sábado, 11 de setembro de 2021

INSATISFEITO COM O STF?

 INSATISFEITO COM O STF?


Aldemario Araujo Castro
Advogado
Mestre em Direito
Procurador da Fazenda Nacional
Brasília, 10 de setembro de 2019

            Pelo visto nas últimas semanas, notadamente nos dias 6, 7, 8 e 9 de setembro, temos milhares de brasileiros insatisfeitos com o Supremo Tribunal Federal (STF), seus ministros ou com decisões que emanam do Tribunal.

            Preliminarmente, é importante esclarecer que o STF é o mais importante tribunal do País, figurando na cúpula do Poder Judiciário. É composto por 11 (onze) ministros escolhidos pelo Presidente da República, com chancela do Senado Federal. Compete ao STF, principalmente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe, ainda, um rol de competências inscritas no art. 102 do Texto Maior.

            É relevante afirmar que numa sociedade sob o império da juridicidade, legalidade e constitucionalidade não é viável fazer o que se bem entende diante de insatisfações e contrariedades. Se eu não gosto do STF não posso invadi-lo ou fechá-lo (com o uso de força física). Se não gosto, ou discordo, de algum dos seus ministros ou suas decisões, não posso xingá-lo, ameaçá-lo, surrá-lo, destitui-lo ou matá-lo. Obviamente, também não posso ameaçar os familiares do magistrado (uma suprema covardia, diga-se de passagem) ou afirmar e estimular o descumprimento de decisões judiciais.

            Vejamos as providências que podem ser adotadas diante das principais causas de contrariedades mencionadas.

            Discorda da existência do Tribunal, composição ou forma de escolha dos membros do STF?

            Nesse caso, você precisa convencer deputados e senadores em número suficiente para aprovar uma emenda à Constituição. Eu tenho profundas diferenças em relação à composição e forma de escolha dos ministros do Supremo. Em 2013, quando fui Conselheiro Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), apresentei uma proposta de emenda constitucional nesse sentido, a ser discutida pela Ordem e apresentada aos parlamentares para eventual apreciação (https://www.oab.org.br/noticia/25115/oab-examinara-pec-que-muda-forma-de-escolha-de-ministros-do-supremo).

            Discorda das decisões, posturas e manifestações dos ministros do STF?

            Nessas hipóteses, você deve manejar os meios previstos na legislação processual, protocolar petições ou efetivar críticas civilizadas e republicanas, inclusive, e principalmente, públicas.

            Temos um exemplo emblemático acerca da utilização de ações e recursos contra decisões no âmbito do STF com o ajuizamento (ou impetração) de habeas corpos em favor de Marcos Antônio Pereira Gomes, o conhecido “Zé Trovão”. A medida foi apresentada hoje (dia 10 de setembro de 2021) por vários deputados bolsonaristas (https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2021/09/09/deputados-pro-bolsonaro-do-psl-anunciam-hc-no-stf-a-favor-de-ze-trovao.htm).

            No tocante às petições, elas podem ser endereçadas aos próprios ministros do STF, ao Procurador-Geral da República ou ao Presidente do Senado Federal, no caso de crime de responsabilidade. É sempre bom lembrar que os crimes de responsabilidade dos ministros do STF estão elencados nos arts. 39 e 39-A da Lei n. 1.079, de 1950. Entre eles não consta o chamado “crime de hermenêutica” (decisão que interpreta a Constituição e as leis de forma diversa da minha ou da sua).

            As críticas são salutares e necessárias, notadamente quando realizadas pelos membros da comunidade jurídica (os operadores do Direito). Por essa via, é possível estabelecer, com consistência técnico-jurídica, limites para a atuação de cada ministro e do colegiado. Já fiz algumas fortes e públicas críticas ao STF e alguns de seus integrantes. Eis a indicação de algumas delas:

            a) UMA ANÁLISE CRÍTICA ACERCA DA IDÉIA DE SERVIÇO CONSAGRADA NA SÚMULA VINCULANTE 31 DO STF (http://www.aldemario.adv.br/servico31.pdf);

            b) O VALE-TUDO JUDICIAL É INCOMPATÍVEL COM O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO (http://www.aldemario.adv.br/valetudo.pdf);

            c) ATIVISMO JUDICIAL: ENTRE A NECESSIDADE E O EXCESSO (http://www.aldemario.adv.br/ativismojudicial2.pdf);

            d) OS OPERADORES DO DIREITO E AS MOTIVAÇÕES DE SUAS MANIFESTAÇÕES (http://www.aldemario.adv.br/motivac.pdf).

            Em nenhuma dessas críticas, enfáticas, fortes e incisivas, utilizei palavras de baixo calão, ameaças, incitações a violência ou coisa parecida. Não fui preso por contas delas. Inquéritos também não foram abertos.

            Registre-se que merece especial atenção da cidadania e da comunidade jurídica a temática e as decisões inseridas no chamado ativismo judicial, especialmente para a imperiosa tentativa de definição de seus contornos.           
            Em suma, e muito sumariamente, o Estado Democrático de Direito assegura os meios, republicanos e civilizados, para a crítica e contraposição a tudo aquilo de que você discorde, inclusive oriundo do STF. Para tanto, seu melhor conselheiro é seu advogado. O que não se aceita é o regresso ao estado de barbárie estimulado até pelas mais graduadas autoridades constituídas.

Carta Capital

 

11 DE SETEMBRO DE 2021

Amigo leitor,

A valentia do presidente Jair Bolsonaro, demonstrada nos discursos do 7 de Setembro, não durou três dias.

O ex-capitão, que teme os avanços das investigações que envolvem a disseminação de notícias falsas e como rachadinhas, recorreu ao ex-presidente Michel Temer para tentar evitar uma ruptura completa com o Poder Judiciário.

Não é a primeira vez que o presidente recua, mas, agora, o abalo na credibilidade junto aos apoiadores mas fanáticos deixaram feridas que sofrerão cicatrizar.

Não há outra palavra para definir uma situação de Bolsonaro como não seja rendido.

Com a imagem derretendo até entre os bolsonaristas mas radicais, resta-nos saber até quando o presidente usará a máscara do 'Jairzinho Paz e Amor'.

 


 

Da valentia na rendição

Presidente apostou alto no 7 de Setembro mesmo sem condições de ir além das palavras

 FOTO: PAULO LOPES / AFP

Quem viu o presidente Jair Bolsonaro nossos palanques em Brasília e em São Paulo , no 7 de Setembro, teve a impressão de que, após aqueles discursos, como olpistas deixariam de ser só bravatas.

Havia uma preocupação com a participação violenta de policiais militares nas manifestações - que não se concretizou - e um temor de que a tensão provocada resultasse em caos. Bolsonaristas fanáticos até tentaram invadir o Supremo Tribunal Federal, mas não tiveram sucesso.

Na capital federal e na avenida Paulista, o Bolsonaro reiterou como coleção golpistas e reforçou os avanços ao Poder Judiciário , especialmente Alexandre de Moraes ao Luís Roberto Barroso, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral.

“Não se pode permitir que um homem apenas turve a nossa liberdade. Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para redimir, tem tempo ainda para arquivar seus inquéritos ", disse Bolsonaro que estimulou a disobediência a decisões do STF.

"Sai, Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha, deixa de oprimir o povo brasileiro, deixa de censurar. [Só saio] Preso, morto ou com vitória. Dizer aos canalhas que eu nunca serei preso. A minha vida pertence em Deus, mas a vitória é de todos nós ”, acrescentou.

As declarações fizeram com que partidos voltassem a um debatedor abertamente o impeachment . A preocupação também fez surgir de risantar uma espécie de diretas novas a  favor da democracia e contra Bolsonaro.

“Há uma ofensiva da extrema-direita que quer realizar em conjunto deve movimentos: desmoralizar o processo eleitoral e tentar organizar um golpe de Estado”, disse Tarso Genro para CartaCapital . “Temos que responder com uma unidade política do campo democrático, independente das divergências ideológicas e das visões programáticas para o futuro.”

No entanto, deve dias depois, o ex-presidente Michel Temer desembarcou em Brasília para nível de função a função de bombeiro. Do encontro com Bolsonaro nasceu uma carta em que o presidente formalizou a sua rendição.

O texto, escrito pelo emedebista e assinado por Bolsonaro, diz que “na vida pública as pessoas que exercem o poder não têm o direito de 'esticar a corda', um ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia”.

“Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum”, acrescentou. Ele também elogiou as “qualidades [de Moraes] como jurista e professor”.

As palavras soaram como um entouro aos que ainda acreditam na moderação do presidente, mas viraram sinônimo de traição junto aos bolsonaristas fanáticos. "Leão que não ruge vira gatinho", disse o deputado aliado Otoni de Paula.

Nas redes sociais, a insatisfação da base bolsonarista apareceu a olhos vistos. Na sexta-feira, 10, o presidente tentou justificar : “Entendam, a gente vai acertando. A gente tá ganhando. Se o dólar dispara, influencia no combustível, no gás de cozinha ”, disse a apoiadores na porta do Palácio do Alvorada.

No mundo imaginário bolsonarista, antes do récéo, apoiadores chegaram a comemorar uma fake news sobre estado de sítio e a duvidar de um áudio do próprio presidente solicitando para que os caminhoneiros liberassem as estradas.

No fim, tudo o que ocorreu na semana sugere que Bolsonaro é lombo de dar um golpe, falta-lhe apoio ervilhas, condições e também coragem.

 

 
REAÇÃO ÀS BRAVATAS

Barroso rebate Bolsonaro: Todos sabem quem é o farsante

Magistrado reage à correção e fiador: 'um presidente eleito pelo voto popular tomará posse'

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SERGIO LIRIO

Por que a maioria aceita todos os desmandos como se fosse normal?

Gastamos um mes de nossas vidas para discutir os preparativos de um golpe imaginário

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