domingo, 4 de março de 2012

A poesia necessária

CANÇÃO PARA OS HOMENS SEM FACE de manoel de andrade / curitiba

panfleto do poema, na Colombia (1970), com arte de atilio carrasco.
o poema publicado na revista LETRAS BOLIVIANAS (1970), com arte de atilio carrasco.
Canção para os homens sem face
De Manoel de Andrade
para  José Macedo de Alencar
Não canto minha dor…
dor de um só homem não é dor que se proclame.
Canto a dor dos homens sem face
canto os que tombaram crivados
os homens escondidos
os que conheceram a nostalgia do exílio
para os encarcerados.
Canto aos párias da vida…
aos bêbados, aos vagabundos e aos toxicômanos.
Canto as prostitutas
e as mulheres que foram embora com o homem amado.
Canto à multidão que entra e sai pelos portões das fábricas
aos que vêem o dia nascer no asfalto das rodovias
e aos lavadores de carros e aos que vendem a loteria
canto aos coletores de lixo e aos guardiões noturnos
as longas filas de pessoas que esperam os ônibus nas praças
e aos estrangeiros que aqui vieram viver.
Canto os homens sem raízes, sem família, sem pátria
canto meu sonho quando canto os que viveram o mar
que aportaram em países distantes
e conheceram homens de muitas raças…
e quando canto os navios,
canto ao meu coração de barco.
Gosto de cantar tudo o que vejo
os homens que conheço
e os que ainda não começaram a existir para mim.
Gosto de caminhar sozinho e de mãos nos bolsos pelas ruas e pela vida
gosto de falar com os homens dos armazéns
dos mercados, das oficinas,
dos postos de gasolina,
das bancas de revistas, das agências de viagens,
com os ascensoristas, com os que consertam os esgotos da cidade,
e outros homens, outros.
E canto as crianças que brincam nos parques
e pulam corda nas calçadas
e os que vão ao palco representar o drama dos outros homens.
Eu canto para todos os homens…
meus irmãos em todas as raças, nacionalidades e crenças,
canto além de todas as fronteiras
porque sob a bandeira da paz eu canto;
e pela fé que me ilumina
e por essa canção escrita no meu peito,
eu canto a humanidade inteira.
Canto a vergonha de ser brasileiro num tempo defecado
canto meu povo
e se ainda não canto meu país,
é porque não sei cantar na presença de homens indecentes;
eu canto sobretudo para aqueles que preservaram seu sonho,
para os que ousaram lutar e morrer por ele,
canto a memória de um guerrilheiro argentino.
E eis que meu verso se endurece
para que  eu cante meu melhor combate
e só assim posso cantar para os irmãos e  camaradas
recrutando companheiros para a luta…
e quando meu canto é feito para os ouvidos dos justos,
eu canto sem temor,
para que minha canção palpite solitária e solidária
no coração daqueles que se preservaram da lama.
Canto sem medo e sem brinquedo
e enfileiro meus versos para a luta
prontos para ferir como baionetas
prontos a morrer se for preciso.
Como guerreiros invisíveis
meus versos se infiltrarão no país dos corruptos pelas fronteiras das entre-
/linhas
e renascerão nos lábios dos militantes
ora como uma flor, ora como um fuzil.
Ah, que tempos são esses!?
já não reconheço nestes versos os versos de poeta que fui;
meu canto é hoje um canto transtornado pelo pacto desumano dos homens,
pelo triste dever de indignar-se,
pela violência estampada nas manchetes dos jornais…
e eis que um poeta não canta sem que seu verso quase desfaleça.
E hoje…
nestes dias encardidos de atos e decretos,
neste tempo suspenso num mastro sem bandeiras,
nesta nação de homens que ingerem caldo de galinha,
neste momento tísico
em que somente os finórios se regozijam,
nestes anos em que o sangue da América é um imenso canto de esperanças,
este poema chega assim tão de repente
rogando uma audiência para falar comigo,
como se soubesse que estou para morrer,
e me encontra prostrado num bacanal de coisas fúteis,
um inconsciente talvez…
um homem inútil
quase um desertor
meu Deus, quase um desertor.
Ah, meus  versos
minha absolvição…
neles  renasço transfigurado e forte
e cavalgo o universo inteiro;
e caminho cheio de amor por todos os seres
e por todas as coisas;
cheio de asco pelos tiranos
e pelos homens hipócritas
e sinto o coração limpo e maciço de ternura
meu canto crescer e explodir mais forte que a bomba.
Ah, meus versos,
meus versos que não são meus,
que são de todos os homens e de todas as mulheres que eu canto;
que são de todos os que se aproximam de mim
e que falam comigo.
Meus versos que afinal nunca serão de ninguém,
caminhando pela terrível solidão branca do papel,
pelo itinerário clandestino das gavetas;
estampados nas palavras escarlates da minha revolta pública,
impressos no meu olhar solitário de samurai.
Eu canto para todos os homens
contudo, neste tempo,
eu canto para os homens sem face…
aqueles que se perdem na multidão das grandes cidades,
e que amadurecem, a cada dia,
os punhos para a luta.
Curitiba, Setembro de 1968
Este poema consta do livro  POEMAS PARA A LIBERDADE  editado por Escrituras
para José Macedo de Alencar
Não canto minha dor…
dor de um só homem não é dor que se proclame.
Canto a dor dos homens sem face
canto os que tombaram crivados
os homens escondidos
os que conheceram a nostalgia do exílio
para os encarcerados.
Canto aos párias da vida…
aos bêbados, aos vagabundos e aos toxicômanos.
Canto as prostitutas
e as mulheres que foram embora com o homem amado.
.
Canto à multidão que entra e sai pelos portões das fábricas
aos que vêem o dia nascer no asfalto das rodovias
e aos lavadores de carros e aos que vendem a loteria
canto aos coletores de lixo e aos guardiões noturnos
as longas filas de pessoas que esperam os ônibus nas praças
e aos estrangeiros que aqui vieram viver.
Canto os homens sem raízes, sem família, sem pátria
canto meu sonho quando canto os que viveram o mar
que aportaram em países distantes
e conheceram homens de muitas raças…
e quando canto os navios,
canto ao meu coração de barco.
.
Gosto de cantar tudo o que vejo
os homens que conheço
e os que ainda não começaram a existir para mim.
Gosto de caminhar sozinho e de mãos nos bolsos pelas ruas e pela vida
gosto de falar com os homens dos armazéns
dos mercados, das oficinas,
dos postos de gasolina,
das bancas de revistas, das agências de viagens,
com os ascensoristas, com os que consertam os esgotos da cidade,
e outros homens, outros.
.
E canto as crianças que brincam nos parques
e pulam corda nas calçadas
e os que vão ao palco representar o drama dos outros homens.
Eu canto para todos os homens…
meus irmãos em todas as raças, nacionalidades e crenças,
.
canto além de todas as fronteiras
porque sob a bandeira da paz eu canto;
e pela fé que me ilumina
e por essa canção escrita no meu peito,
eu canto a humanidade inteira.
.
Canto a vergonha de ser brasileiro num tempo defecado
canto meu povo
e se ainda não canto meu país,
é porque não sei cantar na presença de homens indecentes;
eu canto sobretudo para aqueles que preservaram seu sonho,
para os que ousaram lutar e morrer por ele,
canto a memória de um guerrilheiro argentino.
.
E eis que meu verso se endurece
para que eu cante meu melhor combate
e só assim posso cantar para os irmãos e camaradas
recrutando companheiros para a luta…
e quando meu canto é feito para os ouvidos dos justos,
eu canto sem temor,
para que minha canção palpite solitária e solidária
no coração daqueles que se preservaram da lama.
Canto sem medo e sem brinquedo
e enfileiro meus versos para a luta
prontos para ferir como baionetas
prontos a morrer se for preciso.
.
Como guerreiros invisíveis
meus versos se infiltrarão no país dos corruptos pelas fronteiras das entre-
/linhas
e renascerão nos lábios dos militantes
ora como uma flor, ora como um fuzil.
.
Ah, que tempos são esses!?
já não reconheço nestes versos os versos de poeta que fui;
meu canto é hoje um canto transtornado pelo pacto desumano dos homens,
pelo triste dever de indignar-se,
pela violência estampada nas manchetes dos jornais…
e eis que um poeta não canta sem que seu verso quase desfaleça.
.
E hoje…
nestes dias encardidos de atos e decretos,
neste tempo suspenso num mastro sem bandeiras,
nesta nação de homens que ingerem caldo de galinha,
neste momento tísico
em que somente os finórios se regozijam,
nestes anos em que o sangue da América é um imenso canto de esperanças,
este poema chega assim tão de repente
rogando uma audiência para falar comigo,
como se soubesse que estou para morrer,
e me encontra prostrado num bacanal de coisas fúteis,
um inconsciente talvez…
um homem inútil
quase um desertor
meu Deus, quase um desertor.
.
Ah, meus versos
minha absolvição…
neles renasço transfigurado e forte
e cavalgo o universo inteiro;
e caminho cheio de amor por todos os seres
e por todas as coisas;
cheio de asco pelos tiranos
e pelos homens hipócritas
e sinto o coração limpo e maciço de ternura
meu canto crescer e explodir mais forte que a bomba.
.
Ah, meus versos,
meus versos que não são meus,
que são de todos os homens e de todas as mulheres que eu canto;
que são de todos os que se aproximam de mim
e que falam comigo.
Meus versos que afinal nunca serão de ninguém,
caminhando pela terrível solidão branca do papel,
pelo itinerário clandestino das gavetas;
estampados nas palavras escarlates da minha revolta pública,
impressos no meu olhar solitário de samurai.
.
Eu canto para todos os homens
contudo, neste tempo,
eu canto para os homens sem face…
aqueles que se perdem na multidão das grandes cidades,
e que amadurecem, a cada dia,
os punhos para a luta.
.
Curitiba, Setembro de 1968

Do Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares


Mais verdades sobre a blogueira mentirosa. É curiosa, para dizer o mínimo, a história da blogueira Yoani Sánchez. Sua biografia diz que ela conseguiu sair de Cuba em 2002, indo morar na Suíça, onde trabalhou e estudou. Curiosamente, dois anos depois resolve voltar para Cuba e fazer parte de “grupos oposicionistas” e passou a receber “prêmios” e “ajudas” de instituições internacionais por seu trabalho contra o governo cubano.
Yoani Sánchez recebeu, oficialmente, uma ajuda de 250 mil euros dessas instituições. O equivalente a 20 anos de salário mínimo em um país como a França. Façamos as contas: o salário mínimo mensal em Cuba é de 420 pesos (14 euros); portanto, Yoani Sánchez recebeu o equivalente a 1.488 anos de salário mínimo cubano só para fazer sua propaganda contra a Ilha!
Outra da mentirosa. Em 2009, Yoani Sánchez publicou em seu blog uma possível entrevista que teria conseguido com Barack Obama. A matéria foi divulgada no mundo inteiro destacando que uma blogueira cubana havia entrevistado o presidente dos EUA e Yoani ainda disse que havia enviado as mesmas perguntas para o presidente de Cuba, Raúl Castro, que não respondeu.
Em 2010 a Wikileaks desmontou a farsa. Quem respondeu ao questionário da mentirosa foi um funcionário do Escritório de Interesses dos EUA em Cuba. O chefe do Escritório, Jonathan D. Farrar, confirmou que o questionário jamais havia sido enviado para Obama. Soube-se, depois, que ela não havia enviado para Raúl Castro.
Para terminar. Há um endereço na internet (www.followerwonk.com) que permite analisar o perfil de todos os seguidores de qualquer membro da comunidade Twitter. Yoani Sánchez costuma alardear que tem mais de 214 mil seguidores cadastrados no seu endereço, mas basta consultar o followerwonk para descobrir que tem apenas 32 pessoas residentes em Cuba. Analisando o perfil dos tais 214 mil seguidores vamos descobrir que mais de 50 mil são “fantasmas” e contas inativas. Mas Yoani segue mais de 80 mil pessoas pelo Twitter.
A matéria completa sobre a mentirosa é de autoria de Salim Lamrani, professor encarregado dos cursos nas Universidades Paris-Descartes e Paris-Est Merne-la Vallée, jornalista francês e especialista em questões cubanas. Foi publicada em http://www.jornada.unam.mx/2012/02/26/opinion/024a1mun
Isto os nossos jornais não mostraram. Na quinta-feira (01/03), no Palácio das Convenções, em Havana, Fidel Castro se encontra com os integrantes do “Cruzeiro Pela Paz”. Trata-se de um navio fretado por 10 japoneses sobreviventes das explosões nucleares em Hiroshima e Nagasaki que chegaram a Cuba para participar do “Fórum global por um mundo sem armas nucleares”.
Cada um deles fez questão de cumprimentar Fidel fazendo a reverência tradicional japonesa e a única mulher do grupo, Ritsoku Ishikawa, ao se inclinar, beijou a mão do Comandante!
Depois participaram, com Fidel, do encontro e fizeram depoimentos pessoais sobre aqueles dias que se seguiram às explosões. Hiroshi Nakamura, hoje com 80 anos, contou que vivia a oito quilômetros do epicentro de uma das bombas e fala da “prepotência dos EUA”. Diz que ouviu uma grande explosão e depois um clarão imenso tomou conta de tudo. Ele passou três dias ajudando a recolher cadáveres, apesar de ter apenas 13 anos! Este foi apenas um dos depoimentos dados no encontro.
Sobre isto nossos jornais não falam. A Procuradora-Geral da Colômbia, Viviane Morales, jurista responsável pela investigação de diversas denúncias envolvendo o governo do ex-presidente Álvaro Uribe, foi destituída do cargo na noite desta quarta-feira (29/02) por decisão do Conselho de Estado colombiano. O órgão anulou a eleição da Corte Suprema de Justiça colombiana que escolheu Morales alegando que houve irregularidade na votação.
Álvaro Uribe está envolvido em vários processos. Desde a repressão aos movimentos sociais até o envolvimento com o narcotráfico internacional. É famosa a fotografia que mostra Uribe chegando ao enterro do seu pai em um helicóptero “emprestado” pelo traficante Pablo Escobar. Mas, ao que tudo indica, não querem que ele seja investigado.
Argentina pedirá prisão de ex-repressor. A Justiça argentina vai solicitar para a Interpol a detenção do ex-repressor argentino Claudio Vallejos, preso em Santa Catarina desde o dia 4 de janeiro sob a acusação de estelionato. O argentino reside no Brasil há anos e declarou a jornalistas brasileiros e em depoimento a diplomatas suecos, em 1986, que atuou na Escola de Mecânica da Armada (ESMA) em março de 1976 quando, segundo seu relato, o ex-capitão da Marinha, Alfredo Astiz, assassinou o pianista brasileiro Francisco Tenório Cerqueira Junior. O músico continua desaparecido até hoje e foi sequestrado quando se encontrava em uma turnê em Buenos Aires no grupo do poeta, compositor e ex-diplomata Vinicius de Moraes.