quinta-feira, 6 de maio de 2021

A questão militar e as perplexidades da esquerda

 

A questão militar e as perplexidades da esquerda

Roberto Amaral
 

     Uma crítica que se deve fazer à ciência política brasileira   é a  de não se haver detido  adequadamente no estudo das forças armadas, nada obstante o papel de sujeito por elas desempenhado no curso de nossa formação, e a preeminência que sempre exerceram sobre o poder civil em toda a história republicana, mais destacadamente na sequência do golpe de 1964. Essa lacuna, porém, não é de hoje, pois se reflete já nas obras de nossos principais “intérpretes”, omissas na consideração das  forças no  processo sócio-político. Manoel Domingos Neto, um dos poucos cientistas brasileiros que se têm devotado ao tema, registra, entre nós,  certo menoscabo ao estudo das forças armadas, lembrando que “não se exerce poder sobre o que não se conhece”, Pode-se  mesmo atribuir a essa carência de estudos e reflexões muitos dos problemas que terminaram por debilitar os governos civis, quase sempre atravancados por crises militares. A mesma reserva se dirige à universidade, que não se tem  aplicado ao tema. São poucas as dissertações de mestrado e teses de doutorado, são raros os cursos de pós-graduação voltados para questão tão ingente e agônica em nossa vida política. Para a esquerda e para a academia, de um modo geral, a questão militar permanece  como tabu, construído por preconceito ou ranço. Por consequência, a questão, que diz respeito diretamente à democracia e ao poder civil, fica encastelada nos círculos militares, padecendo toda sorte de distorções. Talvez estejamos purgando uma das heranças do comunismo ortodoxo, quando o tema era tratado em círculo fechadíssimo do Partidão – que, no entanto, graças à militância de seus intelectuais, ditava a linha discursiva observada de um modo geral pelos poucos que se voltavam ao tema. Predominava a visão de um exército nacionalista, democrático e legalista. Essa leitura idealista, corpo estranho em corrente de pensamento filiada ao materialismo histórico, via os fardados como oriundos dos estamentos da classe média, e, graças a um determinismo inexplicado, comprometidos com os interesses das grandes massas. A legenda dos combatentes de 1924 aparecia assim congelada, até a rebordosa de 1964. É conhecida a histórica conferência de Prestes na ABI, no dia 17 de março de 1964, quando se amparou em tais pressupostos para garantir – com a dupla autoridade de chefe partidário e herói militar – a impossibilidade de um golpe de Estado com apoio das forças armadas.
     Mesmo presentemente, quando a realidade cobra a revisão de muitas teses desamparadas de comprovação, o tema parece ainda não haver cativado a reflexão que sua importância cobra, e contam-se em reduzido número os pensadores brasileiros de hoje, de dentro e de fora da academia, habilitados a  iluminar a questão. O quadro se revela desolador quando voltamos nossas vistas para o panorama político, partidário e parlamentar. Participei ativamente da elaboração de todos os programas de governo do campo da esquerda de 1989 até a primeira campanha de Dilma Rousseff, e não me recordo de qualquer reflexão razoavelmente atenta à temática militar. Era um tema que nos fugia. Recentemente, a Fundação de um partido de centro-esquerda desativou o grupo de trabalho dedicado à questão. Não pudemos, pois, revelar qualquer estarrecimento quando o presidente Lula, em um de seus mais substanciosos pronunciamentos após as últimas decisões do STF, declarou que assumira o primeiro mandato, em 2003, sem maior clareza quanto a esse desafio, e que se louvara nos conselhos que então lhe prestara o  general Oswaldo Oliva.
A questão central, naquela altura, dizia respeito ao caráter que deveria presidir as relações entre o chefe da nação – personificação do poder civil – e os engalanados, ciosos de uma autonomia sem respaldo na ordem constitucional.
     Essas observações me trazem à baila episódio provocado pelo então comandante do exército (cujo nome a história não guardou) ao fazer publicar, no dia 17 de outubro de 2004, intempestiva e provocativa nota, escrita em nome da força, em que justificava mortes como a de Vladimir Herzog, revivendo, em pleno século XXI, os fantasmas da “subversão” e do “movimento comunista internacional”. Era um texto velho como as más lembranças dos anos 70 do século passado.
     O mundo mudara, o Brasil mudara, mas o pensamento militar permanecia preso às mofadas teses de segurança nacional. O muro de Berlim ruíra, a União Soviética se auto-dissolvera, mas a alta oficialidade brasileira continuava embrenhada na Guerra Fria. E resiste a saltar fora desse bunker.
     Estávamos praticamente no início do governo, em fase ainda de descobrimento de uma realidade até então só conhecida por intermédio da literatura. Tudo era inédito, urgente e delicado, não havia intimidade com as questões de Estado e quase todos éramos neófitos na administração pública. 
     Vindo a público sem prévia submissão ao ministério da defesa, a nota do comandante do exército era, sem dúvida, uma provocação, e logrou o que queria, a saber,  pôr em confronto a autoridade do ministro e as baionetas do “Forte Apache”. A história é conhecida, e teve seu aparente termo com a demissão do irrepreensível ministro da defesa, embaixador José Viegas Filho, que não pode ser acusado de omisso ou tíbio, pois seguiu as orientações de seu chefe, o presidente da república, como relata em sua carta de demissão, do dia 22 de outubro, que transcrevo ao final em face de sua importância histórica, mas acima de tudo confiando que dela um eventual governo progressista a ser eleito em 2022 possa colher a lição que encerra. Ao embaixador Viegas sucederam, no ministério, dois dos mais ilustres homens de Estado, brasileiros de primeira água, mas ambos desafeitos às palavras de ordem, à impositividade e ao comando. 
      A partir desse episódio, o governo perdia condições de comando das forças que constitucionalmente lhe deviam obediência. Se não sobreveio o desastre – a legalidade foi preservada, sabe-se – ali se instalava a erosão do poder civil. Uma vez mais o passado é a fonte de explicação do presente. Não é de hoje o mau vezo de nossos governantes de confundir a aparência com a essência. O silêncio dos militares fôra lido como solidariedade às nossas políticas e as relações governo-partido-forças armadas haveriam de ser as melhores, porque havíamos revertido a dramática situação orçamentária em que se encontravam as três forças e procedêramos a sensível reajuste  dos salários. Fizéramos tudo quanto  mandava um  guia da boa vizinhança, mas havíamos renunciado ao irrenunciável quando se trata de relações com militares: o exercício de rígido  comando.  O resto são consequências, e elas, como lamentava o conselheiro Acácio, “sempre vêm depois”.
 

Carta de demissão do ministro da Defesa, embaixador José Viegas Filho
 
“Brasília, 22 de outubro de 2004
Estimado senhor Presidente
Após uma reflexão prolongada a respeito das ocorrências dessa semana, julgo necessária uma atribuição mais efetiva de responsabilidades com relação à nota emitida pelo Exército no último domingo.
Embora a nota não tenha sido objeto de consulta ao Ministério da Defesa, e até mesmo por isso, uma vez que o Exército Brasileiro não deve emitir qualquer nota com conteúdo político sem consultar o Ministério, assumo a responsabilidade que me cabe, como dirigente superior das Forças Armadas, e apresento minha renúncia ao cargo de Ministro da Defesa, que tive a honra de exercer sob a liderança de Vossa Excelência.
Tenho sido o seu Ministro da Defesa com os propósitos básicos de contribuir para a reinserção plena e definitiva das Forças Armadas do Brasil no seio da sociedade política brasileira, de ser seu [?] enlace entre elas e o governo, representando-as junto a Vossa Excelência e à sua equipe, e de melhorar a sua eficiência e a sua capacidade de ação. Muito avançamos neste período. A título de exemplo, no que diz respeito aos interesses das Forças Armadas, logramos reverter a dramática situação orçamentária em que se encontravam as nossas Forças e reiniciamos os programas para seu reaparelhamento. O reajuste parcial da remuneração dos militares também deu início à necessária correção dos seus vencimentos desatualizados.
O governo cumpriu plenamente com os seus propósitos acima delineados e tratou permanentemente as Forças Armadas com o respeito que elas merecem e obteve delas pronta resposta sempre que necessário, com o ardor, o desprendimento e o profissionalismo que caracterizam os seus integrantes.
Foi, portanto, com surpresa e consternação, que vi publicada no domingo, dia 17, a nota escrita em nome do Exército Brasileiro que, usando linguagem totalmente inadequada, buscava justificar lamentáveis episódios do passado e dava a impressão de que o Exército, ou, mais apropriadamente, os que redigiram a nota e autorizaram a sua publicação, vivem ainda o clima dos anos setenta, que todos queremos superar.
A nota divulgada domingo 17 representa a persistência de um pensamento autoritário, ligado aos remanescentes da velha e anacrônica doutrina da segurança nacional, incompatível com a vigência plena da democracia e com o desenvolvimento do Brasil n século 21. Já é hora de que os representantes desse pensamento ultrapassado saiam de cena.
É incrível que a nota original se refira, no século 21, a ‘movimento subversivo’ e a ‘Movimento Comunista Internacional’. É inaceitável que a nota use incorretamente o nome do ministério da Defesa em uma tentativa de negar ou justificar mortes como a de Vladimir Herzog. É também inaceitável, a meu ver, que se apresente o Exército como uma instituição que não precise efetuar ‘qualquer mudança de posicionamento e de convicções ao que aconteceu naquele período histórico’.
Não posso ignorar que aquela nota foi publicada sem consulta à autoridade política do governo. Assumo a minha responsabilidade. Agi neste episódio desde o primeiro momento. Informei Vossa Excelência, sugeri ações, convoquei no próprio domingo, 17, o Comandante do Exército, entreguei-lhe um ofício que pedia a apuração das responsabilidades e a correção da nota publicada. Segui a orientação de Vossa Excelência e não divulguei posições e pontos de vista individuais. Vossa excelência sabe eu em momento algum fui omisso ou deixei de cumprir com as minhas responsabilidades no exercício das minhas funções. Reitero, senhor Presidente, que foi uma honra trabalhar sob a sua direção direta nestes quase dois anos. Reafirmo também  minha total lealdade a Vossa Excelência e a minha admiração pelo notável trabalho que vem realizando em prol do nosso país e da união de todos os brasileiros.
Respeitosamente,
José Viegas Filho.”
 

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Roberto Amaral é escritor e ex-ministro de Ciência e Tecnologia

Deu na imprensa

Noticiário do dia gira em torno de dois grandes assuntos, que ganham as manchetes: As novas ameaças de Bolsonaro ao Supremo e ataques à China e a decisão dos Estados Unidos de apoiar a suspensão das patentes de vacinas para ampliar a campanha global de imunização contra a Covid. Aponta a Folha em manchete: Ameaçado, Bolsonaro faz bravata ao STF e ataca China. Na mesma linha, destaca. O GloboAcuado por CPI, Bolsonaro critica China e ameaça STF.  

Estadão vai de Covid na manchete – Com Biden, EUA vão apoiar suspensão de patentes de vacinas. O mesmo tem ada edição brasileira do El País – EUA apoiam liberar patentes das vacinas contra o coronavírus. O terceiro tema relevante é a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central de elevar a taxa de juros. Valor destaca na primeira página como notícia do dia – Copom já prevê taxa de juros em 4,25% ao ano.

Na noticiário político os encontros de Lula em Brasília continuam a despertar o interesse dos jornalões. Ele esteve reunido ontem com Gilberto Kassab e Rodrigo Maia e conversa sobre articulações estaduais com outros dirigentes partidiários. Ex-presidente será recebido hoje pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Folha resume: Em tour por Brasília, Lula avança sobre aliados de Bolsonaro em articulações para eleições de 2022

Sobre a CPI, jornais trazem o depoimento de Nelson Teich à comissão, revelando que deixou o cargo de ministro da Saúde por falta de autonomia e desacordo sobre o uso de cloroquina. Ele disse que Bolsonaro atuou de forma indevida para a produção e distribuição em massa de cloroquina no país. O medicamento não tem eficácia comprovada. Hoje, a CPI vai ouvir o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Ele será questionado sobre contratos de vacinas.

Os jornais também trazem a reação de Bolsonaro: "Donos da verdade fazem campanha em cima dos mortos"Folha destaca que o presidente chamou de canalha quem se opõe ao 'tratamento precoce'. Além de atacar a China – declarou que o coronavírus pode ter nascido em um laboratório chinês e falou em "guerra radiológica" – ele ameaçou que pode vir a decretar fim de medidas de isolamento. Para o presidente, não haverá contestação "por nenhum tribunal". 

Estadão informa que a insinuação de Bolsonaro de que China faz 'guerra química' preocupa o Butantan. Produtor da Coronavac, o instituto tem a expectativa de receber dos chineses, até o dia 15, insumos para mais doses; dirigentes alegam que essas declarações afetam negociações. 

Na FolhaVinícius Torres Freire fala sobre as dificuldades do Brasil em avançar na vacinação da população. Brasil não vai conseguir acelerar entrega de vacinas de Covid até junho – observa. "É uma desgraça, pois estão morrendo mais de 2.300 pessoas por dia no país", lamenta. "Em abril, o número de doses entregues foi quase o mesmo de março, cerca de 26,6 milhões. Em maio, se tudo der muito certo, serão 38,5 milhões. Mas ainda é pouco e tarde".

A colunista Maria Cristina Fernandes escreve no Valor que Bolsonaro está se saindo muito mal na CPI"Estratégia de intimidar senadores com 1º de Maio ruiu", pondera. E aponta que Lula está avançando. "Não é apenas um governo em frangalhos que move esta xepa, mas a perspectiva do poder em 2022. As costuras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília esta semana, com Eunício Oliveira (MDB), Rodrigo Maia (ainda no DEM, em conversa com o PSD), Marcelo Freixo (Psol) e Fabiano Contarato (Rede) sugerem que o petista almeja avançar sobre o centro, engolir o espaço da terceira via e deixar o presidente como a única opção do radicalismo".

BRASIL NA GRINGA

Com foto de Dilma Rousseff, o argentino Página 12 publica coluna do jornalista Emir Sader que trata da "falta de consciência democrática" no Brasil, que tem sido fatal para o país"O momento decisivo para o golpe que rompeu com a democracia no Brasil, retirou o Partido dos Trabalhadores (PT) do governo e introduziu governos antidemocráticos, antinacionais e antipopulares, como os de Temer e Bolsonaro, foi quando o direita orquestrou o impeachment de Dilma Rousseff em 2015/2016 e as forças democráticas não tiveram força para ir às ruas em defesa da democracia e sucumbiram ao golpe de direita", opina.

O português Diário de Notícias repercute o depoimento de Nelson Teich à CPI da Pandemia. Segundo Ministro da Saúde de Bolsonaro diz que se demitiu por pressões para uso de cloroquina – aponta o jornal em manchete de página. "Médico oncologista que ocupou a pasta por um mês no ano passado, afirmou em Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar a responsabilidade do governo nos 412 mil mortos que sentiu não ter 'autonomia' em relação ao medicamento sem eficácia comprovada para Covid-19", escreve o correspondente João Almeida Moreira. O jornal ainda fala da reação de Bolsonaro – "O presidente, entretanto, fala em guerra química da China".

Reuters também trata do tema em longo despacho informando que a CPI sobre a Covid revelou a fé cega de Bolsonaro na cloroquina"O ex-ministro da Saúde do Brasil disse em um inquérito parlamentar que o governo de direita do presidente Jair Bolsonaro sabia muito bem que o tratamento que defendiam para os pacientes com COVID-19 não tinha base científica", informa.

O britânico The Guardian traz reportagem do correspondente Tom Phillips, sediado no Rio, sobre a devastação da pandemia no continente sul-americano. "Isso é trágico": medo para os jovens da América Latina enquanto a Covid acelera – diz a manchete. "Chefe da OPAS alerta para aumento do número de jovens morrendo", escreve. "A América Latina sofreu na semana passada mais de um terço de todas as mortes por vírus do mundo"

O jornalista relata que apesar das sugestões de autoridades sanitárias para a adoção de medidas que assegurem o isolamento e distanciamento social como forma de conter a pandemia, poucos governantes dão sinais de que estão dispostos a tomá-las. "Na quarta-feira, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que banalizou repetidamente a Covid e minou as medidas de contenção, disse em um evento que estava 'doente até os dentes' pelo uso de máscaras e ameaçou emitir um decreto contra governantes regionais de estados e municípios que buscavam 'oprimir' cidadãos com as restrições da Covid", escreve.

A morte do ator e comediante Paulo Gustavo ganha repercussão internacional com despacho da agência Associated Press relatando que a partida dele uniu a Nação em luto e da onda de pesar que atingiu o país e ganhou contornos políticos"O presidente conservador Jair Bolsonaro, que costuma ignorar as mortes do Covid-19 e minimizar a doença, tuitou seu pesar pela morte de Gustavo, 'que com seu talento e carisma conquistou o carinho de todo o Brasil'", diz o texto da AP. "Seu arquirrival de esquerda, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lamentou a morte de Gustavo lembrando dele como "um grande brasileiro, que celebrou nosso país com tanta alegria"

Outro assunto a ganhar repercussão fora do Brasil é a decisão de um tribunal suspendendo a investigação sobre a líder indígena Sonia Guajajara, que atacou o governo. "Ela havia criticado o governo do presidente Jair Bolsonaro por lidar com a crise do Covid-19, que teve um impacto devastador sobre os povos nativos", diz a Reuters.

INTERNACIONAL

A mídia mundial repercute amplamente nas capas a decisão da Casa Branca de apoiar a suspensão das patentes das vacinas contra a Covid como forma de ampliar a vacinação no mundo e acelerar a saída da crise sanitária. O tema é a manchete principal do Washington Post e está na capa de dezenas de outros jornais. Administração apóia isenção de patentes de vacinas – diz o Post. O tema também é manchete do Wall Street JournalEUA apóiam isenções de patentes para produzir vacinas covid-19

Tomando 'medidas extraordinárias', Biden apóia a suspensão de patentes de vacinas – informa o New York Times na primeira página. "O governo Biden, ao lado de alguns líderes mundiais da indústria farmacêutica dos Estados Unidos, se pronunciou a favor da dispensa das proteções de propriedade intelectual para vacinas contra o coronavírus", informa o jornal. "Os EUA foram um grande obstáculo na Organização Mundial do Comércio em relação a uma proposta para suspender algumas das proteções de propriedade intelectual do corpo econômico mundial, o que poderia permitir aos fabricantes de medicamentos em todo o mundo acesso aos segredos comerciais bem guardados de como as vacinas viáveis foram feitas", lembra. 

O francês Le Monde trata do tema na manchete principal e informa que a União Europeia se diz pronta para discutir a suspensão da patentes de vacinas. Como os Estados Unidos, Emmanuel Macron disse ser a favor de suspender os direitos de propriedade intelectual sobre vacinas para melhor combater a pandemia Covid-19. "A ideia é conseguir acelerar a produção global para combater a pandemia Covid-19, que continua a causar estragos", informa o diário. "Pelo menos 3,2 milhões de pessoas morreram em todo o mundo desde que o escritório da Organização Mundial da Saúde na China relatou o início da doença no final de dezembro de 2019"

Libération diz que a decisão de Biden é cimento na lagoa farmacêutica e observa que a posição dos EUA em favor da suspensão das patentes obrigará outros países a se posicionarem a tempo. O espanhol El País diz que a decisão de Biden é um movimento histórico dos EUA. ""As circunstâncias extraordinárias da pandemia exigem medidas extraordinárias", explica Biden. O argentino Claríntambém deu manchete de capa: EUA apoiam a liberação de patentes para que mais países produzam vacinas. O jornal lembra que Mauricio Macri, Adolfo Pérez Esquivel e outros assinaram uma carta para Joe Biden, pela quebra das patentes.

Financial Times é outro a destacar o assunto na primeira página, reportando que a indústria farmacêutica teme que movimento sobre as patentes de Biden abra um "precedente perigoso". As ações dos fabricantes de vacinas da Covid 19 apontam para temores de que a renúncia prejudicaria o lucro e a inovação do setor. O jornal também relata a reação de produtores chineses de vacinas para Covid, que atacaram a decisão dos EUA. No mercado financeiro, as ações da CanSino e da Fosun Pharma despencaram com perspectiva de salto no fornecimento global de vacinas.

Outros dois assuntos importantes na mídia internacional. New York Times destaca em manchete de capa que os Estados Unidos estão praticamente saindo do pior cenário da pandemia do Covid. Os casos e mortes diminuíram, e as vacinações deixam os cientistas esperançosos, mesmo que as variantes signifiquem que o coronavírus está aqui para ficar.  "Virando a esquina" – diz o jornal, na capa. É o ponto mais promissor dos EUA diante da Covid. O outro tema é a notícia de que a taxa de natalidade dos EUA caiu para seu nível mais baixo em décadas após a pandemia.

E, por fim, na vizinhança da América Latina a notícia sobre a onda de violência na Colômbia ganha destaque na imprensa regional. Foi anunciada uma nova greve nacional na Colômbia após uma semana de protestos massivos e repressão. Diante do silêncio do governo, a ouvidoria elevou o número de mortos para 24. Após a retirada da reforma tributária, que enfrenta forte oposição das organizações sociais e populares, as demandas dos movimentos sindicais, indígenas e estudantis são diversas: melhorias na saúde e na educação, segurança nas regiões mais violentas do país e fim dos abusos policiais.

 

AS MANCHETES DO DIA

Folha: Ameaçado, Bolsonaro faz bravata ao STF e ataca China

Estadão: Com Biden, EUA vão apoiar suspensão de patentes de vacinas

O Globo: Acuado por CPI, Bolsonaro critica China e ameaça STF     

Valor: Copom já prevê taxa de juros em 4,25% ao ano

El País (Brasil): EUA apoiam liberar patentes das vacinas contra o coronavírus

BBC Brasil: Como 'imunidade de rebanho' pode virar arma contra Bolsonaro na CPI da Covid

UOL: Intervenção de Lira abre caminho para reforma tributária fatiada de Guedes

G1: Tiroteio no Rio deixa 5 feridos; 2 passageiros foram atingidos dentro do metrô

R7: Comissão no Senado ouve hoje o atual ministro da Saúde e diretor da Anvisa

Luis Nassif: Bolsonaro é o "malandro agulha"

Tijolaço: Bolsonaro late mais uma vez sem dizer quando irá morder

Brasil 247: "Capitã Cloroquina", secretária do Ministério da Saúde confessa ao MP que organizou viagem a Manaus para difundir remédio

DCM: Biden anuncia apoio a quebra de patente de vacinas contra Covid

Rede Brasil Atual: Na véspera de completar 15 milhões de casos no Brasil, covid faz mais 2.811 vítimas em 24 horas

Brasil de Fato:  Entenda por que lucro de bancos cresce enquanto resto da economia encolhe na pandemia

Ópera Mundi: Renascimento do marxismo está dando os primeiros passos, diz José Paulo Netto

Fórum: "Capitã Cloroquina": Médica que assessora governo Bolsonaro confirma que foi à Manaus difundir medicamento

Poder 360: PIB de SP será 5 vezes o do Brasil em 2021, afirma Doria

New York Times: Dados da Covid mostram que os EUA estão "virando a esquina", alimentando uma sensação de esperança

Washington Post: Administração apóia isenção de patentes de vacinas

WSJ: EUA apóiam isenções de patentes para produzir vacinas covid-19

Financial Times: Archegos se encaminha para a insolvência enquanto banco busca reparação pelo prejuízo de US$ 10 bilhões

The Guardian: Reino Unido envia navios da marinha para Jersey em meio a disputa de pesca pós-Brexit com a França

The Times: Veteranos protegidos de problemas

Le Monde: Vacinas: o monopólio dos laboratórios em questão

Libération: Mali. Olivier Dubois, jornalista refém

El País: PP cresceu por igual em bairros de alta, média e baixa renda

El Mundo: PSOE assume com um "aviso" a Sanchez a debacle em Madri

Clarín: EUA apoiam a liberação de patentes para que mais países produzam vacinas

Página 12: A dois

Granma: Díaz-Canel conversou por telefone com o Secretário-Geral do Partido Comunista do Vietnã, Nguyen Phu Trong 

Diário de Notícias: Mais de 50 mil famílias com rendimentos acima de 100 mil euros pela primeira vez

Público: Governo paga 84 euros às empresas por cada aumento do salário mínimo

Frankfurter Allgemeine Zeitung: Isolado

Süddeutsche Zeitung: A Alemanha deve ser neutra para o clima em 2045

The Moscow Times: Kremlin diz que não sabe se a explosão tcheca e os suspeitos de envenenamento por Skripal funcionam para isso

Global Times: A suspensão do diálogo econômico da China com a Austrália "um passo necessário" para defender os interesses nacionais

Diário do Povo: Mais jovens atendem ao apelo de Xi na ciência

 
 
 
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