terça-feira, 29 de novembro de 2016

OU RETIRA A MEDIDA PROVISÓRIA OU A GENTE VAI OCUPAR CADA VEZ MAIS

ou retira a MEDIDA PROVISÓRIA ou a gente vai ocupar cada vez mais
Após os episódios de violência policial verificados na desocupação do Colégio Centro de Ensino Médio Ave Branca, em Taguatinga, no Distrito Federal, a presidenta da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), Camila Lanes, anunciou que “o movimento estudantil é igual a pão, quanto mais bate, mais cresce”. E avisou ao governo federal e ao Ministério da Educação que “ou retira a Medida Provisória do Ensino Médio ou a gente vai ocupar cada vez mais.”

O discurso de Camila Lanes, seguido de muitos aplausos, repudiou a falta de diálogo do governo federal que imita a ditadura militar.  A líder estudantil participou, na tarde desta terça-feira (1º/11), de uma reunião de caráter emergencial, promovida pela Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara para debater iniciativas visando à proteção física de estudantes que participam de ocupações em escolas, reunindo instituições públicas ligadas aos direitos humanos e de proteção e promoção dos direitos da criança e do adolescente e lideranças dos movimentos de ocupação de escolas.

O presidente do colegiado, deputado Paulo Pimenta (PT-RS) destacou o papel histórico da UBES e, dirigindo-se a Camila, disse que “colocamos a CDH à sua disposição para construir diálogo e que nossos objetivos possam ser alcançados.”




Lição de cidadania e democracia

Camila Lanes parabenizou os estudantes secundaristas que lotaram a sala de audiência, destacando que “ao vir aqui dialogar com outras instituições, os estudantes secundaristas demonstram que quem está errado não são os estudantes de defender suas escolas e, sim, o governo federal em achar que vai, com uma Medida Provisória, resolver o problema de 50 milhões de estudantes secundaristas e do Brasil todo que historicamente e infelizmente não soube lidar com os problemas da educação pública.”

Ela denunciou “as atitudes arbitrárias do Ministério da Educação de punir financeiramente a entidade e tentar colocar a entidade contra o movimento, que é totalmente espontâneo e independente.” E destacou que “nós reconhecemos as ocupações como polos de resistência democrática. Estamos dando uma lição de cidadania e democracia, principalmente para o governo federal, que desconsiderou mais de 54 milhões de votos.”

O discurso de Camila Lanes, sempre seguido de muitos aplausos, repudiou a falta de diálogo do governo federal que imita a ditadura militar, o único período em que as reformas educacionais não foram construídas a partir de debates com a comunidade educacional.

Igual à ditadura militar

A líder estudantil lembrou que, de 1930 até 1945, Gustavo Capanema fez a reforma do ensino dialogando com estudantes e professores e todos que estivessem interessados em dialogar sobre o assunto; em 1961, quando a Lei de Diretrizes de Base da Educação teve sua primeira versão, demorou três anos para que as diretrizes e bases pudessem ser votadas; a Constituição de 1988 também se inspirou em um debate.

“A única vez que não se foram debatidas as reformas foi na ditadura militar e agora, mais uma vez, o governo, ao invés de apresentar um projeto de lei, promover debates, realizar audiências públicas nos estados, convocar o debate nesta Casa, ele apresenta uma Medida Provisória para ser aprovado em 140 dias achando que estudantes, professores e todos os envolvidos na comunidade escolar nesse país iam ficar quietos, baixar a cabeça e aceitar, como ele acha que a gente aceitou o golpe que aconteceu no país. Se enganou. 1174 escolas estão ocupadas no Brasil, e segue crescendo”, anunciou a líder estudantil, provocando aplausos e manifestações de aprovação.

E a resistência, conta Camila, que tem visitado várias escolas no país, vem ocorrendo com assembleias, debates, oficinas, denunciando o que vivemos dentro das escolas. Nas visitas às escolas, ela também identificou a falta de habilidade dos estados de dialogar com os estudantes, tratando-os como incapazes.

Melhor que muitos deputados

“Eles, os governos estaduais, não conseguem aceitar que menores de idade conseguem falar sobre leis e educação, debater e pensar; e ainda muito melhor do que muitos deputados, como fez aquele deputado que declarou que só pode estudar na universidade quem tiver dinheiro”, afirmou Camila, evitando citar o nome do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), a quem ela respondeu que “sinto lhe dizer, mas nós vamos ocupar tudo para que isso não aconteça, porque é um crime contra as futuras gerações deste país.”
Ao concluir sua fala, a presidenta da UBES mandou uma mensagem para o governo federal e o Ministério da Educação, que tentam dividir o movimento de ocupação das escolas: “Quero dizer ao governo federal e ao Ministério da Educação, se estiver nos assistindo, já que se nega a sair dos gabinetes, que nos ouçam. Eu não posso prometer desocupar as escolas, mesmo porque a UBES não pode dar essa ordem, isso faz parte da liberdade de cada ocupação mediante assembleia e decisão dos estudantes. A proposta dos estudantes, principalmente o estado do Paraná, que já teve assembleia estadual, é ou retira a Medida Provisória ou a gente vai ocupar cada vez mais.


O pacote de Sartori representa o corte da insignificância

28/11/2016 12:37 - Copyleft

O pacote de Sartori representa o corte da insignificância

O valor de 130 milhões cortados nas fundações representa 1,5% das isenções fiscais, sem falar na evasão por sonegação fiscal, que chega a outros 7 bilhões.


Patricia Fachin - IHU Online
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Diante do pacote de ajuste fiscal anunciado na semana passada pelo governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori, a pergunta a ser feita, diz Paulo Brack à IHU On-Line, é: “Quem ganha com fechamento ou venda de instituições públicas, em sua maioria com mais de 40 anos de existência, com a premissa de ‘corte de gastos públicos’?”
 
Na avaliação de Brack, a proposta do governador “representa ‘o corte da insignificância’”. Segundo ele, o valor de “130 milhões anuais cortados nas fundações representam 1,5% dasisenções fiscais (8,9 bilhões de reais por ano) a grandes setores da economia gaúcha. Sem falar na evasão por sonegação fiscal, que chega a outros 7 bilhões, segundo o Sindicato dos Técnicos Tributários da Receita Estadual. Claro, exigir cobrança dos grandes inadimplentes é incomodar apoiadores e financiadores da campanha de 2014”. Brack diz ainda que o valor a ser economizado com a extinção das fundações“equivaleriam um pouco mais de três vezes o que a FIFA exigiu do estado para instalar, em 2014, estruturas temporárias da Copa do Mundo de Futebol noEstádio do Internacional”.
 
Na entrevista a seguir, concedida por e-mail, Paulo Brack critica ainda a falta de um “ambiente para qualquer discussão técnico-econômica sobre a viabilidade ou não da permanência de cada órgão previsto para ser extinto”.
 
Como alternativa ao pacote, diz, o governo do estado poderia “justamente cobrar as dívidas e investir nas instituições que desempenham justamente papel essencial, como ciência, cultura, proteção da biodiversidade e meio ambiente, e planejamento socioeconômico-ambiental, tudo isso que fazem as fundações e os setores que se prevê extinguir”.





 

Paulo Brack é mestre em Botânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutor em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos. Desde 2006 faz parte da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio e representa o Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais – InGá, no Conselho Estadual do Meio Ambiente do RS – Consema/RS.
 
Confira a entrevista.
 
IHU On-Line - Como o senhor recebeu a notícia de que o governador Sartori pretende extinguir 11 órgãos do estado? Como avalia essa medida no atual momento político e da crise financeira do estado do Rio Grande do Sul?
 
Paulo Brack - Fiquei - como muitas pessoas - chocado e estarrecido pela ousadia e brutalidade da medida. É um retrocesso incomensurável, ainda a ser contabilizado. O governo desconhece, ou não quer conhecer, o papel destas instituições que prestam serviços públicos essenciais inestimáveis ao estado, seja em pesquisas e planejamento das políticas públicas, via Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde - FEPPSFundação de Economia e Estatística - FEEFundação Zoobotânica - FZB, Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional - MetroplanFundação de Ciência e Tecnologia - Cientec,Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária - FepagroFundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos - FDRH, e na informação pública, cultura de nossas raízes e da produção artístico-cultural,Fundação PiratiniTVE e FM Cultura e Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore - FIGTF.
 
Não dá para entender a total falta de sensibilidade da proposta. Provavelmente, seus proponentes devem sofrer de um tipo de obsessão neoliberal profunda que se encaixa na onda reinante noBrasil e no mundo atual. Um “neothatcherismo”, à moda gaúcha. Nosso governador e seu vice, lamentavelmente, alinham-se com seu impopular e ilegítimo presidente da República, hoje viaPEC 55, e pelas chamadas reformas que são, na realidade, ajustes neoliberais (previdência, trabalhista etc.) promovidos por ministros que são alvos de ações no STF ou com problemas na justiça.
 
Há mais de duas décadas, o ex-presidente da Argentina Carlos Menem subjugou aquele país a um tratamento de choque deste tipo, o que a jornalista canadense Naomi Klein chama de Doutrina de Choque, agora não mais via golpes militares, mas por meios parlamentar-midiáticos. Tal projeto, anos depois, demonstrou imenso fracasso em sua estratégia, sendo inclusive o ex-presidente condenado e preso por corrupção, no ano passado. Fica a pergunta: quem ganha com fechamento ou venda de instituições públicas, em sua maioria com mais de 40 anos de existência, com a premissa de “corte de gastos públicos”?
 
IHU On-Line - O governo do estado argumenta que as medidas irão gerar uma economia de 146,9 milhões por ano. Além disso, segundo o governador as instituições mantidas pelo estado devem servir às pessoas, o que em alguns casos não está acontecendo. Como vê esse tipo de argumento e qual deve ser o impacto dessa medida?
 
Paulo Brack - Cabe destacar que a justificativa do PL 246/2016, que extingue fundações, tem somente dois magros parágrafos que dão a dimensão da desconsideração com a condição pública, um deles merecedor de transcrição: “As circunstâncias atuais exigem que tenhamos uma estrutura administrativa enxuta, transparente, eficaz, inserida em um modelo pautado pela modernização da gestão e pela priorização das atividades-fim do Estado.” O pacote de Sartori representa “o corte da insignificância”. O governo vai querer economizar no “cafezinho”, ou pior, no corte do uso de “vitamina” para a vida enfraquecida cerebral e da funcionalidade corporal do estado. Os cerca de 130 milhões anuais cortados nas fundações representam 1,5% das isenções fiscais (8,9 bilhões de reais por ano) a grandes setores da economia gaúcha. Sem falar na evasão por sonegação fiscalque chega a outros 7 bilhões, segundo o Sindicato dos Técnicos Tributários da Receita Estadual. Claro, exigir cobrança dos grandes inadimplentes é incomodar apoiadores e financiadores da campanha de 2014...
 

 
E, me pergunto, biodiversidade (FZB), ciência e tecnologia (FEE,CientecFepagro), pesquisa em vacinas e doenças (FEPPS), planejamento (MetroplanFEE), cultura (Fundação PiratiniFGTF) não são essenciais?


 
Por outro lado, o governo do estado argumenta que vai se focar nas áreas chamadas “essenciais”, limitando-se, reiteradamente, às áreas de educação, saúde, segurança e infraestrutura. E, me pergunto, biodiversidade (FZB), ciência e tecnologia (FEE,CientecFepagro), pesquisa em vacinas e doenças (FEPPS), planejamento (MetroplanFEE), cultura (Fundação PiratiniFGTF) não são essenciais? E o que significa então infraestrutura? Reproduzir a velha lógica colonial de infraestrutura em vias e portos para a exportação de matérias-primas, ou commodities, via grãos de soja, pasta de celulose e minérios, com altos custos socioambientais?
 
Nós aprofundaremos uma situação que deixa este estado como um corpo alimentador de uma economia do tipo “vampiro”, via exportação de matérias-primas ou commodities e com endividamentos crescentes do estado e do setor produtivo, em grande parte refém do capital financeiro. Vamos entrar no rol do centro da “periferia econômica” mundial?
 
IHU On-Line - O que seria uma alternativa ao pacote anunciado pelo governador?
 
Paulo Brack - Voltando aos valores anunciados de 130 a 140 milhões de reais de cortes, os mesmos equivaleriam um pouco mais de três vezes o que a FIFA exigiu do estado para instalar, em 2014, estruturas temporárias da Copa do Mundo de Futebol no Estádio do Internacional. E os governos municipal e estadual assumiram prioridade em obter recursos para isso. Outra comparação, a compra dos 36 aviões-caça que o Brasil está adquirindo da Suécia, em valores de 500 milhões de reais cada um deles (o valor total dos 36 é 18 bilhões), o valor “economizado” corresponderia a menos de 1/3 do valor de um só avião.
 
Em situação de crise o que é mais importante? Por que o estado do RS não cobra do governo federal e do Congresso a retirada das bilionárias isenções da Lei Kandir, e as compensações que deveriam vir do governo Federal? Lembramos aqui também os 7 bilhões de reais de sonegação de impostos no estado. Então, o que se alega “economizar” com a extinção das fundações e o fechamento de setores como a CORAG (que dá lucro!) é algo menos do que 1% das desonerações e/ou sonegações ou menos do que 0,5% do orçamento do RS!
 
Por que a grande imprensa, representada principalmente pelo maior oligopólio de informação doRS, não esclarece isso? Este pacote-guilhotina é defendido, de forma descarada, pelas grandes emissoras de rádio, TV e jornal, que deveriam ser denunciadas por propaganda enganosa, junto com o governo. A alternativa seria justamente cobrar as dívidas e investir nas instituições que desempenham justamente papel essencial, como ciência, cultura, proteção da biodiversidade e meio ambiente, e planejamento socioeconômico-ambiental, tudo isso que fazem as fundações e os setores que se prevê extinguir.
 
IHU On-Line - Como a extinção da Fundação Zoobotânica está repercutindo entre os funcionários da fundação e os especialistas da área ambiental?
 
Paulo Brack - O orçamento anual da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, instituição criada em 1972, corresponde a 0,045% do orçamento do estado. A FZB presta serviços essenciais inclusive para fazer frente aqui ao cenário mundial de perda em biodiversidade, agravado pela Sexta Extinção em Massa, e num quadro em que temos, por exemplo, um crescimento de 33% de espécies ameaçadas da flora do RS, entre 2002 e 2014. Estamos cobrando da SEMA o porquê de não cumprir o Decreto 51.797/2014 e o Decreto 52.109/2014, respectivamente referentes às listas de fauna (280 espécies) e flora(804 espécies) ameaçadas, e por que não toma providências para a necessária revisão e montagem de banco de dados e programas ambientais para enfrentar esta questão.
 
A instituição possui coleções fundamentais de exemplares de flora e fauna, inclusive presta serviço de conservação in situ, tanto no Jardim Botânico como no Zoológico. O planejamento da conservação e a promoção da biodiversidade dependem da FZB, por meio de seus técnicos altamente gabaritados. A mera condição de possibilidade de repassar estes serviços para entidades privadas joga esta questão urgente em maior incerteza, descaso típico de um governo que não colocou uma linha sequer da temática ambiental em seu programa de governo antes das eleições. Se prevê um estado de calamidade para a biodiversidade e para a Ciência no RS. No ano passado, o próprio Secretário da Convenção da Diversidade Biológica da ONU, Bráulio Dias, manifestou-se em defesa da permanência da entidade que desenvolve inúmeros convênios e colaboração com instituições internacionais e nacionais na temática da conservação dos ecossistemas e das espécies ameaçadas.
 
Vejamos outra questão, para garantir atividades fundamentais, inclusive em relação, por exemplo, à produção de soro antiofídico específico com serpentes nativas criadas exclusivamente pela instituição. No que se refere à flora, também, são centenas de plantas conservadas em condição ex situ (fora da natureza) que necessitam de cuidados, até como forma de compensação de atividades que implicaram sua remoção da natureza. Fica também comprometida a produção, por exemplo, de mudas de plantas nativas de centenas de espécies abrigadas no viveiro e coleções vivas do JB, situação que não existe em nenhum outro viveiro ou instituição do estado. Obviamente, as dezenas de técnicos, a sua quase totalidade com doutorado, e outros com enorme experiência de décadas em várias áreas, estão ameaçados junto com este enorme patrimônio.
 
Lembro-me que no ano passado a campanha em prol da FZB esteve junto com a FEPPS. Esta outra instituição atua em linhas importantíssimas na pesquisa com doenças como tuberculose, hepatites, meningites e AIDS, doenças genéticas raras e investigação de paternidade/maternidade em linhas, com ênfase no desenvolvimento de métodos de diagnósticos. Tudo isso vai para onde? O governo não tem plano B elaborado para a continuidade destas atividades, o que corresponde à suspensão destas atividades que considero estratégicas.
 
IHU On-Line - Em 2015 o governo já havia mencionado a possibilidade de privatizar a Fundação Zoobotânica. Ao longo do último ano, como essa questão foi discutida entre funcionários, especialistas e o governo? Que propostas foram apresentadas por aqueles que eram contrários à extinção da Fundação e qual foi a resposta do governo?
 

 
 


Paulo Brack - Houve a concordância na FZB, com os técnicos, no sentido de se envidar esforços para a redução de custos e, inclusive, buscar recursos através de convênios e prestação de serviços, situação que já é feita em dezenas de situações na instituição. O ex-presidente da instituição, José Alberto Wenzel, obteve êxitos importantes neste sentido de aperfeiçoamento, inclusive reduzindo custos, e quando anunciou seu plano ao governador, em uma semana foi demitido. Ou seja, para o governo a decisão é meramente político-ideológica de refundar o “Estado Mínimo” no RS, situação antes iniciada pelo governador Antônio Brito.
 
Então, não existe um ambiente para qualquer discussão técnico-econômica sobre a viabilidade ou não da permanência de cada órgão previsto para ser extinto. E, obviamente, cortar a Fundação Zoobotânica agrada a agenda do setor econômico imediatista e atrasado, que vê as posições dos técnicos em defesa da biodiversidade do RS como algo que atrapalha seus negócios. Isso acontece com a silvicultura e as grandes empresas de celulose e que têm trânsito privilegiado no Piratini e reclamam das posições dos técnicos da área ambiental, principalmente desta Fundação.
 
IHU On-Line - O que deve acontecer com o acervo da Fundação Zoobotânica caso a instituição venha a ser extinta? O que o governo do estado propõe que seja feito com o acervo?
 
Paulo Brack - O governo nunca se preocupou com isso. Mostra-se ambientalmente cego ou sofre demiopia econômico-ambiental. Não tem nada concreto para manter os acervos vivos ou exemplares de coleções de centenas de milhares de coletas de exemplares científicos guardados na instituição, por meio do Museu de Ciências Naturais que desapareceria também. É um obscurantismo sem precedentes! E como conceber que se descartem conhecimentos ambientais fundamentais de sua equipe técnica para o estado fazer frente a um dos maiores dilemas de nossa civilização, no caso das mudanças climáticas, da poluição do ar e da água, além da perda acentuada de biodiversidade? A mesma negligência vai se dar em outras áreas como ciência, pesquisa em saúde, cultura, o planejamento econômico e regional, entre outras áreas, em estado de calamidade se houver a concordância do parlamento gaúcho na aprovação de tal pacote.
 
IHU On-Line - Deseja acrescentar algo?
 
Paulo Brack - Se os projetos passarem, o que é melhor nem pensar, vai haver muita resistência, e podemos prever uma calamidade científico-cultural, o que se poderia chamar a fundação da “Província de São Pedro do Obscurantismo”. Vamos todos gaúchos e brasileiros lutar para que isso não ocorra!


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O efeito nefasto da lei da mordaça

29/11/2016 17:08 - Copyleft

O efeito nefasto da lei da mordaça

Ainda é o professor que influencia, marca, convive com o adolescente/jovem e tem sobre ele grande influência.


Eliane Juraski Camillo
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Minha reflexão de hoje é sobre um dos temas que são objeto de minha atenção ultimamente: os intelectuais e sua importância na atual conjuntura sócio-político-econômica brasileira, marcada pelo conservadorismo e pela supressão de direitos trabalhistas e sociais. Há algum tempo atrás, andei lendo Gramsci e, partindo de seu pensamento, pude tirar algumas conclusões frutíferas sobre o assunto, as quais vinham ao encontro das minhas interrogações. Segundo ele, contrariando um pensamento recorrente de um grande número de pessoas – as quais eu me incluía – intelectual era aquela pessoa inteligente, entendida em algum assunto, com elevado grau de instrução e, impreterivelmente, que usasse terno e gravata. Aliás, permitindo-me um aparte, quão curioso é o fato de que, em nossa sociedade, qualquer pessoa bem trajada, ainda mais com terno e gravata, é logo associada a uma pessoa de inteligência e caráter, alguém em quem se pode confiar. Um intelectual.
 
Pois bem. Gramsci afirma que o mundo não está cindido entre intelectuais e não intelectuais e, vai mais longe, declarando que qualquer mortal poderá vir a sê-lo, mesmo os que não chegam a vestir um terno. O pensador italiano vaticina que existem duas possibilidades de existência de intelectuais: uma que já é preexistente, já está dada e corresponde justamente aquele percentual de pessoas que descrevi acima, bem instruídas.
 
A outra parcela, porém, é criada organicamente dentro de cada ramo de atividade, ou seja, cada categoria cria seus intelectuais. E, nessa perspectiva, não apenas as profissões que exigem maior tirocínio mental terão seus intelectuais, mas também aquelas que se caracterizam por um maior esforço manual criarão a sua elite intelectual.
 
Sim, pasmem, os intelectuais não são oriundos apenas das camadas que desempenham funções intelectuais, mas os trabalhadores manuais também criam seus intelectuais, afinal de contas, nenhuma atividade, por mais repetitiva e desprovida de reflexão que seja, exige um mínimo de raciocínio. Sem contar que, fora de seu exercício laboral, toda pessoa exerce ou pode exercer outras funções que exigirão tomadas de decisões, posicionamentos que, em maior ou menor grau, confluirão para a construção de uma visão de mundo, onde alguns valores são preferidos; outros, preteridos.




 
Tudo isso me foi fantástico. Ler Gramsci permitiu-me romper com aquela ideia burguesa, seletiva, excludente de que somente os “bem-educados”, os “bem-nascidos” poderiam ser intelectuais. Sim, os trabalhadores braçais, historicamente desprovidos de maior fulgor em seu fazer, também podem ser intelectuais. Também têm a possibilidade de converterem-se em sujeitos históricos concretos pela difusão do seu saber.
 
Contudo, satisfeita com a (nova) possibilidade, me inquietava ao constatar que os “grandes homens” estão em extinção no nosso tempo líquido. Se mais pessoas têm a possibilidade de serem intelectuais, cadê eles? Onde estão os grandes autores? Os que anunciam novas (e consistentes) teorias e ideias à humanidade? Pois, ao que me parece, salvo algumas poucas exceções, continuamos ainda a seguir, aprender, discutir, ensinar e repassar visões de mundo há muito passadas, sendo que o mundo e suas perguntas muito têm mudado ultimamente. Onde estão os novos intelectuais que darão conta disso?
 
Ora, juntando o que Gramsci escreveu com o que tenho lido de Foucault, consigo deslindar o intelectual contemporâneo e o seu papel. Foucault diz que o intelectual universal, que descrevi acima e do qual tenho sentido falta, é mesmo um tipo raro em nossos dias, em função de que o mundo está em um estado avançado de acumulação de conhecimento e, sobretudo, porque vivemos realidades complexas e multifacetadas, as quais não podem ser abarcadas por apenas uma ou algumas teorias. A realidade sempre desborda, sempre é mais, sempre tem mais variáveis do que se supõe à priori.
 
No lugar do intelectual universal surge o intelectual específico, aquele que, em seu recorte espacial/geográfico, na sua prática diária, é capaz de enxergar os acontecimentos com outros olhos, não com o olhar apressado de quem precisa passar pela superficialidade dos acontecimentos em nome da necessidade de trabalhar, trabalhar, trabalhar; mas aquela pessoa dotada de uma dose extra de sensibilidade, que consegue ver a luz de nosso tempo sem deixar-se cegar por ela, visualizando também os pontos obscuros, as penumbras.
 
Em outras palavras, quem tem a fineza de espírito para perceber as limitações, as potencialidades e, principalmente, aquele que arrisca transformar as limitações em possibilidades de futuras potencialidades e o que percebe nas potencialidades futuras limitações. Esse novo intelectual, felizmente, poderá ser qualquer pessoa. Um trabalhador braçal também, recordo. Poderá não ter o fulgor dos então “grandes homens”. Poderá não ter um séquito de seguidores/bajuladores. Talvez suas conjeturas tenham aceitação de um mínimo número de pessoas. E, certamente, encontrará sérias dificuldades em pôr em prática o que pensa, devido a amarras globais. Mas, mesmo assim, não deixará de ser um intelectual e sua contribuição revolucionária não será minorada.
 
Diante disso, me vem à mente a singularidade da figura do/a professor/a como intelectual específico, o qual, nos dias de hoje, mesmo diante de toda sorte de desvalorização, mesmo diante da bravata da Lei da Mordaça, a qual, ao contrário do que anuncia, objetiva instaurar a escola de apenas um partido (o hegemônico, obviamente), com efeito nefasto sobre a autonomia e a voz docente, já que tem o intuito, inclusive de criminalizar aqueles cuja atuação seja um antídoto para o analfabetismo político; é ainda ele/a, salvo todas as imposições advindas dos órgãos hierarquicamente superiores, que faz, no “chão da sala de aula”, a educação. E, mesmo intimidado por essa racionalidade que o país está imerso, desacreditado, em muitos ensejos, pelos adolescentes/jovens por não mais corresponder à única fonte de conhecimento, já que este se encontra à mão de qualquer mortal, democratizado em seu acesso; é ainda o professor que influencia, marca, convive com o adolescente/jovem e tem sobre ele alguma (grande) influência. E o que este intelectual específico precisa, hoje, não é dar respostas, dizer o que deve ser feito. Tampouco “conscientizar” alguém. Deve, sim, perceber-se nas teias de poder nas quais está enredado, enxergando que, o que precisa mudar na educação – assim como na sociedade – não é o regime de verdades vigente, mas o processo pelo qual algo se torna ou não verdade, para que então a história escrita nos livros, lida, estudada, aprendida e repassada não seja apenas a história dos vencedores, mas as várias histórias, as múltiplas versões, para que cada um possa perceber qual é a sua história. Qual o/a limita e qual tendo como estandarte é possível avançar. 


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29/11/2016 - Clipping Internacional

29/11/2016 09:56 - Copyleft

29/11/2016 - Clipping Internacional

Trump é a maior ameaça da história da democracia dos EUA. Suas mentiras sobre fraude nos votos são um prelúdio para a supressão massiva de eleitores.


Carta Maior
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BRASIL
 
El País, Espanha
 
Temer enfrenta a semana mais difícil de sua presidência. O governo debate o limite dos gastos públicos e as medidas anticorrupção. Manifestantes protestam contra o presidente.
 

 
Público, Portugal
 
Entrevista com Luis Fernando Veríssimo.
 

 
Esquerda.net, Portugal
 
Marcelo Freixo: "Mais do que resistir, a esquerda precisa de re-existir". Entrevista de Francisco Louçã a Marcelo Freixo, candidato do PSOL nas recentes eleições municipais no Rio de Janeiro.
 

 
Sputnik News, Russia
 
O PSOL protocolou nesta segunda-feira (28) o pedido de impeachment contra o presidente Michel Temer, acusando-o de exercer tráfico de influência no escândalo deflagrado pela renúncia do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero. 
 

 
El Telégrafo, Equador
 
PT pede juízo político e renúncia de Temer. Ex-ministros do presidente de Brasil o acusan de tráfico de influencia.
 

 

MUNDO

 
The Guardian, Inglaterra
“Estou aqui por causa de Fidel”. Cubanos se juntam para se despedir de Castro. De velhos camaradas a músicos e médicos, milhares compareceram para comemorar o líder revolucionário que transformou seu país.
https://www.theguardian.com/world/2016/nov/28/fidel-castro-cubans-last-respects
 
Pagina 12, Argentina
Os mais expostos pelo ajuste na Argentina. O desemprego entre os jovens de 15 a 24 anos.  Os dados estão superiores aos 23,6 % que era a desocupação em 2007 e é superior 2,6 vezs ao desemprego do país. Os mais afetados são os que terminaram a escola secundária e, em particular, as mulheres.
https://www.pagina12.com.ar/5875-los-jovenes-viejos
 
Trump ameaça interromper o degelo. O magnata republicano propõe renegociar com o governo cubanos os acordos alcançados por Obama. E incluiu em sua equipe de transição um férreo defensor do embargo: Maurício Claver-Carone.
https://www.pagina12.com.ar/5848-trump-amenaza-con-frenar-el-deshielo
 
El País, Espanha
Adeus Fidel Castro. Um desfile popular de homenagem abre sete dias de despedida ao pai da Revolução Cubana.
http://internacional.elpais.com/internacional/2016/11/28/actualidad/1480335711_652767.html
 
La Jornada, México
Grandes filas para a despedida de Fidel na Praça da Revolução
http://www.jornada.unam.mx/ultimas/2016/11/28/largas-filas-en-la-plaza-de-la-revolucion-para-el-ultimo-adios-a-fidel
 
The Washington Post, EUA
Como a extrema-direita na Áustria tenta atrair um insuspeitado aliado: os judeus.
https://www.washingtonpost.com/world/europe/how-the-far-right-is-trying-to-woo-an-unlikely-ally--jews/2016/11/28/36002402-b187-11e6-bc2d-19b3d759cfe7_story.html
 
L’Humanité, França
Cuba sacralizou a solidariedade, um código de honra da revolução
http://www.humanite.fr/cuba-sacralise-la-solidarite-un-code-dhonneur-de-la-revolution-627298
 
Huffington Post, EUA
A reação de líderes mundiais sobre a morte de Fidel Castro.
http://www.huffingtonpost.com/entry/fidel-castro-dead-leaders-react_us_58396143e4b09b6056009a77?section=us_world&section=us_world
 
Los Angeles Times, EUA
Trump escolhe um deputado conservador, áspero crítico do Obamacare, para ser seu secretário de Saúde.
http://www.latimes.com/politics/la-na-pol-trump-health-secretary-20161128-story.html
 
La Repubblica, Itália
Peregrinação em homenagem a Fidel Castro. Obama não estará presente no funeral.
http://www.repubblica.it/esteri/2016/11/29/news/cuba_castro_funerali_obama-153058851/
 
The Nation EUA
Donald Trump é a maior ameaça à democracia norte-americana de sua história. Suas mentiras sobre fraude nos votos são um prelúdio para a supressão massiva de eleitores.
https://www.thenation.com/article/donald-trump-is-the-greatest-threat-to-american-democracy-in-our-lifetime/
 


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