segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Blindagem tucana a Alckmin e Serra não resiste a um sopro da PF


Blindagem tucana a Alckmin e Serra não resiste a um sopro da PF

23/12/2013 13:15
Por Redação - de São Paulo

São Paulo
Governador do Estado de São Paulo, Alckmin tenta evitar uma CPI sobre o propinoduto tucano
A base aliada do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), na Assembleia Legislativa de São Paulo, conseguiu uma ‘vitória de Pirro’, quando o custo político de uma vitória é maior do que o de uma derrota, ao barrar o escândalo da formação de cartel em contratos de trem e metrô em governos tucanos desde Mario Covas (1998) na Assembleia Legislativa paulista. Para as cameras, Alckmin pediu “rapidez” e “seriedade” nas investigações sobre o esquema de cartel mas seu gabinete determinou que o assunto fosse enterrado na Alesp.
Se a abertura da CPI do caso não obteve adesão suficiente de deputados, na Polícia Federal (PF) a investigação segue seu trâmite inabalável. Desde 2008, esta é a quarta tentativa do PT para instalar uma CPI sobre o propinoduto estabelecido entre empresas nos contratos do Metrô paulista e beneficiários ligados às altas esferas políticas dos governos tucanos. As propostas anteriores não passaram pelo mesmo motivo: bloqueio da maioria governista. Para existir, a comissão precisa de 32 assinaturas. Até a manhã desta segunda-feira, a atual proposta contava com 26 adesões.
Além disso, dos 28 requerimentos da oposição para convocar autoridades e envolvidos no esquema, apenas três foram ouvidos pelos deputados. São eles: o secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, e os atuais presidentes do Metrô, Luiz Antonio Pacheco, e da CPTM, Mário Manuel Bandeira. Integrantes de proa da administração tucana, como os presidentes do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinicius Carvalho, da Siemens, Paulo Stark, e o vereador Andrea Matarazzo (PSDB) não responderam à convocação.
A comissão ainda não acatou o pedido para ouvir um dos delatores do esquema, Everton Rheinheimer. Ele acusa três secretários de Alckmin – Edson Aparecido, Rodrigo Garcia e José Anibal – de receber propina do esquema. Além disso, envolveu o deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) e o estadual Campos Machado (PTB). Outro nome vetado foi o de João Roberto Zaniboni, ex-diretor da CPTM que recebeu US$ 836 mil numa conta na Suíça.
Investigação na PF
Enquanto a apuração quanto ao propinoduto tucano se arrasta no Legislativo paulista, a Polícia Federal está cada vez mais perto de desvendar o esquema de desvio de recursos do metrô de São Paulo, usado para abastecer o caixa de campanhas políticas do PSDB em São Paulo.
De acordo com a PF, Alstom, Siemens, Bombardier e Tejofran teriam repassado esses valores para empresas ligadas aos irmãos Fagali, arrecadadores de campanha do PSDB, a Robson Marinho, ex-secretário da Casa Civil de Mário Covas, e Romeu Pinto Jr., outro empresário ligado aos tucanos. Um dos alvos principais da investigação é a consultoria MCA, de Pinto Jr., que recebeu R$ 45,7 milhões da Alstom, em recursos depositados no Brasil e na Suíça. Depois disso, o dinheiro ou foi sacado em espécie ou movimentado por doleiros, sem que se possa determinar o destino. Outras consultorias investigadas são a ENV e a Acqua-Lux.
Outra empresa citada no cartel, a Tejofran, que despontou durante o governo Mario Covas, pagou R$ 1,5 milhão à consultoria BJG, que era controlada pelo ex-secretário estadual de transportes, José Fagali Neto. Próximo a José Serra, ele é investigado desde 2008, quando foram descobertos pagamentos de US$ 6,5 milhões na Suíça – os recursos estão bloqueados por determinação judicial.
O advogado Belisário dos Santos Jr., que defende Fagali Neto, argumenta que ele poderá comprovar que prestou serviços de consultoria.

Fonte: Correio do Brasil

Jogos ocultos de Eduardo Campos


Jogos ocultos de Eduardo Campos

5/1/2014 15:41
Por Antonio Lassance - de São Paulo

Eduardo Campos, presidente do PSB, assina a ficha preenchida por Marina Silva
Eduardo Campos, presidente do PSB, assina a ficha preenchida por Marina Silva
Por mais paradoxal que pareça, a Eduardo Campos pode interessar até mais uma vitória de Dilma Rousseff, com a ajuda de sua mão em um eventual segundo turno, do que uma candidatura de Marina Silva voando pelo PSB – mesmo que Marina demonstre mais intenções de voto em pesquisas. A razão maior é muito simples. Ele quer ser um protagonista, e não um coadjuvante em 2014. Se não puder vencer, Campos não abre mão de, pelo menos, ser um dos grandes responsáveis por decidir a parada das próximas eleições presidenciais.
Campos avalia que pode haver segundo turno, e que o candidato preferencial das oposições pode ser ele. Esteja sua previsão certa ou errada, o mais importante é saber que é com ela que o candidato trabalha no momento. E mesmo que não seja Campos o escolhido para enfrentar Dilma em um eventual segundo turno, o terceiro lugar na disputa seria um grande trunfo para quem quer fortalecer-se politicamente.
Se terceirizasse a cabeça de chapa para Marina Silva, Campos abdicaria do controle sobre a estratégia do PSB na campanha e ficaria refém de Marina e de sua Rede. Abriria mão de ser o fiador maior do candidato vencedor, se houver segundo turno.
Como eleições são feitas não apenas para se eleger presidentes, mas também governadores e montar as coalizões dos governos (o federal e os estaduais), Campos teria seu papel e o de seu partido diminuído se não estivesse à frente da candidatura. Ele quer a Presidência, mas precisa, acima de tudo, sair com o PSB maior do que entrou em 2014.
Uma votação expressiva de Marina seria uma vitória claramente imputada a ela, pessoalmente, e não ao PSB. Terminada a disputa, o partido de Marina, a Rede, seria formado e roubaria a cena. A cena, deputados, senadores e talvez até alguns governadores.
Os planos do pré-candidato do PSB dependem da amarração de três fatores: a aliança tática com o PSDB nos palanques estaduais; convencer Marina a ser sua vice; e ter votos suficientes para ajudar a forçar um segundo turno. Se ficar em segundo, melhor para ele, mas ficar em terceiro também lhe interessa. Ver Marina em seu lugar, nem pensar. É o pior dos mundos para Eduardo Campos, só comparável a uma vitória de Dilma Rousseff em primeiro turno.
O interesse de forçar uma eleição em dois turnos explica o movimento recente de Campos de trazer o PSDB para seu governo em Pernambuco e para o governo do PSB no Piauí. O gesto foi feito para agradar os tucanos nacionalmente e diminuir o temor que têm de serem apenas um trampolim para Campos, que se projetaria em estados governados pelo PSDB.
Tais temores se ampliaram desde a filiação de Marina Silva ao PSB, em outubro de 2013. A jogada fez os tucanos sentirem que Campos estava pisando sobre suas cabeças. Para Aécio Neves, suas chances de ir para o segundo turno aumentam com Campos e diminuem muito com Marina. Mais uma vez, os fatores envolvidos favorecem a opção pelo nome do governador de Pernambuco e tornam a escolha por Marina contraproducente para o PSB.
De todo modo, Campos precisa colar em Marina. Pouco conhecido no país, precisa dela como vice. Quer o seu “recall” – o retrospecto da eleição passada que tornou Marina muito conhecida do eleitorado. No entanto, a vice, que era dada como certa, tornou-se depois uma séria dúvida.
Marina também sabe fazer cálculos e tem seus próprios interesses, que são um pouco maiores do que os de apenas servir de perfume à candidatura de Campos.
As alianças do governador, dentro e fora de Pernambuco, criaram uma saia justíssima para a Rede e deixaram no ar um sentimento do tipo: “façam o que Marina diz, mas não façam o que o Eduardo faz”. A dobradinha que melhora a imagem de Campos trouxe desgastes à de Marina, conforme várias pesquisas atestaram.
Marina cogitou voltar atrás na ideia de ser vice. A informação, antecipada por Carta Maior e que, depois, se tornou notícia corrente, criou um problema na candidatura do PSB. O preço pago por Campos para evitar o recuo foi negociar com a Rede a disputa por São Paulo. Campos rifou o chefe do PSB no estado, que já estava nos braços do governador Geraldo Alckmin e seria vice na chapa do PSDB.
Em troca, a Rede quer lançar ou Luíza Erundina (PSB-SP). Uma segunda opção aventada é a do vereador Ricardo Young (PPS-SP), também vinculado à Rede. Erundina ainda resiste a perder o mandato de deputada federal para cumprir o papel de D. Quixote. Young tem resistências internas do próprio PPS, principalmente do presidente nacional, Roberto Freire, aliado contumaz do PSDB paulista.
Eduardo Campos e Marina Silva podem estar juntos na mesma equipe, mas são tão parceiros quanto eram Fernando Alonso e Felipe Massa na Ferrari. São tão próximos quanto eram Michael Schumacher e Rubinho Barrichello. A função de Marina Silva é a de se conformar com a segunda posição.
A expressão “jogos ocultos” ou “jogos intrincados” (“nested games”) se tornou comum na Ciência Política para explicar razões que a própria razão comum desconhece. Em geral, algo que parece inexplicável, ou que só tem razões abjetas, como as dos sete pecados capitais da maldade humana (da soberba à inveja, passando pela cobiça), na verdade pode ser melhor elucidado se entendermos o grande tabuleiro no qual um ator está inserido, e a maneira como ele move suas peças.
Cada movimento é feito com o respaldo de um conjunto de outras peças e movimentos do próprio ator, mas também levando em conta os lances dos adversários. Um movimento óbvio e previsível é, muitas vezes, o menos recomendável. É por isso que Eduardo Campos, mesmo sendo uma escolha com menos intenções de voto, é candidato a presidente, e não se fala mais nisso. Marina Silva será, no máximo, sua vice.
Antonio Lassance é doutor em Ciência Política.

Quem é Marina?

Para recordar quem é Marina, reproduzo matéria publicada neste blog em 08/10/2013.




Para conhecer Marina


MARINA SILVA CAI NA REDE DO PSB

 

Antonio Lassance

 

De sustentabilidade em sustentabilidade, Marina Silva se filia a seu terceiro partido. Após as eleições de 2014, ela fará nova troca, ingressando em sua Rede. Será uma média de quase um novo partido a cada um ano e meio.

 

A dobradinha com Eduardo Campos, que em ataque de sinceridade, Marina chamou de "coligação pragmática", surpreendeu apoiadores do PSB e, mais ainda, da Rede. Muitos consideram o PSB um "mal necessário". Outros acham que Marina cometeu um erro estratégico, que vai chamuscar sua imagem pública, torná-la refém de Eduardo Campos, ligá-la a aliados indigestos do PSB, como os Bornhausen, em Santa Catarina, e, assim, afastar marinheiros cujo estômago não está preparado para engolir tantos sapos. A Rede que queria Marina como candidata a presidente a aceita menos como vice de Campos, tido como um político menor, perto de sua líder.

 

O acordo com o PSB coloca a ex-senadora no jogo de 2014, mas na posição de coadjuvante. Quem mais ganha com a aliança é Eduardo Campos, que fez um lance de mestre. Acaba de ganhar uma garota propaganda de peso. Marina, com seus 16% de intenções de voto, com viés de baixa, deve catapultar os 4% de Eduardo Campos. Porém, na matemática eleitoral, 16 mais 4 não é igual a 20, pois a operação tem perdas de lado a lado. Tem gente do PSB ligada a ruralistas, que não gostam de Marina; tem gente da Rede que não quer saber de Eduardo Campos.

 

A dupla pisa sobre a cabeça de Aécio Neves e o empurra para baixo. Muito em breve, o mineiro pode amargar, pior do que o terceiro lugar atual, um patamar inferior a 10%, algo inédito para o PSDB.

 

José Serra está saboreando sua vingança em um prato ainda quente. Há apenas uma única coisa que Serra queira mais em 2014 do que derrotar o PT: é diminuir Aécio. Quando chegou à conclusão de que eram mínimas as chances de Marina ter seu partido registrado a tempo para concorrer no ano que vem, Serra considerou que o cenário mais provável era o de vitória de Dilma em primeiro turno. Um resultado péssimo para o PSDB e uma mancha definitiva para a carreira de Aécio. Com a chapa Campos/Marina, a candidatura Aécio Neves sofre grave risco de esvaziamento.

 

Mais do que Dilma, é a chapa do PSB que passa a ser, momentaneamente, a principal adversária do candidato do PSDB. Diante do risco de ficar para trás na corrida presidencial, comendo poeira, há quem defenda reavaliar a situação ao longo de 2014. Se Aécio não se mostrar viável, o PSDB tentará uma saída que evite um resultado vergonhoso.

 

Para a candidatura Dilma, as chances de vitória no primeiro turno continuam fortes. Já era assim, conforme pesquisas mais recente, quando Marina ainda aparecia como possível candidata. Como vice de Eduardo Campos, é difícil que a decisão da Rede provoque algum estrago extra na candidatura petista.

 

O que pode causar problemas para o PT, de agora em diante, são seus eventuais erros e a péssima atuação congressual de seu grande aliado, o PMDB. A vantagem de Dilma é que sua dobradinha principal é com Lula. Mais do que Eduardo Campos e do que Marina Silva, Lula sabe bem como é que se muda um país. A atuação de Dilma na presidência e a de Lula no debate político são armas poderosas. O que ainda falta e será decisivo em 2014 é um programa ousado, que enfatize mais a mudança que a continuidade, diferentemente da estratégia de 2010. Do contrário, a pecha de República Velha, não a de 1891, mas a fundada pelo PMDB em 1985, pode virar carimbo.

 

 

Publicado em: CartaMaior, 06 de outubro de 2013

Herdeira do Itaú defende a terceira via

Regulamentação do jogo com apostas em dinheiro é pauta de revista econômica


Regulamentação do jogo com apostas em dinheiro é pauta em revista econômica

5/1/2014 16:13
Por Redação, com ACS - do Rio de Janeiro

O Cassino da Urca já foi um dos mais luxuosos do país, até meados do século passado
O Cassino da Urca já foi um dos mais luxuosos do país, até meados do século passado
O debate sobre temas sensíveis ao dia a dia econômico do país como o tempo livre, a cultura e o jogo de apostas em dinheiro chega ao público, na semana que vem, com a participação do economista Carlos Lessa, o cantor e compositor Zeca Pagodinho e o empresário José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, como é conhecido o ex-diretor-geral da Rede Globo de Televisão. Personalidades tão distintas foram reunidas nas páginas da 37ª edição da revista Inteligência Empresarial, que traz na capa a chamada “O Tempo Livre como Ativo Econômico – o jogo entre o lícito e o ilícito”.
O lançamento da publicação acontecerá no dia 13 de janeiro, às 19 horas no Teatro Odisseia, na Lapa, bairro boêmio do Rio de Janeiro. Editada pelo Centro de Referência em Inteligência Empresarial da Coppe/UFRJ, sob a coordenação editorial do jornalista Luiz Carlos Prestes Filho, a edição traz textos de especialistas no tema, como Lessa; Boni e Zeca
Pagodinho.
“Tanto a comunidade acadêmica como leigos são convidados a participar do debate sobre o uso do tempo, matriz fundamental para o desenvolvimento econômico da sociedade da informação e do conhecimento”, afirma o texto de divulgação da revista.
A necessidade da regulamentação da atividade privada do jogo de aposta em dinheiro no Brasil também ganha destaque na edição. “O empresário Leo Feijó, do Grupo Matriz, lembra o papel fundamental do Cassino da Urca para o surgimento da Economia da Noite do Rio de Janeiro. Destaca que deveria entrar em pauta não somente a regulamentação das casas de apostas em dinheiro – bingos e cassinos – mas a atualização da legislação do zoneamento urbano das cidades brasileiras. A que está vigente é um impedimento para atração de investidores que tem receio da instabilidade legal para a criação de grandes centros voltados para o entretenimento, turismo e cultura”, assinala a publicação.
Ainda na edição a ser lançada, na semana que vem, o poeta Alexei Bueno convida o leitor para realizar uma viagem literária pelo imaginário do Jogo do Bicho, através de textos de Machado de Assis, Olavo Bilac, Lima Barreto, Arthur Azevedo e Murilo Mendes.
Frases pinçadas na edição:
“O uso do tempo livre é um direito universal democraticamente instituído e fiscalizado. Não é legítimo bloquear o uso do tempo livre para a atividade de jogo de aposta. Qualquer um pode jogar cara ou coroa, porrinha ou dominó. É uma forma de socialização frequente e generalizada”, Carlos Lessa, economista;
“O problema é a legalidade, então vamos legalizar: Jogo é jogo, que, legal ou ilegal, vai continuar sendo jogo. E o Jogo do Bicho não vai deixar de existir por conta de uma lei que o transforme num crime”, Zeca Pagodinho, cantor e compositor;
“Grandes nomes da cultura brasileira como Grande Otelo e Carmem Miranda nasceram no Cassino da Urca, que se tornou um ícone dos ‘anos dourados’ da noite carioca e ganhou reconhecimento internacional. Nosso mais famoso arquiteto, Oscar Niemeyer, se no início de carreira tivesse preconceito contra o jogo, talvez nunca viesse a ser o que foi, já que um do seu primeiro grande projeto público foi a construção de um cassino em Belo Horizonte, cidade administrada na época pelo então prefeito Juscelino Kubitschek. O luxuoso Cassino da Pampulha, por ele desenhado em 1940, foi uma casa de jogos cuja arquitetura, até hoje, se destaca por sua modernidade”, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, Boni.

Uma grande lição!

NO PIOR IDH DO PAÍS, A LIÇÃO DOS MÉDICOS CUBANOS

“Fomos a uma comunidade ribeirinha, fizemos travessia de barco e na casa de um senhor diabético de 86 anos ouvimos, depois do exame: ‘04 médicos aqui, quatro médicos me visitando em casa, meu Deus posso morrer feliz. Nunca tinha visto um médico!’”, escreve Vera Paoloni, bancária, jornalista e secretária de comunicação da CUT/Pará, em artigo publicado no portal Brasil 247, 28-13-2013.
Melgaço, no Marajó, Pará, tem o pior IDH – Índice de Desenvolvimento Humano do país, segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, divulgado no final de julho. São 24 mil habitantes, dos quais 12 mil não sabem ler e nem escrever, apenas 681 pessoas frequentam o ensino médio, saneamento é zero, saúde é rarefeita e internet só de vez em quando e apenas por celular. O melhor de Melgaço é o povo, as pessoas, atestam Maribel, Oyainis e Maribel as três médicas e o médico cubano Orlando que estão morando e trabalhando no município marajoara desde 21 de setembro, há pouco mais de 03 meses. Eles integram o programa audacioso e certeiro ‘Mais Médicos’, que leva assistência e médicos a municípios carentes e vulneráveis. Ponto para o Ministério da Saúde e para a presidenta Dilma Rousseff.
Se o povo é o melhor de Melgaço, o pior é a água. Ribeirinho, Melgaço não tem água tratada e nem saneamento básico. Isso gera micoses e contaminações genitais. Há gravidez muito precoce e um índice alarmante de hipertensão que atinge muitos jovens, resume o quarteto médico cubano que atende 24 pessoas, no mínimo, todo dia em Melgaço, de segunda a sexta. Com a consulta média de 30 minutos, salvo situações mais complicadas e que exigem mais tempo. Em todas as consultas, a medicina preventiva em ação: tratar a água com hipoclorito de sódio, ferver a água, só pra citar um exemplo.
Pobreza e generosidade – Quase a metade, 48% da população de Melgaço é pobre, aponta o Mapa da Pobreza do IBGE publicado em 2003. Grande parte da população do campo tem remuneração de R$ 71,50, fazendo com que as famílias na zona rural sobrevivam, em média, com R$ 662 por mês – menos que um salário mínimo. As distâncias são grandes e se leva até 15 dias pra cruzar o espaço de mais de 06 mil quilômetros. Com toda essa adversidade, o povo de Melgaço é acolhedor e generoso, garantem as médicas e o médico cubanos.
Rendimentos compartilhados – Afinal, o que vocês ganham de salário fica com vocês ou vai pra família, indago? “Parte fica conosco, parte vai para nossas famílias e outra parte vai para o nosso governo, para ajudar o nosso povo cubano”, me diz Maribel Hernandez. “Mas o que ficamos é suficiente para nos manter, para lazer. A prefeitura de Melgaço paga nosso alojamento e esse é muito bom: tem um quarto para cada um de nós, com banheiro, cama, ar condicionando. Temos mais que suficiente”, fala Maribel Saborit.
Nem açaí e nem farinha – Como a jornada de trabalho em Melgaço é de 40 horas semanais, igual a Cuba, pergunto o que fazem no final de semana pra driblar a saudade de casa, já que as famílias ficaram em Cuba. “Lavamos e passamos nossas roupas, limpamos nossos quartos, lemos, entramos na internet pra passar correio eletrônico, descansamos”. E Orlando informa que em julho vão de férias a Cuba.
Nove anos de estudo – Nem a imensidão de água da baía do Marajó, o calor ou as travessias de barco até as comunidades assustam o quarteto médico cubano. Os quatro trabalharam em missões humanitárias na Venezuela e na Bolívia. Estudaram os nove anos da formação de medicina cubana: 06 da medicina geral e mais 03 da medicina integral, algo semelhante à residência médica brasileira, em que a especialização é feita juntamente com trabalho prático. E os quatro trabalhavam em Cuba. Maribel Saborit, em Belém. Na capital, fizeram um treinamento na área de saúde e retornam segunda-feira 23, bem no período de recesso natalino. De Melgaço a Breves, uma hora de barco e de Breves a Belém, mais 14 horas. Ao todo 15 horas pra chegar em Belém, atravessando a baía do Marajó. Maribel Saborit, Oyainis Santos, Orlando Penha e Maribel Hernandez, médicas e médico cubanos se conheceram não em Cuba, país em que nasceram, estudaram, se formaram, casaram, tiveram filhos e trabalharam. Foi em solo brasileiro, em Brasília, que os quatro se encontraram pela primeira vez, em agosto. Agora trabalham em Melgaço e lá ficarão por 03 anos.
Maribel Saborit tem 21 anos de profissão. Maribel Hernanez, 19 anos. Oyanis, 08 anos e Orlando, 22 anos. Cuba orientou como critério de participação no programa ‘Mais Médicos’, o mínimo de uma missão humanitária. Orando esteve no Paquistão e Venezuela. Oyainis, na Venezuela. Maribel Saborit e Maribel Hernandez, na Venezuela e Bolívia. Além dos 09 anos de estudo, atuação em uma missão humanitária por 03 anos.
Um médico em casa? – Embora o quarteto fale num bem compreensível portunhol, indago se não falarem bem o português fez com que algum paciente deixasse de entendê-los. “De jeito nenhum diz Oyainis. A gente olha pra eles, conversa e se entende. Fazemos um amplo interrogatório, anotamos, fazemos exames físicos completos”. E Maribel Saborit completa: “o povo é muito acolhedor, generoso e agradecido. Fomos a uma comunidade ribeirinha, fizemos travessia de barco e na casa de um senhor diabético de 86 anos ouvimos, depois do exame: 04 médicos aqui, quatro médicos me visitando em casa, meu Deus posso morrer feliz. Nunca tinha visto um médico”!
Sem essa de ‘Dr, Dra’ – Fico surpresa quando me dizem que se apresentam aos pacientes como Maribel, Oyainis, Orlando. Assim, sem ‘Dr, Dra’, termos que aqui no Brasil são acrescidos à profissão de médicos. Maribel Saborit ri e me diz: “por que ‘Dr, Dra’?” Somos iguais, só tivemos mais chance de estudar, ter uma graduação. Mas nossa identidade é a mesma de quando nascemos”.
Os quatro me contam que Belém e Melgaço são ‘mais quente que Cuba”, mas isso não atrapalha. Gostam da comida à base de peixe, frango, carne, arroz, feijão. Só açaí e farinha não faz parte do cardápio deles. ‘Muito forte o açaí’ diz Maribel Saborit sorridente. Eu afianço a elas e ele que não sabem o que estão perdendo. E rimos todos.
Internet, problemão – O contato com a família é via e-mail, pois falar pelo celular é muito caro. Cada um tem um tablet 3G, que faz parte dos equipamentos do ‘Mais Médicos’. E eles compraram um pacote ‘basicão’ da Vivo, “mas os créditos somem muito rápido”, se queixam. Como falar por telefone é caro demais, sobra conversar por e-mail na internet do celular.
Eu digo a elas e ele que quem mora e luta na Amazônia quando vara uma notícia pro mundo, rompe o cordão sanitário do isolamento em que nos encontramos. O acesso à internet poderia ser uma forma de ajudar a romper esse cordão, mas temos o pior acesso de todas as cinco regiões do país e no Marajó, o pior acesso do Pará. Estamos ilhados, portanto.
Oyanis completa: “a saúde em Cuba precisa da ajuda de todos nós, porque o país sofre um embargo econômico que é muito doloroso para nossa gente. Então, a ajuda precisa vir de nós, cubanos e de nossos aliados”.
Faz parte da nossa formação retribuir – A conversa vai chegando ao fim, pois há várias pessoas chamando o quarteto médico cubano e querendo tirar fotos, indagar, conversar, rir junto. E eu faço a última inquirição: o que fez vocês saírem de Cuba e vir pra Melgaço? E Maribel Saborit diz: “olha, faz parte da nossa formação ajudar países e pessoas mais necessitadas com nosso conhecimento que foi dado de forma coletiva e gratuita. Só estamos retribuindo”.
Encerramos a conversa e eu fico matutando que grandeza é essa de Cuba e do seu povo que tanto tem a nos ensinar! Se eu conheço quantos médicos do meu país que fariam algo semelhante aqui mesmo. Em janeiro vou a Melgaço numa caravana formativa da Fetagri/CUT no Marajó. Quero rever meu novo quarteto camarada e amigo e conversar com o povo atendido pelas médicas e pelo médico cubanos (V.P).
E só finalizando mesmo: fizemos uma pequena homenagem às 03 médicas cubanas e ao médico cubano ontem à noite na formatura de encerramento do curso de Formação de Formadores promovido pela Escola Chico Mendes da Amazônia e da qual participamos 46 pessoas, de todas as CUTs da Amazônia.



Medicina de qualidade

Cuba encerra 2013 com menor taxa de mortalidade infantil



A Ilha caribenha se mantém como um dos melhores países do mundo neste índice, à frente de Brasil e Estados Unidos, por exemplo.

Cuba terminou 2013 com uma taxa de mortalidade infantil de 4,2 por cada mil nascidos vivos, o número mais baixo da história da ilha, informaram nesta quinta-feira (02/01) os veículos de imprensa oficial do país.

A primeira vez que os cubanos registraram taxa inferior a 5,0 foi 2008, com 4,7. Desde então, os índices foram 4,8 em 2008, 4,5 em 2010, 4,9 em 2011 e 4,6 em 2012.

De acordo com a ONU, a média mundial de mortalidade infantil no ano passado era de 48 para cada mil nascidos. No Brasil, em 2012, esse índice era de 12,9. A dos Estados Unidos, por sua vez, era de 7,0 mortes para cada mil nascimentos.

O jornal Granma destacou que o resultado coloca a ilha "entre as primeiras nações do mundo" neste quesito. Segundo números oficiais, oito das 15 províncias cubanas atingiram indicadores menores que a taxa nacional de 4,2, em 2013. Neste ano, foram registrados 125.830 nascimentos, 156 a mais que no ano anterior.

Segundo dados do ministério de Saúde Pública do país, as principais causas de morte de crianças no país estão relacionadas a anomalias congênitas, infecções e afecções perinatais.

Com relação às mães, em 2013, foram registrados 26 óbitos relacionados diretamente com gravidez, parto e pós-parto, uma taxa de 20,7 mulheres para cada 100 mil nascimentos, também a mais baixa da história de Cuba.


Fonte: Agência Efe


50 anos!

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50 ANOS DA RESISTÊNCIA CAMPONESA EM MARI


O próximo dia 15 do corrente mês marcará os 50 (cinquenta) anos da resistência camponesa de Mari/PB. Naquele 15  de janeiro de 1964, os camponeses associados ao Sindicato Rural de Mari[i], liderados pelo presidente Antônio Galdino, lavravam e semeavam a terra coletivamente[ii] quando, de repente, surge uma caminhonete com vários homens armados, inclusive com metralhadoras, chefiados pelo gerente da Usina São João, Fernando Gouveia, além de um agrônomo, três capangas e dois sargentos da Polícia Militar que logo se dirigem para o grupo ocupado na lide agrária, mais precisamente ao  líder Antônio Galdino, gritando que entregasse o revólver um Colt 45 que, no dia anterior, um pequeno grupo de camponeses que visitava propriedades rurais a fim de solicitar  permissão para plantar culturas de subsistência, ao ser surpreendido por um capanga da Usina São João, tomou-lhe o revolver que era privativo da Forças Armadas e o entregou ao presidente do Sindicato.[iii] Galdino já tinha o propósito de devolver a arma às autoridades competentes, tanto assim que não esboçou nenhuma reação e logo a devolveu. Mal entrega a arma, é ameaçado de ser “enchocalhado” pelo capanga que a perdera na véspera, ao que protestou, quando recebe um disparo fulminante.

Teve lugar, então, um violento conflito, os camponeses usando as armas que tinham às mãos: enxadas e foices, enquanto recebiam disparos de várias armas e rajadas de metralhadoras. Do conflito, resultaram 11 mortos, sendo 4 de camponeses, além de dezenas de feridos. Logo em seguida veio o golpe militar.

A fim de resgatar a memória das lutas camponesas na Paraíba e prestar uma homenagem aos heróis camponeses mortos, extensiva aos familiares remanescentes, o Comitê Paraibano Memória, Verdade e Justiça, entidade civil que reúne organizações que representam os movimentos sociais e de luta, estará levando a efeito um evento público no dia 15 de janeiro, em Mari, com o apoio da Prefeitura Municipal de Mari e do Sindicato Rural[iv]

NOTA: Oportunamente será divulgada a programação do evento.






[i] Uma das primeiras ligas camponesas transformadas em sindicato rural.
[ii] uma gleba de terra da fazenda Olho d’Água cedida aos camponeses pelo então proprietário, Sr. Nezinho de Paula.
[iii] O revólver tinha sido "doado" pelo Comando Militar local ao Sr. Renato Ribeiro Coutinho.
[iv] Abertura Oficial: Ginásio de Esporte O Marcão – BR-073, km 21, às 9:00h.