Marcelo Zero
O depoimento de Lula no último dia 14 (terça-feira)
é um desses raros momentos históricos em que tudo se revela, tudo se torna
claro.
De um lado esteve Lula, o maior
presidente da história do país, só comparável, em sua dimensão política
interna, a Getúlio Vargas. Mas Lula é o único presidente brasileiro que se
tornou, de fato, um grande líder internacional, admirado em todo o mundo.
Nunca houve um presidente como Lula.
Por sua grandeza histórica, política e
moral, Lula falou de coisas grandes. Falou de como elevou o protagonismo
internacional do Brasil. Como fez um país dependente, pequeno, se tornar grande
e respeitado. Falou de como tirou 30 milhões de brasileiros da miséria. De como
colocou 40 milhões de brasileiros na nova classe média. De como o mundo o
procura até hoje para saber dos programas sociais revolucionários que criou.
De como dinamizou o mercado interno, de
como tornou o pobre solução, ao invés de problema. De como tornou o Brasil a
sexta economia do mundo. De como fez a Petrobras estimular as empresas
nacionais. De como fez o Brasil um país de cabeça erguida. De como conquistou o
direito de andar de cabeça erguida num país grande, soberano e mais justo.
De outro lado, estiveram, como sempre,
homens pequenos. Pequenos como Savonarola, Torquemada e McCarthy. Pequenos em
seu ódio, pequenos em sua inveja, pequenos em seu moralismo de ocasião.
Pequenos, diminutos, em sua hipocrisia.
Como homens pequenos, falam de coisas
pequenas. Falam de pedalinhos, falam de apartamentos de terceiros. Falam de
depoimentos de homens diminutos, desesperados por se libertarem à custa da
imolação do grande homem. A mediocridade dos acusadores e das acusações é
gritante. O gigantesco vazio de provas e evidências também.
Por isso, os homens pequenos que
perseguem Lula tentam desrespeitá-lo. Os homens pequenos tentam inutilmente
crescer atacando sua grandeza inatingível. Não se referem a ele como presidente
ou ex-presidente. Lembram da sua origem miserável e nordestina, de gente que
não deveria ter sequer o direito de sobreviver. Lembram a todo instante que
Lula só tem um curso primário e um curso técnico.
No Brasil, terra da estupidez diplomada
e da burrice ilustrada, isso parece ser um grande pecado.
Tal ataque é, contudo, inútil. Assim
como a hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude, a lawfare contra
Lula é a homenagem que a mediocridade presta à grandeza.
Num grande país, num país mais
civilizado, Lula seria reverenciado para sempre. O problema é que o Brasil, com
o golpe, se tornou um país menor. Virou o país dos homens pequenos. O país da
mediocridade hegemônica.
Um país de anões.
O país de juízes e procuradores
partidarizados, que preferem convicções em detrimento de provas. O país dos
moralistas sem moral. O país dos paneleiros de barriga cheia. O país dos patos
teleguiados pela mídia corrupta e venal. O país que deu um golpe na presidenta
honesta para colocar no poder a "turma da sangria", entalada até o
pescoço em denúncias de corrupção.
O país que espuma de ódio contra a
suposta corrupção de alguns, mas que tolera pacientemente a corrupção evidente
e histórica de seus políticos conservadores preferidos. Um país misógino,
racista e que odeia profundamente a ascensão social propiciada pela grandeza de
Lula. Um país de quem não hesita em sacrificar a democracia e o mandato popular
para fazer valer seus interesses de classe.
Assim, Lula foi substituído pelos
aécios, os jucás, os padilhas, os temer. O homem de dimensão histórica foi
substituído por homens diminutos, sem nenhuma dimensão política e moral.
O "Jararaca" foi substituído
por ratos.
E homens pequenos só conseguem fazer um
país pequeno. A grandeza cria, mas a pequenez, a mediocridade, só sabem
destruir.
Por isso, a agenda do golpe, dos ratos,
é uma agenda de destruição. Estão destruindo os direitos previdenciários e
trabalhistas da população, com as infames Reforma da Previdência e a Reforma
Trabalhista. Estão destruindo o Estado de Bem Estar criado pela Constituição
Cidadã. Estão destruindo a economia nacional com um ajuste suicida, condenado
no mundo inteiro, até mesmo pelo FMI. Estão destruindo o futuro do país,
vendendo o Pré-sal e a própria Petrobras a preços aviltados e à margem da lei,
numa negociata descarada que faria corar a antiga diretoria corrupta da
empresa. Estão inviabilizando o BNDES, nosso grande banco de investimentos.
Estão acabando com os mecanismos de que dispomos para a alavancagem do
desenvolvimento. Estão entregando a Base de Alcântara. Querem entregar nossas
terras. Querem entregar tudo, até o nosso futuro.
O grande país de Lula está se
transformando, de novo, num país pequeno, periférico, quase colonial. O outrora
país admirado e cortejado está se tornando um país desprezado. Temer não tem
agenda externa e é motivo de piadas pelo mundo afora por sua misoginia e
mediocridade.
Os ratos nos causam vergonha planetária.
Nunca caímos tão baixo. Dói ver o Brasil
nesse estado.
Felizmente, para todos nós, inclusive
para os que o odeiam, Lula está vivo. Física e politicamente vivo. Não para de
crescer nas pesquisas.
Todos sentem saudade do grande Brasil
que ele criou.
No dia 14, Lula, o verdadeiro gigante do
Brasil, acordou.
Não tem mais volta.
Em 2018, o Jararaca vai jantar os ratos.