sábado, 22 de outubro de 2016

'Brics é um dos elementos-chave do mundo multipolar em formação', afirma Putin


'Brics é um dos elementos-chave do mundo multipolar em formação', afirma Putin


Ele participa, neste final de semana, da 8ª Cúpula do bloco, realizada em Goa, na Índia; segundo Putin, uma das forças dos Brics é a integração do grupo
O presidente da Rússia, Vladmir Putin, afirmou, em entrevista à agência Sputnik e a outros veículos russos e indianos, que considera os Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) “um dos elementos-chave” do processo de multipolarização mundial. Ele participa, neste final de semana, da 8ª Cúpula do bloco, realizada em Goa, na Índia. As declarações foram divulgadas nesta quinta-feira (13/10).
“O BRICS é um dos elementos-chave do mundo multipolar em formação. Os participantes do ‘quinteto’ invariavelmente reafirmam o seu apego aos princípios fundamentais do direito internacional, promovem a consolidação do papel central da ONU. Os nossos países não aceitam a política de pressão com força e de abalo da soberania de outros Estados. Temos abordagens parecidas aos problemas internacionais atuais – inclusive, quanto à crise na Síria”, disse o presidente russo.
Segundo ele, uma das forças dos Brics é a integração do grupo, já que, no momento, existem mais de 30 equipes interministeriais nos âmbitos político, econômico, humanitário, de segurança e policial.

EUA acusam Rússia de vazar e-mails do Partido Democrata para tentar interferir em eleição

Putin declara apoio à Opep, e petróleo sobe

É de se lamentar que países queiram resolver problemas econômicos com projetos como o TPP, diz Putin

 
Agência Efe

Para Putin, encontro dos Brics é oportunidade para líderes 'sincronizarem relógios'
“O exemplo concreto da interação é a criação do Novo Banco de Desenvolvimento e do Arranjo Contingente de Reservas do BRICS, com o capital total de 200 bilhões de dólares. Estou convencido de que, com o processo da criação do Banco, o rendimento prático das suas atividades só aumentará, inclusive por conta dos projetos que promovem a integração entre os países do BRICS”, afirmou.
De acordo com Putin, a agenda da cúpula em Goa inclui a análise do primeiro projeto de parceria econômica entre os países, que foi decidida na última cúpula, em Ufá (Rússia), em 2015. “Planejamos criar novos formatos e mecanismos de cooperação com os parceiros, no âmbito dos quais serão elaboradas medidas coordenadas para o desenvolvimento dos laços em várias áreas. Com isso, permanecerão no foco as questões relacionadas com o reforço da segurança internacional e estabilidade, o fortalecimento da competividade das nossas economias, a promoção do desenvolvimento internacional.”
“Este encontro”, conclui o presidente russo, “é uma boa oportunidade para os líderes 'sincronizarem seus relógios' quanto às questões chave da agenda internacional. Estamos decididos a cooperar na área de combate ao terrorismo, luta contra tráfego de drogas e corrupção. Conjuntamente, desejamos contribuir para resolução de conflitos, segurança de informação internacional. Todos nós estamos preocupados com a persistente instabilidade na economia mundial. Junto com os parceiros, deliberaremos o que é possível fazer para consolidar futuramente os nossos esforços frente a estes desafios.”

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares






Mais uma vez, os trabalhadores pagam pelos “planos”!
(Ernesto Germano Parés)
Companheiros. Diante dos recentes acontecimentos no país, vamos fazer uma pequena pausa na nossa série sobre o liberalismo e seus avanços em nossa região.
Nos últimos dias, nas ruas e no movimento sindical e popular, não se fala em outro assunto senão a PEC 241 que recebeu do governo golpista o pomposo nome de PEC do Controle dos Gastos Públicos. Na verdade, uma camisa de força que engessa qualquer intenção de investimentos governamentais, em particular nos setores que atendem à população mais pobre.
Não custa lembrar, também, que para conseguir maioria na Câmara dos Deputados e aprovar sua PEC o presidente interino Michel Temer ofereceu um “pequeno” jantar no Palácio do Planalto e recebeu mais 400 convidados, entre deputados e suas esposas. Valor do “regabofe”: mais de 200 mil reais (apesar de os números oficiais não serem divulgados).
Mas, o que nos interessa aqui? Além dos cortes nos investimentos sociais, em particular na saúde e na educação, a PEC terá significativa influência sobre os salários dos trabalhadores. E não estou aqui me referindo apenas ao salário mínimo. Já sabemos que será o mais prejudicado, apesar dos muitos desmentidos de Temer dizendo que a política atual do mínimo será mantida até 2019 e só depois sofrerá alteração. Na prática, o que diz a PEC?
Limita por 20 anos os investimentos do Governo em todas as áreas, incluindo aí a assistência social, a educação e a saúde pública. Ou, dizendo de outra forma, a expansão do gasto público nos próximos 20 anos não poderá ser superior à inflação.
Pela proposta já aprovada, os aumentos dos gastos do governo, em cada ano, terão como base a inflação passada (do ano anterior). Ou seja, se a inflação continua aumentando, os gastos públicos serão sempre reajustados por um índice inferior, referente ao ano que já passou. Ainda que o Brasil tenha um crescimento econômico, mesmo que pequeno, e considerando que a população brasileira continua a crescer, os recursos destinados pelo Governo serão reduzidos ano a ano!
Na verdade, a medida de força agora tomada pelo governo golpista realiza o sonho idealizado pelos primeiros pensadores liberais, uma vez que o Estado estará afastado das decisões sobre políticas sociais e poderá se dedicar apenas a garantir a propriedade dos muito ricos, às leis que vão manter a exploração e as relações comerciais internacionais. Sequer o Congresso terá poder para votar ou alterar os investimentos, pois está tudo engessado na Emenda. Claro que toda a mutreta foi armada de forma a garantir o pagamento das dívidas, prioridade da dupla PMDB/PSDB.
Mas o que está chamando a nossa atenção, agora, é um risco ainda maior que está já desenhado nessa farsa chamada PEC 241. Precisamos voltar nosso olhar para esse “detalhe” embutido no pacote de maldades: os gastos públicos terão como base a inflação passada, a inflação do ano anterior! E como fica esse mecanismo na hora dos trabalhadores negociarem seus salários, em particular os funcionários públicos em todos os níveis e os trabalhadores de empresas estatais? Os reajustes desses trabalhadores também serão pela inflação do ano anterior? Quanto isso significará de perdas?
Só para refrescar a memória de alguns, depois do Golpe Militar no país, em 1964, e marcadamente na década de 1980, os governos passaram a estabelecer rígidas políticas salariais. Ou decretavam “congelamentos de salários” que vinham de cima para baixo sem qualquer discussão ou limitavam a concessão de reajustes.
No início de 1980, sendo Delfim Neto ministro do Planejamento e Ernane Galvêas ministro da Fazenda, os trabalhadores conheceram o peso total das políticas de arrocho salarial. Depois de uma maxidesvalorização do Cruzeiro em 30%, supostamente para estimular as exportações, o regime militar cria o famigerado Decreto 2.045 que sequer foi aprovado pelo Congresso “domesticado” de então. Só para registrar, o tal Decreto foi aprovado em uma reunião do Conselho de Segurança Nacional e entrou imediatamente em vigor.
O 2.045, como ficou conhecido no meio sindical, suspendeu as correções salarias por faixas de remuneração, acabou com a diferenciação das datas bases das categorias, e estipulou que os salários passariam a ser reajustados em 80% do INPC semestral! Mas, para piorar, o mesmo Decreto estabelecia que as empresas não estavam obrigadas a conceder os 80% de reajuste, se comprovassem prejuízos ou “motivo de força maior”.
Para ampliar o arrocho salarial, o regime militar criou um mecanismo de manter o índice do INPC baixo fazendo um expurgo no seu levantamento. Isso consistia em não considerar aumentos atípicos de alguns produtos, em particular alimentos. Sempre que algum produto tinha uma elevação de preços que pudesse elevar o INPC esse valor não seria considerado e era repetido o preço do mês anterior ao aumento! Um mecanismo brilhante, não é?
Então, agora compare. Pela PEC aprovada, os aumentos dos gastos do governo, em cada ano, terão como base a inflação do ano anterior. E eles vão passando um trator sobre o povo.
Em apenas uma semana o governo golpista conseguiu aprovar, em primeiro turno, a PEC da maldade pública, a MP 735 que vai privatizar nossas empresas de energia (distribuição, transmissão e geração) e, de quebra, aprovaram o PL 4.567, de autoria do José Serra, autorizando a entrega do pré-sal para empresas estrangeiras!
E se foram capazes de tudo isso em apenas uma semana, vencendo as votações com grande margem pois a aliança PMDB/PSDB controla a maior parte do Congresso, imaginem o que vão fazer, por exemplo, com a regulementação da terceirização sem limite permitindo a precarização das relações de trabalho (PL 4302/1998 – Câmara, PLC 30/2015 – Senado, PLS 87/2010 – autoria Senador Eduardo Azeredo, PSDB - Câmara) ou com a proposta de impedir que empregado demitido possa reclamar na Justiça do Trabalho (PL 948/2011 – Laercio Oliveira - PR/SE e PL 7549/2014 – Gorete Pereira - PR/CE - Câmara).
PEC 241 representa a perda de R$ 434 bilhões ao SUS. A Comissão Intersetorial de Orçamento e Financiamento (COFIN) do Conselho Nacional de Saúde (CNS) apresentou um estudo que comprova a perda de R$ 434 bilhões ao Sistema Único de Saúde (SUS), com a aprovação da PEC 241. A proposta que congela os investimentos em saúde e educação pelos próximos 20 anos.
Aprovada a PEC 241, a partir de 2017 os recursos destinados à saúde terão como base de cálculo 15% da Receita Corrente Líquida (RCL), estimada em R$ 758 bilhões no Projeto de Lei Orçamentária. Isso representará o valor de R$ 113,74 bilhões, que ficará congelado até 2036. A partir de 2018, a correção será somente pela variação anual da inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do ano anterior. As perdas deste valor congelado em 2018 até 2036 totalizam R$ 438 bilhões, de acordo com as projeções baseadas nos cálculos do Grupo Técnico Institucional de Discussão de Financiamento do SUS, que compõem o estudo apresentado pela COFIN.
Afinal, quem ganha com o governo Temer? Aproximadamente 70 mil pessoas estão no topo da pirâmide dos super-ricos brasileiros, que têm rendimentos acima de um milhão e trezentos mil reais anuais e, em segundo lugar, estão as outras 200 mil pessoas mais ricas do país, com rendimentos a partir de 650 mil anuais.
Esses dados correspondem às informações obtidas a partir da análise da declaração do Imposto de Renda de 2013 e têm sido utilizados na pesquisa do economista Rodrigo Octávio Orair, que estuda alternativas ao atual sistema tributário brasileiro. “A principal renda deles”, informa, “são lucros e dividendos e aplicações financeiras. Então, são pessoas cuja fonte de renda não é tanto a renda do trabalho regular, mas, fundamentalmente, a renda por conta de serem proprietários de empresas, ou por investirem em ações, ou em rendimentos de aplicações financeiras”. Ou, como dizia Marx, “o capital que gera capital sem gerar riquezas” (veja Informativo anterior).
Por isso houve toda uma campanha que levou ao golpe, porque o Governo Dilma começava a debater um imposto sobre grandes fortunas. Mas isso já era demais e o golpe foi dado!
Não tem pão? Coma venenos transgênicos! O governo interino do Brasil acaba de autorizar a maior importação de milho transgênico já feita no país. Vamos importar milho geneticamente modificado dos EUA e a desculpa do Ministério da Agricultura é que isso vai “garantir o fornecimento de grãos no mercado nacional”.
As sementes de milho são produzidas pelas transnacionais Monsanto e Bunge, dois gigantes da área de transgênicos. Conhecida como MON 863, a semente do milho transgênico é condenada por vários institutos de pesquisas e várias revistas médicas já denunciaram que causam graves prejuízos ao fígado e aos rins, alternado também a taxa de triglicerídeos.
Mas nós vamos consumir isso, porque o golpista tinha acordos com os produtores estadunidenses que financiaram o golpe, não é?
México: presos os suspeitos pelo assassinato de dois estudantes. A Justiça do departamento de Guerrero comunicou a prisão de cinco suspeito pelo assassinato de quatro pessoas, entre elas dois estudantes da Escola normal Rural de Ayotzinapa e um menino de oito anos.
Em uma coletiva com a imprensa, o juiz Xavier Olea Peláez declarou que os assassinatos foram consequência de uma tentativa de assalto em transporte público. Com os suspeitos foram recolhidas armas de calibre 22 e nove milímetros.
ENTENDA O CASO. No dia 4 de outubro passado, dois estudantes de Ayotzinapa, colegas dos 43 estudantes que estão desaparecidos desde 2014, foram assassinados a tiros. O assalto aconteceu em um pequeno veículo que transporta passageiros na estrada Tixtla-Chilpancingo. Os assaltantes também estavam no veículo.
Bolívia: receita com o petróleo cresceu 15 vezes em 10 anos! O ministro Luis Sánchez informou na segunda-feira (10) que durante o governo do presidente Evo Morales o país teve uma renda com o petróleo 15 vezes superior aos 10 anos anteriores.
“Graças à revolução energética, a nacionalização, o modelo de gestão e os investimentos feitos, a renda com o petróleo entre 2006 e 2016 foi de 3,15 bilhões de dólares, quinze vezes maior do que o período entre 1985 e 2005, quando a renda alcançava 224 milhões de dólares anuais”. E disse também que a receita proveniente do gás também permitiu que a Bolívia investisse na construção de estradas, hospitais e espaços esportivos.
Aumenta a demissão de trabalhadores argentinos. Continua aumentando o número de demissões de trabalhadores na Argentina, enquanto a inflação segue em alta e os serviços básicos ficam mais caro. Os setores mais atingidos são a indústria têxtil e a metalúrgica.
Nos primeiros dias de novembro, 1.500 trabalhadores da empresa Drean, fabricante de máquinas de lavar roupa e lava-louças, foram notificados da suspensão do contrato de trabalho e que a fábrica em Córdoba será fechada. O mesmo aconteceu com 130 trabalhadores da empresa metalúrgica Tandil, subsidiária da Renault Argentina.
A empresa Arcor, uma das maiores fabricantes de balas e doces, anunciou férias coletivas para 400 trabalhadores em sua sede em El Arroyito devido à queda nas vendas registrada nos últimos meses. Também a Unisol, conhecida empresa têxtil que fabrica produtos da linha Puma anunciou férias coletivas para 900 trabalhadores em suas plantas em Chilecito e Chamical.
Para completar, a maior produtora de frutas e hortaliças da Argentina, a Expofrut, fechou suas portas e demitiu já 260 trabalhadores por “falta de rentabilidade”.
Provocação militar inglesa. A Secretaria Geral da UNASUR (União das Nações Sul-americanas) denunciou e divulgou nota de repúdio ao Reino Unido por estar realizando “exercícios militares” nas Malvinas, em pleno Atlântico Sul. O documento se refere aos exercícios como “provocação internacional que desafia 40 resoluções da Assembleia Geral”.
Segundo informações, entre os dias 19 e 28 de outubro o Reino Unido pretende realizar exercícios militares lançando mísseis na região que fica a apenas 400 quilômetros das costas argentinas. Mas um porta-voz do Ministério do Exterior do Reino Unido diz que “trata-se de exercícios rotineiros”.
Alemanha: crescimento da ultradireita preocupa. Na eleição de 4 de setembro no Mecklemburgo, estado onde Angela Merkel fez sua carreira política e se elegeu para o Parlamento, seu partido conservador, União Democrata Cristã (CDU) caiu de uma votação de 23% em 2011 para 19% e ficou em terceiro lugar, depois dos social-democratas (SPD), que caíram de 36% para 31%, e da xenófoba Alternativa para a Alemanha (AfD), que sequer existia na eleição anterior, em 2011, mas conseguiu 21%.
O partido A Esquerda (Die Linke), herdeiro do antigo Partido Comunista da Alemanha Oriental, caiu de 18% para 13%, Os Verdes (Die Grünen) de 8% para 5%, e o neonazista Partido Nacional Democrático (NPD) de 6% para 3%. O Partido Liberal (FDP) permaneceu nos mesmos 3% de há cinco anos.
Duas semanas depois, Berlim deu outro revés a Merkel, cujo partido pareceu ter chances de tomar a maioria ao SPD no Legislativo da capital nas pesquisas de 2015, mas caiu de 23% para 18%. Devido ao fracionamento partidário na cidade, ainda ficou em segundo lugar. Também caíram os social-democratas (de 28% para 22%), os Verdes (de 18% para 15%) e o Partido Pirata (de 9% para 2%). O FDP cresceu de 2% para 5%, a AfD surgiu com 14% e A Esquerda cresceu de 12% para 16%.
A líder da AfD, Frauke Petry, pede a proibição de minaretes e o uso de força armada contra refugiados. Atacou o jogador da seleção alemã Mesut Özil por peregrinar a Meca. Mais do que isso, parece empenhada em reabilitar o nacionalismo e lhe dá matizes perigosamente reminiscentes do passado.
O debate sobre o manifesto do partido, vazado por uma ONG em março, incluiu propostas para incentivar as mulheres alemãs a ter três ou mais filhos, o fim de recursos para creches e educação infantil, a redução da idade de responsabilidade penal para 12 anos, o aprisionamento perpétuo de doentes mentais resistentes à terapia, a obrigação de museus e teatros de promover a “cultura alemã” e não as estrangeiras.
Dias depois de publicar o manifesto, o partido preparou um evento em uma cervejaria onde Adolf Hitler fez um dos seus primeiros discursos e só desistiu diante do risco de protestos em massa. Na campanha em Berlim, Petry, mãe de quatro filhos, criticou Merkel por não ter filhos próprios (embora tenha participado da criação dos dois do segundo marido).
Espanha cada vez mais empobrecida. Segundo o informe anual do Indicador de Risco de Pobreza e Exclusão Social da Europa, 28,6% dos espanhóis estão em risco de pobreza extrema e 7,6% (3.500.000 pessoas) já se encontram em estado de pobreza severa!
Segundo a entidade, a Espanha tem atualmente 11% do total de europeus em estado de pobreza, enquanto os 10% mais ricos do país “embolsam” a quarta parte de toda a renda nacional.
Segundo duas respeitáveis instituições internacionais, a Cáritas e a Fundação Rais, pelo menos 45 mil pessoas vivem sem lar no país, mas o número deve ser bem superior porque é difícil fazer o levantamento quando se trata dos que vivem nos túneis do metrô, em baixo de pontes e viadutos, etc.
Morte por exploração laboral! Em 1996, durante uma palestra que fiz na CUT-RJ, falei pela primeira vez em um fenômeno novo no mundo do trabalho: o karoshi! Cerca de 70 participantes do encontro ficaram olhando para mim como se eu estivesse falando de um absurdo.
Dez anos mais tarde, quando sentei para fazer um trabalho sobre as consequências do neoliberalismo para a classe trabalhadora, voltei a escrever sobre o karoshi e esclareci que era um fenômeno tão importante que os médicos japoneses haviam criado esse termo especialmente para definir algo que nunca tinha sido registrado na história da medicina.
Mais dez anos se passaram e encontro agora um informe do governo do Japão dizendo que uma em cada cinco empresas japonesas colocam em risco a vida dos seus trabalhadores devido ao elevado grau de exploração laboral.
A nota oficial diz que esse perigo (karoshi) se deve a problemas cardíacos, esgotamento físico ou suicídio, fenômeno muito comum naquele país, tudo causado pelo elevadíssimo grau de exploração dentro das empresas que exigem cada vez mais produção de seus empregados.
O recente informe já faz parte do “Livro Branco” cobre o karoshi, ou “morte por fatiga no trabalho”, documento que acaba de ser aprovado pelo gabinete do primeiro-ministro, Shinzo Abe. Lá vamos encontrar um dado assustador: 22,7% das empresas questionadas, entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016, declararam que seus empregados faziam mais de 80 horas extras por mês!
A Terceira Guerra Mundial já começou? A história nos conta que duas grandes guerras já foram realizadas devido à ganância do sistema capitalista e aos avanços dos impérios que não se cansavam de conquistar territórios em busca de riquezas e espaços para ampliar a exploração e aumentar seus lucros. Hoje em dia, ninguém, minimamente informado, acredita que a Primeira Guerra aconteceu por causa do assassinato do arquiduque austríaco ou que a Segunda Guerra aconteceu porque Hitler “queria ser dono do mundo”, histórias que nos foram contadas quando crianças, mas que hoje já não fazem qualquer sentido.
E agora muitos estudiosos, analistas e militantes políticos já começam a debater se já não estamos vivendo o início de uma Terceira Guerra Mundial, causada pela ganância estadunidense e por sua determinação de ter total domínio do planeta (vide o documento “New American Century”).
Para muitos desses estudiosos a Síria tornou-se o centro dessa disputa e lá estão sendo criadas as condições de uma nova guerra que não temos a mais leve noção de como se dará ou de como terminará. De minha parte, creio que não é tão somente a Síria, ainda que seja o sinal mais visível, mas todo o chamado Oriente Médio, com suas riquezas energéticas e pela posição estratégica em uma geopolítica do Império.
Segundo entrevista concedida recentemente por Tarek Ahmad, um representante do Partido Nacional Socialista da Síria, a guerra em seu país já alcançou um “ponto de não retorno” e a intervenção estrangeira converteu a situação em uma desordem total. Ele assegura que a Síria é uma das frentes para a Terceira Guerra Mundial que está sendo travada por Washington e seus aliados.
Segundo ele, em conversa com a revista eletrônica Sputinik, “A frente síria não é o objetivo final. Devemos observar a situação de maneira objetiva e admitir que uma Terceira Guerra está sendo travada na Síria, e esta guerra é liderada pelos EUA e seus aliados, ainda que esses aliados sejam, ao mesmo tempo, vítimas. O objetivo principal de Washington é controlar qualquer potência mundial que se torne uma ameaça. Assim, estão travando uma guerra contra essas potências, entre elas a China e a Rússia”.
Vale lembrar que o Partido Nacional Socialista é um dos maiores e mais antigos da Síria, contando com mais de 8.000 homens em armas que estão lutando ao lado do exército sírio contra os terroristas do Daesh (Estado Islâmico) e faz parte da Frente Popular para a Mudança.
Do que sabemos, a Guerra na Síria começou no início de 2011 com a campanha chamada “Primavera Árabe”, um estratagema de Washington para mudar a correlação de forças no Oriente Médio e no Norte da África. A ideia central era alcançar uma nova divisão na região e ampliar o espaço de influência estadunidense, além de aliviar a pressão contra seu principal aliado, Israel.
As agressões contra a Síria estão estreitamente ligadas à invasão do Iraque, em 2003, porque o governo de Bashar Al-Assad foi um dos poucos na região a se opor ao ataque e apoiou a resistência contra as forças ocupantes do exército estadunidense. A proposta era reproduzir na Síria o mesmo modelo que foi usado no Iraque e desenhar um novo mapa político, fragmentando todo o Oriente Médio e dividindo em territórios comandados por grupos religiosos, criando uma nova relação de forças e levando instabilidade, para dividir e conquistar toda a região. Segundo o jargão muito usado pelo Pentágono, tratava-se de criar um “caos controlado” para justificar sua intervenção.
A escolha da Síria para cumprir esse papel como objetivo militar tem vários motivos. Em primeiro lugar, sua estreita aliança com o Iran, considerado “a besta” na região. Em segundo lugar a sua guerra permanente com Israel que, desde 1981, ocupa ilegalmente as Colinas de Golã, região na fronteira do território sírio. Em terceiro lugar a oposição síria à invasão do Iraque e por ter aceitado milhares de refugiados iraquianos que fugiam da repressão em seu país.
A morte de Saddam Hussein fortaleceu o Iran que, com a Síria, é um dos componentes mais importantes do chamado “eixo de resistência” contra o imperialismo no Oriente Médio. Para confirmar o que dizemos, basta ver a correspondência agora desclassificada de Hillary Clinton, quando era secretária de Estado. Em um comunicado datado de dezembro de 2012 ela diz que “devido à relação estratégica entre Iran e Síria, a queda de Bashar Al-Assad seria um imenso benefício para Israel e garantiria o monopólio nuclear na região para os israelenses”.
Mais recentemente, a guerra contra a Síria tomou outra importância: destruir a aproximação de Al-Assad com a Rússia. Trata-se de expandir o cerco contra a Rússia e ocupar todas as fronteiras (Ucrânia, Cáucaso, etc.).
O atual conflito na Síria marca uma tendência decisiva no mundo “após Guerra Fria” e o equilíbrio alcançado momentaneamente está caindo aos pedaços. As soluções para os problemas econômicos criados com a crise mundial de 2008 estão além das divisões regionais. O atual conflito sírio está envolvendo potências de todas as partes: desde os países da OTAN e do Golfo Pérsico, até Rússia, Iran e China. E a cidade de Alepo, nesse momento, é o epicentro de uma grande tormenta que pode arrastar o planeta. Enquanto o exército sírio e a oposição moderada enfrentam o Estado Islâmico pelo controle da cidade, Moscou e Washington trocam acusações e ameaças, com acusações de piorar o quadro.
Em torno da Síria estão concentradas forças militares sem precedentes na história do Oriente Médio e aí reside toda a ameaça atual. Ao norte estão as tropas turcas, treinadas pelos EUA e a menos de 20 quilômetros da cidade de Alepo, onde mais de 12 grupos terroristas tentam derrubar o governo. Na fronteira com o Iraque estão concentradas tropas curdas contrárias ao governo de Al-Assad e que contam com a presença de “instrutores militares estadunidenses, britânicos e franceses. Ao sul da Síria, na fronteira com a Jordânia e Israel, já não existem praticamente pontos de fronteira pois a região está ocupada pelo regime sionista desde 1967.
Dados que merecem confiança confirmam que os grupos terroristas Frente para a Conquista do Levante (Al Nusra) e Estado Islâmico (Daesh), com outros 25 grupos menores e financiados pelos aliados dos EUA, contam atualmente com mais de 70 mil homens armados! França e Grã-Bretanha continuam armando esses grupos com equipamentos modernos.
Pouco mais abaixo, outro conflito vai sendo criado para justificar a intervenção estadunidense na região. A Arábia Saudita, grande aliada de Washington e uma potência petrolífera indiscutível, trava uma incansável guerra contra o Iêmen.
Sempre com a mesma desculpa usada pelos aliados de Washington, a Arábia Saudita forjou uma “coalizão” entre os países da região para tentar destruir o Iêmen. No dia 07 de outubro, um ataque aéreo comandado pelo regime de Riade atingiu a capital iemenita, Saná, e causou 140 mortes e deixou mais de 500 feridos. O ataque destruiu totalmente um prédio onde se realizava o funeral do pai de um importante político do país e entre as vítimas estavam muitos políticos e figuras importantes no Governo de Saná. Mas, curiosamente, na sexta-feira (14) o governo árabe admitiu que “houve um erro” e que atacou o funeral “por engano”.
Vale dizer que, além do significado do Iêmen no tabuleiro de xadrez do Oriente Médio, as grandes potências (leia-se EUA e Reino Unido) faturam muito com a guerra e fornecem armas para os países do Golfo que se alinham com a política de Riade.
(Votaremos ao assunto)


Delator da Odebrecht diz que deu R$ 3 milhões a Moreira. A “parceria público-privada” virá ao caso?

Delator da Odebrecht diz que deu R$ 3 milhões a Moreira. A “parceria público-privada” virá ao caso?

FERNANDO BRITO
A “Veja” – que depois de ajudar a implantar a nova ditadura tem a cara de pau de trazer um editorial contra a perda da liberdade de expressão – publica que um delator da Odebrecht diz ter pago R$ 3 milhões de propina a Moreira Franco, numa licitação de aeroportos, quando este – Deus meu, arrepia só de lembrar – que este foi Secretário Nacional da Aviação Civil.

Outra nota na revista fala que o mesmo fez o ex-vice presidente de Relações Institucionais da empresa, Cláudio Melo Filho com outro homem fortíssimo do Governo Michel Temer, Geddel Vieira Lima, seu amigo e  vizinho de condomínio em Salvador.

Geddel, ministro, é com o STF. Moreira, em tese, não tem foro privilegiado.

Os dois, porém, virão ao caso? Ou eles, que controlam bilhões de reais e têm acesso a fazer ou desfazer contratos milionários do Poder Público com empresas privadas e até de alienar patrimônio público podem “ficar para depois”, assim que os senhores procuradores derem cabo de sua obsessiva missão – para executar missões é que se faz as “task forces” – de prender o Lula, que  não tem acesso a um ceitil de dinheiro público?

Como aquele antigo personagem de humorístico dizia: “Lula é o que interessa, o resto não tem pressa”.


ADVOGADO DE LULA DÁ AULA A MERVAL

Advogado de Lula dá aula a Merval
Senhor Jornalista,

Ao contrário do afirmado (“Preparando o terreno”, O Globo, 19/10/2016), nem o ex-Presidente Lula, nem nós, seus advogados, atuamos para “desacreditar a Justiça”. Todo o trabalho de defesa está escorado em dois pilares: fatos e técnica jurídica. Não usamos “convicções” ou simulacros de legalidade.

O senhor citou, com desdém, o fato de termos arguido a suspeição do Desembargador João Pedro Gebran, do TRF4, para julgar os procedimentos que abrimos contra o juiz Sergio Moro perante aquela Corte. Ora, é a lei que nos permite fazer esse questionamento, pois o art. 254, I, do Código de Processo Penal estabelece que o magistrado (juiz, desembargador ou ministro) não pode julgar um “amigo íntimo” (essa expressão é da lei, caso desconheça). Apontamos, por meio de provas, a possibilidade de haver a relação entre o desembargador Gebran e o juiz Moro. Apresentamos à Corte, por exemplo, um livro em que o primeiro reconhece uma “crescente amizade” e afinidade com o segundo em um texto que indica tal proximidade. Tanto é que o próprio desembargador Gebran, de forma conscienciosa e correta, suspendeu o julgamento que seria realizado na data de hoje para melhor analisar o assunto.

Em relação ao juiz Moro, o senhor considerou “natural” ele não ter acolhido os fundamentos que apresentamos para mostrar a sua suspeição e consequente impedimento legal para julgar o ex-Presidente Lula. Mas o fez ao seu modo, sem debater os fatos e as provas. E no caso de Lula eles falam por si. Afinal, há uma vasta sequência de fatos – todos comprovados — que mostram que o citado agente público praticou violações claras às garantias fundamentais de Lula, como, por exemplo, ao privá-lo de sua liberdade por meio de uma condução coercitiva sem previsão legal; ao divulgar suas conversas interceptadas, para alcançar fins estranhos ao processo; ao grampear 25 advogados do nosso escritório, para monitorar a defesa do ex-Presidente; ao fazer 12 acusações contra nosso cliente em documento dirigido ao STF; ao participar de eventos com políticos e pré-candidatos do PSDB e de outros partidos que antagonizam Lula; e, ainda, ao participar de eventos da própria Globo, que sabidamente não aprecia Lula.

Suas afirmações acabam confirmando a correção da nossa atuação. Quando o senhor reconhece que há outros juízes responsáveis por ações ou investigações envolvendo o ex-Presidente Lula sem que tenhamos apresentado questionamentos sobre a imparcialidade desses magistrados, como fizemos em relação aos magistrados citados acima, é porque somente usamos desse meio de defesa quando efetivamente temos provas para usá-lo. Não é uma receita válida para qualquer caso.

O senhor fala – mais uma vez sem razão – que nossa estratégia é de “politizar os processos” sem revelar o denso conteúdo jurídico das defesas apresentadas e que estão disponíveis a qualquer interessado no site www.abemdaverdade.com.br Na realidade, sua intenção é a de esconder a defesa do Lula, pois ela é sólida, baseada em provas, e supera, à toda evidência, as “convicções” dos acusadores que elegeram o ex-Presidente como inimigo.

Também é clara a sua intenção de ocultar os ilícitos praticados pela Lava-Jato. Só se fala em investigações contra Lula. E as investigações contra os agentes do Estado que violaram a Constituição e as leis, chegando a praticar condutas que a lei, em tese, define como crime?

Por que nem uma palavra?

Usaremos, sim, de todos os recursos que a lei prevê para ver reconhecida a inocência de Lula, no Brasil e no exterior. Se o país aprovou, por meio de decretos legislativos, a competência de órgãos internacionais para apurar violações a garantias fundamentais, ela também deve servir a Lula. O comunicado feito à ONU, em julho, é um exemplo disso. Mas, falar em asilo é algo despropositado e só poderia ter vindo de alguém como você, que atua para esconder que a defesa de Lula não deixa qualquer margem de possibilidade e, sobretudo, de legitimidade para qualquer condenação criminal.