quinta-feira, 12 de março de 2015

Livro de paraibano em Havana

Livro de paraibano em Havana

José Tarcízio Fernandes*

 Realizou-se em Havana a 24ª Feira Internacional do Livro, de 12 a 22 de fevereiro deste ano, a mais importante feira do planeta ao lado da de Frankfurt na Alemanha, segundo avaliação da ONU.

A Fortaleza de La Cabaña, a maior das construídas pela Espanha nas Américas, ergue-se majestosa em local privilegiado da capital cubana como edificação histórica representativa dos tempos coloniais. Por esses dias, transformou-se ela em centro cultural efervescente de Cuba e do mundo com mais de trinta países participantes, centenas de livreiros, múltiplos “shows” musicais, exposições. A visitá-la, só nos três primeiros dias, mais de 73.000 pessoas lhe percorreram os centenários espaços, ávidas por conhecer novidades no campo editorial.

A Feira é o maior evento cultural de Cuba, cujo governo está entre os que mais promovem no mundo educação e formação cultural de alta qualidade (educação gratuita em todos os níveis) na linha do pensamento de um dos mais insignes protomártires de seu povo, José Marti, para quem ser culto é o único caminho aberto ao homem no direito de viver livre. E, “na ilha está garantido o direito humano à educação”, assegura a representante da ONU, Anna Luzia D'Emilio.

A Feira trouxe 850 novidades editoriais numa produção de mais de cinco milhões de exemplares. E foi nesse cenário de luxo e de luz para o espírito, de saber e de prestígio universal que um professor deixou vivas as marcas da Paraíba.

O livro traduzido para o espanhol – “Ruptura o continuidad en los gobiernos de Fernando Henrique Cardoso y LULA?” – contém uma abordagem analítica, ao cabo de 5 anos de pesquisa do professor, sobre a política interna e externa do PSDB e do PT, a mostrar não uma simples diferença entre governos, agenda, estilos e estratégias, mas diferenças entre concepções de governar para o desenvolvimento e independência do país.

O autor leciona Economia Política no Centro de Ciências Jurídicas da UFPB. É graduado em Economia. Tem mestrado em Economia Política pela Faculdade de Economia de Havana; e doutorado em Ciências Políticas pela Faculdade de Filosofia, História e Ciências Políticas, também de Havana. Estudou e trabalhou em Paris. Exilado no Chile, passou 68 dias preso no Estádio Nacional, acusado do crime de resistir ao golpe fascista de Pinochet.

O prólogo do livro é da doutora Thalia Fung Riverón, formada em Direito pela Universidade de Santiago de Cuba. Doutora em Ciências Filosóficas pela Universidade de Moscou e em Ciências Políticas pela Universidade de Lomonosov (antiga URSS), orienta ela teses de doutorado de cubanos e estrangeiros em Filosofia e Ciências Políticas. Poliglota, no domínio de cinco idiomas, um deles, o chinês, integra a Federação Internacional de Filosofia e exerce a presidência da Academia Cubana de Filosofia. Leciona no Ms e Doutorado da Universidade de Havana. Foi deputada no parlamento cubano. Tem 80 anos em plena e fecunda atividade.

No prólogo, acentua ela: “(...) Se puede diferir del autor en sus valoraciones; pero no negarle la inteligencia, la cientificidad de su interpretación y la justeza en comprender cómo el primer obrero que accedió a una presidencia en América, no solo no traicionó su origen de hombre del Sur (...) sino que integró el grupo de líderes que rechazan las políticas pautadas para continuar la dominación del Norte sobre el Sur, para mantener y ampliar la opressión de los excolonizados.”

O livro é do professor Iedo Leite Fontes, banhado, ao nascer, com as águas do açude de Condado no sertão da Paraíba.


* Advogado

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares

 




Mais um golpe no Congresso!
O plenário da Câmara aprovou, na quarta-feira (3), por 317 votos favoráveis, 131 contrários e 10 abstenções, a proposta de emenda à Constituição (PEC 457/05), do Senado, que aumenta de 70 para 75 anos a idade da aposentadoria compulsória para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), do Tribunal de Contas da União (TCU) e dos demais tribunais superiores. A PEC ainda precisa ser votada em segundo turno e depois vai a uma sessão do Congresso.
Este é mais um golpe da direita, usando o Legislativo, para atrapalhar o governo Dilma Rousseff. E contra com o apoio do PMDB!
O que está por trás desse golpe? É muito simples: a PEC 457/03 ou “PEC da bengala”, de autoria do Senador Pedro Simon (PMDB-RS), quer ampliar o limite de idade dos Ministros do STF e dos Tribunais Superiores, além dos Ministros do Tribunal de Contas da União para 75 anos. Com isto, a direita vai impedir que Dilma Rousseff possa indicar mais três ou quatro ministros para o STF ainda durante o seu mandato, além de dezenas de outros nos demais tribunais superiores.
Para defender a proposta, a direita alega o aumento da longevidade e a melhoria da qualidade de vida das pessoas o que justificaria passar a aposentadoria compulsória de 70 para 75 anos.
Ainda que sendo considerado da “base aliada do governo”, o PMDB votou a favor da PEC. Mas ainda há condições de barrar a proposta. Pelo menos quatro partidos, que somam mais de 100 votos, já anteciparam sua oposição à PEC: PT, PCdoB, PDT e PSol. Se pelo menos 100 dos 400 restantes se abstiverem, votarem contra ou não comparecerem à votação, a matéria seria rejeitada por não atingir o quórum qualificado de 308 votos. Os servidores e as associações de magistrados que são contra a PEC estão trabalhando e poderão obter êxito nessa batalha.
Esta nós devemos aplaudir. Ainda que os nossos jornais não tenham dado muita atenção, encontramos a matéria em uma página internacional e consideramos que deve ser divulgada.
A Câmara dos Deputados aprovou, na terça-feira (03), o Projeto de Lei 8305/14, originado no Senado, aumentando a pena para crimes cometidos contra as mulheres, em questão de gênero, incluindo aí a violência doméstica. Fica, assim, alterado o Código Penal que passa a considerar como homicídio com agravante o feminicídio, o assassinato da mulher por sua condição feminina (de gênero).
Vale registrar que o PL já foi aprovado nas duas casas (Câmara e Senado) e já seguiu para sanção da Presidenta Dilma. A nova Lei estabelece que quando o delito está vinculado com violência doméstica ou familiar, além de ser discriminação, passa a ser homicídio com agravante e a pena será de 12 a 30 anos de prisão.
De acordo com o ranking do Mapa da Violência, de 2012, o Brasil encontra-se na 7ª posição, em uma lista de 84 países, com maior número de feminicídios no mundo. Em 1º lugar está El Salvador, país que já tipificou o crime. Estudos do Instituto Avante Brasil apontam que, entre 2000 e 2010, foram assassinadas 43,7 mil mulheres no país, 41% delas mortas em suas próprias casas, muitas por companheiros ou ex-companheiros. As perspectivas são ainda preocupantes. O relatório prevê que até 2050, caso nada se altere em termos de prevenção, o Brasil terá mais de 330 mil mortes entre a população feminina.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 70% das mulheres experimentaram alguma forma de violência ao longo de sua vida, sendo uma em cada cinco do tipo sexual. Mulheres entre 15 e 44 anos têm mais probabilidade de serem atacadas por seu cônjuge ou violentadas sexualmente do que de sofrerem de câncer ou se envolverem em um acidente de trânsito.
Reflexões sobre “operação lava jato” (2) (Ernesto Germano, março de 2015)
No final da “Reflexão” anterior vimos o envolvimento da senhora Venina Venola na “elaboração de plano de antecipação do início das operações da refinaria” Abreu e Lima, em Pernambuco. Mas aqui tem mais coisas estranhas, porque a Venina Venola seria uma das testemunhas sobre o que acontece nos contratos da Petrobras, mas parece que ela está muito mais envolvida do que os nossos jornais tentam mostrar.
Então, vamos seguir em nossa “Reflexão” para tentar desvendar mais alguma coisa...
Do que sabemos, em matéria publicada no final de dezembro de 2014, delegados e procuradores da Lava Jato passaram para o jornal Estado de São Paulo documentos que comprovam o envolvimento da senhora Venola com os principais envolvidos nos golpes contra a Petrobras.
Os documentos comprovam que a Petrobras abriu sindicância para apurar irregularidades em contratos da Abreu e Lima. A comissão identificou irregularidades: 1) falta de encaminhamento à Diretoria Executiva da mudança na estratégia de contratação da empresa Alusa Engenharia. Nos documentos assinados por Venina Velosa da Fonseca e Pedro Barusco, e encaminhados à Diretoria Executiva por Renato Duque e Paulo Roberto Costa não houve comunicação de mudança nos contratos; 2) negociação de proposta, após encerrado o processo licitatório e a respectiva aprovação da contratação pela Diretoria Executiva, da empresa Alusa Engenharia e desconsideração de desconto de R$ 25 milhões aceito pela empreiteira.
Em janeiro de 2015 a PF iniciou a oitava fase das investigações e prendeu Nestor Cerveró, acusado de estar desfazendo-se de patrimônio que poderia ter sido auferido ilicitamente. Mas... quem é Nestor Cerveró? Trata-se de um economista que exerceu vários cargos na Petrobras, desde 1975, e foi um dos consultores que aconselhou a compra da Pasadena Refinery System Inc.
Em fevereiro de 2015 a PF inicia nova fase da Operação Lava-Jato, com o cumprimento de 62 mandados de busca e apreensão, prisões temporárias e preventivas e conduções coercitivas, em quatro estados da Federação, para colher elementos de investigação acerca de operadores que atuaram na intermediação no pagamento de vantagens ilícitas no âmbito da Petrobras.
Vamos ver quais os implicados e presos pela Polícia Federal?
01) Fernando 'Baiano' Soares, lobista, PMDB; 02) José Aldemário Pinheiro Filho, presidente, Construtora OAS; 03) Mateus Coutinho de Sá Oliveira, vice-presidente do conselho executivo, Construtora OAS; 04) Agenor Franklin Magalhães Medeiros, diretor, Construtora OAS; 05) José Ricardo Nogueira Berghirolli, Construtora OAS; 06) Alexandre Portela Barbosa, Construtora OAS; 07) Erton Medeiros Fonseca, diretor-presidente de engenharia industrial, Galvão Engenharia; 08) Othon Zanoide de Moraes Filho, diretor-geral de desenvolvimento comercial, Vital Engenharia, (empresa do grupo Queiroz Galvão); 09) Ildefonso Colares Filho, diretor-presidente, Queiroz Galvão; 10) Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente-executivo, Mendes Júnior; 11) Angelo Alves Mendes, Mendes Júnior; 11) Flávio Sá Motta Pinheiro, Mendes Júnior; 12) Rogério Cunha de Oliveira, Mendes Júnior; 13) Valdir Lima Carreiro, diretor presidente, IESA OLEO & GAS; 14) Otto Garrido, diretor de operações, IESA OLEO & GAS.
O Ministério Público Federal indiciou: 01) Alberto Youssef, doleiro, por corrupção contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro; 02) Fernando 'Baiano' Soares, lobista PMDB, por corrupção contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro; 03) Julio Gerin de Almeida Camargo, executivo, Toyo Setal, por corrupção contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro; 04) Nestor Cerveró, diretor da área Internacional, Petrobras, por corrupção contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro.
Mais uma vez, a pergunta a ser feita: viram algum nome do PT na lista?
Aqui chegamos a um ponto muito interessante. Ainda que a Rede Globo mantenha sua tática de tentar envolver o Governo Dilma e o PT em todas as suas denúncias, em matéria que foi ao ar no dia 14 de novembro de 2014, na voz do próprio cafajeste Willian Bonner, as contradições e as mentiras começam a aparecer claramente.
Naquela matéria ficamos sabendo que as empresas citadas na operação Lava Jato são conhecidas como “As quatro irmãs”. São elas Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez e prestam serviços também para governos do PSDB. A Odebrecht, entre outras, foi alvo de denúncia do Ministério Público por suspeita de formação de cartel em São Paulo para a construção da Linha 5 do Metrô.
Em 2012, o Ministério Público do Estado de São Paulo ofereceu denúncia formal à Justiça contra 14 representantes de empresas que compõem o consórcio vencedor da licitação para a construção da Linha 5 – Lilás, do Metrô. E, adivinhem... os nomes são os mesmos!
(Vamos prosseguir na Reflexão)
Espanha “justifica” apoio à ditadura na Argentina. Para o Governo de Mariano Rajoy, na Espanha, o apoio econômico e político oferecido por seu país para a ditadura argentina foi “normal”, ainda que as relações tenham sido mantidas em segredo por mais de 40 anos. Para Rajoy, a Espanha não tem culpa se o ditador Jorge Rafael Videla assassinou mais de 30.000 dissidentes políticos e ou se roubou mais de 500 criançcas!
A resposta oficial do governo espanhol foi provocada por um questionamento, por escrito, feito pelo deputado Gaspar Llamazares, do partido Esquerda Unida. Em documento protocolado no Parlamento, e divulgado pelo jornal “Público”, o deputado pergunta: “Qual foi a colaboração econômica e política do governo espanhol com a ditadura do general Videla, na Argentina?” Não tendo recebido a resposta no prazo regimental, 13 de dezembro passado, o deputado recorreu a um protocolo da Câmara de Deputados.
Na resposta, o Governo diz que “as relações bilaterais entre Espanha e Argentina” durante os anos de Videla “mantiveram-se conforme o princípio de universalidade de relações diplomáticas entre Estados”.
Ferrovias da Argentina voltam para as mãos do Estado! Depois de nacionalizar os serviços de água, luz, gás, petróleo e aeroportos, o Governo da Argentina está pronto para estatizar as ferrovias no país. “O Estado está em condições de ser mais eficiente do que as empresas privadas”, declarou na segunda-feira (02) o ministro de Interior e Transporte, Florencio Randazzo.
O processo para a rescisão dos contratos vigentes com empresas privadas, sem haver necessidade de indenização, teve início na mesma segunda-feira, depois de a Presidenta Cristina Fernández anunciar oficialmente que está enviando ao Congresso um Projeto de Lei para criar uma empresa pública de controle dos trens e ferrovias.
A resolução afirma que a empresa estatal assume a operação direta e integral dos serviços de transporte ferroviários de 4 linhas que partem da capital federal que transportam, em média, cerca de 22 milhões de passageiros por mês.
Vale lembrar que o serviço ferroviário argentino foi nacionalizado pelo ex-presidente Juan Perón, em 1948, e depois passou por um feroz processo de desmontagem e privatização durante a década de 1990 (o governo neoliberal de Carlos Menem).
Sindicatos argentinos apóiam a nacionalização das ferrovias. Os sindicatos de ferroviários da Argentina consideram histórica a decisão do governo ao reestatizar as ferrovias do país.
O Governo já vinha pagando os salários dos trabalhadores ferroviários das principais linhas metropolitanas e subvencionando todos os serviços, porque as empresas privadas não estavam cumprindo com suas obrigações e nem mesmo fazendo os investimentos que eram exigidos pelos contratos.
Recentemente, a Argentina adquiriu modernos equipamentos da China e já está renovando as linhas.
Chile: aposentados ganham menos do que o salário mínimo. Esse era o modelo de Previdência Social que FHC desejava implantar no Brasil e que agora mostra suas conseqüências sobre os trabalhadores chilenos.
Em 1982, o então ministro do Trabalho da ditadura Pinochet, José Piñera, anunciava oficialmente o que ele chamava de “capitalismo popular” ao privatizar os serviços de Previdência Social no país e anunciar que “os trabalhadores passam a ser acionistas da Previdência”. Estava lançada a proposta de “Administradoras de Fundos de Pensão”, sistema baseado em bancos privados que criava empresas dedicadas a gerir o dinheiro investido pelos trabalhadores para garantir as suas aposentadorias no futuro. Tudo seria feito através do mercado de capitais. Logo surgiram 14 AFPs que passaram a disputar os clientes, trabalhadores, prometendo “mundos e fundos” para o futuro.
30 anos mais tarde, com mais de 70 trilhões de pesos arrecadados (R$ 350 bilhões), o sistema privatizado de previdência paga atualmente, para a maioria dos clientes, pensões inferiores ao valor do salário mínimo chileno. Segundo números do Banco Central, mais de 60% dos usuários já aposentados recebem menos de 120 mil pesos (dois terços de um salário mínimo, e equivalente a R$ 600). O salário médio dos usuários do sistema é de 575 mil pesos (quase R$ 3 mil).
Chile: um depoimento triste. Sergio Cancino tem 72 anos. Ele ainda precisa acordar cedo quatro dias por semana, pegar metrô e ir até um supermercado no centro de Santiago, onde trabalha como caixa. No dia livre, quase sempre vai visitar seu advogado. Desde o ano passado, ele move uma ação tentando recuperar o dinheiro investido numa das empresas administradoras de fundo de pensão.
Cancino foi um dos primeiros trabalhadores a se aposentar pelo novo sistema previdenciário chileno, privatizado em 1982. Apesar de ter começado a trabalhar quando ainda existia o antigo sistema estatal solidário, Sergio decidiu criar seu fundo individual em 1983, estimulado pela promessa de que poderia chegar a uma aposentadoria maior que o seu salário médio.
Em 2011, ele decidiu se aposentar. A empresa que administrava o seu fundo lhe deu uma surpresa: sua aposentadoria era de 77 mil pesos (pouco menos de 400 reais). Após dois anos de batalhas judiciais, o valor foi recalculado, e passou a 83 mil.
Em algumas regiões rurais e no extremo sul do país existem casos de pessoas que recebem valores inacreditáveis, sendo o caso mais impactante o de um operário da cidade de Punta Arenas, a capital mais austral do Chile, próxima ao Estreito de Magalhães, que recebe 228 pesos mensais de aposentadoria (equivalente a pouco mais de um real).
Isto era o que FHC queria para o Brasil. (Matéria completa em Opera Mundi)
Venezuela reduziu a pobreza extrema. O vice-presidente de Desenvolvimento Social da Venezuela, Héctor Rodríguez, anunciou na segunda-feira (02), a diminuição da pobreza estrema no país. Em entrevista coletiva com a imprensa local, Rodríguez disse que o índice de extrema pobreza caiu para 5,4% da população.
Ele destacou a importância de manter o programa de “Missões Sociais” para dar continuidade ao trabalho e lembrou que, em 1999, o índice de extrema pobreza chegava a 66%.
Protestos contra ação da OTAN na Ucrânia. No sábado (28), manifestantes foram para as ruas na Alemanha e na Suíça protestando contra as ações da OTAN no conflito da Ucrânia.
Em Berlim, os manifestantes pediam que a OTAN retirasse suas tropas da Ucrânia e condenaram o Governo alemão por estar atuando no conflito ucraniano. Os ativistas alemães pensam que esta atitude pode levar o país a um confronto com a Rússia.
Outra grande manifestação foi realizada em Zurique, uma das maiores cidades suíças, com manifestantes gritando slogans contra o exército ucraniano por matar civis e atuar de maneira indiscriminada contra a população indefesa.
Nos dois casos (Alemanha e Suíça), os manifestantes protestaram também contra a campanha que vem sendo pela imprensa contra a Rússia.
A ameaça dos transgênicos. Países integrantes da União Europeia poderão proibir os cultivos que contenham organismos geneticamente modificados em seus próprios territórios. Os 28 membros do Conselho da UE (União Europeia) aprovaram definitivamente, na segunda-feira (02), após quatro anos de discussão, a nova legislação que dá autonomia para os países decidirem sobre o tema. Cerca de 60% dos europeus são contrários aos transgênicos.
Os países poderão restringir ou proibir os transgênicos alegando motivos ambientais, de política agrícola ou outras razões como o planejamento urbanístico, o uso da terra e o impacto socioeconômico, entre outros e poderão impor estas restrições ou proibições com ou sem o consentimento da empresa produtora de sementes geneticamente modificadas em questão.
França, Áustria e Hungria já possuem medidas nacionais contra o cultivo de transgênicos. Na União Europeia apenas uma minoria de cinco países permitem o cultivo do milho transgênico: Espanha com 132 mil hectares e Portugal com 8,5 hectares são os principais produtores aos quais se juntam República Checa, Roménia e Eslováquia.
Na Espanha, privatização da energia foi um “grande” negócio! Nem precisava comentar, não é? As três grandes empresas do setor elétrico em atividade na Espanha (Endesa, Iberdrola e Gas Natural Fenosa) tiveram, juntas, um lucro líquido de 7 bilhões e 125 milhões de euros, em 2014. Um valor que supera 2013 em 20,8%!
Na frente do grupo, a Endesa, com lucro de 3 bilhões e 337 milhões de euros (crescimento de 77%). Em segundo lugar fica a Iberdrola, com lucro de 2,336 bilhões de euros (crescimento de 9,5%) e depois a Gas Natural Fenosa, com lucro de 1 bilhão e 462 milhões de euros!
Segundo estudo feito pela Associação de Ciências Ambientais, vem crescendo a quantidade de lares que não conseguem pagar suas contas de energia ou que estão reduzindo o consumo. Isto significa famílias que estão passando frio no inverno ou muito calor no verão, residências com mofo, umidade e cortes no fornecimento por falta de pagamento. E novos aumentos de tarifas já estão previstos para 2015!
Vale lembrar que essas três empresas estão no Brasil, desde as privatizações de FHC, e alcançam grandes lucros!
Portugal afunda na pobreza! Portugal começou a pagar parte de sua dívida com a “troika”, mas a situação do seu povo é cada vez pior, com desemprego crescendo e uma dívida pública monstruosa!
Segundo os mais recentes dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas, Portugal retrocedeu uma década no que se refere à pobreza. Segundo os dados levantados pelo Instituto, uma em cada cinco pessoas vive na miséria, ou seja, dois milhões de portugueses, exatamente o índice existente em 2004!
O risco de extrema pobreza é de 20% para as mulheres, 18,9% para os homens e 25,6% para os jovens menores de 18 anos. Outro sinal de alerta é que o índice de desemprego já chega a 13,4%.
Parlamento da Itália também reconhece o Estado Palestino. 2014 foi um grande ano para a causa palestina com os parlamentos da Irlanda, Reino Unido, França, Bélgica, Espanha e Suécia reconhecendo oficialmente o direito da Palestina como Estado Independente.
Agora foi a vez do parlamento italiano aprovar, na sexta-feira (27), um documento oficial indicando que o Governo italiano deve reconhecer o Estado da Palestina. A resolução foi aprovada com 300 votos a favor, 40 contra e 59 abstenções. E também foi aprovada uma resolução exigindo a retomada de diálogo entre a Israel e Palestina, com a imediata suspensão da violência.
Rússia: está em andamento um novo golpe? Seguindo fielmente a já “velha” cartilha dos golpes montados por Washington em vários países, está em andamento mais uma artimanha produzida nas salas refrigeradas da CIA para derrubar os que atrapalham os planos do “império”. Afinal de contas, o que estaria escondido no assassinato de um, até semana passada, mero desconhecido que virou, de uma hora para outra, “líder da oposição da Putin”?
Respondam com sinceridade: quem já havia ouvido falar em Boris Nemtsov antes do dia 27 de fevereiro passado? Alguém aí é capaz de lembrar uma só menção ao seu nome em nossos jornais antes do seu “assassinato”?
Pelo que lemos e pesquisamos na Internet, Nemtsov seria um “opositor” e crítico de Putin. Não tinha cargos, não tinha qualquer mandato parlamentar, não tinha expressão na Rússia e, supostamente, estaria coordenando um grande ato sob o lema “Putin é a guerra!”. Muito sugestivo, por sinal. Colocando sobre os ombros do presidente russo toda a culpa do que está acontecendo na Ucrânia.
Nemtsov foi morto em uma cilada, com quatro tiros, quando passeava com uma “amiga” ucraniana nas imediações do Kremlin. Alguém aí é capaz de idealizar um cenário mais “favorável” a especulações? Muito “sugestivo”, não é?
Mais curioso ainda é saber que o tal “ato” que estava sendo convocado tinha como principais líderes Mijail Kasianov, Ilia Yashin, Leonid Volkov e Guennadi Gudkov, nomes conhecidos por terem participado de grupos de extrema direita em Kiev (Ucrânia) e terem apoiado a intervenção da OTAN naquele país. Segundo informes do canal de televisão NTV, o ato estava sendo financiado por “simpatizantes” na Suíça, onde mora o magnata Mijail Jodorkovsky. Aliás, a Suíça está envolvida no escândalo do HSBC e das contas secretas...
Curiosamente, Anna Durítskaya, a “amiga” de Nemtsov que estava passeando com ele em Moscou, já retornou para a Ucrânia depois de prestar “esclarecimentos” ao Comitê de Investigações. E ela tem total liberdade de circulação entre os países.
EUA: muitos bilhões para Israel. A informação é oficial e vem da própria Casa Branca: Obama já entregou para o governo de Israel a bagatela de 20,5 bilhões de dólares em ajuda militar!
O comunicado oficial foi feito pela porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Bernadette Meehan, mostrando os valores das “ajudas” do Governo Obama para Israel (Benjamín Netanyahu). Ela faz questão de registrar, no informe, que “desde a fundação de Israel, em 1958, os EUA permaneceram firmemente junto a ele, como seu aliado mais próximo”.
O relatório detalha que, apenas em 2014, o governo Obama pediu ao Congresso uma ajuda militar de 3,1 bilhões de dólares para “ajudar” Israel e o governo de Netanyahu.
Quem fala em “direitos humanos”? A cada dia acho mais ridículo quando a nossa imprensa fala dos EUA como defensores dos “direitos humanos” no planeta. Não é apenas ridículo, é uma questão de total desconhecimento dos fatos ou, no mínimo, cegueira política! Então, vejamos como age o país “defensor dos direitos humanos”. Sabem quantos tratados e acordos internacionais aquele país não assinou? Vamos ver:
1) não ratificou a Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação contra a mulher; 2) não assinou o Convênio para a Repressão da Exploração de Pessoas e da Exploração da Prostituição; 3) não assinou o Protocolo de Kyoto, da Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas e o controle dos gases que causam o “efeito estufa”; 4) não assinou os acordos contra crimes de guerra e nem contra crimes de lesa humanidade; 5) não ratificou o tratado da ONU sobre a proibição completa de experiências nucleares; 6) não assinou a Convenção Internacional contra o recrutamento, financiamento e treinamento de mercenários; 7) não ratificou o Convênio Internacional para a repressão dos atentados terroristas cometidos com bombas; 8) não ratificou a Convenção Internacional para a repressão do financiamento do terrorismo; 9) não ratificou a Convenção sobre os Direitos das Crianças contra a prostituição e a pornografia infantil; 10) não assinou o Protocolo Facultativo do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, destinado a abolir a Pena de Morte; 11) não ratificou a Convenção relativa à Liberdade sindical, Negociação Coletiva e idade mínima para o emprego; 12) suspendeu sua adesão à Corte Internacional de Justiça e ao Estatuto de Roma da Corte Penal Internacional.
E é esse país aí que muitos admiram?
Polícia de Los Angeles mata um “sem teto”. Não há como contestar a brutalidade da ação! Um vídeo mostra exatamente como os policiais encurralam o morador de rua, prendem-no no chão e depois o matam!
A brutalidade aconteceu no domingo (01) quando vários agentes da Polícia de Los Angeles (Califórnia) mataram um homem “sem teto” depois de o agredirem e forçarem a deitar no chão. O vídeo foi postado em várias redes sociais e é possível ver, claramente, quando os policiais atiram no homem à queima roupa.

Em depoimento, o policial Jack Richter assegurou que a Polícia atendeu a uma denúncia de que havia uma briga entre os moradores de rua. Mas o vídeo mostra que quatro policiais prendem o homem no solo e um deles pega a arma e atira. No áudio, dá para contar, pelo menos, cinco tiros.

Porre jurídico: juíza quer deportar Battisti

Porre jurídico: juíza quer deportar Battisti

11/3/2015 15:00
Por Celso Lungaretti e Carlos Lungarzo, de São Paulo

Uma juíza quer colocar em questão uma decisão do ex-presidente Lula e do STF
Uma juíza quer colocar em questão uma decisão do ex-presidente Lula e do STF
Tudo pode acontecer no Brasil, como um juiz se apropriar do carro de luxo e do piano de cauda de um ricaço em falência, sob seu julgamento. Ou de uma juiza decidir coisa já julgada pelo STF e assinada pelo ex-presidente Lula, baixando uma sentença na contra-mão, numa área na qual, juridicamente falando, não tem competência.
Talvez sem ter tido tempo para ler o processo (já houve o caso de um advogado ter juntado uma receita de pamonha num processo e assim constatou não ter sido lida sua petição), a juiza quer expulsar do Brasil o italiano Cesare Battisti, já com documento de residente permanente em São Paulo.
Fui um dos primeiros a me levantar em defesa de Battisti, quando foi preso no Rio de Janeiro e alvo de um pedido de extradição por parte da Itália. A situação de Battisti era frágil, pois a revista Carta Capital e seu diretor Mino Carta tentavam influenciar a esquerda brasileira apoiando as acusações do governo italiano de Silvio Berlusconi.
Foi uma luta árdua, iniciada na França pela escritora Fred Vargas, que veio ao Brasil para contratar advogado, pois Cesare, que vivera como fugitivo não dispunha de recursos. Nessa fase inicial, em que a esquerda brasileira ainda não tomara posição, se destacaram os políticos Fernando Gabeira e Eduardo Suplicy e o jurista Dalmo Dallari.
Foi quando Celso Lungaretti, ex-preso político e ágil no seu blog Náufrago da Utopia, trouxe seu valioso a assíduo apoio, ao qual logo depois se juntou o jurista Carlos Lungarzo. Embora o ministro da Justiça tivesse concedido refúgio a Battisti, essa decisão foi praticamente anulada pelo ministro Gilmar Mendes do STF, numa luta jurídica cujo objetivo era o de sobrepor o Judiciário ao Executivo.
Essa situação se arrastou por alguns anos, o STF decidiu pela extradição mas o então presidente Lula, no último dia de seu mandato, 31 de dezembro de 2010, decidiu pela não extradição de Battisti, provavelmente Dilma Rousseff, eleita para seu primeiro mandato não teria rejeitado a decisão do STF, embora a Constituição permita ao presidente a útima palavra em matéria de extradição.
Mesmo assim, o ministro Cesar Peluso do STF, substituto de Gilmar Mendes, quis arguir da competência de Lula e Cesare Battisti continuou preso na penitenciária de Papuda. 
O colunista Celso Lungaretti conta a atual tentativa do absurdo jurídico, faz o histórico do caso Battisti, e o jurista Carlos Lungarzo interpreta juridicamente como pode uma simples juíza tentar ultrapassar uma decisão do presidente Lula posteriormente ratificada pelo STF. 
(Nota de Rui Martins, editor do Direto da Redação)
UMA JUIZA CONTRA LULA E O STF (Celso Lungaretti)
Uma juíza do Distrito Federal tomou a esdrúxula decisão de tentar reverter o status de refugiado do escritor italiano Cesare Battisti em nosso país.
Apesar da euforia com que a grande imprensa está saudando a novidade, a meritíssima mesma não cogita a extradição de Battisti para a Itália, pois reconhece que seria uma afronta à decisão em contrário do presidente da República, reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal.
Eis o principal de sua algaravia:
“No presente caso, trata-se, na verdade, de estrangeiro em situação irregular no Brasil, e que por ser criminoso condenado em seu país de origem por crime doloso, não tem o direito de aqui permanecer, e portanto, não faz jus à obtenção nem de visto nem de permanência. Ante o exposto, julgo procedente o pedido para declarar nulo o ato de concessão de permanência de Cesare Battisti no Brasil e determinar à União que implemente o procedimento de deportação aplicável ao caso…”
“…os institutos da deportação e da extradição não se confundem, pois a deportação não implica em afronta à decisão do presidente da República de não extradição, visto que não é necessária a entrega do estrangeiro ao seu país de nacionalidade, no caso a Itália, podendo ser para o país de procedência ou outro que consinta em recebê-lo”(os grifos são meus).
Ou seja, ainda que tal besteirinha prevalecesse nas outras instâncias do Judiciário às quais será sucessivamente submetida (inclusive o STF que, caso tenha de manifestar-se, certamente manterá seu entendimento anterior), o risco para o Cesare seria apenas o de ser deportado para outro país qualquer, e não o de ser extraditado para a Itália.
A probabilidade de que isto aconteça, contudo, é mínima. Em termos legais, a balança pende acentuadamente para o lado dos patronos de Battisti e da Advocacia Geral da União, que já anunciou sua decisão de participar do caso, defendendo as prerrogativas presidenciais.
Shakespeare explica: é muito barulho por nada.
RESUMO DO CASO BATTISTI, UMA EPOPEIA LIBERTÁRIA EM TERRAS BRASILEIRAS
Foi um Caso Dreyfus ou Sacco e Vanzetti com final feliz.
Neto, filho e irmão mais novo de comunistas, Cesare Battisti engajou-se naturalmente na Juventude do PCI e, aos 13 anos, já participava dos protestos estudantis que marcaram o 1968 europeu.
Depois, no cenário radicalizado do pós-1968, o ardor da idade, também naturalmente, o foi conduzindo cada vez mais para a esquerda: do PCI à Lotta Continua, desta à Autonomia Operária, até desembocar no Proletários Armados para o Comunismo, pequena organização regional com cerca de 60 integrantes.
Participou de assaltos para sustentar o movimento — as expropriações de capitalistas — e não nega. Mas, assustado com a escalada de violência desatinada — cujo ápice foi a execução do sequestrado premiê Aldo Moro pelas Brigadas Vermelhas — desligou-se em 1978, logo após o primeiro assassinato reivindicado por um núcleo dos PAC, do qual só tomou conhecimento a posteriori, recebendo-o com indignação.
Já era um mero foragido sem partido quando os PAC vitimaram outras três pessoas, no ano seguinte.
Detido, foi condenado em 1981 pelo que realmente fez (participação em grupo armado, assalto e receptação de armas), mas a uma pena rigorosa demais (12 anos), característica dos anos de chumbo na Itália, quando se admitia até a permanência de um suspeito em prisão PREVENTIVA por MAIS DE 10 ANOS!!!
Mitterrand recebia bem os perseguidos italianos
Resgatado em outubro de 1981, por uma operação comandada pelo líder dos PAC, Pietro Mutti, abandonou a Itália, a luta armada e a própria participação política, ocultando-se na França, depois no México, onde iniciou sua carreira literária.
Aceitando a oferta do presidente François Mitterrand — abrigo permanente para os perseguidos políticos italianos que se comprometessem a não desenvolver atividades revolucionárias em solo francês –, levava existência pacata e laboriosa há 14 anos, quando, em 2004, a Itália o escolheu como alvo.
Tinha sido um personagem secundário e obscuro nos anos de chumbo, quando cerca de 600 grupos e grupúsculos de ultraesquerda se constituíram na Itália. O fenômeno ganhou maiores proporções porque muitos militantes sinceros de esquerda foram levados ao desespero pela traição histórica do PCI, que tornou a revolução inviável num horizonte visível ao mancomunar-se com a reacionária, corrupta e mafiosa Democracia Cristã.
Destes 600, um terço esteve envolvido em ações armadas.
“POR QUE EU?” – Nem os PAC tinham posição de destaque na ultraesquerda, nem Battisti era personagem destacado dos PAC. Foi apenas a válvula de escape de que o delator premiado Pietro Mutti e outros arrependidos, em depoimentos escandalosamente orquestrados, serviram-se para obter reduções de pena: estava a salvo no exterior, então poderiam descarregar sobre ele, sem dano, as próprias culpas.
Num tribunal que só faltou ser presidido por Tomás de Torquemada, Battisti acabou sendo novamente julgado na Itália e condenado à prisão perpétua em 1987.
A sentença se lastreou unicamente no depoimento desses prisioneiros que aspiravam a obter favores da Justiça italiana — cujas grotescas mentiras se evidenciaram, p. ex., na atribuição da autoria direta de dois homicídios quase simultâneos a Battisti, tendo a acusação de ser reescrita quando se percebeu a impossibilidade material de ele estar de corpo presente em ambas as cidades.
O Tribunal do Santo Ofício, de triste memória.
Depois, provou-se de forma cabal que Battisti não só fora representado por advogados hostis (pois defendiam arrependidos cujos interesses conflitavam com os dele), como também falsários (pois forjaram as procurações que os davam como seus patronos).
Battisti escapara das garras da Justiça italiana, então valia tudo contra ele. Mas, ainda, como vilão menor.
Passou a ser encarado como um vilão maior quando alcançou o sucesso literário. Tinha muito a revelar sobre o macartismo à italiana dos anos de chumbo, tantas vezes denunciado pela Anistia Internacional e outros defensores dos direitos humanos.
Foi aí, em 2004, que a Itália direcionou suas baterias contra Battisti, investindo pesado em persuasões e pressões para que a França desonrasse a palavra empenhada por um presidente da República. Tudo isto facilitado pela voga direitista na Europa e pela histeria insuflada ad nauseam a partir do atentado contra o WTC.
Ao mesmo tempo que concedia a extradição antes negada, a França, por meio do seu serviço secreto, facilitou a evasão de Battisti. A habitual duplicidade francesa.
VÍTIMA DE DOIS SEQUESTROS NO BRASIL – E o pesadelo se transferiu para o Brasil, onde o escritor teve a infelicidade de encontrar, no STF, dois inquisidores dispostos a tudo para entregarem o troféu a Silvio Berlusconi.
Preso em março/2007, seu caso deveria ter sido encerrado em janeiro/2009, quando o então ministro da Justiça Tarso Genro lhe concedeu refúgio.
Tarso Genro concedeu-lhe refúgio
Mas, ao contrário do que estabelecia a Lei do Refúgio, bem como da jurisprudência consolidada em episódios anteriores, o relator Cezar Peluso manteve Battisti sequestrado, na esperança de convencer o STF a revogar (na prática) a Lei e jogar no lixo a jurisprudência.
Apostando numa hipótese coerente com suas convicções pessoais (conservadoras, medievalistas e reacionárias), Peluso manteve encarcerado quem deveria libertar.
Ele e o então presidente Gilmar Mendes atraíram mais três ministros para sua aventura que, em última análise, visava erigir o Supremo em alternativa ao Poder Executivo, esvaziando-o ao assumir suas prerrogativas inerentes. A criminalização dos movimentos sociais também fazia, obviamente, parte do pacote.
Foram juridicamente aberrantes as duas primeiras votações, em que o STF, por 5×4, derrubou uma decisão legítima do ministro da Justiça e autorizou a extradição de um condenado por delitos políticos, ao arrepio das leis e tradições brasileiras.
Como na nossa ditadura militar, delitos políticos foram falaciosamente metamorfoseados em crimes comuns — a despeito da sentença italiana, dezenas de vezes, imputar a Battisti a subversão contra o Estado italiano e enquadrá-lo numa lei instituída exatamente para combater tal subversão!
A blitzkrieg direitista foi detida na terceira votação, quando Peluso e Mendes tentavam automatizar a extradição, cassando também uma prerrogativa do presidente da República, condutor das relações internacionais do Brasil.
Contra este acinte à Constituição insurgiu-se um ministro legalista, Carlos Ayres Britto. Também por 5×4, ficou definido que a decisão final continuava sendo do presidente da República, como sempre foi.
Sabendo que Luiz Inácio Lula da Silva não se vergaria às afrontosas pressões italianas, o premiê Silvio Berlusconi já se conformava com a derrota em fevereiro de 2010, pedindo apenas que a pílula fosse dourada para não o deixar muito mal com o eleitorado do seu país.
Mesmo assim, quando Lula encerrou de vez o caso, Peluso apostou numa nova tentativa de virada de mesa. Ao invés de libertar Battisti no próprio dia 31/12/2010, que era o que lhe restava fazer segundo o ministro Marco Aurélio de Mello e o grande jurista Dalmo de Abreu Dallari, manteve-o, ainda, sequestrado.
Parlamentares foram se solidarizar a Battisti na Papuda
E o sequestro, desta vez, saltou aos olhos e clamou aos céus. Só não viu quem não quis.
O STF acabou decidindo, por sonoros 6×3 (só Ellen Gracie embarcou na canoa furada de Peluso e Mendes), que não havia mais motivo nenhum para o processo prosseguir nem para Battisti ser mantido preso. Isto depois da dobradinha Peluso/Mendes ter cerceado arbitrariamente sua liberdade por mais cinco meses e oito dias.
Depois, em maio de 2014, o Superior Tribunal de Justiça considerou extinta a acusação contra Battisti, por ter usado documentação falsa quando entrou no Brasil; trata-se de um expediente ao qual usualmente recorrem os perseguidos políticos, sem serem por isto penalizados.
Sua condição legal, contra a qual uma juíza do DF se insurgiu (sua aberrante decisão deverá ser corrigido nas instâncias superiores, claro!), é a de residente permanente no Brasil.
<b>Celso Lungaretti</b>, jornalista e escritor.
CASO BATTISTI: DESMASCARANDO A PROVOCAÇÃO JUDICIAL (Carlos Lungarzo)
Quase todos percebem (mesmo que a maioria finja o contrário) que, desde 2007, o caso Battisti nada mais foi que uma sequencia infame de provocações sem sentido, desejos de vingança e manobras da oposição para abortar o governo do PT.
Neste post me refiro a última e mais truculenta de todas elas: um membro do MPF do DF, desconhecido pela opinião pública, mas subserviente aos interesses dos partidos da oposição de direita, apresentou uma ação civil pública (ACP) em 2011 para CASSAR O VISTO DE PERMANÊNCIA DE CESARE BATTISTI NO BRASIL.
Esse assunto foi pouco difundido, e o processo ficou arquivado até que houvesse uma situação ótima. A situação chegou: o plano golpista da direita e o caso Pizzolato.
A juíza Adverci Rates Mendes de Abreu emitiu uma sentença, que, além de seu óbvio caráter “sob demanda”, é tão contraditória, falaciosa e ilegal, que minha intenção de analisá-la parece uma frescura desnecessária. Entretanto, prefiro não facilitar, porque, afinal, o que está detrás disto é muito grande: golpistas civis e não civis, mercadores do obscurantismo, financistas, empresários e interesses estrangeiros.
Num país onde pessoas que querem substituir a ciência pela superstição e pessoas que exportam por atacado benzoilmetilecgonina (vulgarmente, cocaína), consideram-se com direito a disputar o maior comando do estado, tudo pode acontecer.
Adiantando a Conclusão
O que todos sabemos, mas vamos mostrar agora, é que:
A Lei de Estrangeiros proíbe a permanência de estrangeiro processado no exterior por crime que mereça extradição, porém:
A extradição foi negada pelo Poder Executivo. Lembram disso? Então Battisti não é mais sujeito a extradição. Já foi até o 8/6/11, mas não é agora.
Todo estrangeiro cuja extradição foi recusada, foi julgado por extradição. Isto está claro? Se alguém proíbe a extradição de João, é porque alguém pediu a extradição de João, e, portanto, é porque João foi acusado de algum crime. Não é? No Brasil se julgaram, nas últimas décadas, mais de mil extradições (a de Battisti é a 1085), e centenas delas foram NEGADAS. Ou seja, a pessoa não foi extraditada. Então todas essas pessoas foram ou condenadas, ou julgadas, ou, pelo menos, indiciadas, no exterior, por crime que merecia extradição. Então, a pitoresca juíza deveria pedir a imediata anulação de visto e a deportação de cerca de 500 pessoas.
Como disse (e veremos depois) Maierovitch, a lei de estrangeiros não pode ser literalmente interpretada, porque conduz a paradoxos.
Julgar a autorização da extradição é atribuição do STF, mas não sua execução. Isso só cabe ao Poder Executivo.
Se a extradição ou a deportação fosse atribuição do judiciário, então, certamente, nenhum juiz, por mais adverÇo que seja, poderia colocar-se acima do STF, que encerrou o caso em 9/6/2011 às 00:44.
Finalmente, a lei 6851 foi enviada a Parlamento pelo ditador Figueiredo, por requerimento de sangrento tirano argentino Rafael Videla, que queria a deportação de mais de 20.000 argentinos que moravam no Brasil. Naquele momento, todo o MDB votou contra, salvo Brossard. A favor, foram os deputados da ditadura (ARENA), que faziam uma ajustada maioria. O então deputado da Bahia Chico Pinto disse que a lei era fascista e estalinista. Nada mais exato.
Bom, agora, um pouco de história desta sujeira, e depois argumentos e conclusões.
Os Fatos que Conduziram à ACP
Em 31/12/2010, o presidente saliente do Brasil, Lula da Silva, assinou um decreto em que recusava a extradição pedida pela Itália no caso Ext 1085, o que, de acordo com a legislação nacional e a CF, fechava definitivamente o caso.
Na época, os ministros Marco Aurélio e Ayres Brito protestaram contra a exigência (totalmente ilegal e antijurídica) de Peluso, que se opunha a libertação de Battisti e demorou todo o que foi possível o julgamento da decisão anti-extradição. Por sinal, este julgamento era desnecessário e foi uma manobra suja de alguns ministros.
O jurista Luis Roberto Barroso lembrou que essas práticas faziam retroceder a justiça aos tempos da disfuncionalidade chamada ditadura.
Sendo que Peluso, junto com Mendes e Ellen tinham a força bruta, pois estavam apoiados pela mídia e pela direita parlamentar, conseguiram demorar o fato até o 8 de junho de 2011.
Na oitiva desse dia, Mendes entrou subitamente em delirium e fez um discurso de impressionante non-sense (muito mais que o habitual), repetindo até sete vezes chavões grotescos (por exemplo, disse que o STF não era um clube de recreação poética [sic]). Lady Ellen fez um comentário cheio de dondoquice, onde comparava a “arrogância” de Lula com a “humildade” da Rainha da Inglaterra. Poderia ter sido pior: pelo menos, não se discutiram receitas de coquetéis nem etiqueta na mesa, o qual foi muito prudente.
Só Peluso manteve a seriedade que cabe a um inquisidor e carrasco que se preze. Sendo os três votos vencidos por 6 a 3, Peluso se indignou, acusou Lula de ilegalidade e disse que “apesar de tudo, ia aceitar a decisão da maioria”, sugerindo que, se quiser, poderia desobedecer. De fato, quando Barroso subiu ao estrado e, vigorosamente, pediu a ordem de soltura, Peluso o olhou com notória antipatia e disse que logo a redigiria.
A partir daquele momento, CB ficou livre, mas devendo resolver sua permanência jurídica. Não é a primeira vez que o Brasil rejeita uma extradição. Há algumas centenas de casos e, em todos, exceto quatro, sempre foi dado ao ex-extraditando a opção de ficar no país como residente permanente. Os casos em que isso não aconteceu foi porque os ex-extraditandos optaram, voluntariamente por ir a um 3º país.
Vale destacar que o juiz Marco Aurélio de Melo teve a honestidade de dizer que CB poderia reclamar indenização por ter sofrido prisão ilegal durante um longo tempo.
Um fato deve ficar claro, pois até os mais honestos e empenhados defensores de Battisti cometem alguns erros que só prejudicam a marcha da defesa, e dão combustível às mentiras da mídia. É este:
Lula não deu refúgio a Battisti. O refúgio havia sido dado por Tarso Genro, e foi cassado, por uma intromissão inconcebível do STF em 9/9/2009, violando o princípio de separação de poderes. Após de ser libertado em 9/6/2011, CB tornou-se estrangeiro ex-extraditando, em aguardo pela normalização de sua permanência no Brasil.
Logo após sua libertação, o Conselho Nacional de Imigração (órgão do MTE) concedeu RESIDENCIA PERMANENTE AO BATTISTI, que encaminou, então, à polícia federal, o pedido para obter a condição de residente permanente.
Em agosto de 2011, a condição de residente permanente foi dada pela Polícia Federal de SP, num processo administrativo absolutamente válido, que não foi viciado por nenhuma irregularidade. Esse dia, também, se elaborou a carteirinha de Residente Permanente, que é igual, salvo pelo número e a foto, a que temos todos os estrangeiros do Brasil, mesmo os que não somos acusados de nada. É falso, então, totalmente falso, que Cesare tivesse recebido uma fórmula migratória restritiva.
Vejam um segmento da sequencia do protocolo da própria PF. Outros documentos relativos ao caso estão afixados em meu site.
Em agosto de 2011 Battisti pediu seu Registro Nacional de Identidade. Trocando em miúdos:
Cesare Battisti têm, desde agosto de 2011, residência permanente no Brasil, que só pode ser cassada, de acordo com a Lei de Estrangeiros, pel@ Chef@ de Estado, desde que a cassação seja tolerada pelo STF. O registro nacional de estrangeiros deve renovar-se em 2019, mas a renovação visa apenas atualizar os dados. Ele não pode ser indeferido.
A condição migratória de Battisti (como pode ver-se no protocolo que eu apensei acima nas linhas grifadas), é a mesma que a de qualquer outro estrangeiro radicado definitivamente no Brasil, que ainda não esteja naturalizado. Não é um visto precário de refugiado, asilado, transeunte, nem coisa que o valha.
O MP carrega a AK-47
No 13 de outubro de 2011, ou seja, 127 dias depois da soltura de Battisti, o MPF do DF apresentou uma Ação Civil Pública (ACP) contra o governo federal onde Battisti seria o “litispedente”.
O caso esteve aos cuidados do Procurador Hélio Heringer. Ele não possui muitas menções no Google, por exemplo. Faz coisas de rotina no MPF do DF. Ficou mais ou menos conhecido quando se empolgou com a perseguição de um dos filhos do Lula, no qual acreditou ver o famoso fantasma da corrupção. Parece que não encontrou nada.
Heringer apresentou uma Ação Civil Pública, cujo réu principal é o governo Federal, acusado de violar a lei ao conceder a Battisti a residência permanente. O “litispendente” era Cesare Battisti.
Veja, se tiver paciência, neste link. Há muitos outros que repetem a história.
http://www.prdf.mpf.mp.br/imprensa/13-10-2011-mpf-df-questiona-visto-de-cesare-battisti-e-pede-a-justica-deportacao-do-italiano
Para poupar o leitor de longas páginas de bobagens, vamos capturar o parágrafo central da argumentação do MPF
“Desse modo, sendo os crimes dolosos e sujeitos à extradição segundo a lei brasileira, não há que ser concedido visto de estrangeiro a Cesare Battisti”.
Para quem não acha óbvia a falácia, permitam a um profano tentar dar uma explicação.
LEI Nº 6.815, DE 19 DE AGOSTO DE 1980, no artigo 7, diz, no inciso IV que, não se concederá visto ao estrangeiro…
“condenado ou processado em outro país por crime doloso, passível de extradição segundo a lei brasileira”
Observe que a lei estabelece duas condições conjuntas:
Não deve ser condenado por crime doloso,
O crime não deve ser passível de extradição pelo Brasil
Ou seja, não é suficiente que o estrangeiro seja condenado por crime doloso. Ele deve ser suscetível de extradição pela lei Brasileira.
Por exemplo, correr um racha (pega no RJ) de carro é um crime de dolo eventual, no Brasil. Ora, se um estrangeiro é perseguido por ter ferido alguém num “racha”, não é claro se seria extraditado ou não.
Então, vamos chegando… Para que alguém seja impedido de ter visto, precisa-se que ele possa ser extraditado, não apenas que o crime seja doloso: o estrangeiro deve ser um extraditando. Isto deriva de extradictandus, que é o gerundivo de extraditare < extradere = entregar.
Ou seja, o extraditando é aquele que, em função de sua condenação, deve ser devolvido ao seu pais, entregue às autoridades que o reclamam. Mas, isso não se aplica neste caso por duas razões.
O Poder executivo recusou a extradição em 31/12/2011, uma faculdade do PE que já havia sido autorizada pelo STF, em novembro de 2009, e faz parte das atribuições do presidente em virtude da CF, da jurisprudência nacional e das convenções internacionais.
Porque o STF, por 6 votos contra três (Mendes, Peluso e Ellen Gracie), apoiou a decisão do PE e ordenou a imediata libertação de Battisti.
Então Battisti foi um extraditando até 31/12/2010, ou, se quisermos ser ainda mais rigorosos, até 9/6/2011, mas, quando saiu da cadeia, já não era mais extraditando. Quando fez seus documentos em agosto de 2011, o processo de extradição estava encerrado.
Ouso conjecturar que a juíza percebeu que brincar com a extradição podia ser facilmente descoberto, e preferiu acatar a sugestão do MP, de deportar Battisti e não extraditá-lo. Mas, eis aí que isso também é ilegal.
Observe que, pela lei 6851, o estrangeiro é impedido de ter documentos, ou, então, o estrangeiro pode ter seus documentos anulados, só se ele for ainda extraditando. Ou seja, você não pode anular a qualquer momento os documentos de um estrangeiro, pela simples vontade de um burocrata ao serviço de quem sabe quem.
Se você quer expulsar um estrangeiro do pais, seja por deportação a locais determinados, seja por simples expulsão, uma vez que ele tem documentos de residência, precisa da autorização do Chefe do Estado, e de consentimento do STF, pois a responsabilidade do ato é do Executivo, mas a certeza de que não se violam direitos do estrangeiro é da Corte.
A Opinião de Maierovitch
A ACP apresentada pelo MPF do DF era obviamente tão disparatada, que só foi defendida pelo mais sórdido da direita brasileira. As pessoas com conhecimento jurídico, mesmo sendo inimigas de Battisti, reconheceram que aquilo era um desatino.
O jurista Walter Maierovitch, que foi a pessoa que investiu mais tempo e esforços em exigir a extradição de Battisti, também criticou a proposta do MPF. Maierovitch atacou Battisti, muitas vezes, com argumentos não totalmente exatos, como quando afirmou que o sindicalista Guido Rossa, delator do PCI, havia sido assassinado pelo grupo autonomista Prima Linea, quando em realidade foi pelas Brigadas Vermelhas. Entretanto, neste caso da ACP demonstrou muita objetividade, o que desconcertou os outros inimigos de Battisti que pensavam encontrar apoio nele. Veja o que ele disse.
A ação proposta pelo ministério público do Distrito Federal referentemente à anulação da permissão para permanência e trabalho concedidas a Cesare Battisti no Brasil padece, com o devido respeito, de uma forte miopia. Não se pode, no “tapetão” desconsiderar a decisão principal de indeferimento da extradição. Por outro lado, a interpretação literal, fundamentalista, do Estatuto do Estrangeiro, como ficará demonstrado abaixo, conduz a equívoco.
Sobre o caso Battisti escrevi mais de 100 artigos e todos sabem da minha posição a respeito desse sanguinário e covarde assassino. Mas, e como não sou farsante como Battisti, não posso admitir uma extradição por via oblíqua.
De dez a vinte, a chance não sai do zero sobre a possibilidade jurídica de o sanguinário e dissimulado Cesare Battisti ser deportado ou expulso do Brasil, por força da ação anulatória de visto de permanência proposta pelo ministério público do Distrito Federal e noticiada nos jornais de hoje.
Para o procurador Hélio Heringuer, do ministério público distrital, houve ilegalidade na concessão de autorização de permanência e de trabalho a Cesare Battisti, no Brasil.
A visão ministerial está divorciada do fato principal, ou seja, o Supremo Tribunal Federal entendeu, por unanimidade, caber ao Presidente da República a última palavra sobre a extradição em face de estar em jogo questão de relações internacionais entre estados.
Você pode ler o resto do artigo aqui
http://www.cartacapital.com.br/politica/caso-battisti-no-tapetao-nao
As Consequências da Ação do MPF
A ação do MPF não foi lançada por acaso. Alguns se perguntam por que o MPF cometeria um ato tão ridículo. O que acontece é que esse ato seria ridículo em outro lugar, mas não na América Latina, onde ninguém sabe quais são seus direitos, salvo as elites que são as que fabricam esses direitos. Os objetivos naquele momento eram:
Reforçar as bravatas da Itália, que ameaçou ir ao Tribunal de Haia (mas não fez) e até, por via de grupos privados, sugeriu que capturaria Battisti pela força, o que foi apoiado por algumas TVs Brasileiras.
Aumentar o clima de ódio contra o PT, cujo triunfo eleitoral pela terceira vez deixava histérica à direita.
E, além disso, estão as sempre permanentes razões, do enorme ódio dos que regem um estado policíaco-inquisitorial contra pessoas de esquerda, iluministas ou realmente democráticas.
Houve algumas consequências diretas, e outra não tanto. A mais surpreendentemente direta foi uma ação feita por um juiz em 4 de agosto de 2012.
Com efeito, o juiz Federal da 20ª vara, também do DF, Alexandre Vidigal, pediu uma investigação policial para identificar o domicílio de Battisti. Ao mesmo tempo, na Itália, mais de 5.000 blogues, jornais e revistas eletrônic@s difundiram notícias alarmistas do tipo:
“Battisti desaparecido”
“Battisti voltou a fugir”
“Justiça brasileira procura Battisti”
O motivo da extemporânea ação do juiz foi que, segundo ele, não se sabia onde estava Battisti. Mas, naquele mesmo momento, Battisti apresentava seu último romance nas livrarias de RS, e toda a mídia noticiava que o “terrorista” andava fazendo propaganda de seu livro. Será que o juiz não lia notícias?
Houve alguns outros fatos isolados, cuja origem é fácil de imaginar. Por exemplo, um jovem que se fingiu alterado pela “indignação” simulou sequestrar um mordomo de um hotel de Brasília em 29/9/2014, gritando que exigia a “renúncia da Dilma” e a “extradição de Battisti”.
Enquanto isso, a ACP do MPF ficou dormindo durante três anos e meio no despacho da 20ª. Vara Federal de Brasília. Por que tanto tempo?
Sentença Adversa
Finalmente, a semana passada a juíza abriu a caixa de Pandora. Ela disse que não é a mesma coisa a deportação que a extradição.
Hum! Ainda bem que teve a gentileza de nos informar. No entanto, atente a isto:
Ninguém está dizendo que a juíza, pelo menos oficialmente, esteja pedindo a extradição de Battisti. De acordo! Ela quer deportar a outros países (não a Itália), como o México e a França. Isso não seria, em aparência, extradição. Mas, observem
O MP, ao propor a ACP, e a juíza, ao deferi-la, usam (eles e não nós) o conceito de extradição, para qualificar o suposto crime de Battisti.
Tem outra coisa. O que a juíza disse, que extradição e deportação são institutos muito diferentes, é pura teoria. Na prática, eles estão muito perto, aliás, a menos de um dia de voo entre Aeroporto Juárez e Fumicino.
Como México não tem nada contra Battisti, ele vai recebe-lo, mas, a Interpol já está autorizada a levar Battisti à Italia em qualquer lugar que o encontro; só não pode fazer isso no Brasil, porque aqui está oficialmente imigrado, com documentos legítimos de permanência.
3. Mesmo que com França fosse diferente, a proposta de transferí-lo a esse país é mais uma provocação. Battisti não está obrigado a ir a nenhum país. É um estrangeiro que tem os mesmos direitos que eu e outros 300.000 ou mais que moram no Brasil.
Qual é Objetivo Disto?
São vários, pelo menos, estes:
Utilizar o caso Battisti, como foi previsto já muitas vezes, para forçar a volta de Pizzolato.
Já na Itália as ralés fascistas que ocupam todos os espaços do Estado estão celebrando o n-simo passo de sua vendeta. Estão tão contentes que até entregariam o Papa e até alguns chefes da Máfia para recuperar Battisti.
Contribuir à enorme tempestade golpista, que a direita brasileira, saindo de todos os esgotos onde habita, está promovendo desde as últimas eleições.
O caso Battisti tem um peso mínimo, mas a direita não desperdiça nada. O assunto do mensalão, a Petrobrás, e, entre outros infinitos “factoides”, o caso Battisti, são explosivos de diversos pesos, mas todos servem. Levar Battisti à Itália para morrer não é tão importante para a direita como vender a Petrobrás. Mas, sempre é um consolo. Tampouco a Inquisição ganhava nada concreto mandando adolescentes às fogueiras, mas satisfazia o ódio, a demência e o sadismo dos místicos e belicistas.
Afinal, pensemos nisto:
O que ganharam os fanáticos assassinos de Paris com sua sangrenta operação, e que ganham os católicos e os evangélicos que justificaram aquilo como uma ação contra os “blasfemos”? Até deram a vida (os assassinos, claro, não os admiradores, que olharam lubricamente a distância) por seus bárbaros objetivos.
<b>Carlos Lungarzo</b>, professor, jurista e escritor





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