Um
ano de Temer!
Na manhã de sexta-feira (12), no Palácio do Planalto,
Temer reuniu a quadrilha, todo o seu ministério, para fazer um balanço de um
ano de governo. Ainda que o jornal O Globo tenha se desdobrado para arrumar
elogios para o primeiro ano de golpe, sabemos que há muito pouco a comemorar e
eles, os membros da súcia, também sabem.
Tanto sabem que o ponto alto do encontro no Palácio foi
o relatório do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que gastou parte
do seu tempo para explicar aos demais ministros o papel da Casa Civil, o que já
demonstra a “qualidade” do grupo. Na segunda parte da sua exposição ele usou
todo o tempo para dizer, com orgulho, que produziu muito papel nesse período.
Explicando melhor, ele disse que sua pasta produziu
16.458 atos governamentais! Isso mesmo, foram 685 atos normativos, 52 medidas
provisórias, duas Propostas de Emenda à Constituição, 57 Projetos de Lei e 239
despachos. Além disso, mais de 8 mil nomeações para cargos no governo!
E terminou usando as Olimpíadas como o símbolo maior
das conquistas do primeiro ano do golpe. Disse ele que: “A Olimpíada foi um
evento dos mais exitosos, que fez com que o mundo tomasse conhecimento do
Brasil. Por isso 88% dos estrangeiros disseram querer voltar e classificaram o brasileiro
como povo o mais amistoso”.
Ou seja, Temer foi o artífice, idealizador e realizador
da Olimpíada!
• “Tudo piorou”, diz senador Paulo Rocha! No mesmo dia, o senador Paulo Rocha (PT-PA) fez uma análise,
em plenário, do primeiro ano da gestão golpista. Para Paulo Rocha, “tudo
piorou” no que se refere às áreas sociais e a investimentos em infraestrutura,
e o período também é marcado, a seu ver, por ataques institucionais aos
direitos dos trabalhadores e das pessoas mais pobres.
Em seu discurso, ele diz que uma das consequências mais
negativas do golpe foi a limitação dos investimentos em áreas sociais e
infraestrutura, que ele vê como o resultado da aprovação da proposta de emenda
à Constituição que estabeleceu um teto aos gastos públicos. Também avalia que
outro objetivo do atual governo é destruir todos os programas criados pelos
ex-presidentes Lula e Dilma, como o Ciência sem Fronteiras, a Farmácia Popular
e a diminuição de recursos que estaria atingindo hoje o Fundo de Financiamento
Estudantil.
O senador lamentou que o governo vem deliberadamente
ignorando o aumento da violência que está atingindo o campo. “É um escandaloso
sinal verde para a pistolagem, também marcado pela desestruturação dos órgãos
que atuam na área. Foram 61 assassinatos no ano passado e mais de 1.000
ocorrências de conflitos”.
• Golpista e vingativo!
Está em andamento uma crise na base golpista, isto é, governista, e pode haver
uma cisão que vai deixar Temer em dificuldades. Mas, por enquanto, ele vai
usando seu poder para se vingar dos que o “traíram” no Congresso.
Ainda que ele tenha conseguido fazer aprovar sua
reforma trabalhista na Câmara dos Deputados, depois das manobras irregulares do
Rodrigo Maia, sentiu que já há deserções em suas fileiras. Alguns deputados, preocupados
com as eleições de 2018 e não querendo aprovar medidas impopulares que vão
tirar votos, não cumpriram com os acordos feitos para garantir as votações das
duas reformas (trabalhista e previdenciária).
A imediata resposta do golpista foi a publicação, na terça-feira
(02), de uma lista de exonerações dos indicados pelos partidos que não
cumpriram a promessa de garantir os votos. O Diário Oficial da União trazia a
lista exoneração de cargos em órgãos federais de afilhados políticos de
deputados da base aliada que votaram contra a reforma trabalhista. Entre
aqueles cujas demissões foram publicadas estão até mesmo indicados por parlamentares
do PMDB, partido de Temer.
Pelo que foi “vazado”, as exonerações de aliados de
deputados “infiéis” começaram a ser acertadas na quinta-feira, 27, em reunião
no Palácio do Planalto entre líderes da base aliada e Temer. O governo avaliou
que precisava dar o exemplo com os cortes de cargos, para impedir que novas
traições prejudiquem a votação da reforma da Previdência no plenário, prevista
para o fim de maio.
• Vai ter “dimdim” para quem votar. O golpista não perde tempo e quer evitar novas
“traições” na votação da reforma da previdência. Para isso, em reunião com a
quadrilha (ministros) realizada na segunda-feira (08), ficou acertado que os
330 parlamentares que se comprometeram em votar a favor do golpe contra os
trabalhadores vão ser “presenteados” com a liberação de verbas da União já a
partir da semana que se inicia!
Para cumprir seu acordo com os patrões, Temer precisa
garantir 308 deputados votando a favor da reforma. E não mediu esforços: apesar
da crise econômica e da recessão no país, cerca de R$ 1,9 bilhão (R$ 6 milhões
para cada deputado) serão destinados às obras e projetos nas suas bases
eleitorais por meio das emendas parlamentares. O único objetivo é garantir a
legitimação da Proposta de Emenda à Constituição 287, que acabará com a
aposentadoria em idade e tempo de contribuição dignos a homens e mulheres,
trabalhadores urbanos e rurais e dos setores públicos e privados.
• Primeiro ano do golpe: desemprego entre os jovens. Moradores da Região Norte, pessoas com nível
intermediário de educação (que já completaram o ensino fundamental, mas ainda
não o médio) e os jovens foram os que mais perderam emprego no país, em 2016,
segundo a 62ª edição do Boletim Mercado de Trabalho, divulgado nesta sexta pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O documento mostra que, entre os jovens de 14 a 24
anos, o valor médio das taxas de desemprego trimestrais subiu de 20%, em 2015,
para 27,2%, em 2016. Entre os adultos de 25 a 59 anos e os mais idosos, acima
de 60 anos, também houve elevação no valor médio das taxas trimestrais para o
ano de 2016.
No recorte por regiões, o Nordeste (que vinha
apresentando acentuadas melhoras no emprego) apresentou as maiores taxas de
desemprego em 2016, chegando a 14,4% no último trimestre.
Os demais grupos registraram queda nos respectivos
níveis de ocupação, com exceção dos militares/estatutários, que cresceram 0,65%
no período analisado. Os trabalhadores com carteira e sem carteira assinada
apresentaram queda de 3,72% e 0,35%, respectivamente.
Segundo o boletim, o "cenário de queda no nível de
atividade, em 2016, liderou o comportamento do mercado de trabalho, que teve
piora nos indicadores de ocupação e desemprego".
O rendimento real do brasileiro registrou um valor
médio de R$ 1.978 em 2016, queda de 2,5% comparado ao ano anterior. Os homens
tiveram a diminuição de 3,3% entre os anos de 2015 e 2016, enquanto as mulheres
tiveram perda de 1% no rendimento, no mesmo período. Os mais jovens (14 a 24
anos) apresentaram a maior queda (de 3,6%) no rendimento médio real no ano 2016
em relação ao ano anterior.
• Primeiro ano do golpe: menos 10 mil empregos no Banco do
Brasil e 13 mil na Petrobras. Relatório
divulgado na quinta-feira (11) pelo Banco do Brasil mostra que foram eliminados
9.900 postos de trabalho em um ano, até o primeiro trimestre, e fechou 551
agências, mais do que a meta anunciada. Mas o corte chega a 13 mil se forem
incluídos os estagiários. O lucro líquido nos três primeiros meses do ano
atingiu R$ 2,443 bilhões, crescimento de 3,6% em relação a igual período de
2016.
A Petrobras reduziu em 17% sua força de trabalho, de
78.406 funcionários no primeiro trimestre do ano passado para 65.220 neste
início de 2017, um corte de mais de 13 mil vagas, de acordo com balanço
divulgado no início da noite de quinta-feira. Segundo a companhia, essa
diminuição se deve a um plano de demissões voluntárias. O lucro líquido
anunciado pela empresa no primeiro trimestre foi de R$ 4,4 bilhões, ante
prejuízo de R$ 1,2 bilhão em igual período de 2016.
• Primeiro ano do golpe: custo da cesta básica continua
subindo. Em abril, o custo do conjunto
de alimentos essenciais aumentou nas 27 capitais brasileiras, segundo dados da
Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
As maiores altas foram registradas em Porto Alegre (6,17%), Cuiabá (5,51%),
Palmas (5,16%), Salvador (4,85%) e Boa Vista (4,71%). As menores elevações
foram observadas em Goiânia (0,13%) e São Luís (0,35%). Porto Alegre foi a
cidade com a cesta mais cara (R$ 464,19), seguida por Florianópolis (R$
453,54), Rio de Janeiro (R$ 448,51) e São Paulo (R$ 446,28). Os menores valores
médios foram observados em Rio Branco (R$ 333,18) e Aracaju (R$ 363,87). Em 12
meses, 20 cidades acumularam alta. As elevações mais expressivas foram
observadas em Natal (10,28%), Fortaleza (9,85%) e Porto Alegre (8,73%). As reduções
ocorreram em 7 capitais, com destaque para Belém (-3,49%), Macapá (-3,28%) e
Rio Branco (-3,11%).
Em abril de 2017, o tempo médio necessário para
adquirir os produtos da cesta básica foi de 93 horas e 17 minutos, maior que o
de março, 90 horas e 33 minutos. Em abril de 2016, o tempo era de 96 horas e 26
minutos. Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou
seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o
trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em abril, 46,09% do
salário mínimo para adquirir os mesmos produtos que, em março, demandavam
44,74%. Em abril de 2016, o percentual foi de 47,64%.
O trabalhador comprometeu 52,03% de sua remuneração em
abril para adquirir os produtos de uma cesta básica suficiente para alimentar
uma pessoa durante um mês, considerando o salário mínimo líquido, ou seja, após
o desconto de 8% da Previdência Social. Em março, ele havia comprometido 50,03%
dessa remuneração.
• Primeiro ano do golpe: produção industrial cai na maioria das
regiões. Dados divulgados na terça-feira
(09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), relativos à
Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Regional (PIM-PF), indicam que a
retração a nível nacional foi puxada por Santa Catarina, onde a queda de 4% na
comparação de fevereiro para março (série com ajuste sazonal) interrompeu
quatro meses consecutivos de taxas positivas. Logo em seguida, vem o Ceará com
retração de 3,1%; Paraná (-2,9%); Minas Gerais (-2,8%) e Pará (-2,7%). Em todos
eles, as quedas foram mais intensas do que a média nacional de 1,8% detectada
em março pelo IBGE.
Ainda com resultados negativos aparecem São Paulo
(-1,7%), Rio Grande do Sul (-1,2%) e Espírito Santo (-0,7%). Em Pernambuco, o
resultado ficou estagnado (0,0%) repetindo fevereiro.
• O terrorismo da direita! Na madrugada de quarta-feira (10), um atentado com uma bateria de morteiros
causou pânico e atingiu diversas barracas no acampamento que reunia militantes
do MST e de outros movimentos sociais. Os movimentos estavam em Curitiba para
prestar solidariedade ao ex-presidente Lula, no seu depoimento a Sergio Moro.
Dois participantes do acampamento, chamado de Ocupação Dom Tomaz Balduíno e
localizado num terreno da empresa ferroviária América Latina Logística,
sofreram ferimentos e tiveram que ser atendidos no Hospital Universitário.
No momento do atentado, não havia nenhuma proteção
policial ao acampamento, apesar de viaturas terem permanecido no local ao longo
dos últimos dois dias. A Frente Brasil Popular, organizadora do ato, distribuiu
nota repudiando o atentado.
Diz o documento divulgado: “O ataque, mais do que
demonstrar uma aversão à democracia, reforça a ideia de intolerância e métodos
violentos utilizados por grupos isolados que se opõe à agenda de manifestações
pacíficas que acontecem em Curitiba desde a manhã desta terça-feira”.
Em outra parte, a nota diz: “Ao contrário do que
propagaram determinados setores da sociedade, o clima das manifestações é de
paz, alegria e disposição para defender um estado democrático de direito que
garanta direitos sociais. Na pauta de todas as atividades estão a defesa da
aposentadoria e dos direitos trabalhistas, temas que interessam toda a
sociedade. Uma agenda programática e concreta”.
• Dia 24 – Ocupar Brasília! As Centrais Sindicais decidiram na tarde de segunda-feira (08) que o
desfecho da Marcha à Capital Federal, chamado de movimento Ocupe Brasília, será
realizado dia 24. As nove entidades que organizaram a greve geral de 28 de
abril se reuniram na sede do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística
e Estudos Socioeconômicos), em São Paulo, para definir novas ações contra as
reformas trabalhista, previdenciária e a terceirização.
Antes da Marcha, e para sua preparação, estão
programados atos unitários, como também mobilizações no âmbito das Centrais e
Confederações (por meio do Fórum Sindical dos Trabalhadores – FST). O movimento
sindical promoverá ainda ações nos redutos eleitorais dos parlamentares, além
de atividades em conjunto com movimentos sociais e buscará reforçar o apoio de
entidades como CNBB, OAB e Anamatra, entre outras.
Na sexta-feira (12), a CUT enviou uma circular para
todas as estaduais convocando para as mobilizações em defesa dos direitos e
contra as reformas. Com o adiamento da votação da reforma da Previdência, todas
as centrais sindicais e movimentos sociais intensificam ações de pressão ao
Congresso Nacional na semana de 15 a 19 de maio, com mobilização em Brasília
prevista para o próximo dia 17 (quarta-feira). Para o dia 24 de maio está
confirmada a Marcha e Ocupação de Brasília.
• Argentina: advogados de torturadores tentam usar o 2x1. No Informativo passado noticiamos que a Corte Suprema
havia aprovado o uso da lei conhecida como 2x1 para libertar um ex-militar
preso por roubo de filhos de presos políticos. A porta foi aberta e os
movimentos sociais se manifestaram contra a medida.
Agora tomamos conhecimento de que o número de pedidos a
juízes argentinos para usar os benefícios da 2x1 aumentou espantosamente! Em
menos de uma semana, mais sete ex-militares presos entraram com ações para se
beneficiarem da tal lei. O ex-capitão do Exército, Víctor Gallo, solicitou o
benefício, mas a Justiça já emitiu parecer contrário. Também Héctor Girbone e
Norberto Mercado, conhecidos torturadores, tentaram usar o benefício, mas foram
recusados.
Segundo a Procuradoria de Crimes Contra a Humanidade,
pelo menos 278 genocidas poderiam tentar a liberdade na Argentina se for
aplicada a 2x1 em suas causas.
• Senado argentino veta o uso da 2x1. O Senado da Argentina aprovou na quarta-feira (10) uma
lei que proíbe a aplicação do benefício para diminuir penas de prisão conhecido
como 2x1 a pessoas condenadas por crimes contra a humanidade, como os agentes
da ditadura militar (1976-1983) no país.
O projeto de lei havia sido votado na terça-feira (09)
na Câmara dos Deputados, com 211 votos a favor e um único voto contra. No
Senado, o apoio foi unânime, com os 56 senadores votando a favor.
A aprovação da medida, em caráter de urgência, atendeu
às diversas manifestações realizadas em várias cidades argentinas e estabelece
que o benefício “não será aplicável a condutas delitivas que se enquadrem na
categoria de lesa humanidade, genocídio ou crimes de guerra”, o que significa
que nenhum outro agente da ditadura militar condenado pela Justiça argentina
poderá pedir o benefício para sair da prisão.
Organizações de direitos humanos protestaram contra a
decisão da Suprema Corte que libertou Luis Muiña (ver Informativo anterior) e
realizaram na quarta-feira (10) uma marcha em repúdio à medida que reuniu milhares
de pessoas na Praça de Maio, em Buenos Aires, com o lema “Nunca Mais - Nenhum
genocida solto”.
A manifestação foi convocada pelas Mães da Praça de
Maio e pelas Avós da Praça de Maio. Reuniu, também, organizações como o CELS
(Centro de Estudos Legais e Sociais), Familiares de Desaparecidos e Detidos por
Razões Políticas e Comissão Memória, Verdade e Justiça, assim como sindicatos e
partidos de esquerda. Houve marchas também em cidades como Rosario, Neuquén,
Córdoba, La Pampa e Tierra del Fuego e atos de apoio em outros países.
• México: #YoSoy132 e novas formas de organização. Em 1994, quando o neoliberalismo se implantava no
mundo como uma avalanche e parecida impossível de ser detido, o México deu um
exemplo que serviu para levantar novas esperanças nos movimentos sociais em
toda a América Latina. No dia 1 de janeiro de 1994, no estado de Chiapas, os
indígenas mexicanos se levantaram e ocuparam várias cidades. Primeiro tomaram a
cidade de San Cristóbal de las Casas e seguiram tomando Ocosingo, Las
Margaritas, Altamirano e Comitan. Declararam guerra contra o Governo do México,
anunciando um projeto de invadir a capital. Surgia, dessa forma, o Exército
Zapatista de Libertação Nacional e o levante durou 12 dias, tendo repercussão
internacional!
O levante de Chiapas é considerado o primeiro grande
movimento social a denunciar os efeitos do neoliberalismo e os chamados
“acordos de livre comércio”. Muitos outros foram surgindo, particularmente a
campanha contra a ALCA que mobilizou toda a América Latina e levou ao poder os
primeiros governos progressistas da região: Hugo Chávez, Luis Inácio Lula da
Silva e Néstor Kirchner.
Em 2012 vimos um novo e interessante tipo de movimento
surgindo no México. Foi algo espontâneo e sem uma liderança conhecida, mas que
até hoje tem um importante papel na resistência popular mexicana.
Acontece que, naquele ano, o então candidato à
presidência do país, Enrique Peña Nieto, compareceu à Universidade
Ibero-americana (Ibero) para uma atividade de sua campanha política e foi
recebido por vaias e protestos de um pequeno grupo de estudantes presentes ao
ato.
No dia seguinte, a imprensa amestrada não tardou a
publicar que as vaias tinham partido de um “pequeno grupo de manifestantes
externos à universidade” e que teriam sido “pagos e treinados para a
manifestação”. E a resposta foi imediata: 131 estudantes gravaram um vídeo onde
se identificavam como estudantes da Ibero e afirmavam que “não fomos treinados
ou mandados por ninguém”. A partir daí o que aconteceu foi surpreendente!
Um novo movimento começou a tomar conta do México com o
lema “#YoSoy132”. Ou seja, milhares de jovens, estudantes, trabalhadores, donas
de casa, etc. começaram a se identificar com aqueles 131 estudantes e diziam
ser o “132”. Surgiram páginas nas redes sociais e eram convocadas assembleias
para debater a situação mexicana. Alguns vídeos surgiam para denunciar o
sistema político mexicano e provocar debates em várias localidades. Analistas
políticos começaram a ver o movimento como “uma iniciativa histórica”.
Cinco anos depois o movimento está menos ativo. A
grande maioria dos seus fundadores já deixou a universidade e agora milita em
outras frentes de luta. Novos coletivos estão sendo organizados, com as mesmas
ideias do #YoSoy132, e atuam em várias áreas sociais e políticas. A influência
do grupo original pode ser vista na Internet através da página do coletivo
Rexiste (http://rexiste.org/), criado por alguns membros do grupo inicial.
• Venezuela: a direita vai aos extremos! Depois o anúncio oficial de Nicolás Maduro, anunciando
a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte para repor o país na ordem
democrática, a direita alimentada por Washington tornou-se ainda mais raivosa.
Tinham esperança de desestabilizar o governo até justificar um golpe branco
(como fizeram em Honduras, Paraguai e Brasil), mas o contragolpe foi muito
forte e lançou desespero nas linhas golpistas.
Na última semana temos acompanhado um crescimento nas
ações de extremistas de direita para provocar o caos no país. O que antes
aparecia encoberto sob uma capa de “democracia” transformou-se abertamente em
ações terroristas e provocativas para criar as condições para um golpe que
possa ser apoiado pelos EUA, OEA e outros aliados da direita (em particular a Espanha).
As ações da direita venezuelana estão bem orquestradas
e seguem um “manual” traçado pela CIA: 1) uma ofensiva internacional para
desacreditar a Venezuela que é coordenada pelo Secretário Geral da OEA, Luiz Almagro,
sob os auspícios da Casa Branca e com apoio da Argentina, Brasil e México; b)
um trabalho midiático que está consumindo milhões de dólares de grandes
empresas para comprar notícias contrárias a Maduro em rádios, TVs, jornais,
revistas etc.; c) as ações de rua, abertas e encabeçadas por grupos armados
(alguns são mercenários pagos pelos EUA que entraram na Venezuela), para forçar
o governo venezuelano a uma repressão e justificar o golpe.
Curiosamente, esses “opositores” que chamam Maduro de
ditador e reclamam mais democracia para a Venezuela são contra a realização da
Assembleia Nacional Constituinte, uma contradição para a qual não encontramos
comparação na história da política moderna desde a Revolução Francesa! Querem a
democracia, acusam o atual regime de ditadura, mas são contra uma nova
Constituição?
Comprovando isso, na terça-feira (09) a Assembleia
Nacional da Venezuela (o Congresso de lá), controlada pela oposição que tem
maioria dos deputados, aprovou um acordo sobre a “inconstitucionalidade e
nulidade” do decreto convocando a Assembleia Nacional Constituinte. O acordo
foi aprovado durante debate, do qual participaram somente os deputados
opositores. A informação é da Agência EFE.
Os deputados da direita consideram que essa convocação
do governo serve para ganhar tempo e não realizar eleições. (Veja a matéria a seguir)
• Maduro anuncia eleições presidenciais em 2018. Na sexta-feira (12), Nicolás Maduro deu mais um tiro
na estratégia da direita para tumultuar o país. Em pronunciamento oficial, ele
disse que “Na Venezuela estamos jogando o destino da dignidade, da paz e da
união da América Latina e Caribe, e da esperança popular em um mundo melhor
neste planeta”.
Maduro anunciou que haverá eleições presidenciais no
país em 2018, como está determinado pela atual legislação. Em uma crítica aos
golpes comandados na América Latina pelos EUA, ele disse que: “Em 2018, nas
eleições presidenciais, vamos dar uma surra, porque em 2018, pode chover,
trovejar ou relampejar que teremos eleições presidenciais, porque aqui não
governa Temer, aqui governa a revolução”.
Ainda neste ano ocorrerão as eleições regionais na
Venezuela e a direita parece estar preocupada com o processo.
• Venceu Macron. Perderam a França e o mundo! Emmanuel Macron foi eleito no domingo (07) vencendo
uma disputa com Marine Le Pen. Está correto que houve toda uma mobilização em
torno de seu nome para evitar um mal maior: a eleição da extrema-direita na
França, um retrocesso para a democracia mundial. Mas, devemos perguntar, há o
que comemorar?
Poucos minutos depois do anúncio oficial de sua
vitória, os principais líderes neoliberais da Europa correram para felicitá-lo
e comemoraram “o resultado que consolidou um triunfo europeísta contra o
projeto eurocético de Marine Le Pen”. “Viva Macron presidente. Uma esperança se
ergue na Europa”, escreveu no Twitter o primeiro-ministro da Itália, Paolo
Gentiloni. O porta-voz da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, declarou que o
resultado na França é a “vitória para uma Europa unida”. Por sua vez, o
presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, deu os parabéns e disse
que os franceses escolheram o “amanhecer europeu”.
Macron é a garantia da continuidade do projeto
neoliberal na Europa, com mais austeridade, retirada de direitos dos
trabalhadores, cortes nos investimentos sociais públicos, etc.
• Um resultado que a mídia está escondendo. Nosso Informativo tem comentado várias vezes sobre o
descrédito na política e a crise que se instala sobre as instituições. Chamamos
a atenção, com antecedência, para o problema das abstenções nas eleições
francesas, mas o resultado é ainda mais cruel do que pensávamos.
Somando tudo, o povo francês mostrou que não tem mais
confiança no sistema. Os nossos jornais comemoram que Macron teve 65% dos
votos, contra 35% dos votos de Le Pen. Mas “esquecem” de dizer que a abstenção
no segundo turno foi de mais de 25% do eleitorado! Ou seja, um quarto do
eleitorado francês não compareceu às urnas. Mas o quadro é ainda pior: entre os
que votaram (menos de 75% dos franceses), 12% foram votos nulos e brancos! Deu
para entender?
• Ataque cibernético!
Um mega-ataque cibernético atingiu computadores de empresas, hospitais e serviços
públicos de mais de 70 países, como Reino Unido, Portugal, Ucrânia, Estados
Unidos Espanha, Rússia, França e Itália na sexta-feira (12). No Brasil, pelas
notícias iniciais, teriam sido atingidos computadores do Tribunal de Justiça de
São Paulo e do Itamaraty.
Pelo que foi até agora divulgado, o ataque pode ter
sido feito com o uso de um vírus roubado da Agência de Segurança Nacional (NSA)
dos EUA, de acordo com o jornal The New York Times. O jornal diz que o vírus
teria sido roubado pelo grupo Shadow Brokers, o que coloca em xeque a segurança
do serviço de “segurança” daquele país.
Especialistas asseguram que um método conhecido como
Eternal Blue (Azul Eterno), usado pelos serviços secretos estadunidenses, foi
ligado a um vírus chamado WannaCry, para realizar extorsões. Ainda temos poucas
informações sobre as consequências do ataque. (Voltaremos ao assunto)