eram os responsáveis pelo Esquadrão da Morte”, destacou Leneide Duarte-Plon.

América latina: técnicas de tortura

Segundo Fermino Alves, nos anos 1970, o Brasil se tornou o principal exportador e instrutor de técnicas de tortura a países como Chile, Paraguai, Bolívia e Argentina. “Os Estados Unidos não foi o único professor do Brasil. O Exército francês também fez sua parte”, destacou Fermino. O livro intitulado “Services Spéciaux-Algérie 1955-1957” é um relato frio feito por Paul Aussaresses que rendeu a indignação até do presidente Jacques Chirac que conseguiu pelo menos que ele perdesse o título Légion d’Honneur  que o condecorava no exército francês.

O pesquisador Fermino Alves afirmou que é importante tentar buscar documentos que revelem o número de pessoas que participaram das aulas. “Não sabemos quantos oficiais foram formados. No site da escola de Manaus se diz que foram 400 estrangeiros treinados, mas eu acho que foram até mais. Só o Chile mandava de um a 12 oficiais por mês, ele conhece os futuros adidos militares que foram trabalhar nesses países do cone sul que participantes no plano da Operação Condor”, destacou.

“O que a escola tem a esconder? Já se passou tanto tempo e o Brasil precisa saber da sua história. Quem é que fez curso lá? Quais foram os instrutores? Por que essa escola foi direcionada para ser uma escola do terror?” questionou Fermino, sugerindo que a Comissão “Rubens Paiva” impulsionasse ao lado da CNV a busca dessas informações.  A jornalista Leneide Duarte-Plon vai lançar em abril de 2014 na Comissão “Rubens Paiva” um livro sobre o Frei Tito de Alencar, que se suicidou na França por não suportar as amargas lembranças das torturas que sofreu nas mãos de Fleury.



* Thaís Barreto é jornalista, assessora da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva”