terça-feira, 28 de agosto de 2018

Os golpistas estão levando o Brasil a ser considerado um paiseco. Uma vergonha.

Em carta enviada a Temer, juristas internacionais pedem que Brasil respeite decisão da ONU sobre direitos políticos de Lula

Documento pede que seja respeitado direito de Lula ser candidato; partido espanhol também se posicionou a respeito da decisão da ONU

REDAÇÃO

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Magistrados de vários países enviaram nesta quinta-feira (23/08) uma carta ao presidente Michel Temer em que defendem o direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de concorrer às eleições presidenciais de outubro. O grupo pede que o Brasil respeite a decisão tomada pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU na última semana, que reafirmou os direitos políticos do petista.

O documento afirma que “é direito do Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, sem discriminação e sem restrições irrazoáveis, de participar na condução dos assuntos públicos, de votar, de ser eleito e acessar funções públicas eletivas em seu país em condições de igualdade com os demais candidatos”. 
Entre os juristas que assinaram a carta, estão Baltasar Garzón, da Espanha, Luigi Ferrajoli, da Itália, Emílio García Mendez, presidente da Fundação Sul Argentina, Wolfgang Kaleck, secretário-geral do Centro Europeu pelos direitos constitucionais e os direitos humanos (ECCHR), e Henri Leclerc, presidente de honra da Liga de Direitos Humanos (LDH).  
Além de Temer, o texto também foi enviado a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, ao ministro das Relações Exteriores Aloysio Nunes, ao ministro da Justiça Torquato Jardim e ao presidente do Senado Eunício de Oliveira. 
Reprodução
Documento a favor da candidatura de Lula reuniu assinatura de magistrados (Flickr/Reprodução)
Resposta à manifestação de Gleisi Hoffman
A presidente do Partido dos Trabalhadores, Senadora Gleisi Hoffman, recorreu ao Twitter para pedir uma pronúncia do Congresso Nacional a respeito do posicionamento do Comitê de Direitos Humanos da ONU.
O presidente do Senado Federal, Eunício de Oliveira, a quem a carta internacional também foi endereçada, respondeu à senadora via nota oficial. Segundo ele, "O Brasil é signatário do 'Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos' e de seus Protocolos Facultativos, assinados na ONU em 16 de dezembro de 1966".
A nota também afirma que "o tratado internacional tramitou na Câmara e no Senado entre janeiro de 2006 e junho de 2009, sendo aprovado em ambas as Casas, e foi promulgado pelo Decreto Legislativo nº 311, de 2009, conforme publicado no Diário Oficial da União de 17 de junho de 2009, encontrando-se em pleno vigor".

Podemos
O partido espanhol Podemos também se posicionou sobre a decisão da ONU. "Reiteramos nossa preocupação pela gravíssima situação que atravessa a democracia brasileira, e nossa mais firme condenação diante das tentativas de furtar do povo brasileiro a capacidade soberana de decidir o seu próprio futuro", afirma o partido em uma carta destinada ao governo espanhol. 

O podemos pede que o Parlamento do país se posicione em favor "da democracia brasileira, faça eco da decisão da ONU, e solicite que Lula possa exercer seu direito a ser candidato nas próximas eleições presidenciais do Brasil".

Se Lula pedir ao judiciário para fazer a barba, o judiciário negará dizendo que é crime.

28 DE AGOSTO DE 2018, 22H57

Por 6 votos a 1, TSE nega pedido para que as emissoras cubram a campanha de Lula

A defesa do ex-presidente reuniu provas que demonstrariam violação da lei eleitoral, por parte das emissoras de TV, ao esconder do noticiário a campanha do PT, representada pelo vice Fernando Haddad; maioria dos ministros, no entanto, entenderam que "não há agenda a ser divulgada" uma vez que Lula está preso

Lula Candidato. Foto: Reprodução/TSE
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu, através do voto da maioria, negar nesta terça-feira (28) uma petição feita por advogados do PT para que as emissoras de TV cubram a agenda de campanha do ex-presidente Lula, que vem sendo encampada pelo vice Fernando Haddad. Todos os outros candidatos bem posicionados nas pesquisas têm contado com cobertura diária de suas agendas de campanha, mas as emissoras têm “escondido” a agenda da coligação que está em primeiro lugar nos levantamentos de intenção de voto. Foram seis votos contra a petição e apenas um a favor.
No recurso, os advogados do PT argumentaram que lei eleitoral exige isonomia e veda que qualquer candidato tenha tratamento privilegiado nas concessionárias de rádio e TV. “Requer-se, na presente representação, a concessão de liminar, para que seja ordenado às empresas representadas para, a partir da presente data, confiram a devida cobertura da campanha presidencial da Coligação O povo Feliz de Novo, por meio de sua agenda oficial, e do próprio candidato Lula, devendo ser conferido tratamento isonômico entre as atividades destes e as dos outros candidatos ao mesmo cargo, com inserções em mesmo horário e com a mesma duração”, diz o recurso.
O colegiado, no entanto, entendeu que as emissoras não estão descumprindo a lei ao ignorar a campanha de Lula Segundo o ministro Sergio Banhos, “circunstâncias pessoais” impedem a cobertura jornalística da campanha do ex-presidente e, pelo fato de Lula estar preso, “não há agenda a ser divulgada”. A campanha de Lula, no entanto, é formada por uma coligação com outros partidos e vem sendo representada por Fernando Haddad. Desde a última semana, representantes da coligação percorreram dezenas de cidades brasileiras e reuniu milhares de pessoas nas ruas dos estados da Bahia, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte e Maranhão. Lula também se comunica por meio de recados e visitas, que ocorrem regularmente às quintas-feiras.
O entendimento de Banhos foi acompanhado pelos ministros Luís Roberto Barroso, Tarcísio Vieira, Edson Fachin, Rosa Weber e Jorge Mussi.
O único ministro a votar a favor da petição do PT foi Napoleão Nunes Maia, que entendeu que, uma vez que Lula está com nome registrado nas pesquisas eleitorais e também no TSE, deve ter a cobertura de sua campanha feita pelas emissoras.

O STF DE CÓCORAS Maioria do Supremo já defendeu jurisprudência da candidatura Lula



Maioria do Supremo já defendeu jurisprudência da candidatura Lula

A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal já se manifestou favoravelmente, em diferentes momentos, ao ordenamento jurídico que permite a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva a presidente da República nestas eleições.
Luiz Fux; Luis Roberto Barroso - relator da candidatura de Lula no Tribunal Superior Eleitoral; Rosa Weber - presidente do TSE; Alexandre de Moraes; Gilmar Mendes e Luiz Edson Fachin já fizeram defesas enfáticas de dois pilares que sustentam a candidatura de Lula: a Lei da Ficha Limpa e a força de lei dos tratados internacionais assumidos voluntariamente pelo Brasil, como o que embasou a decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU que obriga a participação de Lula no pleito. 
Fux, o ex-presidente do TSE que em fevereiro disse que Lula seria "irregistrável", mostrou o caminho das pedras da candidatura do petista no livro "Novos Paradigmas do Direito Eleitoral", de 2016. Nele, o ministro defende ardorosamente que sempre que houver possibilidade de um candidato reverter a inelegibilidade, a Lei garante que o candidato "prossiga na corrida eleitoral".
Como se sabe, Lula recorre de sua condenação em segunda instância ao Superior Tribunal de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal. Como atestam os mais de 100 juristas reunidos nos dois volumes do livro organizado pela advogada Carol Proner, a sentença contra Lula é fragilíssima e deverá cair mais cedo ou mais tarde. 
A candidatura de Lula, que lidera todas as pesquisas e pode vencer em primeiro turno, recebeu 16 pedidos de impugnação. Todos serão julgados pelo ministro Barroso, há sete meses na Suprema Corte Eleitoral e o ministro do STF mais ligado à Globo. Durante palestra em evento da associação de delegados da Polícia Federal (ADPF), em Salvador, nesta semana, Barroso falou sobre a importância de defender a jurisprudência. "Não há razão para mudar jurisprudência. Um país que vai mudando sua jurisprudência em função do réu não é um Estado democrático de direito, mas um Estado de compadrio", disse ele. 
Imagina-se que a opinião do ministro se aplica à jurisprudência dos tratados internacionais, que têm força de lei no Brasil. Como mostrou a colunista do 247 Thaís Moya, que tem resgatado os posicionamentos dos ministros, Barroso defendeu o caráter supralegal do Pacto de São José da Costa Rica de Direitos Humanos numa intervenção sobre o voto avulso. 
Inscreva-se na TV 247 e relembre:

https://youtu.be/eWc6h1QfEgE?t=2

A atual presidente do TSE, ministra Rosa Weber, que votou contra sua convicção para formar maioria no STF e negar a presunção de inocência e a liberdade ao ex-presidente Lula, fez também defesa enfática de como os tratados internacionais estão acima da lei brasileira, caso que claramente se aplica à decisão da ONU sobre Lula. "A posição do Supremo Tribunal Federal com relação a esses tratados de direitos humanos anteriores ou que ainda não mereceram esse quórum qualificado de aprovação é no sentido da paridade, da supralegalidade. Ou seja, eles estão acima da lei, mas abaixo da ordem constitucional", disse Rosa Weber em 2011, quando foi sabatinada pelo Senado após sua indicação ao cargo pela presidente Dilma Rousseff.
A explicação de Rosa Weber não deixa dúvidas. Assista abaixo:


https://youtu.be/maFRcTqB3nM

Antes de debochar da decisão da ONU, pedindo que cada macaco ficasse no seu galho, o mais recente ministro do STF, Alexandre de Moraes, indicado por Michel Temer e então quadro orgânico do PSDB, deu uma aula em 2010 em que explica detalhadamente como os tratados internacionais sobre direitos humanos ratificados pelo Brasil receberam status supralegal, por meio da decisão do colegiado do STF que derrubou a validade da prisão por dívida em razão do Pacto Internacional de São José da Costa Rica proibir, o que resultou na Súmula Vinculante 25.
Assista:


https://youtu.be/4g-bvQnITQc

Já o ministro Gilmar Mendes também já se manifestou na mesma direção, de que os tratados internacionais nos quais o Brasil é signatário detêm força de lei e cumprimento obrigatório.
No julgamento do pedido de extradição do ativista italiano Cesare Battisti, Gilmar foi categórico ao afirmar que o Brasil não seria mais respeitado pela comunidade global se não cumprisse os tratados internacionais. E argumentou inclusive o desejo do Brasil de ter assento no Conselho de Segurança da ONU. "O país não se qualifica para este status [ser membro do Conselho de Segurança da ONU] descumprindo tratados".
E o voto que forma a maioria em defesa da jurisprudência da candidatura de Lula foi dado pelo ministro Edson Fachin, há cerca de 40 dias antes da decisão liminar do Comitê de Direitos Humanos da ONU. Em palestra na Escola de Magistratura do Paraná em 7 de junho, Fachin deu o mais contundente dos depoimentos: a omissão do Judiciário em relação ao cumprimento dos tratados é passível de responsabilidade do Estado, que pode ser imputável aos agentes públicos.
Provavelmente outros ministros do STF também se manifestaram em defesa da supralegalidade dos tratados internacionais. A candidatura de Lula deverá ser julgada no TSE até 17 de setembro e é muito provável que o STF tenha que se manifestar acerca do assunto. Veremos então o que vale mais para os ministros, se as suas biografias e a jurisprudência internacional, ou o apoio a um golpe contra o maior líder popular do País. 
Assista abaixo os votos de Gilmar Mendes e Edson Fachin:

https://youtu.be/Cf2ESiYTmKM

Deputados do PT acusam Thompson Flores, presidente do TRF-4, de ferir a Lei da Magistratura ao fazer palestra a convite de vice de Bolsonaro


Deputados do PT acusam Thompson Flores, presidente do TRF-4, de ferir a Lei da Magistratura ao fazer palestra a convite de vice de Bolsonaro

28 de agosto de 2018 às 21h42

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Thompson Flores feriu Constituição e Lei da Magistratura ao palestrar a convite de candidato
Diante de mais uma grave violação do presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), desembargador Thompson Flores, o líder da Bancada do PT na Câmara, Paulo Lula Pimenta (RS), e os deputados petistas Paulo Lula Teixeira (SP) e Wadih Lula Damous (RJ) protocolaram nesta terça-feira (28), no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um aditamento à Reclamação Disciplinar contra o desembargador, já apresentada na semana passada.
Segundo os parlamentares, Flores ignorou a Constituição e a Lei e o Código da Magistratura, que vedam aos juízes a participação de magistrados em atividades político-partidárias.
Isso porque o desembargador proferiu palestra sobre o processo eleitoral no Clube Militar do RJ, no dia 20 de agosto de 2018, a convite do general Hamilton Mourão, candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro.
Abuso de autoridade – Na Reclamação Disciplinar contra o presidente do TRF-4, por abuso de autoridade e interferência indevida, Pimenta, Teixeira e Damous alegam que no dia 8 de julho o desembargador atuou para impedir que um alvará de soltura do ex-presidente Lula, expedido naquele dia pelo desembargador plantonista Rogério Favretto, do TRF-4, fosse cumprido.
A interferência indevida de Flores contou ainda com a ação ilegal do juiz Sergio Moro, da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que pressionaram a Polícia Federal a descumprir a ordem.
Essas pressões indevidas foram relatadas pelo próprio diretor-geral da PF, Rogério Galloro, em entrevista a um jornal paulista.
“Thompson (Flores) nos ligou e afirmou: ‘Eu estou determinando, não soltem’. O telefonema dele veio antes de expirar uma hora. Valeu o telefonema”, afirmou Galloro ao jornal.
“O desembargador interferiu no cumprimento da ordem pela Polícia Federal para manter na prisão o ex-presidente Lula, adversário, neste pleito, da chapa que promoveu a palestra no Clube Militar. O comportamento perpetrado pelo general Mourão e pelo desembargador Flores constitui clara manifestação de desrespeito e pouco apreço pela Justiça Eleitoral, interferindo diretamente no equilíbrio e lisura do processo eleitoral em pleno andamento”, afirmam os deputados no aditamento.
Pedido – Nesse mesmo aditamento, os parlamentares pedem ao corregedor do CNJ, ministro Humberto Martins, a apuração dos desvios de conduta do presidente do TRF-4, com a adoção das providências cabíveis e a instauração do procedimento adequado, no sentido de apurar, nos termos dispostos na Constituição Federal, na Lei Orgânica da Magistratura, bem como no Código de Ética da Magistratura, impondo ao desembargador as sanções que a legislação comportar.
Os parlamentares informam ainda ao corregedor que protocolaram também representação contra o desembargador Thompson Flores na Procuradora-Geral Eleitoral, e anexaram uma cópia a ação no Aditamento.
O que diz a lei – A Constituição Federal, em seu art. 14, § 9º, condena não só a influência do poder econômico sobre processo eleitoral, mas a fim de proteger a probidade administrativa, garantir a normalidade e legitimidade das eleições contra o abuso no exercício de função, cargo ou emprego na administração pública, justamente visando a preservação do princípio republicano, do equilíbrio das eleições, e da própria representatividade popular.
Portanto, pela dicção da norma constitucional, magistrados não estão acima da lei maior.
Ocorre que, nos termos do artigo 95, inciso III, da Constituição Federal, aos juízes é vedada a participação de atividade político-partidária.
No mesmo sentido, a Lei Complementar nº 35, de 1979, prevê a possibilidade de perda do cargo do magistrado que participe de atividade político partidária.
E o artigo 7º do Código de Ética da Magistratura, corrobora com a ideia da vedação da participação de juízes em atividades político-partidárias: Art. 7º A independência judicial implica que ao magistrado é vedado participar de atividade político-partidária.
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Vamos falar de Brasil?
Mas a primeira pergunta que devemos fazer é: de qual Brasil vamos falar? Em primeiro lugar, podemos falar do Brasil rico (para alguns, é claro).
Nesse “Brasil”, segundo a pesquisa “Desigualdade Mundial 2018”, coordenada pelo economista francês Thomas Piketty, autor de “O Capital no século XXI”, o Brasil tem a maior concentração de renda do mundo. Apenas 1% dos milionários brasileiros detém quase 30% da renda do país – eles estão à frente dos milionários do Oriente Médio, que aparecem com 26,3%.
Acha que está ruim? Acontece que se o leque for ampliado para os 10% mais ricos, a concentração é ainda maior, eles têm 55% da riqueza brasileira!
A pesquisa coordenada por Piketty se baseia em contas públicas, renda familiar, declaração de imposto de renda (atenção para esse item que falaremos adiante), heranças, informações de pesquisas locais, dados fiscais e rankings de patrimônio, entre outras fontes.
Outro estudo, coordenado pelo professor Marcelo Medeiros, apontou que a desigualdade social aumentou no Brasil durante a ditadura militar. Os dados são definitivos: a série histórica, de 1927 a 2013, mostra que a acumulação de renda no topo da pirâmide deu um salto nos primeiros anos de regime militar.
Em 1965, a parte 1% mais rica da população tinha 10% do bolo total. Três anos depois o índice já havia chegado a 16%. E aumentou ainda mais a diferença durante o chamado “milagre econômico”.
Para os pesquisadores, as medidas dos anos de recessão e o ajuste do começo do período, que incluíram isenções fiscais, arrocho salarial e repressão a sindicatos, foram determinantes para a reversão rápida, entre 1964 e 1968, de uma trajetória de queda da disparidade.
Agora, vamos ver um desses itens. Vamos fazer uma rápida análise do sistema tributário brasileiro, em especial as alíquotas do imposto de renda, que isentam grandes fortunas, lucros e dividendo, contribui para a concentração de renda nas mãos dos mais ricos e aprofunda a desigualdade social no país.
“As pessoas reclamam que no Brasil se paga muito imposto, mas não é verdade. O problema é que os pobres pagam muito mais que os ricos”, afirmou o professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Eduardo Fagnani, em debate sobre o tema realizado esta semana. Para os especialistas que participaram do encontro, o senso comum de que a carga tributária no país é alta empobrece o debate, mostra reportagem de Gabriel Valery, da Rede Brasil Atual.
Segundo a reportagem, “no centro do debate, duras críticas à política fiscal praticada no Brasil, e algumas saídas para reverter as desigualdades e promover uma reforma de fato, e não apenas de fachada”.
“Quando analisamos os países europeus vamos ver que a maior parte dos tributos incide sobre a renda das pessoas que ganham mais e também sobre o patrimônio”, demonstra Fagnani.
Países com melhores índices de desenvolvimento e igualdade praticam exatamente o oposto do Brasil. “Aqui, metade dos impostos são sobre o consumo. Portanto, metade do preço de um automóvel é de imposto. Metade da pizza é imposto, do feijão. Por outro lado, aqueles que ganham mais de R$ 290 mil por mês, tem 70% de sua renda não tributada. As pessoas precisam entender que a distribuição dos impostos está na contramão de um sistema mais igualitário, porque os impostos incidem sobre o consumo e não sobre renda.”
Vejamos um exemplo dado pelo professor: “Em média, diretores de grandes empresas no Brasil ganham R$ 3 milhões por mês. Para eles, um imposto de 50% no saco de arroz não é nada. Para o sujeito que ganha R$ 3 mil é muito. Essa é a injustiça. Não tributa o sujeito milionário e tributa muito quem ganha pouco.”
E o Brasil de milhões de trabalhadores que ficam com menos da metade da renda nacional? Como vive?
Todos os estudos mais recentes mostram a importância de investimento público em áreas como educação, saúde e proteção ambiental para a diminuição da desigualdade em todo o mundo.
No Brasil, a diminuição da pobreza teve forte redução durante os governos Lula e Dilma Rousseff, de acordo com a pesquisa da Unicamp. E o que contribuiu para isso foi a política de valorização do salário mínimo – proposta feita pela CUT que conseguiu o apoio das demais centrais sindicais. Segundo o Dieese, entre 2003 e 2018, o salário mínimo teve aumento real de 76,57%.
“Saímos de um valor irrisório do salário mínimo para quase o dobro de valorização, o que permitiu uma distribuição de renda melhor para a população concentrada na base da pirâmide”.
E como fica o Brasil que trabalha? Como mostrado acima, o Brasil que necessita se desenvolver e alcançar melhor participação social viu, nos últimos anos, todo o projeto de desenvolvimento com justiça se esfumar em pouquíssimo tempo. Cortes em receitas públicas, reduções em investimentos produtivos, suspensão de verbas para educação e saúde, cortes nos programas sociais desenvolvidos por Lula e Dilma. Pior que isso, viu direitos históricos conquistados por trabalhadores em mais de um século desaparecerem em apenas uma “penada” de um presidente ilegítimo e golpista. O que sobrou?
O Brasil chega às eleições de 2018 mergulhado em uma regressão acelerada. A maior parte das pessoas, desses eleitores de agora, está hoje empregada em pequenos comércios, restaurantes, cabeleireiros, padarias e farmácias. Não há mais grandes indústrias abrindo empregos e oportunidades. Nada mais de serviços que possibilitem imaginar um futuro melhor e o país abriu mão, definitivamente, das inovações tecnológicas.
Um recente estudo da Fundação Getúlio Vargas mostra que se somarmos os 13 milhões de desempregados com os cerca de 13 milhões de subocupados teremos, aproximadamente, um quarto da força de trabalho de 104,2 milhões de pessoas sem perspectivas.
O mercado de trabalho fraco não gera consumo suficiente para levar as empresas a investir em tecnologia e aumento da produção e sem investimentos elas não criam empregos. Além da estagnação e da degradação do mercado de trabalho em consequência da recessão, da austeridade e da nova legislação trabalhista, estamos olhando para um futuro sombrio.
A reforma trabalhista retrocedeu a 1940, do ponto de vista dos direitos dos trabalhadores, destruiu o sindicato e o Ministério do Trabalho e anulou o poder de barganha para aumentar salários e assim elevar o poder de compra. Alguns números evidenciam a violência desse programa de um governo golpista: a taxa anual de desemprego medida pelo IBGE, que era de 12,6% em 2002, caiu para 4,8% em 2014, mas em 2016 saltou para 11,6%. Em dois anos, acabou-se com o que levou 12 anos para ser construído.
O trabalho informal cresceu 7,7% no segundo trimestre de 2018, comparativamente ao segundo trimestre do ano passado, no Rio de Janeiro. A informação consta de levantamento divulgado na quarta-feira (22) pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio (Fecomércio RJ), baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE.
Segundo a Fecomércio, o levantamento, ao apontar crescimento da informalidade no segundo trimestre deste ano no estado do Rio de Janeiro, revela que o número de empregados do setor privado sem carteira assinada saltou de 7,9% para 8,2% em relação ao trimestre anterior, um crescimento de 0,3 ponto percentual.
Feminicídio: de volta ao tema. Falamos um pouco sobre feminicídio em nosso Informativo 769, mas no decorrer desta semana, novas informações foram divulgadas e nos ajudam a refletir sobre essa enorme violência contra as mulheres, apenas por serem mulheres.
Poucos conhecem, mas o Ministério da Saúde tem um canal especial para fornecer índices e dados sobre assassinatos no país. O canal “Informações sobre Mortalidade (SIM)” que, na terça-feira (21), divulgou mais uma notícia preocupante sobre o assunto. Agora estamos sabendo que, só em 2016, cerca de 4.635 mulheres foram mortas por agressão, uma média de 12,6 mortes por dia. O número de denúncias, entretanto, não é tão confiável quando se trata de feminicídio. Os técnicos alertam que ainda há subnotificação de denúncias e que muitos casos de assassinato de mulheres poderiam ser evitados.
Mas a violência contra a mulher não se limita às mortes que geralmente são praticadas por familiares e companheiros. Há muitas outras formas de violência que não aparecem na nossa imprensa e que deveriam provocar, no mínimo, uma profunda indignação entre nós. Apenas que ficam escondidas, desconhecidas...
Um exemplo assustador foi agora trazido pelo jornalista Marcos Aurélio Ruy, no Portal CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil. Segundo ele, usando a Lei de Acesso à Informação, o jornal Agora descobriu que o número de crimes sexuais cresceu 67% nos últimos quatro anos, na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e no metrô, na Grande São Paulo. Segundo o jornal, foram registradas 152 agressões nas dependências das empresas no primeiro semestre de 2018 e 97 no mesmo período de 2015.
Os dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo, atestam que a chamada “importunação ofensiva ao pudor” representa a maioria dos casos. São as “passadas de mão” e as “encoxadas”, que "recebem penas leves pelo amanho da agressão", diz Gicélia.
O levantamento mostra ainda que 51% dos casos ocorreram no horário das 6h às 9h e as estações mais perigosas estão na região central da capital paulista. A estação Sé do metrô registrou 19 casos (12,5%) e em segundo lugar vem a estação Brás de trens e metrô, com oito casos denunciados.
Em nota as duas empresas dizem que ambas desenvolvem a campanha “Juntos podemos parar o abuso sexual nos transportes”, do Tribunal de Justiça de São Paulo. A CPTM informa que conta com 8 mil câmeras de vigilância e o metrô 4.473.
E esses são apenas os números conhecidos e levantados pela CPTM, em São Paulo. Mas podemos imaginar como esses dados podem ser multiplicados exponencialmente se houvesse um levantamento em todo o território nacional.
Não resta dúvida sobre a legalidade da candidatura de Lula. Durante quase uma semana vimos a nossa imprensa vergonhosamente submissa aos interesses dos golpistas tentando tergiversar sobre a decisão da ONU com respeito à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. O “manequim de funerária” e seus asseclas correram para fazer a imprensa espalhar que a declaração seria apenas um “indicativo” ou uma “orientação”. Na quinta-feira (23) tudo foi esclarecido e não resta dúvida sobre o tema.
A primeira notícia partiu da própria ONU que, através do Comitê de Direitos Humanos, desmentiu publicamente o governo golpista do Brasil e sustentou que sua decisão sobre os direitos políticos de Lula é, sim, vinculante. A decisão da ONU é clara e exige que sejam tomadas “todas as medidas necessárias” para que Lula “possa exercer seus direitos políticos” como candidato presidencial.
A decisão foi reforçada através da imprensa internacional pela vice-presidenta do Comitê, Sarah Cleveland, que, ao final da entrevista, assegurou: “Não cumprir com as medidas cautelares significaria que o Brasil está violando uma obrigação legal internacional”.
Depois disso, e no mesmo dia, atendendo a uma solicitação da presidência do PT, o presidente do Senado Federal (Eunício Oliveira – MDB/CE) afirmou por meio de nota oficial divulgada, na noite de quinta-feira (23), que “o Brasil é signatário do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e de seus Protocolos Facultativos, assinados na ONU em 16 de dezembro de 1966”. Segundo a nota, o tratado foi aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado em 2009 e está “em pleno vigor”.
A nota oficial do Senado diz ainda que “O tratado internacional tramitou na Câmara e no Senado entre janeiro de 2006 e junho de 2009, sendo aprovado em ambas as Casas, e foi promulgado pelo Decreto Legislativo nº 311, de 2009, conforme publicado no Diário Oficial da União de 17 de junho de 2009, encontrando-se em pleno vigor”. Ou seja, é vinculante!
A questão agora é saber se os nossos “meretríssimos” ministros e juízes vão acatar uma medida legal internacional que tem valor vinculante no Brasil ou se vão colocar-se também acima da Lei Internacional, como já fizeram ao se colocarem acima da Constituição Federal.
Argentina sob risco de crise social profunda. Em matéria bem documentada do jornalista Lucas Berti e divulgada pelo Opera Mundi tomamos conhecimento de que são grandes os riscos de uma imensa crise social na Argentina. E o alerta está sendo feito pelas entidades de trabalhadores daquele país.
Membros da Confederação Geral do Trabalho (CGT) da Argentina disseram a representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI), com os quais se reuniram na terça-feira (21), que há “uma preocupação real de uma situação de estouro social” por conta das diretrizes econômicas do governo de Mauricio Macri.
A reunião foi marcada para debater as consequências do empréstimo de US$ 50 bilhões feito pelo Fundo em junho passado. E a conversa durou cerca de duas horas ou pouco menos.
A questão levantada pelos trabalhadores é que, somente desde o começo do mês, a tarifa de luz foi reajustada em 24,4%, enquanto passagens de ônibus subiram cerca de 6%.
Após a taxa de juros subir a quase 40% e o câmbio enfrentar uma das piores baixas frente ao dólar no século, Macri recorreu ao FMI para tentar segurar a economia do país.
Em troca do montante de US$ 50 bilhões, que corresponde a quase 10% do PIB, foram traçadas metas de redução do déficit fiscal que, como sempre acontece, é feita com cortes nos programas sociais.
Repressão aos trabalhadores argentinos. Na quarta-feira (22) os trabalhadores argentinos que marchavam em direção ao Palácio do Governo para protestar contra o fechamento de um estaleiro (Estaleiro Río Santiago) foram duramente reprimidos pela polícia de Buenos Aires com bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha.
O fechamento do estaleiro é parte do programa de “contenção” imposto pelo governo de Mauricio Macri e vai provocar o desemprego de milhares de operários e muitas dificuldades sociais.
“Estamos nas ruas para defender nossos empregos”, disse o secretário-geral da Associação de Trabalhadores do Estado (ATE), Franciso Banegas, que responsabilizou Macri pela crise. Curiosamente, cinco manifestantes foram presos por “resistência à autoridade” e “danos qualificados”.
Ouvir o alerta de Evo Morales! O presidente colombiano ainda é uma das poucas vozes importantes e ativas em Nossa América depois dos recentes golpes promovidos por Washington na região. E, mais uma vez, é muito importante ouvir o alerta de Evo Morales quando ele diz que há “uma invasão encoberta dos EUA sobre a América Latina” e denuncia o recente anúncio estadunidense de que “enviará à Colômbia um navio hospital para atender aos venezuelanos que se encontram naquele país”. E detalhou que a embarcação, o USNS Comfort, é capacitado para transportar helicópteros de batalha.
Evo alerta que a medida pode significar agressão à soberania nacional venezuelana e isso serve para continuar financiando o fim da integração latino-americana e voltar a impor a antiga “doutrina Monroe”, ou seja, “a América para os americanos (do Norte, é claro)”. Falou sobre os interesses geopolíticos estadunidenses na região, em especial os imensos recursos hídricos e de petróleo, os recursos minerais, além da biodiversidade que é uma das mais ricas do planeta!
Evo cita as estratégias da Casa Branca para derrubar Fernando Lugo (Paraguai) e Manuel Zelaya (Honduras) e destruir as imagens de Kirchner (Argentina) e Lula (Brasil). Em sua argumentação, Evo fala do aumento da presença de tropas estadunidenses na América do Sul, na instalação de novas bases militares e da militarização de regiões ricas no Continente usando desculpas como “combate ao terrorismo ou ao narcotráfico”.
Mais líderes sociais assassinados na Colômbia. O terror não dá tréguas na Colômbia e o número de lideranças sociais assassinadas só vai crescendo. Os mais recentes levantamentos mostram que, apenas em 2018, já foram mortos 150 lutadores do povo colombiano. São 450 assassinatos desde janeiro de 2016, além de combatentes das guerrilhas.
Apenas nesta semana foram 4 defensores de direitos humanos conhecidos e respeitados na Colômbia.
Qual o marco da “crise” da Unasul? Já falamos, em nosso Informativo, da preocupação estadunidense em destruir por completo a estrutura da Unasul (União das Nações Sul-americanas) e sobre os propósitos de Washington ao promover novos golpes e agressões em nossa região. Mas, agora, é a vez de ouvirmos a opinião do ex-presidente da Colômbia, Ernesto Samper, que ocupou o cargo de secretário-geral da entidade desde 2014 e solicitou seu afastamento depois do golpe no Brasil.
Segundo ele, em entrevista concedida ao Opera Mundi na quarta-feira (22), a crise na União das Nações Sul-Americanas (Unasul) teve início após o processo de impeachment no Brasil, que retirou Dilma Rousseff da presidência em 2016.
“A crise na Unasul começou depois do golpe no Brasil. Minha saída da organização está ligada a isso. Eu disse que havia uma ruptura democrática no processo, mas alguns membros insistiam que existia uma suposta legalidade”, disse.
O ex-presidente colombiano também afirmou que a integração das nações latino-americanas em torno da organização depende da vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas próximas eleições presidenciais que acontecem em outubro.
“Se Lula ganhar as eleições no Brasil, a Unasul tem futuro. Não há outra pessoa que possa convocar um consenso neste momento senão Lula. Ele é muito poderoso, tanto na esquerda quanto na direita; é como um transatlântico”, afirmou.
O órgão, criado em 2008 por iniciativa dos ex-presidentes Lula, Hugo Chávez, da Venezuela, e Néstor Kirchner, da Argentina, está sem um comando definitivo desde o começo de 2017, após Venezuela, Bolívia, Suriname e Equador vetarem a indicação do diplomata argentino José Octavio Bordón para assumir o cargo na secretaria geral.
Em abril de 2018, as chancelarias de Brasil, Argentina, Paraguai, Colômbia, Chile e Peru enviaram uma carta à Presidência Pró-Tempore da Unasul comunicando a decisão de suspender por tempo indeterminado as participações das reuniões do bloco. Tudo bem organizado e comandado pela CIA e pela Casa Branca. Eles mandam e nossos “cãezinhos amestrados obedecem docilmente”.
Japão pede que trabalhadores “tirem folga”? Seria cômico, mas é sério. O govern do Japão está incentivando os trabalhadores a tirarem uma “folga” na manhã de uma segunda-feira por mês. Preocupação com a saúde do trabalhador? Não! Preocupação em manter o trabalhador mais tempo com a família? Também não!
O principal objetivo do Ministério da Economia é reduzir o número de horas extras que os japoneses fazem! Em 2016, uma pesquisa do governo com 10 mil trabalhadores descobriu que mais de 20% estavam fazendo mais de 80 horas extras por mês. E, ao mesmo tempo, tentar incentivar o consumo para ver se movimentam a economia que está “um pouco” combalida.
A atual ideia é um desdobramento de outro programa do governo que não deu muito certo. As empresas japonesas encorajadas a liberar os funcionários às 15h na última sexta-feira de cada mês, quando muitos recebem seus salários, para que as pessoas usem esse dinheiro para viajar e ir às compras! Legal, não é? Mas não deu muito certo. Apesar de lojas e restaurantes oferecerem descontos para atrair clientes, só 11% dos funcionários de empresas tiram proveito do esquema.
O problema é que a última sexta-feira do mês é o dia em que empresas estão sob pressão para fechar as contas e entregar projetos. E, claro, isso foi um problema. Por isso, a ideia é oferecer, como alternativa, que os funcionários tirem livre a manhã da segunda-feira seguinte.
E se a OTAN perder a Turquia? Durante muitos anos a Turquia foi uma poderosa aliada dos EUA em uma das regiões mais conturbadas do mundo na última metade de século! Os projetos do Pentágono para a divisão da Síria, ao mesmo tempo fortalecendo o poder militar de Israel na região, foram prioridades durante muito tempo entre os assessores da Casa Branca e do Congresso estadunidense.
Mas agora, diante dos recentes “atritos” entre o presidente turco, Recep Erdogan, e Donald Trump, podemos começar a imaginar qual seria o cenário tático e estratégico se o conflito se ampliar e levar a Turquia a se retirar da OTAN. Ou, o que tornaria ainda pior o panorama para o Pentágono, o aumento da influência russo/chinesa no país!
A derrota dos EUA em seu projeto na Síria, já comentado por nós, e a completa destruição das tropas de mercenários que recebiam armas estadunidenses para desestabilizar o governo de Bashar al-Assad, com apoio da Rússia, parecem ter sido a “gota d’água”.
Trump escolheu uma tática suicida: tentar manipular os kurdos da Síria, prometendo um Estado independente na região. Ele achava que dessa forma controlaria o desmonte da Síria e desmantelaria o eixo de resistência. Mas não contou com a imensa corrupção no seio da sociedade kurda que rapidamente devorava os dólares que eram enviados para “ajuda humanitária” e deveriam servir para armar um grupo que combatesse o exército de Al-Assad.
E Erdogan deixou de ser um aliado estratégico para se converter em um líder imprevisível que foi se aproximando da Rússia. E no meio dessa confusa situação, com a sutileza de um elefante em uma loja de louças (termos antigo, mas apropriado), Trump abre outra frente de atrito com a Turquia ao exigir a liberdade de um pregador religioso, Andrew Bruson, pastor de uma igreja evangélica, que está preso sob acusação de ter participado da tentativa de golpe contra Erdogan.
Para completar o desastre, Trump ameaça impor sanções comerciais também à Turquia, como está fazendo com a China, com a Rússia, com a Venezuela, com o Irã, com todos os “inimigos”.
A resposta turca pode ser a sua retirada da OTAN causando uma grave crise da defesa militar do “ocidente” na fronteira com a Rússia e como Irã. Uma verdadeira enxaqueca, não é?
Trump e o dilúvio? A expressão é bem conhecida e já foi utilizada em várias situações e por razões diferentes, mas foi o que nos veio à memória. A frase “après moi, le déluge” que significa “depois de mim, o dilúvio” teria sido dita pelo Rei Luís XV, da França, ao perceber que a monarquia estava preste a ruir.
Na tarde de quinta-feira (23) o presidente estadunidense, Donald Trump, teria anunciado a jornalistas que “os mercados vão cair e muita gente vai se tornar mais pobre se eu for destituído”! Ele disse ainda que não entende como podem tentar derrubar alguém que fez e está fazendo “um grande trabalho”. Seu advogado, Rudy Giuliani (ex-prefeito de Nova Iorque), disse aos jornais que acontecerá “uma sublevação nos EUA” se depuserem Trump.
Falando ao jornal de sua preferência, o Fox News, ele disse que daria “uma nota superior a 10” para sua administração até agora e que não acredita que “algum presidente tenha jamais feito o que eu consegui”, mas culpou parte da imprensa por não dar todas as informações e não mostrar as coisas positivas que já realizou.
Analistas nos EUA entendem que o fato de Trump e seu advogado estarem agora tão preocupados com essa possibilidade é uma demonstração de que o movimento para tirá-lo do poder está se fortalecendo rapidamente. E nesta semana já foi deflagrado o processo de impeachment depois da culpabilidade por delitos federais cometidos pelo seu operador pessoal, Michael Cohen, que implicou o presidente na violação de leis de financiamento de campanhas eleitorais. Seu ex-chefe de campanha, Paul Manafort, foi declarado culpado por um júri em oito processos federais de fraudes bancárias e evasão de impostos.
Trump não tardou a chamar seu antigo advogado de mentiroso e que ele se declarou culpado apenas para conseguir uma redução na sua pena.
O que todos já percebem é que a Casa Branca está sob sítio completo e sua equipe muito preocupada. 
No caso do Luiz XV, também chamado de “o Bem Amado”, vale lembrar que quinze anos depois de sua morte aconteceu a Revolução Francesa que decapitou o rei Luís XVI e a rainha Maria Antonieta!