sábado, 8 de dezembro de 2018

No fim, o Brasil elegeu o poste

No fim, o Brasil elegeu o poste
Terça-feira, 27 de novembro de 2018

No fim, o Brasil elegeu o poste

Arte: Daniel Caseiro.
Por Almir Felitte
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Durante a campanha presidencial, a grande mídia fez um baita esforço pra que o apelido de “poste” pegasse no então candidato do PT. O apelido nada agradável se referia ao fato de que Haddad seria, supostamente, um mero representante do verdadeiro candidato por trás da campanha: o ex-Presidente Lula, hoje preso em Curitiba.
Entre os eleitores de Bolsonaro, o apelido pegou rapidamente e se espalhou pelas redes sociais. Os incautos, porém, mal sabiam que eles mesmos estavam prestes a eleger como Presidente um dos maiores “postes” que o país já viu. E seu Governo ainda nem começou…
A dificuldade só está em saber a quem este atrapalhado “poste” pertence. Um dos suspeitos de ser dono desse “poste” é, sem dúvidas, o capital dos EUA, seja na figura de seu governo Trump, seja na figura da alta elite financeira e empresarial americana. Mas essa suspeita não vem de hoje e é mais antiga do que a própria cena do “Poste” batendo continência à bandeira americana em Miami.

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Em sua atuação como parlamentar, Bolsonaro tem um histórico no mínimo curioso para alguém que diz ser patriota. Em 2016, por exemplo, ele não pensou duas vezes antes de votar a favor do projeto que entregava de bandeja a exploração do nosso Pré-Sal às indústrias petrolíferas estrangeiras. O Tio Sam agradece.
Foi ainda como parlamentar, também, que Bolsonaro deu uma série de declarações[1] dizendo que gostaria de abrir caminho para que os americanos explorassem os minérios da nossa Amazônia. Uma “parceria” que somente um candidato digno de poste norte-americano poderia propor. Fácil de entender os motivos para Bolsonaro atacar incessantemente os indígenas e os quilombolas, cujas terras tradicionais podem ser um entrave no objetivo do “Poste” em agradar seu dono americano.
Se bem que seu ódio dirigido a essas comunidades tradicionais levanta fortes suspeitas de que, talvez, o “Poste” tenha um outro dono: a grande bancada ruralista. Afinal, a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), nome chique da bancada, foi uma das primeiras grandes forças políticas do “Sistema” brasileiro a declararem apoio ao então candidato Bolsonaro em sua campanha.
Mas o “Poste” de latifundiário não parou aí. O apoio teve seu preço e Bolsonaro já está loteando seu futuro Governo com ruralistas que vêm pra combater “tudo isso que taí”. A Nabhan Garcia, Presidente da União Democrática Ruralista (UDR), já foi prometida uma futura Secretaria de Assuntos Fundiários, num exemplo clássico de “raposa cuidando do galinheiro”. Na comemoração pelo carguinho, Nabhan já disse que o MST deve tomar cuidado e as promessas de enquadrar o movimento como grupo terrorista mostram que o “Poste” vai realmente fazer de tudo pra agradar os ruralistas.
Mas os agrados não pararam por aí. Há sempre mais um galinheiro aguardando a nomeação de mais uma raposa. Uma das Ministras já confirmadas para o futuro Governo do “Poste” é Tereza Cristina, mais conhecida como “Musa do Veneno” por sua atuação na aprovação do “PL do Veneno”. Mas a nomeação de Tereza levanta mais uma suspeita sobre quem teria a real propriedade do “Poste” na Presidência.
Isso porque Tereza é do DEM, partido que já emplacou 3 Ministros no futuro Governo de Bolsonaro, que veio pra acabar com o “toma lá, dá cá” e com o loteamento de cargos por partidos no Brasil. À nomeação de Tereza, somam-se OnyxLorenzoni (aquele que confessou Caixa 2 em vídeo, mas pediu desculpas ao Moro, então tudo bem) na Casa Civil e Luiz Henrique Mandetta, ex-presidente da Unimed que ficará com o Ministério da Saúde.
Além das 3 nomeações, há, ainda, o flerte entre Bolsonaro e Maia, dando pinta de que a Presidência da Câmara pode ficar com o DEM também. São fortes indícios de que o DEM, antigo PFL, que é uma dissidência do antigo PDS, que nada mais era do que o sucessor da Arena (partido da Ditadura Militar) possa ser o verdadeiro dono do “Poste” que assumirá em 2019. Mas, falando em Arena, lembro que, mesmo com tantos nomes, o DEM ainda não é o grupo político com mais representantes no futuro Governo.
Quem parece dar as cartas mesmo e mandar e desmandar no “Poste” são os homens de farda. Já são 4 militares escalados para terem status de Ministro: General Carlos Santos Cruz (Secretaria do Governo), General Augusto Heleno (GSI), General Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Tenente-Coronel Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia).
Fosse apenas um Governo COM militares, a situação já seria problemática, mas, ao que parece, a vontade de Bolsonaro é mesmo formar um Governo DE militares. Já tem virado rotina a imprensa fazer matérias com declarações no mínimo estranhas dos militares que integrarão a cúpula do Governo falando de forma “quase carinhosa” sobre o Golpe de 64 e a Ditadura de 21 anos que se desenrolou dali.
Os valores da caserna também parecem ter voltado de vez ao Palácio do Planalto. E um símbolo da expressão desses valores pode ter sido a nomeação do novo Ministro da Educação, o colombiano Ricardo Vélez Rodríguez. Mais um encarnado na luta contra o “perigo vermelho”, ele já disse que o golpe de 1964 deveria ser motivo de comemoração para o país. Apesar de estrangeiro e não-militar, Ricardo tem suas ligações com a caserna, onde é professor emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército.
Adepto de teorias “não lá muito científicas”, é mais um nome indicado pelo também “não muito científico” Olavo de Carvalho, alguém que só poderia ganhar relevância em um país que passa por uma grave crise de “não se levar a sério”. O outro nome é o de Ernesto Araújo, futuro Chanceler que já fez o país virar motivo de piada na imprensa mundial pelas teorias conspiratórias estapafúrdias sobre as quais ele costuma escrever em um tosco blog pessoal.
Questionado sobre Bolsonaro ter aceitado suas indicações, Olavo respondeu: “sou irrestível”, emendando que “eles (família Bolsonaro) leem as coisas que eu escrevo e levam a sério”. Nós também ficamos atônitos em ver que a família “Poste” leva a sério, Olavo. Nós também…
Seria, então, Olavo o dono do “Poste”? Talvez. Ou talvez o “Poste” Bolsonaro tenha mais de um dono.
Mas, entre o Governo e a elite dos EUA, os ruralistas, o DEM, os militares ou o Olavo de Carvalho, uma coisa é certa: o “Poste” Bolsonaro não foi colocado lá pra atender a interesses populares. E quando o povo brasileiro constatar que os bons resultados de uma agenda liberal de austeridade e privataria jamais chegarão, certamente haverá revolta. E é nessa hora que veremos que nenhum dos donos do “Poste” têm muito apego pela democracia.
Almir Felitte é bacharel pela Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

Advogado de Adélio Bispo conta como se deu sua contratação




Advogado de Adélio Bispo conta como se deu sua contratação

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Após três meses do atentado contra o presidente eleito Jair Bolsonaro, ainda pairam algumas dúvidas sobre o caso. O garçom Adélio Bispo de Oliveira agiu sozinho? Quem bancou os advogados que viajaram numa aeronave privada para atender o esfaqueador preso em Juiz de Fora, Minas Gerais? Essas questões estão sendo apuradas pela Polícia Federal – que passou a investigar integrantes da defesa do réu confesso. Num depoimento sigiloso, um dos suspeitos contou detalhes de como foi contratado para ajudar o criminoso perante a Justiça.
O criminalista Zanone Manuel de Oliveira Junior, coordenador da defesa de Adélio Bispo, afirmou para a Polícia Federal que, logo após o atentado contra Bolsonaro, foi procurado por um desconhecido para atuar no caso: “Aquela pessoa se apresentou como conhecido de Adélio Bispo da cidade de Montes Claros, esclarecendo que conheceu o autor do fato criminoso em relacionamentos vividos no meio religioso naquela cidade”. O advogado ainda lembra que o contratante disse ter conhecido Adélio numa “evangelização na cidade de Salinas, Minas Gerais”.
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Em depoimento, Zanone contou que se reuniu com o desconhecido em seu escritório em Belo Horizonte, MInas Gerais, na manhã seguinte ao atentado, em 7 de setembro. Naquele encontro, o advogado disse que cobrava, em média, 150 000 reais em honorários. Mas o contratante achou o valor alto. O criminalista, então, topou dar um desconto de 83% — e receber 25 000 reais até a conclusão da investigação da Polícia Federal. “Aquela pessoa aceitou a proposta e pagou inicialmente o valor de 5 000 reais em dinheiro”, disse Zanone. O restante  seria pago em outras parcelas mensais. No entanto, o interessado em ajudar Adélio “desapareceu”.
Ao se justificar por que aceitou defender Adélio por um valor inferior ao que costuma cobrar de seus clientes, Zanone disse que a “causa seria de interesse de qualquer advogado”. Ele também afirmou que contava com a possibilidade de participar de uma “audiência em plenário do júri em que estariam presentes testemunhas como o ex-presidente Lula, o deputado federal Jean Wyllys, a cantora Preta Gil e a deputada Maria do Rosário”. O advogado arrolou essas pessoas, consideradas por ele desafetos do presidente eleito, para serem interrogadas no tribunal. A estratégia era dar uma grande exposição ao caso, assim como no julgamento do goleiro Bruno Fernandes de Souza, em que Zanone representou o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola.
Da Veja

Militantes do MST são assassinados na Paraíba

Escândalo dos Bolsonaro desmascara MoroEscândalo dos Bolsonaro desmascara Moro

Militantes do MST são assassinados na Paraíba

Publicado em 8 dezembro, 2018 11:24 pm
Nota do MST:
“O que seria deste mundo sem militantes? Como seria a condição humana se não houvesse militantes? Não porque os militantes sejam perfeitos, porque tenham sempre a razão, porque sejam super-homens e não se equivoquem. Não é isso. É que os militantes não vêm para buscar o seu, vem entregar a alma por um punhado de sonhos’.
(Ex-presidente Uruguaio, Pepe Mujica)
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-PB) perde nesta noite de sábado (08) por volta das 19:30 dois militantes: José Bernardo da Silva, conhecido por Orlando e Rodrigo Celestino. Foram brutalmente assassinado por capangas encapuzados e fortemente armados. Isso demonstra a atual repressão contra os movimentos populares e suas lideranças. O ataque aconteceu no Acampamento Dom José Maria Pires, no município de Alhandra na Paraíba. Área da Fazenda Garapu, pertencente ao Grupo Santa Tereza, ocupada pelas famílias em julho de 2017.
Exigimos justiça com a punição dos culpados e acreditamos que lutar não é CRIME. Nestes tempos de angústia e de dúvidas sobre o futuro do Brasil, não podemos deixar os que detém o poder político e econômico traçar o nosso destino. Portanto, continuamos reafirmando a luta em defesa da terra como central para garantir dignidade aos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade.
Justamente dois dia antes das comemorações do Dia Internacional dos Direitos Humanos, 10 de dezembro, são assassinados de forma brutal dois trabalhadores Sem Terra. Neste sentido, convocamos a militância, amigos e amigas, aos que defendem os trabalhadores e trabalhadores, denunciar a atual repressão e os assassinatos em decorrências de conflitos no campo.
Solidariedade à família de Orlando e Rodrigo.
Direção do MST – PB
Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!

"A esquerda tem que mudar a forma como vê o país"

https://youtu.be/CpxN5CRZtYE

"O que o passado de Paulo Guedes pode dizer sobre o futuro de nossa economia"


https://youtu.be/Ej8Elfr1Oj4

Por que os bolsonaro estão se escondendo?

SE A FAMÍLIA DO CAPITÃO TRUCULENTO NÃO TEM NADA A ESCONDER, COMO DISSE O "GAROTO" SENADOR, POR QUE ELES ESTÃO ESCONDENDO:

 O motorista-assessor (sic) que movimentou, em sua conta bancária, mais de um milhão e duzentos mil reais? Não saberiam o endereço de um assessor de tantos anos?

Eles precisam deixar de esconder e explicar o que se segue:

1) Onde está ele ???  Por que não esclarecer esta estranha situação ??? Há algo ilícito a esconder ? 
Estão combinando uma versão que seja, ao menos, verossímil ?? 

2) Onde estão os familiares do motorista milionário Queiroz, pois sua esposa e duas filhas também foram assessores da família do capitão eleito?

3) Por que a esposa do capitão truculento não explica logo o depósito, em sua conta bancária, da quantia de vinte e quatro mil reais, feito pelo motorista milionário Fabrício Queiroz ? 

4) Por que o motorista milionário sacava sempre e reiteradamente  quantia inferior a dez mil reais, sempre em espécie ?

5) Por que também não explicam uma estranha movimentação feita por assessora do capitão, também da família do Fabrício Queiroz ?

6) Um motorista de deputado pode ganhar mais de vinte e três mil reais por mês ???

7) Enfim, por que escondem todas estas e outras informações ???

8) Por que o Ministério Público ou a Polícia Federal não instaurou uma investigação formal ? Como dizer que não houve ilicitude se nada foi investigado ???

Acho que o futuro senador quis dizer algo meio diferente, qual seja,  que não tem mais nada a esconder além do que estão escondendo ...

Em tempo: embora fugindo um pouco do tema supra, cabe ressaltar que não faz sentido o futuro ministro Onyx Lorenzoni questionar a delação da Odebrecht pois ele CONFESSOU PUBLICAMENTE (o vídeo está no Youtube) que recebeu cem mil reais como "Caixa 2". Ao menos, está caracterizado um crime eleitoral. Já há prova suficiente para a instauração do processo penal !!! 
Acho que as suas desculpas e o "perdão" do Sérgio Moro ainda não são causas extintivas de punibilidade ...

Afranio Silva Jardim, professor associado de Direito Processual Penal da Uerj.

Perguntas simples que fazem a cúpula bolsonarista crispar ou correr para dentro de casa

Perguntas simples que fazem a cúpula bolsonarista crispar ou correr para dentro de casa. Por Donato

 
Fabrício Queiroz e Flávio Bolsonaro
Jair Bolsonaro afirma que os R$ 24 mil depositados em cheque por Fabrício José Carlos de Queiroz na conta da futura primeira-dama são parte de uma devolução de dívida.
O montante emprestado, ainda segundo Bolsonaro, foi de R$ 40 mil e “se o Coaf quiser retroagir um pouquinho mais, vai chegar nos R$ 40 mil”.
Muito bem, se deseja manter a imagem de honesto com a qual ludibriou milhões de brasileiros, seria mais simples e rápido o futuro presidente demonstrar essa movimentação financeira ao invés de jogar o abacaxi no colo da Coaf esperando o garimpo retroativo.
Se Bolsonaro fez um empréstimo de R$ 40 mil, basta ele mostrar sua declaração de imposto de renda. Qualquer transação de empréstimo, mesmo entre pessoas físicas, de valor igual ou acima de R$ 5 mil precisa ser declarada. Ou o ‘honesto’ não fez isso?
Por que Bolsonaro justifica como ‘falta de tempo para ir ao banco’ o fato do cheque ser nominal a sua esposa, se um comportamento seu que chamou atenção ultimamente foi a quantidade de vezes que ele dirigiu-se ao caixa eletrônico do banco?
Por que a filha do ex-assessor/motorista/amigo/laranja, chamada Nathalia e mais conhecida como personal trainer, repassou ao pai praticamente todo o salário ganho durante o período em que esteve trabalhando no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados?
Foram mais de R$ 84,1 mil. Ela realmente trabalhava no gabinete? O que fazia lá, ou fora de lá, para poder abrir mão do salário?
As próximas perguntas já foram feitas, mas é preciso insistir já que todos os interlocutores (de Sergio Moro a Onyx Lorenzoni) saíram correndo sem responder:
Qual a origem dos R$ 1.200.000,00 movimentados na conta do ex-assessor Fabrício José Carlos de Queiroz? Mesmo com um salário de R$ 23 mil, a movimentação é incompatível com sua renda. Aliás, por que motoristas de parlamentares ganham tanto?
E os 176 saques em dinheiro, tiveram qual finalidade? A quem foram destinados?
O PM Fabrício José Carlos de Queiroz é unha e carne com os Bolsonaro. Ele e Jair são amigos de pescaria, de ficarem sem camisa no churrasco.
E agora o presidente eleito vem com essa lorota de empréstimo? Vem candidamente demonstrar indignação e anunciar que “cortou o contato com o amigo”?
Só não vê quem não quer. Bolsonaro sempre se valeu malandramente de todo e qualquer expediente para enriquecer e obter benefícios pessoais.
Sua cuidadora da casa de veraneio em Angra era paga com a verba do gabinete. Foi com a verba de gabinete para viagens que ele começou a fazer sua campanha para presidente já em 2014.
Há registro em vídeo no qual assume, com todas as letras, que não abria mão de nenhum auxílio e benefício facultados a um parlamentar.
“Eu uso tudo”, disse ele.
Quando perguntado se achava ético receber auxílio moradia mesmo possuindo imóvel próprio, Bolsonaro respondeu com a polidez que lhe é peculiar: “Como eu tava solteiro, usava esse dinheiro pra comer gente”.
Em fevereiro do ano passado, numa palestra nos EUA, Sergio Moro admitiu julgar baseado em evidências, dispensando provas. Bem, esperemos que o juiz tenha feito escola e algum magistrado se toque de que as evidências contra Bolsonaro são suficientes para enviá-lo ao xilindró.
Ou para alguns nem com provas?

20 Minutos História - Qual o balanço do chavismo?

https://www.youtube.com/watch?v=gMcpprWx4s4

Dalva Garcia: Reforma do ensino médio visa diminuir desigualdades ou é mistificação das massas?

Dalva Garcia: Reforma do ensino médio visa diminuir desigualdades ou é mistificação das massas?
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Dalva Garcia: Reforma do ensino médio visa diminuir desigualdades ou é mistificação das massas?


08/12/2018 - 23h11

A BNCC: cultura ou mistificação das massas?
por Dalva Garcia*, especial para o Viomundo
E tudo é uma parcela do diverso
Cristal dessa memória, o universo.
Jorge Luis Borges
O ato de educar pode adquirir diversos significados: formar, sociabilizar, ensinar, clarear, modelar, conscientizar, integrar, moldar.
São tantas as implicações dessa ação, ao mesmo tempo simples e complexa, que constantemente nos perguntamos pelo seu sentido como se não fosse mais possível reconhecer o traçado no entrecruzamento das linhas de um bordado.
Do universo caótico do avesso vai, aos poucos, se configurando as formas no lado direito.
A linha que fura o tecido busca o caminho como quem procura um objetivo que só pode se revelar gradualmente num processo criativo.
Exatamente por isso que educar é também criar. Ação que exige cuidado, intencionalidade, mas que, sobretudo, transcende a si mesma desvelando a riqueza múltipla do humano.
Machado de Assis, cronista perspicaz, trata com requinte o tema em O espelho – esboço de uma nova teoria da alma humana, pequeno conto que busca investigar as agruras da essência humana.
No conto, o personagem Jacobina — homem humilde de 45 anos, que subiu na vida por conta de nomeação a um posto militar — é convidado a participar de uma acirrada discussão metafísica sobre a existência da alma.
Por princípio, avesso por princípio a debates, ele afirma existir a alma humana. Só que não uma, mas duas: uma, que olha de dentro para fora; e outra, que olha de fora para dentro.
A alma exterior poderia ser um espírito, um homem, muitos homens, um objeto, uma operação ou mesmo um simples botão de camisa e tem por ofício transmitir a vida, assim como a interior.
Muda de natureza e estado de modo que a alma de alguém pode ser, nos primeiros anos, um chocalho ou um cavalinho de pau e, mais tarde, um título em uma associação.
Esta descoberta se deu quando Jacobina fora nomeado alferes da guarda nacional.
A nomeação causara o orgulho na família e vizinhos e havia conduzido uma tia, que morava em um sítio, a levar o sobrinho e a farda com ela.
Jacobina passou a ser chamado de Sr. Alferes pela tia, amigos e escravos.
O entusiasmo da tia a leva ao ponto de mandar instalar um grande espelho no quarto do jovem, obra rica e magnífica que destoava do resto da casa.
Os caprichos no tratamento faziam a consciência do homem esmorecer e a do alferes se tornar mais viva.
Certo dia, a tia é obrigada a deixá-lo para acudir uma filha doente.
Abandonado na solidão graças à fuga dos escravos do sítio, o personagem diante do “cochicho do nada” se entrega ao sono: sonhava estar no meio da família e dos amigos exibindo sua farda.
Amigos ofereciam o posto de tenente, capitão, major… Em depressão, sem fome, depois de oito dias, nosso amigo se olha no espelho e não é capaz de ver uma figura inteira, mas uma sombra vaga e esfumaçada.
Com medo da loucura, Jacobina tem uma inspiração inexplicável: lembra-se de sua farda.
Veste-se, arruma-se e reaparece diante do espelho a figura integral; o ente autômato torna-se novamente animado.
O ritual da farda diante do espelho  ajuda-o a suportar mais seis dias de solidão sem senti-los.
Machado de Assis nos coloca diante do espelho humano, da representação da imagem que só pode se configurar com os outros.
Sendo assim, não podemos negar que toda ação educacional envolve valores que se projetam. Aquilo que esperamos cada jovem seja capaz de reconhecer no espelho de sua existência.
Todavia, é preciso cuidado.
Embora um projeto educacional exija dos envolvidos a clareza do que se quer e só ganhe sentido na própria ação, a ação educativa transcende o que a motivou.
Não estaríamos correndo o risco de limitar as identidades às molduras de nossos espelhos?
ENTRE MOLDES E MOLDURAS 
Educar é quase sempre perguntar qual ser humano queremos formar.
Formar é colocar na forma, moldar.
Se analisarmos a própria dimensão humana, perceberemos que há jeitos de dar forma que vão além das formas (dos moldes).
Foi assim que, no contato com tradição cultural, conseguimos dar formas diversas e múltiplas ao mundo.
E não apenas dar e criar formas, mas atribuir-lhes sentido. Transmitir formas e sentidos (informar), transfigurá-las.
A transformação só é possível, pois no humano reside a possibilidade de repensar os valores que criamos.
Como educar para valores, se a desonestidade é entendida como ordem natural de um moralismo hipócrita? Se a desigualdade guia a ação da justiça?
A perplexidade e a indignação que envolvem essas questões podem conduzir à tendência de se resgatar princípios universais que imaginamos estarem esquecidos ou adormecidos na educação dos jovens e crianças, tais como solidariedade, honestidade, protagonismo, flexibidade.
Todavia, nenhum princípio moral, por mais bem intencionado, fundamentado e sedimentado que seja, poderia transformar por si mesmo as ações.
Por quê? Pelo simples fato de que tais valores não são entidades, mas criações que surgem da necessidade do homem de pensar  a si mesmo.
Não é à toa que os elementos filosóficos que permitiriam delinear um conceito de cidadania está presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada no dia 04 de dezembro pelo Conselho Nacional de Educação, de caráter normativo, sem necessidade de passar por votação no Congresso ou sanção presidencial.
O documento retoma os princípios da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e fixa como finalidade do Ensino Médio, etapa final da Educação Básica, a consolidação e o aprofundamento do conhecimento adquirido no Ensino Fundamental.
Também a preparação para o trabalho e cidadania do educando, a fim de que ele aprenda e seja capaz de se adaptar com flexibilidade às condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores.
Não é preciso muita atenção para perceber que o cenário de indefinições enfrentado pelo Ensino Médio, desde o breve período de redemocratização do país, acaba por se desenhar com clareza nestes tempos de obscurantismo: o jovem deve ser capaz de se adaptar  às  condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores.
O que significa essa educação?
Não  visa ao acesso  do jovem  à universidade, mas educação para o mercado de trabalho. Esta é a  finalidade essencial da reforma por decreto.
Ainda no mesmo documento pode-se ler:
“Para atingir essa finalidade é necessário assumir a firme convicção de que todos os estudantes podem aprender e alcançar seus objetivos, independentemente de suas características pessoais, seus percursos e suas histórias”.
Ouso afirmar que o apelo à diversidade se converte na lógica de uma identidade abstrata que, entre moldes e molduras, entende que educar é moldar ou, na letra da norma educacional, ser capaz de se adaptar.
Adorno e Horkheimer já afirmavam na Dialética do Esclarecimento:
“O mito converte-se em esclarecimento e a natureza em mera objetividade.
O preço que os homens pagam pelo aumento do seu poder é a alienação daquilo sobre o qual exercem o poder.
O esclarecimento comporta-se com as coisas como o ditador se comporta como os homens.
Este os conhece na medida em que pode manipulá-los… Nessa metamorfose, a essência das coisas revela-se como sempre a mesma, como substrato da dominação”.
Se na lógica de Bacon “saber é poder”, no suposto dinamismo das políticas públicas de educação no Brasil, ‘sabe quem manda e obedece quem tem juízo.’
Nesse contexto, a fórmula de Bacon se traduz de forma mais perversa, uma vez que instituições bancárias e empresariado, protagonistas e propagandistas da BNCC, não só detêm o poder, mas são aqueles que devem saber educar os que não podem e não sabem se guiar pela lógica da produtividade.
Na contramão dos propagandistas da reforma educacional pergunto:
*Trata-se de delinear um currículo elementar comum a todos os brasileiros com o objetivo de diminuir desigualdades ou trata-se de um plano para equalizar o conhecimento e planificar possibilidades?
*Trata-se de um  projeto de mistificação das massas em nome da educação e do esclarecimento?
Respondem Adorno e Horkheimer:
“.. não só as qualidades são dissolvidas no pensamento, mas os homens são forçados a real conformidade.
O preço dessa vantagem, que é a indiferença do mercado que nele vêm trocar mercadorias, é pago por elas mesmas ao deixarem que suas possibilidades inatas sejam modeladas pela produção de mercadorias…
Os homens receberam o seu eu como algo pertencente a cada um, diferente dos outros, para que ele possa com tanto maior segurança, se tornar igual”.
Não é à toa que a BNCC permite aos jovens traçar “seu caminho” ou, mais precisamente, percorrer 5 possíveis itinerários oferecidos, com 30% de sua educação à distância,
São os itinerários: linguagens e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias, ciências humanas e sociais aplicadas e formação técnica profissional.
Seria, por fim, eliminada a forma disciplinar no novo currículo?
Não, essa fórmula se mantém na obrigatoriedade de língua portuguesa e matemática para a Educação Básica e Ensino Religioso para o Fundamental.
Quais seriam as condições para a livre escolha da mercadoria oferecida nomeada de educação básica?
O MEC já as delineou: escolas com mais de 2 mil alunos, funcionando em tempo integral, deverão oferecer dois itinerários.
E as demais? As escolas que não atingem esse número de alunos? As que não funcionam em tempo integral, pois atendem as necessidades do aluno trabalhador?
A esses alunos cabe a distância da escola e a aproximação com a cultura digital formatada por Instituições mantidas pelo capital financeiro.
Afirmam os pensadores da escola de Frankfurt: a cultura é mercadoria paradoxal. Ela está tão completamente submetida à lei da troca que não é mais trocada. Ela se confunde tão cegamente com o uso que não se pode mais usá-la. Quanto mais destituída de sentido, mais toda poderosa se torna.