sábado, 17 de março de 2018

Manifestantes vão às ruas em várias cidades do mundo em protesto pelo assassinato de Marielle


Manifestantes vão às ruas em várias cidades do mundo em protesto pelo assassinato de Marielle

Há mais manifestações previstas para esta sexta e durante o final de semana; no Brasil, diversos protestos tomaram as ruas na noite desta quinta-feira
O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes na noite de quarta-feira (14/03), no Rio de Janeiro, motivou atos em todo o Brasil e em capitais de outros países nesta quarta-feira (15/03). Segundo estimativa do PSOL, partido da parlamentar, foram organizadas mais de 20 manifestações no país. Foram realizados atos também em Buenos Aires, Montevidéu, Lisboa, Berlim, Londres, Amsterdã, Santiago e Nova York.
Saiba como foram algumas das manifestações:
Argentina
Na Argentina, os manifestantes se reuniram em vigília em Buenos Aires para protestar contra a morte da vereadora do PSOL. A concentração aconteceu no Obelisco, ponto turístico portenho, e reuniu cerca de cem pessoas.
Portugal
Já em Portugal, houve protestos em Lisboa, Porto e Coimbra. Na capital portuguesa, mulheres realizaram uma passeata a partir da praça Luis de Camões, no bairro do Chiado. Em Braga, há uma nova manifestação marcada para segunda-feira (19/03). A “Vigília pela Feminista Marielle Franco” também foi programada para segunda a partir das 18h (15h no horário de Brasília) em Lisboa.
Chile
Em Santiago, manifestantes se reuniram na frente da Embaixada do Brasil, em um ato de solidariedade à vereadora executada. Foi feita uma vigília em memória a Marielle.
Outras cidades
Mais manifestações estão previstas para esta sexta. Nova York, Washington e Dublin devem ser palco de novos protestos. Para este final de semana, ativistas planejam um cortejo em Paris.
Amanda M. Karam/Facebook

Protesto em Buenos Aires aconteceu no Obelisco, famoso ponto turístico da cidade

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Brasil
No Rio, uma multidão está reunida no centro da cidade, na Cinelândia, onde prestam homenagem à vereadora e ao motorista e cobram que os responsáveis sejam punidos. Manifestantes acenderam velas na Câmara dos Vereadores e também penduraram faixas com dizeres como: "Marielle Gigante" e "Não nos calarão". 
Já em São Paulo, milhares de pessoas ocuparam no início da noite de ontem o vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp). As seis faixas de rolamento em frente ao prédio do museu foram bloqueadas ao tráfego de carros. Discursos comovidos se alternaram a gritos de palavras de ordem como “Marielle, presente".
O ato na capital paulista também contou com a participação das percussionistas do instituto cultural Ilú Obá de Min, que tocaram tambores em homenagem a vereadora assassinada. Em seguida, a manifestação seguiu em passeata pelas ruas do centro da capital paulista.
Em Brasília, o ato começou às 17h e reuniu mais de 300 pessoas na Praça Zumbi dos Palmares, tradicional palco de manifestações na região central da cidade. Representantes de diversos movimentos sociais e partidos estiveram presentes para prestar homenagens, destacar a luta histórica de Marielle e cobrar apuração do crime.
Segundo Jacira Silva, diretora do Movimento Negro Unificado (MNU), a violência contra negros não é nova, mas a morte de Marielle e de Anderson significou o ápice de uma escalada que se amplifica no contexto da intervenção federal na segurança pública do Rio. 
“Quando há casos assim, ou são absolvidos ou não cumprem suas penas. A impunidade que historicamente ocorre no país não pode continuar. Que os autores sejam responsabilizados”, defendeu a diretora.
(*) Com Agência Brasil

“Democracia está ameaçada”, disse Marielle Franco em entrevista inédita; assista:

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Foto: Leonardo Coelho/Ponte
Há menos de um mês, Marielle Franco falou sobre intervenção federal e o quanto o discurso do medo prejudica a população negra e favelada.
Por Maria Teresa Cruz e Pavio, na Ponte Jornalismo
“Foi um dia infeliz, de dor”, desabafou a vereadora Marielle Franco (PSOL), a respeito do anúncio da intervenção federal na segurança do Rio de Janerio pelo governo Michel Temer (MDB). O desabafo foi feito numa de suas últimas entrevistas, concedida à Pavio, parceira da Ponte, menos de um mês antes de Marielle ser assassinada, junto com o motorista Anderson Pedro Gomes, no Estácio, região central.

Para Marielle, a intervenção iria trazer “o acirramento da violência nos corpos nossos de favelados” e fazia parte de um processo que colocava a própria democracia em risco. “O processo de democratização está ameaçado por causa do que está colocado: servidor, saúde, caos em varias áreas e intervenção na segurança, o que ajuda a controlar ainda mais o que vinha sendo controlado antes”, afirmou.
“Esses dias a gente conversava ali na Maré, sobre o quanto os 14 meses de incursão militar… e não só da PM, mas da força nacional, do Exército, o barulho dos tanques, de tanque blindado, o barulho do tanque ainda é muito latente que ficava na porta de um dos prédios que eu morei até pouco tempo. Esse medo, esse desespero é onde a gente chora porque corta na nossa carne”, disse na entrevista.
Militante dos direitos humanos, Marielle Franco, 38 anos, foi a quinta vereadora mais votada do Rio e recentemente foi nomeada relatora da Comissão da Intervenção na Câmara. Além de referência no feminismo negro, a vereadora incomodava porque denunciava a violência policial, especialmente nas favelas.
Na entrevista de fevereiro, Marielle defendeu discutir a política de combate às drogas e falou sobre programas de redução de danos para que não se trate o usuário como traficante. Para ela, a intervenção aconteceu, muito em parte, por causa de um discurso do medo. “Havia uma sensação de insegurança que se fortaleceu por parte da mídia, especialmente durante o carnaval, o que reforçou esse pedido de intervenção”, ponderou.
Para Marielle, apesar das pressões, ainda mais como figura pública, a luta tinha que se fortalecer, mesmo em momentos de cerceamentos de liberdades individuais. “A vida no Rio de Janeiro anda muito ameaçada, mas tem muita resistência também. Especialmente contra essa mão de controle pra cima de corpos favelados. Hoje a gente tem o temor e aí, quem aqui vigia os vigias? Quem presta contas? A gente vem para ocupar a rua, sim”, disse em outro trecho, no tom combativo que costumava ser sua marca.

'Mulher, negra e favelada, Marielle Franco foi vítima da violência que denunciava', diz jornal francês Libération

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Repercussão do assassinato da vereadora do PSOL prossegue forte na imprensa estrangeira; segundo L'Express, protestos mostram também forte revolta contra a violência policial e o governo Temer
A imprensa europeia continua repercutindo nesta sexta-feira (16) o assassinato da vereadora do PSOL, Marielle Franco, e do motorista Anderson Pedro Gomes, no Rio de Janeiro.
"Rio de Janeiro: uma vereadora de esquerda assassinada" é a manchete de uma matéria publicada pelo jornal Libération. "Mulher, negra e favelada. Vítima da violência que denunciava", escreve a correspondente do diário no Brasil, Chantal Rayes. 
Vereadora do Rio, incansável ativista dos direitos humanos, Marielle Franco, de 38 anos, foi morta com cinco tiros na cabeça, em pleno centro da Cidade Maravilhosa", diz Libération. Para o jornal, a militante encarnava a esperança de renovação da esquerda, em um momento no qual a corrupção reina no Brasil.
A grande questão é quem matou Marielle, reitera Libération, salientando que os investigadores privilegiam a tese de execução. Todas as circunstâncias levam a crer que o crime teve motivação política, ainda que a vereadora não tenha sido alvo de ameaças, publica o jornal. 
Reprodução

Liberátion: Marielle foi vítima da violência que denunciava

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Brasileiros indignados
O site da revista francesa L'Express fala da mobilização em várias cidades na quinta-feira (15/03) em memória de Marielle. "Milhares de brasileiros indignados dão adeus à vereadora negra assassinada", é o título de uma matéria online da semanal. L'Express lembra que Marielle encarnava a luta contra o racismo e a violência policial e que foi morta quando voltava de um debate sobre mulheres negras. 
L'Express escreve que os protestos contra a morte da vereadora mostram também uma forte revolta contra a violência policial e o governo de Michel Temer. O assassinato indignou personalidades, como o cantor Chico Buarque, que participou da manifestação no Rio, e chegou até a ONU. A representação das Nações Unidas no Brasil pediu em comunicado uma investigação rigorosa, classificando Marielle como "uma das principais vozes em defesa dos direitos humanos no país", destaca L'Express.
O jornal britânico The Guardian também ressalta em seu site os protestos em várias cidades brasileiras. No Rio de Janeiro, onde está baseado o correspondente do diário, Dom Phillips, a manifestação uniu militantes de esquerda, do movimento negro, feministas e moradores das regiões mais pobres da capital fluminense. 
The Guardian escreve que Marielle "mulher negra e lésbica, que desafiou a bizarra política carioca ao ser a quinta candidata mais votada nas últimas eleições, era uma especialista em violência policial, e havia recentemente denunciado as agressões dos militares aos moradores das favelas. Integrante de um partido de esquerda, Marielle Franco também era conhecida por seu trabalho social. Esse era seu primeiro mandato", publica.

Líderes mundiais repudiam assassinato da vereadora Marielle Franco

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Evo Morales, Cristina Kirchner, Delcy Rodríguez e Dilma Rousseff foram algumas das personalidades a se pronunciarem; vereadora pela cidade do Rio de Janeiro foi assassinada na última quarta-feira

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Líderes de vários países manifestaram seu repúdio ao assassinato da vereadora Marielle Franco, do PSOL-RJ, morta a tiros na última quarta-feira (14/03)
Em sua conta no Twitter, o presidente da Bolívia, Evo Morales, se pronunciou expressando “dura condenação ao brutal assassinato” de Marielle, a quem chamou de “companheira de luta e uma valente mulher que sacrificou sua vida em defesa dos direitos humanos”.
A ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, também manifestou indignação pelo assassinato da vereadora carioca e classificou o fato como “crime político do estado de exceção que se vive no Brasil”.
Em nota, o governo da Venezuela expressou “seu mais profundo sentimento de solidariedade ao povo brasileiro pelo repudiável assassinato da vereadora do Partido Socialismo e Liberdade”. O documento ainda chama Marielle de “mulher lutadora pelos direitos humanos, igualdade social, visibilidade de mulheres afrodescendentes, comunidades pobres e periféricas” e ainda repudia “toda forma de violência política que atente contra o Estado de Direito”.
Reprodução

Vereadora pela cidade do Rio de Janeiro foi assassinada na última quarta-feira

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A presidente da Assembleia Constituinte venezuelana, Delcy Rodriguez, se manifestou sobre Marielle, descrevendo a vereadora como “valente mulher do Brasil que entregou sua vida pela defesa dos direitos humanos e se ergueu frente à ditadura de Michel Temer”.
A primeira-dama da Venezuela, Cilia Flores, expressou “condolências ao povo brasileiro pelo covarde assassinato de Marielle Franco”. “Nada conseguirá silenciar sua luta”, escreveu a esposa de Nicolás Maduro em sua conta no Twitter.
A ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, afirmou que são “tristes dias para o país onde uma defensora dos direitos humanos é brutalmente assassinada” e lamentou a morte da “ativista Marielle Franco, vereadora pelo PSOL, e de Anderson Pedro Gomes, seu motorista”.