quinta-feira, 15 de junho de 2017

Estudo indica que 65% dos norte-americanos apoiam reaproximação entre EUA e Cuba

Estudo indica que 65% dos norte-americanos apoiam reaproximação entre EUA e Cuba


Mais de 6 em cada 10 republicanos apoiam as políticas de reaproximação com Cuba, aprovadas pelo governo do ex-presidente Obama; Trump pretende reverter algumas das medidas
Um estudo feito pela consultoria Morning Consult concluiu que 65% dos norte-americanos, incluindo mais de seis em cada 10 republicanos, apoiam a reaproximação dos EUA com Cuba. O estudo foi feito com 1.973 eleitores, entre os dias 23 e 25 de maio.
O levantamento, divulgado nesta segunda-feira (12/09), mostrou que apenas 18% dos norte-americanos se opõem à reaproximação com a ilha caribenha. Em relação às viagens e comércio com Cuba, 64% dos eleitores apoiam a flexibilização das políticas para manter essas restrições, enquanto 22% rejeitam-nas. A pesquisa revela que um movimento para apertar essas restrições seria amplamente impopular dentro da base republicana do presidente Donald Trump.
"É raro neste ambiente político envenenado uma questão que una republicanos, democratas e independentes. O apoio esmagador do povo norte-americano para continuar a política em relação a Cuba deve servir como um alerta ao presidente Trump", disse o presidente da Engage Cuba, James Williams, que divulgou o estudo, em uma nota divulgada pela agência Prensa Latina.
Agência Efe

Em agosto de 2016, Raúl Castro recebeu Obama em encontro histórico no Palácio da Revolução, em Havana

Trump planeja endurecer política dos EUA para Cuba, com restrições a comércio e viagens

Em livro, ex-agente cubano da CIA conta 'história de fracasso' de tentativas de assassinar Fidel

Trump é processado por suposto conflito de interesses

 
O estudo também revelou que 55% dos eleitores do Partido Republicano apoiam a reaproximação financeira e comercial com Cuba, em comparação a 26% que são contrários a essa política.
Uma das mudanças que estão sendo consideradas pela administração de Trump é a proibição das empresas dos EUA de negociar com entidades que estão ligadas às Forças Armadas Revolucionárias da Cuba. Williams considera que uma reversão das medidas tomadas feriria empregos norte-americanos, regulamentações onerosas, além de prejudicar o povo cubano e a comunidade empresarial do país.
"Os interesses pessoais e políticos de dois membros do Congresso não devem pesar mais do que a vontade do povo norte-americano e que os melhores interesses dos cubanos na ilha", acrescentou Williams. 
Trump deverá discursar em Miami na próxima sexta-feira (16/06) e anunciar aspectos das medidas adotadas pelo ex-presidente Barack Obama.
A decisão de restaurar os laços doplomáticos entre os Estados Unidos e Cuba foi anunciada por Obama e o presidente de Cuba, Raúl Castro, em 17 de dezembro de 2014. Os dois países não tinham relações diplomáticas desde 1961. 

Ato-show “Porto Alegre por Diretas Já” reúne mais de 30 mil pessoas na Redenção

Ato-show “Porto Alegre por Diretas Já” reúne mais de 30 mil pessoas na Redenção

Manifestação vai do final da manhã ao início da noite e repudia as reformas golpistas

Escrito por: CUT-RS com Sul 21 • Publicado em: 12/06/2017 - 01:59 • Última modificação: 13/06/2017 - 13:40
Fotos de Guilherme Santos/Sul21
Mais de 30 mil pessoas participaram ao longo deste domingo (10) do ato-show “Porto Alegre por Diretas Já”, em frente ao Espelho d’Água, no Parque da Redenção, em defesa do afastamento do presidente golpista Michel Temer (PMDB), da realização de eleições diretas e contra as reformas da Previdência e Trabalhista. A manifestação iniciou às 11 horas, quando o sol aquecia a cidade depois da madrugada de frio intenso, e só terminou no início da noite, após as 19 horas.
O evento foi transmitido ao vivo, através do Facebook, pela Frente Popular Brasil do RS e compartilhado pela CUT-RS e dezenas de páginas nas redes sociais, tendo sido acessado por mais de 1,2 milhão de pessoas. Houve apresentações de vários artistas gaúchos de diferentes gêneros musicais e manifestações de parlamentares do PT, PDT, PCdoB e PSol, além de um representante do PSB, bem como das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
A exemplo dos atos que aconteceram no Rio de Janeiro, no dia 28 de maio, e em São Paulo no último domingo (3), o ato na capital gaúcha reuniu artistas que defendem as eleições diretas como saída para a crise brasileira. Entre tantos outros que brilharam no palco, destacaram-se Ernesto Fagundes, Hique Gomez, Negras em Canto, Bebeto Alves, Nani Medeiros, Roda Viva, Raul Elwanger, Duca Leindecker, Duda Calvin e Thiago Ramil. O diretor de teatro Julio Conte também se expressou a favor da diretas já.
A iniciativa foi de profissionais da cultura, que contou com o apoio da CUT-RS e centrais sindicais, das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, de movimentos sociais, partidos de esquerda e organizações da sociedade civil.
A secretária de finanças da CUT-RS e representante da Frente Brasil Popular, Vitalina Gonçalves, a Vita, disse que o Brasil sofreu um golpe e agora “precisamos ocupar as ruas para barrar as reformas”. Ela chamou os trabalhadores e as trabalhadoras para que participem da greve geral de 30 de junho, que as centrais sindicais estão organizando em todo o país. “Vamos parar outra vez porque é o povo nas ruas que vai barrar o golpe”, frisou Vita.
O ato foi apresentado com muita alegria e animação por Glória Cristal e Lili Fernandes, que não se cansaram de repetir “Fora Temer” e “Diretas Já”, além de outras palavras de ordem. Foi um grande ato em favor da democracia.

Um projeto da esquerda para superar a crise

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Um projeto da esquerda para superar a crise

Por Rose Silva, no site da Fundação Perseu Abramo:

O que fazer: socialismo ou barbárie? foi o tema debatido no encerramento do 3º Salão do Livro Político, realizado de 5 a 8 de junho, no Tucarena, em São Paulo. A Fundação Perseu Abramo (FPA) participou do evento e distribuiu 350 exemplares de suas publicações, além transmitir ao vivo a abertura, com a palestra da ex-presidenta Dilma Rousseff, e entrevistar dezenas de personalidades que passaram pelo local ao longo da semana.

A última mesa, na noite de quinta-feira, teve como debatedores o economista e presidente da FPA, Marcio Pochmann, o presidente da Fundação Lauro Campos, do PSol, Juliano Medeiros, o presidente da Fundação Maurício Grabois, do PCdoB, Renato Rebelo, e o líder do PDT, possível candidato à presidência da República, Ciro Gomes.

A necessidade de reconstrução de um projeto nacional protagonizado pela esquerda brasileira como única alternativa viável para superar a atual crise foi consenso entre os debatedores, além da luta essencial para a derrubada do governo Temer e da realização de eleições diretas.

Pochmann abordou em sua exposição o processo histórico brasileiro que resultou em uma sociedade extremamente desigual e lembrou que não necessariamente o caos que vivemos hoje significa ausência de horizonte. “A aceleração da mudança no Brasil foi produto do progresso técnico com base na expansão da riqueza, e a partir do conflito se originou o desenvolvimento social. A crise propicia mudanças históricas”, disse. E citou como exemplos duas grandes mudanças ocorridas no país: a dos anos 1880, que resultou no fim da monarquia e da escravidão, e a de 1930, que decretou o fim da sociedade agrária.

De acordo com Juliano Medeiros, os processos de mudança mantiveram a concentração do poder econômico, e o golpe ocorrido em 2016 confirma o fim de um ciclo e da agenda política da esquerda que perdurou até ali. “Quando se iniciou com a Constituição de 1988, houve ampliação dos direitos sociais, mas prevaleceram a economia monopolista, financeirizada e subalterna do ponto de vista internacional. Com o fim do ciclo, a classe dominante criou uma frágil aliança e passou a implantar uma agenda de retrocessos, com as reformas”, avaliou. Para ele, o que está em jogo é a reestruturação da natureza do Estado brasileiro e a localização do Brasil na divisão internacional do trabalho. “Os desafios da esquerda são a produção de um balanço de sua experiência à frente do governo federal e de um programa que contemple uma agenda política estratégica”.

Renato Rabelo falou sobre a importância da luta pelo socialismo no mundo atual e sobre a atualidade da teoria marxista. “Vivemos uma grande crise, pois a classe dominante sabotou o governo Dilma e assaltou o poder por meio de um golpe parlamentar. Passou a negar a Constituinte de 1988, e a destruir direitos. Segundo ele a greve geral ocorrida em abril foi política, supera as questões corporativas, e deve ser ainda mais forte no dia 30 de junho. “Nossa luta por eleição direta é para garantir 2018”, pontuou.

Ciro Gomes afirmou que Brasil precisa celebrar a ideia do projeto nacional de desenvolvimento e assumir como objetivo nacional permanente a superação da miséria e sua sequelas. “O que faz um país se afirmar é empreender, trabalhar, produzir, ganhar renda, salário, educar os filhos, fortalecer a base sanitária da sociedade e andar sem medo nas ruas. Mas isso é o oposto do que está ocorrendo no Brasil”.

Disse ainda que fazer o enfrentamento da pobreza sem crescer é até possível, mas acentua dramaticamente os conflitos com o reacionarismo, pois trata-se de tomar de quem tem para distribuir a quem não tem. “Crescendo, essas tensões podem ser atenuadas, podemos até impor fissuras no grande pacto conservador do país dado o tamanho da tragédia. Uma delas é a gravíssima desindustrialização”.


Fonte: Blog do Miro

Maduro envia carta a papa Francisco para pedir mediação entre governo e oposição na Venezuela

Maduro envia carta a papa Francisco para pedir mediação entre governo e oposição na Venezuela


Na carta, Maduro pede para o papa ajudar a encontrar uma solução que pacifique a Venezuela e condena o uso de crianças em protestos, o qual classificou como 'atos terroristas'
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enviou uma carta ao papa Francisco pedindo mediação na crise política do país. 
A correspondência, datada da última segunda-feira (12/06) foi entregue ao núncio apostólico na nação latina, Aldo Giordani, pelo ministro venezuelano da Comunicação, Ernesto Villegas, segundo divulgou na terça (13/06) a Agência Venezuelana de Notícias.
Na carta, Maduro pede para o papa ajudar a encontrar uma solução que pacifique a Venezuela e condena o uso de crianças em protestos, o qual classificou como "atos terroristas".
“Quero, muito respeitosamente, pedir sua intermediação, no marco do processo de diálogo nacional, para que os dirigentes e organizações políticas da oposição, em especial da MUD [coalizão oposicionista], deixem de fazer estas ações tanto criminais como inumanas, desistindo delas de maneira imediata”, diz Maduro na carta.
Agência Efe

Maduro enviou carta a papa Francisco pedindo mediação na crise política da Venezuela

Papa e Trump se reúnem no Vaticano e debatem 'promoção da paz no mundo'

Chanceler da Venezuela entrega relatório sobre violência política no país ao Parlasul

Prédio do Tribunal Supremo de Justiça é incendiado por manifestantes em Caracas

 
Até aqui, a onda de manifestações contra o governo de Maduro já dura mais de 70 dias e deixou 69 mortos. O presidente havia anunciado no último domingo (11/06) que enviaria uma mensagem a Francisco para tentar atrair o Vaticano de volta às negociações.
Em outubro passado, a Igreja e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) chegaram a iniciar uma mediação, mas os diálogos foram congelados em dezembro, após a oposição ter acusado o governo de não manter sua palavra nas tratativas.
Na semana passada, o líder católico recebeu no Vaticano bispos da Conferência Episcopal Venezuelana, que lhe entregaram uma lista com o nome das pessoas mortas nas manifestações. O arcebispo de Caracas, cardeal Jorge Urosa Savino, já havia acusado Maduro de usar a imagem do papa para “manipular” o povo.
A oposição alega que o presidente tinha se comprometido a abrir um corredor humanitário, tirar as restrições contra o Parlamento e libertar presos políticos. Já o governo diz que esses temas nunca fizeram parte das negociações.

Cristina Kirchner lança frente partidária para disputar eleições legislativas em outubro na Argentina

Cristina Kirchner lança frente partidária para disputar eleições legislativas em outubro na Argentina


Frente Unidade Cidadã é formada pelos partidos Kolina, Novo Encontro, Compromisso Federal, Frente Grande e Partido da Vitória; ex-presidente deve se candidatar ao Senado
A ex-presidente argentina Cristina Kirchner lançou nesta quarta-feira (14/06) a frente partidária Unidade Cidadã, que irá disputar as eleições legislativas que serão realizadas em outubro com uma plataforma de oposição ao governo de Mauricio Macri.
A nova frente foi apresentada por meio de comunicado divulgado nas redes sociais da ex-presidente. Intitulado “Depois do engano e do calote eleitoral: a segunda fase do ajuste”, o texto traz duras críticas ao governo Macri, da aliança Cambiemos, e propostas para “frear o ajuste e construir mais e melhor democracia”.
O documento recorda que o atual presidente, antes de ser eleito, declarou que iria “terminar com a pobreza, a insegurança e a exclusão”. No entanto, “na Argentina de nossos dias, a sociedade está sofrendo em carne própria a reinstauração do modelo neoliberal, consequência do engano e do calote eleitoral mais formidável de que se tem memória”, diz o manifesto.
“A democracia representativa exige que aqueles que assumem cargos ou cadeiras por meio de eleição pelo voto popular devem cumprir com os programas e as propostas que realizaram durante a campanha eleitoral. Quando o povo vota, não dá cheques em branco; elege entre pessoas que encarnam ideias, formulam programas e propostas de governo”, segue o texto.

Senado da Argentina aprova lei que veta alívio de pena a agentes da ditadura

Cristina Kirchner diz que Temer é 'farsante cafona' e sinaliza candidatura ao Senado argentino

Poder de compra dos trabalhadores da Argentina diminuiu desde início do governo Macri, diz estudo

 
“O problema não é o passado que todos e cada um dos argentinos temos, mas que com as políticas do governo do Cambiemos não há futuro para ninguém”, diz o manifesto, acrescentando que “se trata de um programa econômico, político e social que os grupos de poder nacionais e estrangeiros pretendem aplicar para seu próprio benefício”.
De acordo com a frente partidária, o governo Macri pretende implementar depois das eleições de outubro “a segunda fase do plano de ajuste”: “reformas estruturais que aprofundem de forma perdurável a debilidade dos trabalhadores e de seus salários em relação aos ricos e a seu capital”.
Facebook Cristina Fernandez de Kirchner

A ex-presidente deve se lançar como candidata a senadora
Por isso, os partidos da coalizão propõem “construir uma nova relação de formas políticas e sociais que expresse a unidade cidadã para frear o ajuste permanente, a desindustrialização endêmica, o endividamento serial e a especulação financeira que a Aliança Cambiemos tem como únicas metas de governo”.
A frente é formada pelos partidos Kolina, Novo Encontro, Compromisso Federal, Frente Grande e Partido da Vitória. O Partido Justicialista, de orientação peronista e principal força da Frente para a Vitória, coalizão que levou Néstor e Cristina Kirchner ao poder na Argentina, não aderiu à nova frente partidária.
Segundo fontes próximas a Cristina disseram a veículos da imprensa argentina e como a própria ex-presidente já havia sinalizado, ela será candidata ao Senado nas eleições que acontecem no dia 22 de outubro e que serão uma espécie de teste para o governo Macri. O anúncio oficial da candidatura de Cristina deve acontecer na próxima semana, já que o prazo para inscrições dos candidatos se encerra no dia 24 de junho.

GILMAR DEMOLIU O RESPEITO PELA JUSTIÇA

GILMAR DEMOLIU O RESPEITO PELA JUSTIÇA

247 - O jornalista Janio de Freitas bateu duro no ministro mais polêmico do Supremo Tribunal Federal, no artigo Gilmar Mendes promove demolição progressiva do respeito pela Justiça.

"Se o julgamento no TSE deu em alguma coisa, deve-se a Gilmar Mendes. Sua obra de demolição progressiva do respeito público pela Justiça não inovou no seu método – o escárnio agressivo, como arma do facciosismo. Mas criou ali um risco para os seus colegas no Supremo Tribunal Federal. O novo pedido de impeachment de Gilmar Mendes foi preparado para dirigir-se, desta vez, ao STF. O primeiro foi dirigido, como devia ser, ao Senado, onde Renan Calheiros representou a covardia da Casa e o engavetou. A nova destinação é uma beira de abismo para os colegas de Gilmar Mendes", diz Janio.

"Se aceitar o processo de impeachment seria um despropósito para os colegas de Gilmar Mendes, repeli-lo, a priori ou por decisão final, seria desastroso. Do ponto de vista mais objetivo, são inúmeras as provas de conduta imprópria desse ministro que se considera acima de todo regramento. E das maneiras pessoais civilizadas – sobretudo se recomendadas pela ética da magistratura."

Republicação:
DEGRADAÇÃO DO JUDICIÁRIO
Dalmo de Abreu Dallari

Nenhum Estado moderno pode ser considerado democrático e civilizado se não tiver um Poder Judiciário independente e imparcial, que tome por parâmetro máximo a Constituição e que tenha condições efetivas para impedir arbitrariedades e corrupção, assegurando, desse modo, os direitos consagrados nos dispositivos constitucionais.

Sem o respeito aos direitos e aos órgãos e instituições encarregados de protegê-los, o que resta é a lei do mais forte, do mais atrevido, do mais astucioso, do mais oportunista, do mais demagogo, do mais distanciado da ética.

Essas considerações, que apenas reproduzem e sintetizam o que tem sido afirmado e reafirmado por todos os teóricos do Estado democrático de Direito, são necessárias e oportunas em face da notícia de que o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, com afoiteza e imprudência muito estranhas, encaminhou ao Senado uma indicação para membro do Supremo Tribunal Federal, que pode ser considerada verdadeira declaração de guerra do Poder Executivo federal ao Poder Judiciário, ao Ministério Público, à Ordem dos Advogados do Brasil e a toda a comunidade jurídica.

Se essa indicação vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional. Por isso é necessário chamar a atenção para alguns fatos graves, a fim de que o povo e a imprensa fiquem vigilantes e exijam das autoridades o cumprimento rigoroso e honesto de suas atribuições constitucionais, com a firmeza e transparência indispensáveis num sistema democrático.

Segundo vem sendo divulgado por vários órgãos da imprensa, estaria sendo montada uma grande operação para anular o Supremo Tribunal Federal, tornando-o completamente submisso ao atual chefe do Executivo, mesmo depois do término de seu mandato. Um sinal dessa investida seria a indicação, agora concretizada, do atual advogado-geral da União, Gilmar Mendes, alto funcionário subordinado ao presidente da República, para a próxima vaga na Suprema Corte. Além da estranha afoiteza do presidente - pois a indicação foi noticiada antes que se formalizasse a abertura da vaga -, o nome indicado está longe de preencher os requisitos necessários para que alguém seja membro da mais alta corte do país.

É oportuno lembrar que o STF dá a última palavra sobre a constitucionalidade das leis e dos atos das autoridades públicas e terá papel fundamental na promoção da responsabilidade do presidente da República pela prática de ilegalidades e corrupção.

É importante assinalar que aquele alto funcionário do Executivo especializou-se em “inventar” soluções jurídicas no interesse do governo. Ele foi assessor muito próximo do ex-presidente Collor, que nunca se notabilizou pelo respeito ao Direito. Já no governo Fernando Henrique, o mesmo  Gilmar Mendes, que pertence ao Ministério Público da União, aparece assessorando o ministro da Justiça Nelson Jobim, na tentativa de anular a demarcação de áreas indígenas. Alegando inconstitucionalidade, duas vezes negada pelo STF, “inventaram” uma tese jurídica, que serviu de base para um decreto do presidente Fernando Henrique revogando o decreto em que se baseavam as demarcações.

Mais recentemente, o advogado-geral da União, derrotado no Judiciário em outro caso, recomendou aos órgãos da administração que não cumprissem decisões judiciais.

Medidas desse tipo, propostas e adotadas por sugestão do advogado-geral da União, Gilmar Mendes, muitas vezes eram claramente inconstitucionais e deram fundamento para a concessão de liminares e decisões de juízes e tribunais, contra atos de autoridades federais.

Indignado com essas derrotas judiciais, o senhor Gilmar Mendes fez inúmeros pronunciamentos pela imprensa, agredindo grosseiramente juízes e tribunais, o que culminou com sua afirmação textual de que o sistema judiciário brasileiro é um “manicômio judiciário”.

Obviamente isso ofendeu gravemente a todos os juízes brasileiros ciosos de sua dignidade, o que ficou claramente expresso em artigo publicado no “Informe”, veículo de divulgação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (edição 107, dezembro de 2001). Num texto sereno e objetivo, significativamente intitulado “Manicômio Judiciário” e assinado pelo presidente daquele tribunal, observa-se que “não são decisões injustas que causam a irritação, a iracunda, a irritabilidade do advogado-geral da União, mas as decisões contrárias às medidas do Poder Executivo”.

E não faltaram injúrias aos advogados, pois, na opinião do senhor Gilmar Mendes, toda liminar concedida contra ato do governo federal é produto de conluio corrupto entre advogados e juízes, sócios na “indústria de liminares”.

A par desse desrespeito pelas instituições jurídicas, existe mais um problema ético. Revelou a revista “Época” (22/4/ 02, pág. 40) que a chefia da Advocacia Geral da União, isso é, osenhor Gilmar Mendes, pagou R$ 32.400 ao Instituto Brasiliense de Direito Público - do qual o mesmo senhor Gilmar Mendes é um dos proprietários - para que seus subordinados lá fizessem cursos. Isso é contrário à ética e à probidade administrativa, estando muito longe de se enquadrar na “reputação ilibada”, exigida pelo artigo 101 da Constituição, para que alguém integre o Supremo.

A comunidade jurídica sabe quem é o indicado e não pode assistir calada e submissa à consumação dessa escolha notoriamente inadequada, contribuindo, com sua omissão, para que a arguição pública do candidato pelo Senado, prevista no artigo 52 da Constituição, seja apenas uma simulação ou “ação entre amigos”.

É assim que se degradam as instituições e se corrompem os fundamentos da ordem constitucional democrática.


PMDB E PSDB: UM HISTÓRICO ACORDO ESPÚRIO

PMDB e PSDB: um histórico acordo espúrio
Sílvio Costa*


A permanência de Michel Temer na Presidência da República é o maior ataque à ética política da história do Brasil. Um absurdo sem precedentes. É óbvia essa constatação quando assistimos a nossa democracia ser torpedeada sucessivamente e sem pudores pelos mais espúrios acordos e as mais impatrióticas conspirações de uma maioria de políticos indecentes que se une para tramar a autoproteção a seus crimes.

Políticos cujas tramas agridem, insultam e afrontam o povo brasileiro de uma forma que jamais ocorreu em mais de 500 anos do Brasil.

Parte do PMDB e do PSDB elabora um plano para salvar Michel Temer e Aécio Neves. Uma mão suja lava a outra mão suja e as duas limpam os pés de porcelana sujos. O PSDB tentará salvar Temer de um processo no STF e o PMDB tentará salvar Aécio de um processo no Conselho de Ética do Senado Federal.

Este é o Brasil que eles pretendem levar até 2018.

O povo brasileiro não pode permitir esse pacto indecente.

Precisamos ir às ruas com firmeza, serenidade e altivez.

A maioria daqueles que insistem na permanência de Michel Temer na presidência é cúmplice da impunidade e parceira da corrupção que aflige o País. A rigor essa maioria está consagrando a corrupção em nosso País.

Essa artimanha para salvar Temer e Aécio representa a defesa da "velha política do rouba, mas faz".

Na cabeça desses aliados para uma "ação entre amigos", as reformas propostas pelo governo Michel Temer estão acima da ética e da moralidade pública. Pelas reformas, vale tudo. Vale não responder às perguntas da Polícia Federal; vale colocar a ABIN para bisbilhotar o ministro do STF, Edson Fachin; vale agredir ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot; vale tudo para unir forças e salvar Temer e Aécio. Vale, inclusive, usar a máquina pública para comprar votos na Câmara Federal e vale trabalhar juntos pelo fim da Operação Lava-Jato.

* Deputado Federal (PTdoB/PE)


DEPUTADO RELATA COMO FOI TORTURADO PELA PM DE SARTORI É a ditadura se espalhando...

DEPUTADO RELATA COMO FOI TORTURADO PELA PM DE SARTORI

A Brigada Militar do Rio Grande do Sul, do governo de Ivo Sartori (PMDB), montou uma operação de guerra para despejar famílias que ocupavam um prédio no centro de Porto Alegre na noite desta quarta-feira 14. No episódio, um deputado que tentava conciliar a ação foi agredido e preso, mesmo depois de ter informado que era parlamentar.

"Eu não só fui agredido, como fui arrastado no meio da tropa, fui algemado para trás, me estrangularam, levei tiros de borracha nas pernas, me colocaram na gaiola da viatura, andaram comigo pelas ruas", descreveu o deputado estadual Jeferson Fernandes, do PT.

Como presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, ele presidida uma audiência pública com as famílias, primeiro na Casa Legislativa, depois na frente do prédio da ocupação, e pedia a presença de um oficial de Justiça, quando a Brigada Militar chegou com dezenas de homens do Choque, como disse ele, pronta para o "ataque".

A ordem de reintegração de posse foi determinada pela juíza Aline Santos Guaranha, da 7ª. Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre, há cerca de um ano e sete meses. No despacho, a magistrada recomendou "o cumprimento da ordem aos feriados e finais de semana e fora do horário de expediente, se necessário, evitando o máximo possível o transtorno ao trânsito de veículos e funcionamento habitual da cidade".

A Brigada Militar cumpriu o despejo no período da noite, na véspera do feriado de Corpus Christi. A ação da Brigada começou quando o grupo que participava da Comissão na Assembleia chegou até o local da ocupação, chamada de Lanceiros Negros, para dar sequência à audiência. Além do deputado, ao menos outras sete pessoas foral levadas presas.

O PT do Rio Grande do Sul exigiu, em nota, "a imediata exoneração" do Secretário de Segurança, Cezar Schirmer, e do comandante da Brigada. O PT nacional, em nota assinada pela presidente Gleisi Hoffmann (PT-PR), denunciou o abuso e a violência policial do governo Sartori. O presidente da Assembleia, deputado Edegar Pretto (PT), disse que a casa foi "violentamente afrontada com a prisão do deputado".

Confira o relato feito pelo parlamentar ao 247 nesta quinta-feira 15:

·        A Brigada Militar chegou com alguma justificativa para o uso da força na ocupação?

Chegaram já com absoluta violência, ninguém falou nada. Já tinha uma formação de ataque contra os ocupantes. Eu estava presidindo a audiência pública, que começou dentro do parlamento e se estendeu para a rua, porque havia a iminência do despejo. Eu fui o primeiro que eles abordaram, e começaram a bater, jogar gás, dar muito tiro.

·        O senhor foi agredido? De que forma?

Eu não só fui agredido, eu fui arrastado no meio da tropa, fui algemado, me estrangularam, levei tiros de borracha nas pernas, me colocaram dentro da gaiola (da viatura), com duas mulheres dentro naquele espaço de trás, andaram comigo pelas ruas. A viatura ficou uns 20 minutos em frente ao Palácio Piratini, sede do governo do Estado. Depois disso, pela repercussão que o caso ganhou, eles simplesmente deslocaram a viatura para uns 100 metros dali e me soltaram, na rua, e mantiveram as outras pessoas presas, que para eles tinham menos importância. E eu fui solto a partir de então.

Mas o que eu acho importante dizer é que o despacho da juíza que autorizou o despejo dizia que tinha que ter conselho tutelar no local, porque era uma ocupação com muitas crianças. A maioria era mulheres. Não autorizava pessoalmente a ocupação ser à noite, muito menos o uso da força. Dizia lá se necessário o uso da força, mas eles chegaram batendo. Isso é irrefutável, porque tudo foi transmitido ao vivo. O que eu pedia era que viesse oficial de Justiça para ler o mandado e que aparecesse o comandante da tropa. Depois de muito apelo, apareceu um oficial de Justiça.

·        Não havia oficial de Justiça então até o momento?

Ele devia estar atrás, em meio aos policiais militares. Porque me deram um megafone, e com muito apelo, depois de levar muito gás, paulada enfim, ele apareceu dizendo para eu sair da frente. E aí eu cobrei, quis saber qual era o procedimento da desocupação, que estava ocorrendo à noite, que tinha crianças. E o cara disse 'não vai sair, pode prender'.

Daí foi nesse momento que eles me derrubaram, outras lideranças também foram arrastadas para o meio da tropa, e aí aquilo tudo que eu já te falei, algemado para trás, mão, braço torcido, cassetete na cabeça, muito xingamento. Um troço absurdo porque eu atuava como parlamentar, como presidente da Comissão dos Direitos Humanos, em plena audiência pública sobre o assunto.

·        Ao longo de todo esse episódio, estava claro para eles que o senhor era parlamentar?

Todo mundo gritava que eu era parlamentar. Depois de muito anúncio que eu estava ali, apareceram dois oficiais de Justiça, que simplesmente disseram para sair da frente.

·        Qual a situação das famílias neste momento?

Eles tiraram todas as famílias, muitos colegas levaram as famílias para alguns locais onde pudessem dormir. Eu estou preocupado, porque são dezenas de famílias. Muitas são vítimas do tráfico, moravam na rua, outras foram vítimas agora das enchentes no Estado, sem contar indígenas que moravam nas calçadas, e tinham uma vida decente na ocupação.

Aquele prédio é do Estado e não tinha uma destinação e continua não tendo. O Estado não disse para quê vai usar o prédio e não fez uma mediação para o destino das famílias. O governador, que é o mesmo autor da ação, comandou também essa atrocidade por parte da Brigada Militar.

·        Como foi o exame de corpo de delito?

O médico registrou lesões na minha cabeça por conta do cassetete, hematomas nas pernas por causa dos tiros de bala de borracha, pulsos marcados pelas algemas e muita ardência no rosto, devido ao spray de pimenta.

·        O senhor chegou a ter alguma conversa com alguém do governo desde então?

O presidente da Assembleia, Edegar Pretto, tentou várias vezes falar com o governador, mas não conseguiu. Eu nem tinha condições psicológicas para fazer qualquer contato. Eu estou cobrando, via imprensa, um posicionamento do presidente do Tribunal de Justiça e do governador se é essa a orientação que eles dão de ação da Brigada Militar por ocasião de despejo. Houve uma ruptura institucional conosco do parlamento e é necessário um posicionamento dos chefes desses outros poderes.

·        Há definição de alguma medida a ser tomada por parte da Assembleia?

Eu estou em casa nesse momento, tentando me recompor, das lesões e do abalo, mas eu vou assim que possível conversar com o presidente, Edegar Pretto, e os demais companheiros da Comissão de Direitos Humanos para ver, além dessas de exigir posicionamentos dos outros poderes, quais outras medidas podemos adotar.