domingo, 3 de setembro de 2017


Nós somos ingênuos mesmo ou será algo pior?!?

               

O golpe da dívida para doar estatais

30 Agosto Escrito por  Cesar Fonseca
face-homem A dívida sobe incontrolavelmente e pode chegar a 100% do PIB em 2018

divida

Os golpistas, que derrubaram a ex-presidente Dilma Rousseff, mediante manobra parlamentar-jurídica-midiática, construíram narrativa falsa segundo a qual os governos petistas populistas de esquerda manipularam à larga as contas públicas, com gastança excessiva, que elevou incontrolavelmente a dívida federal, tornando o país ingovernável, salvo por meio de pedaladas fiscais, incorrendo em crime de responsabilidade, justificativa para o impeachment.

Subiu, ilegitimamente, ao poder o governo Temer como discurso da austeridade, com promessa de diminuir dívida em relação ao PIB, para permitir redução dos juros e sustentar governabilidade.
O resultado é o oposto, como mostra dados acima levantados pelo economista Petrônio Portella Nunes Filho, consultor legislativo do Senado.

A dívida sobe, incontrolavelmente, podendo chegar aos 100% do PIB, já no próximo ano, anunciado calote, como alertou, nessa semana, o banqueiro-financista, Luiz Cezar Fernandes, criador dos bancos Garantia e Pactual.

Vem aí corrida bancária que pode acelerar fascismo político no Brasil, como aconteceu na Alemanha, que levou Hitler ao poder.

Eis a obra da austeridade de Temer, o golpista.

Diante do perigo iminente, os austeros neoliberais aceleram vendas de ativos públicos produtivos e indispensáveis ao desenvolvimento nacional, como as empresas Eletrobrás e Petrobrás.

Fazem isso, para fugir de previsíveis condenações decorrentes do não cumprimento de regra constitucional, determinada pelo art. 167, que proíbe ampliação de dívida pública em montante superior às despesas de capital.

Desesperados, os austeros neoliberais saem vendendo tudo, irresponsavelmente, acelerando depressão econômica e desemprego incontroláveis.

Mentira neoliberal

getulio
TEMER PISA NO CADÁVER DE GETÚLIO AO ENTREGAR DE BANDEJA PARA OS ABUTRES INTERNACIONAIS A PETROBRÁS, ELETROBRÁS, BNDES, INSTRUMENTOS DO DESENVOLVIMENTO NACIONALISTA.

Será verdadeira ou falsa afirmação comumente aceita de que, no poder, os neoliberais, com suas austeridades fiscais, diminuem dívidas do governo para melhor combater déficits públicos, de modo a reduzir tamanho do Estado e permitir maior participação do setor privado na economia, melhorando gestão e eficiência econômica capaz de produzir desenvolvimento sustentável?
Pura enganação.
Em um ano e meio de governo Temer, a dívida cresceu 76%, mais que o dobro dos 31% de crescimento registrados nos 5 anos de governo Dilma Rousseff, conforme pesquisa, feita pelo economista Petrônio Portella Nunes Filho, consultor legislativo do Senado, junto ao Banco Central, sobre finanças públicas, dívida líquida do setor público e dívida do governo federal, durante período de 1994-2017*.
Portella, especialista em dívida brasileira, autor do livro “Moratória soberana”, editora Alfa Ômega, e de estudo crítico sobre congelamento de gastos públicos, que considerou inconstitucional, destaca que escolheu o ÚNICO indicador amplo sobre a dívida federal, ao longo de 23 anos, porque seria importante incluir dados do Governo FHC, já que FHC é grande fiador da política econômica “austera” e “moralizadora” do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, homens, umbilicalmente, ligados ao mercado financeiro especulativo.
O consultor legislativo, conforme dados pesquisados que organizou, comprovou o contrário do que comumente é propagado pelo mercado e sua porta voz ativa, a grande mídia, ou seja, que, graças à austeridade fiscal, o endividamento público sempre se amplia durante governos populistas gastadores(Lula e Dilma), enquanto diminui durante governos neoliberais, austeros, responsáveis, adeptos do equilibrismo orçamentário.
Curiosamente, Temer, diz Petrônio, imita FHC.
“Observem – diz ele, com base nos dados – que o aumento explosivo da dívida no governo Temer guarda preocupantes semelhanças com o que aconteceu no governo FHC.”
A história desmente os neoliberais e seus porta-vozes: o Brasil se endivida nos governos neoliberais e se desendivida nos populistas.
A dívida diminuiu como proporção do PIB nos governos Lula e Dilma.
Na verdade, destaca Petrônio Portella, a situação é muito pior hoje.
O governo Temer, diz, pratica uma política recessiva que, segundo os próprios ultraradicais que a implantaram, deve mater o Brasil em recessão, pelo menos, até 2020.
“Se duvidam- lembra – confiram as projeções oficiais para o déficit primário. Eles projetam que o déficit primário se mantenha inalterado até 2020. Isso significa projetar a estagnação do PIB e das Receitas Tributárias(que são função direta do PIB) até 2020.”
Resumindo: o governo neoliberal austero do ilegítimo Temer é um buraco sem fundo à vista.

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares






Dilma Rousseff alerta!
O golpe parlamentar que colocou o ilegítimo no poder permitiu também o nascimento de uma extrema direita no país, disse Dilma em uma entrevista à rede TeleSur. “A principal obra desse golpe foi o surgimento de uma extrema direita no país, a intolerância (...). A extrema direita é um produto direto desse golpe”, disse ela.
Ela considerou que o surgimento dessa extrema direita no Brasil é perigoso para a manutenção da democracia e ressaltou a importância das eleições presidenciais marcadas para 2018. Destaca que Lula da Silva é o preferido em todas as pesquisas, mas enfrenta um “paredão” de processos judiciais.
“Em 2018 está em disputa se o golpe se reproduz ou se será contido. Se existem mecanismos de intervenção democrática que possam barrar o golpe ou se ele continuará. É um processo muito importante. Tudo o que está em jogo é a questão do que virá depois, o que construiremos depois. Tenho uma única certeza: só se pode mudar com a participação do povo brasileiro”, destacou.
Em entrevista ao jornal Brasil de Fato ela comenta toda a perseguição política que está em andamento contra Lula da Silva e diz que “teremos que ser capazes de sacar o Brasil dessa encruzilhada em que se encontra”.
Falando sobre o golpe que a tirou do governo, Dilma disse considerar que “foi um golpe, porque não havia crime de responsabilidade. Eles inventaram um processo para me tirar do Governo. E usaram uma maioria de votos comprados, que são os mesmos 217 votos de deputados que garantiram a impunidade do presidente ilegítimo. É a mesma composição do Congresso que foi construída por Eduardo Cunha e que me destituiu através de um processo absolutamente sem fundamento, sem base real, hoje reconhecido por todos”.
Perguntada sobre a candidatura de Lula, ela afirmou que “o golpe não é um ato isolado. O impeachment é a primeira etapa do golpe, a segunda etapa se revela muito conservadora e reacionária, por um lado, e extremamente radicalizada por outro. Faz parte dessa segunda etapa tirar Lula das eleições de 2018 criando factoides judiciais para isso. Toda essa absurda história do processo do tal apartamento, sobre o que o próprio juiz admite que não existe fundamentos na acusação”.
Dilma acerta no alvo em uma parte posterior de suas respostas ao dizer que “há uma terceira etapa, que pode ser simultânea, como essa do parlamentarismo. Sempre que as classes dominantes, os setores conservadores, se encontram em uma situação difícil, apelam para o parlamentarismo. Esse parlamentarismo, combinado com o ‘distritão’, tem por objetivo criar um sistema dominado pela força do dinheiro. Não é sequer hegemônica, é dominante. E o objetivo é apagar do mapa a representação progressista, popular, de esquerda ou centro-esquerda”.
“Pega na mentira”! O golpista foi à China para mentir sobre o Brasil. Na sexta-feira (01) Temer disse que o Produto Interno Bruto teve uma “boa solução” ao comentar a alta de 0,2% divulgada pelo governo.
Para o mentiroso, a alta do PIB revelou que o Brasil está “crescendo e se recuperando”. “Foram 720 mil empregos nesses últimos 90 dias, também revelação de que o Brasil está melhorando”, acrescentou.
Temer e Xi Jinping participaram, na sexta-feira, da assinatura de 14 atos internacionais. Três deles são acordos bilaterais entre os dois governos e os outros são acordos privados e interinstitucionais, que podem gerar negócios e investimentos futuros no Brasil. Ou seja, a China está de olho nas privatizações em andamento no governo ilegítimo.
Entre as ações, foram fechados acordos para facilitação de vistos de turismo e de negócios entre os dois países. Outro ato prevê uma parceria para coprodução cinematográfica entre Brasil e China. Na ocasião, também foi assinado um memorando de entendimento sobre comércio eletrônico.
Mas, como diziam os mais velhos, “mentira tem pernas curtas”! A realidade é bem diferente da mostrada por Temer na China. Na verdade, ouve uma grande frustração de receitas no programa de regularização de ativos no exterior e de arrecadação de tributos pagos pelas instituições financeiras fizeram o Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) registrar o maior déficit primário da história em julho.
O resultado ficou negativo em R$ 20,152 bilhões, contra déficit de R$ 19,227 bilhões em julho do ano passado. O déficit primário é o resultado negativo nas contas do governo antes do pagamento dos juros da dívida pública.
Quando assumiu o Ministério da Fazenda, Henrique Meirelles prometeu colocar as contas do país em ordem com austeridade e medidas ortodoxas. O resultado foi oposto ao projetado. Receitas em queda levando a déficits recordes. Apesar disso, as agências internacionais de rating mostram tolerância com os resultados da equipe econômica.
Uma demonstração de que os empresários brasileiros não estão confiantes na política do golpe que eles montaram e apoiaram é que o Produto Interno Bruto (PIB) fechou o segundo trimestre do ano com alta de 0,2% na comparação com o primeiro trimestre, na série ajustada sazonalmente. Na comparação com o segundo trimestre de 2016, a variação do PIB foi de 0,3%, segundo o IBGE.
Com o resultado, o PIB acumulado nos quatro últimos trimestres continua negativo em 1,4% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Nos primeiros seis meses do ano, houve estabilidade (variação nula ou zero, informa o IBGE). O PIB no segundo trimestre de 2017 totalizou R$ 1,639 trilhão em valores correntes.
Cantada em versos e prosas pelos canalhas que estão no governo, a alta mínima é vista com preocupação por outros analistas. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) salienta que o crescimento em 2017 se deveu sobretudo ao primeiro trimestre do ano (1% ante o trimestre anterior, com ajuste), calcado no excepcional desempenho da agropecuária – que se esgotou.
E os empresários pararam de investir. A Formação Bruta de Capital Fixo, que mede o quanto as empresas investiram em bens de capital, sofreu contração de 6,5% no primeiro trimestre de 2017, a 13ª consecutiva. A taxa de investimento no segundo trimestre de 2017 foi de 15,5% do PIB, abaixo do observado no mesmo período de 2016 (16,7%). Já a taxa de poupança alcançou 15,8% no segundo trimestre de 2017 contra 15,6% do mesmo período de 2016.
Queda no desemprego? Mais uma vez a mentira do golpista não dura mais do que 12 horas, se tanto! Enquanto ele dizia, na China, que o emprego voltava a crescer no Brasil os órgãos oficiais divulgavam números muito diferentes.
Sim, é verdade que a taxa de desemprego caiu 0,8% em relação ao trimestre encerrado em abril. Mas a realidade é muito dura: ainda temos 12,8% da nossa população economicamente ativa em situação de desemprego e, o que é pior, essa queda no índice de desemprego foi influenciada pelo aumento da informalidade no mercado de trabalho!
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados na quinta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que indica ainda que o país tem 13,3 milhões de desempregados,
Segundo o IBGE, no contexto da crise econômica e da consequente falta de oferta de empregos formais, a maioria dos 721 mil brasileiros que deixaram a fila do desemprego no trimestre encerrado em julho o fizeram via informalidade,
“O aumento aconteceu, principalmente, entre os empregados sem carteira assinada, contingente que respondeu por mais 468 mil novos empregos, e entre os trabalhadores por conta própria, que respondeu pelo ingresso de mais 351 mil pessoas no mercado”, diz o IBGE. Já a população com carteira assinada manteve-se estável em 33,3 milhões”, diz a nota.
Em comparação com o mesmo trimestre de 2016, o número de empregados com carteira assinada caiu 2,9%, chegando a 33,3 milhões de pessoas. Segundo o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, a comparação mostra tendência à informalidade no mercado de trabalho.
Sim, foi crime. Mas nada será feito! Por volta das sete horas da manhã do último dia 24 de maio quando 29 policiais, entre civis e militares, entraram na fazenda Santa Lúcia, na zona rural do município de Pau D’arco, no Sudeste do Pará, oficialmente para cumprir 14 mandados de prisão, mas que resultou na morte de dez pessoas. Não houve confronto e sim execução, sendo que quatro trabalhadores foram imediatamente atingidos, enquanto os demais foram rendidos e assassinados. Nove homens foram baleados no peito e a única mulher, Jane de Oliveira, foi atingida na cabeça à queima roupa.
Esta foi a conclusão da perícia da Polícia Federal divulgada na segunda-feira (28), em Belém.
Ainda de acordo com a perícia, a operação teria sido planejada. Comandados pelo delegado de Conflitos Agrários Valdivino Miranda, os policiais foram divididos em grupo, sendo que um seguiu a pé e o outro em carros. Ao perceberem a chegada dos policiais, os trabalhadores fugiram para o interior da fazenda e se abrigaram embaixo de uma lona para se proteger da chuva, quando os policiais já chegaram atirando.
A princípio, os policiais teriam ido ao local cumprir mandados de prisão contra 14 suspeitos de envolvimento na morte de um segurança da fazenda Santa Lúcia.  Em julho, a Justiça determinou a prisão de 13 policiais, mas eles foram liberados no dia 10 de agosto pelo juiz Jun Kubota, de Redenção, que decidiu não prorrogar as prisões provisórias. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Pará, os policiais envolvidos na operação permanecem afastados do trabalho. Mas, como sabemos, logo tudo cairá no esquecimento, não é?
O Brasil se destaca no governo golpista. Mas, lamentavelmente, trata-se de um destaque muito negativo para a nossa imagem. Apenas na última semana que antecede esse Informativo, foram registrados pelo menos cinco casos de mulheres assassinadas por seus companheiros ou ex-companheiros só em São Paulo. Dado alarmante que reflete a realidade do Brasil, país com a quinta maior taxa de feminicídio do mundo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de assassinatos chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres. O Mapa da Violência de 2015 aponta que, entre 1980 e 2013, 106.093 pessoas morreram por sua condição de ser mulher. As mulheres negras são ainda mais violentadas. Apenas entre 2003 e 2013, houve aumento de 54% no registro de mortes, passando de 1.864 para 2.875 nesse período. Muitas vezes, são os próprios familiares (50,3%) ou parceiros/ex-parceiros (33,2%) os que cometem os assassinatos.
Não tem verba para controlar o trabalho escravo. Todos os avanços históricos no combate ao trabalho escravo que o Brasil alcançou nos últimos 20 anos estão em xeque por conta das restrições orçamentárias que o governo Temer está impondo ao Ministério do Trabalho e demais órgãos públicos. O país pode em breve chegar a uma situação vergonhosa de ter “risco extremo” de escravidão contemporânea.
A atual situação do Ministério Público do Trabalho (MPT) é um bom exemplo: sem dinheiro para manter em plena atividade seu Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM), que conta hoje com apenas quatro equipes – eram 10 em meados dos anos 2000 –, o MPT precisa fazer escolhas trágicas no dia a dia: de cada 10 denúncias de trabalho escravo recebidas, a equipe só tem condições de atender uma. E a situação tende a piorar.
“A realidade é que as operações de setembro já estão comprometidas. Se não houver medidas suplementares, não teremos orçamento suficiente para seguir com as operações”, afirma o coordenador nacional da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conaete) do MPT, Tiago Muniz Cavalcanti, em entrevista ao site Investimentos e Direitos na Amazônia, do Inesc.
Onde está Santiago Maldonado? Na quarta-feira (30/08) completamos 30 dias sem notícias do jovem argentino Santiago Maldonado. Pelo que sabemos, ele desapareceu “misteriosamente” depois de visitar a comunidade mapuche “Lof en Resistencia de Cushamen”, ao noroeste da província de Chubut.
Maldonado participava de vários grupos de apoio aos indígenas e defendia as comunidades originárias, denunciando que a polícia invadia, destruía e queimava as residências e pertences dos habitantes. No primeiro informe policial seu nome aparecia apenas como “desaparecido”, mas as várias pressões e petições de seus familiares a “justiça” argentina considerou como “desaparecimento forçado”.
A Liga Argentina pelos Direito Humanos denunciou oficialmente perante os tribunais o presidente Mauricio Macri, os ministros Marcos Peña, Patricia Bullrich e Germán Garavano, os comandantes da Polícia Pabro Badie e Conrado Balari, o soldado Juan Pablo Escola e todos os integrantes da Polícia que participaram das batidas no dia do desaparecimento de Maldonado.
Mais uma vergonha da “justiça” na Nossa América! A Câmara Eleitoral da Argentina rejeitou na terça (29/08) as impugnações apresentadas contra a candidatura do ex-presidente Carlos Menem para a reeleição ao cargo de senador, o que o habilita para o pleito legislativo de 22 de outubro.
O tribunal considerou que o prazo para a apresentação de impugnações estava vencido e que uma decisão da Corte Suprema de Justiça emitida em 22 de agosto tinha esclarecido que a condenação de Menem a sete anos de prisão por contrabando de armas a Equador e Croácia “não está firme”, o que não impede que apresente uma candidatura.
Menem, de 87 anos e com mandato no Senado até dezembro, é candidato à reeleição pelo partido peronista Frente Justicialista na província de La Rioja, e nas eleições primárias legislativas de 14 de agosto venceu nessa jurisdição com 45% de votos.
Menem foi condenado a sete anos de prisão por contrabando de armas ao Equador e à Croácia durante seu governo, mas seus privilégios parlamentares o protegem para não que seja preso.
O sindicalismo na encruzilhada! (3)
(Ernesto Germano Parés)
Para encerrar esta primeira parte do nosso estudo, enquanto falamos da crise dos sindicatos de forma geral, em particular o que vem acontecendo na Europa, vamos citar o que vem sendo discutido pelos estudiosos no assunto. A grande queda no sindicalismo francês, espanhol, inglês, alemão e outros vem sendo analisada por vários estudiosos. O professor Rafael Pampillón, doutor em Ciências Econômicas e Empresariais, acredita que “os sindicatos estão perdendo muito protagonismo com a reforma trabalhista ao não terem se empenhado mais nas negociações”.
Juan Carlos Monedero, professor de Ciência Política da Universidade Complutense de Madri, diz que “os sindicatos se debilitam em momentos de bonança econômica e se incapacitam para exercer sua tarefa principal quando são chamados a agir”. Ele diz que os sindicatos europeus vivem uma situação de “esquizofrenia”. Por um lado, desejam manter-se como instituições reconhecidas e participantes do Estado, por outro lado querem ganhar as ruas para travar as lutas principais.
Alguns analistas dizem ainda que os grandes sindicatos europeus preocupam-se mais com os trabalhadores que estão empregados do que os que já estão desempregados diante da crise.
Mas, qual a origem de toda essa crise no movimento sindical? Como já dissemos várias vezes, para o ideário neoliberal o principal problema é acabar com os sindicatos, reduzir totalmente o poder dessas entidades diante dos trabalhadores. Ou, como dizia Friedrich von Hayek, os sindicatos prejudicam a acumulação capitalista ao exigirem do estado mais investimentos sociais.
Qual a história dessas mudanças no mundo sindical?
O final da Segunda Guerra Mundial, para o Japão, não significou apenas uma derrota militar apavorante - com as bombas - e a vergonha de conviver com as forças de ocupação dos EUA. Toda a indústria encontrava-se em crise e a burguesia japonesa estava derrotada e arrasada economicamente.
A crise instalada no Japão permite que surja um vibrante movimento social e um movimento operário forte e bem organizado. O Partido Comunista, praticamente inexistente no país antes da guerra, contava com 1 milhão e 600 mil filiados em 1946.
Os trabalhadores japoneses partem para a ofensiva e começam a ocupar as fábricas abandonadas pelos patrões, colocando-as em funcionamento e estabelecendo um “controle operário” sobre a produção, experiência que os leva a desenvolver e ampliar um conceito de “Comitês de Empresas” com altíssimo grau de organização, tão eficiente que conseguem dirigir a produção até nas empresas que ainda estavam nas mãos dos patrões.
É desta forma que acaba surgindo e se consolidando a poderosa Confederação de Sindicatos da Indústria (Sambetsú), de extensão nacional e aglutinando trabalhadores de vários ramos e/ou setores.
Fatores externos, no entanto, vão alterar profundamente a vida e a organização dos trabalhadores japoneses. O início da chamada Guerra Fria e a Revolução Chinesa (1949) fazem o governo dos EUA mudar sua tática com relação ao Japão. De um simples país ocupado militarmente, passa a ser visto como um importante aliado e centro das ações para impedir o crescimento do comunismo na Ásia.
Em 1950 tem início a Guerra da Coréia e a burguesia japonesa recebe um "sangue novo", pois os EUA passam a investir altas somas na indústria local para suprir as necessidades das tropas. Em particular, as fábricas de armamentos japoneses voltam a produzir em escala crescente.
Antes de devolver a independência ao Japão (1952), as forças estadunidenses de ocupação teriam ainda uma outra “batalha” para travar: vencer o forte movimento operário local e limpar o caminho para se estabelecer uma sociedade capitalista aliada e pronta para assumir o papel de representante do sistema na região.
A luta dos trabalhadores japoneses havia experimentado grandes avanços, enfrentando em primeiro lugar a burguesia local e, depois, a forte repressão por parte das forças militares de ocupação.
O primeiro grande confronto se dá na Greve Geral convocada pela Sambatsú para o dia 1 de fevereiro de 1947. Sob a orientação dos militares estadunidenses, inicia-se um processo de repressão e vários líderes sindicais são presos e/ou demitidos das empresas.
Em 1948 o movimento sindical volta à luta, mas as relações internas do governo japonês já são outras e os trabalhadores enfrentam novas dificuldades. Neste mesmo ano, baseando-se em orientações dadas por banqueiros dos EUA, o general MacArthur (comandante das forças de ocupação dos EUA) havia proposto um “Plano de Estabilização” para a economia japonesa que consistia em congelar os salários, aumentar o número de horas de trabalho e realizar demissões em massa. Cerca de 700.000 trabalhadores perderam seus empregos em consequência destas medidas.
Para garantir o êxito do Plano, MacArthur promoveu uma caçada aos membros do Partido Comunista e militantes do movimento sindical. Em 1950, as ações do governo já haviam atingido 11.000 membros do PC e 2.500 dirigentes sindicais.
Ainda assim, o movimento sindical japonês tentaria resistir. Acompanhando as orientações do governo, em 1950, a empresa Toyota anuncia a demissão de um grande número de trabalhadores (entre 1.600 e 2.000). O sindicato organiza uma greve contra as demissões e o governo dos EUA assume a direção da repressão ao movimento, determinando à direção da Toyota que não ceda aos grevistas. Chega mesmo a assumir todo o prejuízo causado pela greve, desde que o sindicato saísse derrotado.
Esta foi a primeira grande derrota dos sindicalistas e a que abriu espaço para as ações que se seguiram.
Dois anos mais tarde (1952), o movimento sindical volta a se mobilizar. Desta vez promovendo greves em várias indústrias para protestar contra a “racionalização do trabalho”. A tática estadunidense se repete: o governo dos EUA assume os prejuízos dos dias parados, mas exige que as empresas não negociem com os grevistas. A direção da Nissan recorreu ao lockout (greve dos patrões) e mandou fechar a fábrica.
Depois de 55 dias de greve, sem qualquer negociação, os trabalhadores voltam derrotados. Este foi o golpe final no sindicalismo combativo japonês, pois as empresas se aproveitaram da longa paralisação e da experiência da greve de 1950 para formar grupos de trabalhadores fiéis às direções e criarem um sindicalismo paralelo, por empresa.
O movimento sindical no Japão, hoje, é praticamente inexistente. Há sindicatos, por empresas, que na verdade atuam como correia de transmissão entre a direção e os trabalhadores. Ter passado por um cargo no sindicato é, atualmente, um dos requisitos para conquistar um alto cargo na direção da empresa! (Este artigo continua)
Espanha, armas e educação. Enquanto muitos ainda debatem os atentados terroristas na Espanha, poucos se dão ao trabalho de analisar o papel da Espanha na União Europeia e, principalmente, na OTAN.
Acontece que a Espanha é o terceiro maior exportador mundial de armas para a Arábia Saudita, país conhecido como braço militar dos EUA no Oriente Médio e que promove terrorismo e invasões na região. O monarca da Arábia Saudita é o rei e primeiro-ministro Abdullah bin Abdul Aziz. No país, a monarquia tem o poder político de fato. A família real saudita tem cerca de 30 mil membros. A Arábia Saudita é uma monarquia absoluta teocrática e o único país árabe onde nunca houve eleições nacionais desde a sua criação. Partidos políticos ou eleições nacionais são proibidas! Mas ninguém fala nisto, não é?
Entre 2013 e 2016 a Espanha exportou, segundo dados oficiais, armas no valor de 1,363 bilhão de euros, 29 vezes mais do que o período anterior (2009/2012)!
No outro extremo dos dados que temos, a Espanha é o quinto país que menos investe em Educação! Isso mesmo, fatura bilhões vendendo armas e não investe em Educação. Onde vai parar esse dinheiro?
Segundo os informes oficiais do Eurostat (agência de estatísticas da União Europeia), a Espanha destinou, em 2015, apenas 43,780 bilhões de euros para a Educação, ou seja, 4,1% do seu PIB. Está na frente apenas da Romênia (3,1%), Irlanda (3,7%), Bulgária e Itália (4%). Está atrás da Alemanha e Eslováquia (4,2% cada) e Grécia (4,3%).
Ficou doente? Quem vai ganhar? Você pensa que o tráfico de drogas é o que mais dá lucros no mundo? Ou você acredita que a venda de armas é o negócio mais lucrativo no planeta? Talvez você acredite que o ramo das telecomunicações seja o que mais dá lucros, mas qualquer dessas alternativas está errada! Um estudo recente demonstrou que o mercado farmacêutico supera todos os demais na hora de lucrar. Para cada um dólar investido para fabricar remédios eles alcançam mil dólares de lucro!
Praticamente todas as empresas farmacêuticas são internacionais e estão presentes em vários países através de suas muitas filiais. Estamos falando de um setor muito avançado tecnologicamente que envolve a biologia, a bioquímica, engenharia, microbiologia, farmácia e farmacologia, medicina, enfermagem, etc. Uma indústria que desenvolve pesquisas e desenvolvimento, produção, controle de qualidade, publicidade, representações médicas e relações públicas. Ou seja, envolve muita gente e praticamente todo o sistema globalizado que hoje temos.
E é essa mesma globalização que permite à indústria farmacêutica lucros cada vez maiores. Compram matérias primas nos países onde são mais baratas (geralmente nos países chamados “em desenvolvimento”), montam suas fábricas onde há condições mais vantajosas (baixos salários e legislação trabalhista fraca) e vendem seus produtos fundamentalmente nos países onde a população tem maior poder aquisitivo e os serviços de saúde estão mais desenvolvidos.
As dez primeiras empresas do setor faturaram, em 2012 (último dado disponível) um total de 335 bilhões de dólares, o quer representa um lucro 29,8% superior ao de 2004. E todas essas empresas estão nos países mais desenvolvidos: 5 estão nos EUA, 2 na Suíça e as demais estão no Reino Unido (2) e França (1). As margens de lucro dessas empresas são surpreendentes, chegando a alcançar entre 70% e 90%, superando de longe os bancos comerciais.

Eis as principais: Pfizer (EUA), Novartis (Suíça), Maerck (EUA), Sanofi Aventis (França), Roche (Suíça), Glaxo Smith Kline (Reino Unido), Astra Zeneca (Reino Unido), Johnson & Johson (EUA), Aboboltt Labs (EUA) e Ell Lilly (EUA).

Venezuela: como encarar a realidade

Internacional

Debate

Venezuela: como encarar a realidade

por Vicente Ribeiro* — publicado 21/08/2017 12h44
Uma reflexão sobre os impasses no país vizinho a partir de um artigo de Gilberto Maringoni
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Nicolás Maduro
A Constituinte convocada por Maduro não diminuiu os conflitos
O artigo de Gilberto Maringoni sobre a situação da Venezuela é representativo da forma como parte da esquerda busca se posicionar sobre a situação atual do país vizinho. Gostaria de debater seus argumentos e me contrapor ao que considero o maior problema do texto: a sensação de certeza com a qual deixamos sua leitura. A ideia de que não há mais nuances e de que devemos nos perfilar em um dos lados pode ser reconfortante. É, porém, insuficiente para analisar uma complexa realidade.
Na primeira metade dos anos 2000, Maringoni contribuiu para trazer à esquerda brasileira uma importante análise do processo bolivariano na Venezuela. Nela nos convidava a refletir sobre a existência de outros caminhos para além da aliança com os partidos tradicionais capazes de construir modos de governar e transformar, em contraste evidente com a experiência petista então em curso. A importância de apostar no protagonismo popular para não ser refém dos poderosos interesses estabelecidos teve como uma de suas expressões mais importantes o processo constituinte de 1999.
O atual processo constituinte passa longe disso. Desde sua convocação até as regras com as quais foram eleitos seus integrantes, mais do que 18 anos separam os dois processos. Chama a atenção a ausência de qualquer menção a essas diferenças. Vale perguntar: as regras da Constituinte importam? Importa que o sistema de votação, ao estipular um representante por município, distorça completamente a proporcionalidade em detrimento das cidades mais povoadas? Importa que em um sistema com voto territorial e setorial sejam excluídos desse segundo voto cerca de 5 milhões de eleitores?
Essas perguntas podem ser multiplicadas, mas giramos ao redor da seguinte questão: importa que as regras democráticas básicas, expressas na Constituição de 1999, sejam abandonadas para criar uma nova Assembleia Nacional Constituinte, cujos plenos poderes contrastam com sua escassa legitimidade? Mais do que ganhar tempo, o governo Maduro, mesmo sem apoio popular, criou uma instância que lhe permite governar sem contrapeso. Os primeiros decretos passaram pela destituição da procuradora-geral e a retirada das atribuições que ainda restavam à Assembleia Nacional.
No âmbito da economia, a explicação de Maringoni passa das características estruturais de uma formação social dependente da exportação de petróleo para a ações ilegais dos comerciantes, deixando de lado a análise da política econômica do governo.
Tomemos o caso da política cambial. Há no país duas taxas oficias, de 10 bolívares para o dólar oficial e 2.970 para o DICOM (Divisas de Tipo de Câmbio Complementar Flutuante de Mercado). A quase totalidade das divisas é oriunda do setor exportador de petróleo, controlado pelo Estado, e a maior parte dos dólares é transacionado na taxa mais baixa, mais uma unidade contábil do que uma taxa de câmbio. Enquanto isso, a taxa do mercado paralelo ultrapassa hoje os 15 mil bolívares. A diferença entre a cotação do câmbio oficial e o paralelo é apresentada como resultado de uma ação de especuladores, sem definir a responsabilidade da própria política cambial do governo, o que impede debater quais mudanças devem ser realizadas.
O ponto de partida desse debate é a escassez de divisas devido tanto à diminuição do aporte do setor exportador quanto ao aumento do seu comprometimento com o pagamento da dívida externa. A diminuição das entradas via setor petroleiro está relacionada à queda dos preços no mercado mundial, ao aumento dos custos com insumos importados no setor e ao comprometimento de parte do petróleo extraído para o pagamento da dívida com a China.
As diminuídas divisas em dólar disponíveis para o restante da economia estão cada vez mais comprometidas com o serviço da dívida, restando poucos recursos para importações. A diminuição drástica das importações afeta tanto a oferta de bens de consumo básicos, como alimentos e medicamentos, quanto os insumos necessários para o funcionamento do aparato produtivo do país.
As consequências para o nível de vida da população são dramáticas. O Cendas-FVM (Centro de Documentação e Análise Social da Federação Venezuelana de Professores) estima que em julho a cesta básica de alimentos para uma família de cinco integrantes custava 1,4 milhão de bolívares, enquanto a soma do salário mínimo e do vale alimentação chegava tão somente a 250 mil bolívares (97 mil de salário e 153 mil de vale alimentação).
Uma das formas como o governo enfrenta a escassez de divisas é por meio da ampliação das concessões de recursos naturais para as corporações transnacionais do setor, aprofundando a condição do país de fornecedor de parcelas da natureza em troca de capacidade de pagamento no mercado mundial. O Arco Mineiro do Orinoco é uma das expressão do aprofundamento desse modelo e de sua diversificação para além do petróleo.
A polarização no qual Maringoni nos convida a perfilar não permite encarar esses elementos, bem como a urgência em ampliar as importações de  bens de primeira necessidade no país. Esta passa por construir as condições internacionais para uma suspensão dos pagamentos do serviço da dívida externa venezuelana, para que as necessidades mais básicas possam ser atendidas e a economia possa começar a se reorganizar em um padrão menos dependente das importações. Contribuir para uma campanha neste sentido é talvez uma das tarefas mais urgentes que podemos realizar desde o Brasil. O pagamento de juros dos títulos venezuelanos pode esperar. As necessidades de alimentos, medicamentos e insumos para a produção da população venezuelana, não. 
* É professor da Universidade Federal da Fronteira Sul

Cínico: "Manter a floresta em pé é "custo", diz chefe da bancada ruralista"

Política

Entrevista - Nilson Leitão

Manter a floresta em pé é "custo", diz chefe da bancada ruralista

por Deutsche Welle — publicado 21/08/2017 16h45
Deputado nega invasão em reservas ambientais e apoia indígenas que querem explorar minério e plantar soja em terras indígenas
Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Nilson Leitão: 'Índio quer explorar minério e plantar soja'
Por Nádia Pontes
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, uma das mais poderosas no Congresso Nacional, diz não ser um produtor rural. À frente de 211 deputados da chamada bancada ruralista, Nilson Leitão (PSDB-MT) se considera "urbano" e afirma que seu posicionamento político é resultado de um preconceito sofrido por seu estado natal, o Mato Grosso do Sul, que, no passado, segundo ele, era enaltecido pelo governo quando o assunto era produção agropecuária e desprezado quando a pauta era meio ambiente.
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Numa longa conversa por telefone com a DW Brasil, o deputado falou sobre o apoio ao governo Temer (PMDB), a questão indígena e a invasão de terras públicas e de áreas de conservação. Leitão, técnico em contabilidade, diz que organizações não governamentais (ONGs) são mentirosas e condena método de demarcação de terras indígenas feito pela Funai. "Índio quer explorar minério e plantar soja", diz.
DW Brasil: Qual é a avaliação que o senhor faz do governo Temer?
Nilson Leitão: São dois momentos. A avaliação é de um governo que mudou os números pelo menos da economia. Nesse um ano e quatro meses, o Brasil tem um outro tipo de confiança em relação à economia: uma inflação que era de mais de 10% é hoje de 4%. A taxa Selic era de 14% e hoje é praticamente 9%. Com isso, estancou o desemprego e começa a oferecer postos de emprego. E as reformas que o Brasil precisava há 20, 30 anos, estão avançando. É algo antagônico, já que um presidente sem popularidade alguma conseguiu fazer coisas que aqueles que tiveram muita popularidade não tiveram condições ou coragem.
É um presidente que atua de forma muito parlamentar, sempre em conjunto com o Congresso, com o Congresso ao lado, e não abaixo – como foi tratado o Congresso durante muito tempo, como um "puxadinho" do Palácio do Planalto. Com isso, as reformas – Lei do Teto, Trabalhista, Terceirização, Ensino Médio – são assuntos que trazem uma nova confiança, principalmente do setor que investe no país, que gera emprego. Essa confiança do setor empresarial dá a Temer um perfil de presidente reformista.
Em paralelo a isso, existem as denúncias que ocorreram. Foi uma sequência que já vinha do governo do PT, até porque ele era parte do governo. É claro que abala e continua deixando, por um lado, uma população cética com a classe política, sem acreditar nos seus governantes. Mas não há como negar que as reformas têm melhorado a situação econômica do Brasil.
DW: Mas o Congresso barrou a possibilidade de o presidente Temer ser investigado por essas denúncias.
NL: Na verdade, o Congresso adiou. A presidente Dilma tem denúncias na Procuradoria Geral da República (PGR) há um ano e quatro meses. E até agora não foi oferecida denúncia contra ela. Existem assuntos parlamentares que estão lá há um, dois, dez anos sem uma investigação. O que nós fizemos foi (evitar) que a política novamente não conflitasse com a economia. A PGR tem todo o direito de investigá-lo, mas a partir de 1º de janeiro de 2019.
DW: O governo Temer tem sido duramente criticado por sua política ambiental dentro e fora do Brasil, inclusive por doadores do Fundo Amazônia. Vários retrocessos são apontados, como a medida provisória que ficou conhecida como MP da grilagem (759/16), sancionada recentemente. Pesquisadores, organizações, movimentos sociais acusam a Frente Parlamentar da Agropecuáruia de estar por trás desses retrocessos, com interesse de diminuir a proteção ambiental. É esse o interesse de vocês?
NL: Óbvio que não. O Brasil é o país com a legislação ambiental mais rígida do mundo. E tem uma interferência internacional enorme para continuar com essa rigidez. Essa mesma rigidez não acontece nos países que bancam várias organizações ambientais – muitas organizações no Brasil são bancadas com dinheiro internacional.
Sobre essa medida provisória que você diz que regularizou a grilagem: há 30, 40 anos, o governo brasileiro distribui assentamentos no país inteiro. Pessoas foram para o meio do mato, sem estrada nem energia, pegar um lote pra fazer produção agrícola familiar. Em 30 anos, o governo não deu a esse produtor o título da propriedade. Qual é o interesse dessas ONGs em não titular esses proprietários de terra? Deixar ele com a coleira no pescoço, dependendo do Estado ou de partido político? Ele tem direito a passar a terra como herança para o filho, buscar financiamento no banco, fazer qualquer coisa como proprietário. O que ele não pode é ficar sem o título da terra.
O que cria as invasões e os conflitos agrários é exatamente essa insegurança do direito da propriedade. Essa insegurança no campo, esse caos: a impressão que dá é que o que as ONGs querem é isso. Querem a guerra, o caos, a insegurança. Você tem um apartamento, uma terra, e você não tem direito ao título dele?
DW: Mas a denúncia é de que se trata de invasão de terras públicas e de áreas de reserva ambiental.
NL: Não tem como não ser em terras públicas. No norte do Mato Grosso, por exemplo, cidades como Sinop, Alta Floresta, Guarantã. Peixoto, Matupá, Sorriso, onde estão os maiores produtores de soja do Brasil hoje: eles foram para lá na década de 1970 quando o governo brasileiro disse: "Vamos integrar a Amazônia para não entregar a Amazônia", para não perder para Venezuela, Bolívia, que estavam assumindo a Amazônia.
Esses brasileiros foram para lá há 50 anos, jogaram sua juventude inteira para construir cidades, pontes, hospitais, com o próprio suor. Essas propriedades foram vendidas, e não invadidas. Aquelas terras todas eram da União, e a União vendeu as propriedades para construção de cidades. E essa distribuição de terra agora precisa ser legalizada.
O Incra abriu inúmeros assentamentos. Aliás, quem mais desmatou a Amazônia na história do Brasil foi o Incra. Levou gente, levou pessoas. Essas pessoas estão há 20, 30 anos e suas terras precisam ser regularizadas.
O impedimento de regularizar a terra de quem está em cima da terra é um absurdo, desumanidade. Estamos falando de inclusão social. Por que que tem que excluir esses brasileiros? Qual é a intenção dessas ONGs?
DW: Denúncias apontam que medidas como a MP 759 têm estimulado mais invasão de terras públicas dentro de áreas que eram destinadas à conservação.
NL: Não é verdade. Isso eu vou taxar como mentira. Reserva é reserva. O Brasil tem 65% do seu território inteiro em reservas. O Brasil produz com toda a sua capacidade e competência em 8% do território brasileiro, para produção agrícola, 9% é para assentamentos, 13% para área indígena, e o restante, que vai somar com área indígena para chegar nos 65%, são APPs [Área de Preservação Permanente], reservas e parques municipais, estaduais, federais.
Então não é verdade. Não existe isso de invadir reserva. A invasão de reserva é assunto do passado, já acabou há muito tempo. O que se regulariza são terras que têm critérios. Eles [ONGs] não trabalham com a verdade, nem com a questão fundiária, nem com a questão indígena. É impressionante como criam factoides para exatamente continuar o caos que está aí. Nós da Frente Parlamentar, e é a obrigação do Congresso Nacional, trabalhamos pelo direito à propriedade.
[Nota da DW: Com base em dados do Ministério de Meio Ambiente e da  Funai, é correto afirmar que 32% do território nacional encontra-se dentro de unidades de conservação e Terras Indígenas. Embora o Código Florestal obrigue propriedade rurais a manter áreas de preservação permanente e de reserva, não se sabe exatamente o quanto da lei é cumprida dentro das propriedades. Isso será possível quando os dados do Cadastro Ambiental Rural forem processados, o que está em andamento. Segundo Gerd Sparovek, pesquisador em uso da terra e conservação da USP,  chegar aos 65% só seria possível num futuro distante de cumprimento integral do Código Florestal. Segundo o pesquisador, não existem estudos científicos que fundamentem o uso dessa estatística de que 65% do Brasil estaria conservado.
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Fonte: DW
DW: Falando na questão indígena: muitas lideranças e associações avaliam esse momento como muito perigoso, com diminuição dos direitos.
NL: Os que falam isso são pessoas bancadas pelas ONGs. O orçamento da Secretaria Nacional de Saúde Indígena é de 2 bilhões [de dólares] por ano. Quase a metade desse dinheiro é gerido por ONG. O número de morte de índios nos últimos dez anos aumentou 170%. Essas ONGs receberam 1 bilhão de dólares de dinheiro estrangeiro para cuidar da saúde do índio nos últimos seis, sete anos. De cada 100 índios que morreram, 40 eram crianças de um a cinco anos. Onde que está esse dinheiro? Quem está cuidando desse índio de verdade? Quem está cuidando do índio é exatamente quem mora no município, é o produtor que é vizinho dele, é o prefeito, a saúde pública municipal, estadual, porque esse dinheiro não está chegando lá.
[Nota da DW: O Ministério da Saúde informa que dados de óbito de 2016 inseridos no Sistema de Informação de Atenção a Saúde Indígena - SIASI apontam um aumento na mortalidade geral da população indígena em 13%, em relação a 2007. A mortalidade infantil indígena é de 31,28 por mil nascidos vivos, o que é mais que o dobro da média geral nacional, de 13,8.]
Então, sinceramente, essa representatividade, ou ela está muito falha, ou não tem muita competência para cuidar, e não está resolvendo o problema. A questão indígena é um assunto que precisa ser tratado com dignidade. Eles falam em demarcação, em momento perigoso... Mas o Brasil não pode continuar com essa insegurança jurídica nesse setor. Para tudo tem que ter regra. Como o marco temporal.
A Constituinte diz que o Brasil, quando foi descoberto, aqui habitavam apenas índios. Em 1988, a Constituinte diz que o Ministério Público e a Funai teriam cinco anos para demarcar essas áreas onde o índio habitava. Mas ele fala isso como uma "fotografia", dia 5 de outubro de 1988, e não como um "filme". Senão você não cria uma estabilidade num país como o nosso. Ocorre que, devido à interpretação desse segmento [ONGs], eles não querem o marco temporal.
Villas-Bôas retirou os índios de várias localidades e levou para o Parque Nacional do Xingu [referência aos irmãos Villas-Bôas, importantes sertanistas da Expedição Roncador-Xingu, em 1943]. Esses locais remanescentes se tornaram cidades, propriedades, áreas de produção. Os índios não moram mais lá desde 1950. Agora, algumas pessoas querem reivindicar essas áreas.
Se o Estado brasileiro falhou, quem tem que pagar essa conta é o próprio Estado. O marco regulatório não é para proibir demarcação, mas é para dizer o seguinte: se você acabou indo para uma região como essa, onde, num passado de 100 anos atrás teve índio, mas não tem há 100 anos, e você tem uma propriedade, e querem tirar você de lá, o Estado pode tirar você de lá. Mas não na regra atual que existe na questão indígena. O Estado vai ter que tirar e desapropriar, e não expropriar. Na prática: o Estado vai ter que indenizar.
DW: No entanto, muitas expulsões foram forçadas com violência, como o caso dos Pataxós, na Bahia, para que a terra fosse ocupada e explorada por não-índios. E esses índios expulsos, há décadas, tentam retornar para suas terras.
NL: Por isso que tem que ter o marco temporal. Se não for assim, a Praça da Sé tem que ser devolvida aos índios. Você precisa ter uma regra. Se for assim, tem que devolver todas as jóias da Alemanha, os quadros, porque foi tudo [adquirido] na guerra. Quando os portugueses descobriram o Brasil, eles criaram o Brasil.
Se você viver num país que não tem regra, vira o caos. Essa sua analogia é justamente a das ONGs e de alguns. Villas-Bôas tirou vários índios e levou para o Parque Nacional do Xingu e eles vivem lá muito bem. Mas as áreas que eles deixaram foram ocupadas por cidades, por propriedades, tudo mais, agora eles querem reivindicá-las?
DW: Quando o senhor fala em acabar com a insegurança jurídica em relação ao marco temporal, o senhor quer dizer exatamente o quê? Insegurança para quem?
NL: Insegurança do direito à propriedade. O dono da terra é um ser humano, é brasileiro. Ele comprou de boa fé, pagou, escriturou, gerou emprego, criou família e, de repente, um antropólogo decide que ali era uma área indígena. É assim que funciona hoje. Daí tiram você da propriedade sem o direito de tirar uma máquina. Deixa de ser um produtor para ser invasor, um caloteiro porque não vai conseguir pagar o financiamento, e causa destruição de famílias: teve uma quantidade enorme de suicídios, separação, e tudo mais, por conta desse modelo absurdo que foi adotado nos últimos anos de demarcação de área indígena.
DW: E onde os indígenas devem viver, então?
NL: Vou te dar um exemplo: 98% das áreas demarcadas estão na Amazônia. Eles têm que viver no habitat natural deles. Mas só que essa realidade não é absoluta. Quem cuida da questão indígena, ONGs e alguns desavisados, não entendem que a cultura do índio do Sul é diferente da do Norte. A metade dos índios do Brasil está na área urbana. Eles não querem ficar lá na aldeia. A grande parte disso vive de Bolsa Família. Não se pode tratar o índio como se fosse um animal irracional, de estimação, um quadro bonito na parede. Ele tem direito à escolha. Ele mora em cima de uma mina riquíssima de diamante e não pode explorar. Os outros podem, mas ele passa fome.
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Fonte: DW
DW: Na verdade, a Constituição garante o usufruto exclusivo aos indígenas das riquezas do solo nas terras demarcadas. O que é proibido é a exploração de terceiros sem todas as condicionantes serem atendidas.
NL: Não, ele não pode. É por isso que nós estamos brigando. Nós queremos que ele possa. Que ele possa plantar, vender, comercializar, como qualquer ser humano.
[Nota da DW: o capítulo 3, Artigo 231 da constituição diz "§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes. / § 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.]
DW: Mas é isso que os indígenas querem?
NL: É somente isso que eles querem. Quem não quer são as ONGs, que querem continuar manipulando, tratando os indígenas como um quadro de estimação. Os índios têm que ter autonomia, a nossa luta é para que eles sejam ouvidos. A maioria dos caciques não querem mais intermediários. Nós queremos a Funai forte, quem não quer são eles. Quem são eles: a maioria dos grupos são ligados ao Partido dos Trabalhadores. O PT ficou 13 anos no poder. Quem desmontou a Funai foi o governo do PT. Índio hoje tem que ficar peregrinando pra achar atendimento. Índio foi maltratado, foi muito usado. Mas a vida deles não melhorou. Piorou, e piorou muito, exatamente sob a tutela dessas ONGs, desses grupos. A maior parte dos índios que vêm protestar em Brasília é bancada para vir até aqui.
DW: E todas as manifestações que temos visto, o Acampamento Terra Livre que reuniu milhares de lideranças em Brasília? O que foi tudo isso?  
NL: São coisas diferentes. O movimento anual dos índios é organizado por alguns grupos que estão ali no meio. Eu posso garantir que o percentual é bem maior de indígenas que querem discutir outra coisa: saúde, educação, vida social, necessidades básicas. Talvez 1% esteja discutindo terras.
DW: Muitas comunidades indígenas alegam querer apenas o direito de viver em suas terrase manter a floresta, o modo de vida em harmonia com a natureza. E as críticas da Frente Parlamentar da Agropecuária são direcionadas justamente a essa opção de vida que os indígenas querem manter. E o senhor parece acreditar que a paz e o desenvolvimento para os indígenas seriam a exploração da terra deles.  
NL: Não, não. O índio de algumas regiões quer plantar, plantar soja... Não adianta o Estado ir lá e dar dez mil mudas de abacaxi e mandar para o Mato Grosso. O índio não quer isso. Ele quer, por exemplo, explorar o turismo ecológico. Mas para o índio conseguir uma liberação da Funai para fazer esse tipo de exploração é uma burocracia fora do comum. Se tem um dinheiro que é desviado neste país é dinheiro de índio, tanto via ONGs e Estado brasileiro. O índio está jogado à própria sorte.
Mas tem o índio que quer explorar minério, plantar soja, arrendar a área que já está aberta, porque nem tudo é mata. As culturas são diferentes: tem gente que tem a terra como a mãe intocável. E outros veem como uma forma de cultivar. Precisamos ouvi-los. E tudo o que essas organizações querem é colocar uma separação de "nós" contra "eles". E não é verdade.
Invasão de área indígena é algo que não existe mais. Mas o contrário tem. Existem áreas que estão sendo estudadas e que os índios são incitados por essas ONGs a invadir antes mesmo de estar julgado.
DW: Num ranking internacional feito por uma organização inglesa, o Brasil lidera em número de mortes de ambientalistas e lideranças comunitárias, inclusive indígenas que brigam pela terra. Na opinião do senhor, a que se deve essa liderança?
NL: Ao Estado Brasileiro. Foi ele que criou tudo isso. Quem mais protege o meio ambiente do Brasil? Onde que está esse meio ambiente? Na Amazônia, 80% da propriedade tem estar preservada, segundo a legislação. Quem que paga por isso? Ninguém. O produtor tem que bancar tudo, manter a floresta viva, sem incendiar, sem nenhum risco.
Se lá tem uma nascente, um córrego, é o proprietário que protege, dono do terreno. Quem protege nascente, córrego e 80% de mata é o proprietário, não é Estado, não é dinheiro internacional – eles só exigem. Quem preserva o meio ambiente é o produtor. E ele é vizinho de uma aldeia indígena. E quando há um emergência com o índio, quem socorre o índio? Quem tem o veículo? É esse produtor. Essa relação é muito próxima. O conflito entre índio e não-índio no Brasil foi criado pela ausência ou pela má influência do Estado brasileiro, que não tem uma política para o ser humano indígena – fica discutindo terra e não discute ser humano, a vida dele, o que ele precisa de fato, quais são suas necessidades. 
Nos Estados Unidos, os índios são milionários porque deram a eles o direito de explorar a sua propriedade. A maioria é dono de áreas de cassinos e tudo mais.
Eu não sei a quem interessa esse conflito. Mas não é ao produtor rural. O Estado brasileiro quer tomar aquela área para dar ao índio sem dar nada ao produtor.
NL: Claro que é um custo. Você tem os problemas naturais, incêndios. Para preservar é preciso ter um monte de coisas: cisternas, água, caixas de água, toda uma estrutura dentro da propriedade. E quem paga a conta por isso? Cobrar é fácil. Quem paga é o produtor rural. Se alguém quer muito que o Brasil seja esse modelo que nenhum outro país do mundo foi, nós concordamos. Mas é preciso ser remunerado por isso.
A floresta traz inúmeros benefícios, assim como a produção traz. A população não pode ficar sem comer. Quem vai sustentar esse mundo inteiro vai ser o Brasil. Para que isso ocorra, precisa ter investimento, como em qualquer lugar.
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