sábado, 16 de junho de 2018

O Brasil precisa de um programa de reconstrução nacional

O Brasil precisa de um programa de reconstrução nacional

Ricardo Stuckert
Um programa de governo não é o projeto ideal que se gostaria de colocar em prática, porque ele tem que agir sobre as condições concretas que se herda do governo anterior. O PT tinha elaborado um programa ideal para as eleições de 2002, mas não levava em conta as condições concretas que se receberia.
Lula soube captar essas condições, compreender que o controle da inflação era uma necessidade, assim como estava incorporado nas preocupações da maioria da população e que era necessário não gerar condições que dificultassem a recuperação do crescimento econômico, com fuga de capitais. Lula começou seu governo colocando as finanças do Estado em dia, não como um fim em si mesmo, como no neoliberalismo, mas para concentrar a ação na prioridade maior: as políticas sociais.
A arte do governo é não apenas definir prioridades, mas saber articulá-las no tempo. Foi o que Lula fez com grande maestria ao definir um estilo próprio de governar, que teve o maior sucesso na história política do Brasil. Não aprender dessa experiência é não estar em condições de formular um programa de governo para o Brasil de hoje.
Se pode pensar em situações similares atualmente. Alguns pensam em programa de governo ideal, de como gostariam que o Brasil fosse, sem levar em conta todo o desmonte do país que o governo golpista está colocando em prática. São mais expressões ideológicas abstratas, expressões de vontade, desvinculadas das condições concretas, que não permitiriam encarar a herança que receberiam, caso fossem eleitos.
Lula tem consciência clara de como encarar essa herança. Tanto assim, que uma das suas prioridades é o referendo revogatório, sem o qual, na sua opinião, seria impossível governar, a começar pelo cancelamento do congelamento dos recursos para políticas sociais por 20 anos.
Mas essa é apenas uma das questões a serem abordadas, como condição de mudar o modelo neoliberal, pelo modelo de desenvolvimento econômico com distribuição de renda. A situação do país é tão lamentável, com a economia em pedaços, com as condições sociais gravíssimas, com a política desprestigiada, com o Judiciário desmoralizado, com o Estado enfraquecido.
Daí que do que se trata, antes de tudo, é de projetar um programa de reconstrução nacional, de resgate das condições de governo que permitam retomar o desenvolvimento econômico, a prioridade das políticas sociais, a capacidade de ação do Estado, o fortalecimento dos bancos públicos e das empresas estatais, a soberania na politica externa. Como Lula afirma sempre, além do referendo revogatório, é preciso injetar uma parte das reservas que o país acumulou durante os governos do PT, para fazer andar de novo a economia, começando pela retomada da enorme quantidade de obras paradas pelos ajustes fiscais do governo golpista.
Uma iniciativa que Lula sempre pregou e a que se pode apelar uma vez, para retomar o crescimento econômico. A retomada da indústria naval, combinada com a recuperação da Petrobras como vetor do projeto de crescimento econômico, é outra iniciativa de partida do novo governo. Essa iniciativa de uma espécie de acumulação originária de capitais requer também uma reforma tributaria, com o principio justo de que quem ganha mais paga mais, redistribuindo a carga tributária conforme o nível de renda na sociedade.
Ao lado da convocação do referendo revogatório, uma Assembleia Constituinte permitiria colocar em prática a democratização do Estado e do sistema político brasileiro, incluindo a democratização do Judiciário e a democratização dos meios de comunicação. A crise que levou ao golpe desarticulou os princípios republicanos da democracia brasileira, com o Congresso reivindicando direitos que não possui ao impor o golpe; com a instalação de um governo ilegítimo; com o Judiciário sendo criminosamente cumplice das mais graves violações do Estado de direito.
A educação merece um aprofundamento do que foi feito nos governos anteriores, em que a federalização do ensino médio pode ser forma de estender os avanços na educação superior para o conjunto do sistema educacional. Um programa de reabsorção do gigantesco desemprego produzido pelo governo golpista, que chega a 27 milhões de pessoas, programa que tem que se basear, em grande medida, na ampliação dos serviços públicos, especialmente os programas sociais e culturais do governo.
Em suma, tem que partir do desmonte promovido pelo golpe para, a partir dele, encaminhar a retomada do modelo que teve o maior sucesso na história do Brasil, com desenvolvimento econômico acompanhado de distribuição de renda, com o resgate do papel ativo do Estado, com uma política externa soberana, de que a retomada do papel do Brasil nos Brics, deve ser um momento essencial.
Um programa de governo para o Brasil de hoje não é, assim, simplesmente uma carta de intenções, mas um plano concreto, que parte das condições herdadas, para encaminhar o país na direção dos grandes objetivos econômicos, políticos, sociais e culturais, que retomem o caminho do país na superação da recessão, das desigualdades, do desprestígio político e da política externa subordinada.

Associação dos Engenheiros da Petrobras alerta para risco de novo saque ao petróleo brasileiro

Associação dos Engenheiros da Petrobras alerta para risco de novo saque ao petróleo brasileiro

 
Petrobras gera emprego no exterior
ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE NO SITE DA ASSOCIAÇÃO DOS ENGENHEIROS DA PETROBRAS
Agenda foi assumida por Temer e Monteiro. PL do Aleluia (DEM-BA) faz parte
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira, por 28/1 votos a 109, o regime de urgência para Projeto de Lei que permite à Petrobrás vender até 70% dos campos do pré-sal concedidos a ela por meio do regime de Cessão Onerosa.
Segundo a imprensa, na Câmara, o presidente da Petrobrás, Ivan Monteiro, afirmou que o principal tema discutido foi um projeto de lei que trata da Cessão Onerosa, de autoria do deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA). O texto autoriza a empresa a vender até 70% da sua participação nos campos, que hoje não é permitido.
Perguntado se o projeto vai acelerar as negociações entre União e a Petrobrás em torno da revisão do contrato de Cessão Onerosa, Monteiro respondeu: – Nossa perspectiva é que a gente tenha uma evolução positiva nas discussões com o governo federal(…). Vai ajudar bastante sim, porque vai criar um ambiente mais estável, e é isso que o investidor estrangeiro quer, e o brasileiro também.
O PL do Aleluia, apoiado por Monteiro, faz parte da agenda das multinacionais adotada por Temer, destacamos:
Apropriação do petróleo excedente da Cessão Onerosa
A Cessão Onerosa é um contrato celebrado entre a Petrobrás e a União, conforme estabelecido na Lei Nº 12.276/2010, através do qual a empresa adquiriu o direito de produzir um volume total de 5 bilhões de barris de petróleo equivalente a partir de seis áreas onde a estatal já havia conduzido estudos exploratórios.
A Lei da Partilha (Lei Nº 12.351/2010) também previa em 2014 a possibilidade de contratação direta da Petrobrás nos casos de interesse estratégico nacional. Utilizando-se deste recurso, na 28a Reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), presidida pela ex-presidente Dilma Roussef em 24 de junho de 2014, aprovou-se a contratação direta da Petrobrás para a produção em regime de partilha do volume de petróleo equivalente recuperável, excedente ao volume contratado sob o regime de Cessão Onerosa.
O caráter estratégico da contratação da Petrobrás para a produção do excedente da Cessão Onerosa (9,8 a 15,2 bilhões de barris) em regime de partilha com a União foi comentado pela então presidente da estatal, Maria das Graças Silva Foster em apresentação para analistas divulgada em 27 de junho de 2014. Ela destacou a importância da produção do excedente para a Petrobrás para: repor a produção acumulada de seis anos no período de 2020-2030 (reposição de 1,6 a 1,8 bilhão de boe/ano); assegurar de forma antecipada um volume potencial com baixo risco exploratório; permitir maior seletividade nas futuras licitações de áreas exploratórias; economizar em custos de descoberta (deixar de gastar para descobrir e delimitar volumes equivalentes). (Laier & Marinho, 2017)
As multinacionais pretendem que o governo Temer anule a decisão do CNPE pela contratação direta da Petrobrás para operação e produção do excedente da Cessão Onerosa pelo regime de partilha. Cobiçam se apropriar desse petróleo, sem riscos, por meio dos leilões de privatização.
Privatização do petróleo da Cessão Onerosa
A Cessão Onerosa é um contrato celebrado entre a Petrobrás e a União, conforme estabelecido na Lei Nº 12.276/2010, através do qual a empresa adquiriu o direito de produzir um volume total de 5 bilhões de barris de petróleo equivalente a partir de seis áreas onde a estatal já havia conduzido estudos exploratórios: Florim (Itapu*), Franco (Búzios*), Sul de Guará (Sul de Sapinhoá*), Entorno de Iara (Norte e Sul de Berbigão-Norte e Sul de Sururu-Atapu*), Sul de Lula (Sul de Tupi*), e Nordeste de Tupi (Sépia*). Dentre estes, destaca-se o campo de Búzios, maior super gigante do Pré-Sal, contendo um volume de óleo in place (VOIP) de 29,8 bilhões de barris e um volume de gás associado de 641,1 bilhões de m3 (Ref.: BAR 2015 in Sumário Exploratório ANP de Búzios).
Por este direito, a Petrobrás pagou à União o montante total de R$ 75 bilhões (US$ 42 bilhões). Através da Cessão Onerosa, a União aumentou sua participação acionária na estatal. (Laier & Marinho, 2017)
O deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) apresentou o Projeto de Lei 8939/2017 que autoriza a Petrobrás a vender até 70% dos 5 bilhões de barris de petróleo adquiridos no regime de Cessão Onerosa em 2010. (Aleluia, 2017)
A imprensa repercute que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pretende dar prioridade para o projeto do deputado José Carlos Aleluia. (Jornal Valor, 2017)

Mais uma patifaria do judiciário: PROCESSO CONTRA GLEISI É ANCORADO APENAS EM DELAÇÕES, QUE SE CONTRADIZEM

NÃO À PRIVATIZAÇÃO DA PETROBRAS: O PETRÓLEO É DO BRASIL