domingo, 24 de junho de 2018

CELSO AMORIM: LULA É PEÇA-CHAVE NA CONCILIAÇÃO NACIONAL

“NÃO TEM CABIMENTO”, DIZ BATOCHIO SOBRE DECISÃO DE FACHIN

“A refundação barrosiana”

altO jornalista Ricardo Cappelli vê transformação do “garantista” ministro Luís Roberto Barroso em “Torquemada” nesses tempos de lava jato.
“O ritual de transformação é sempre parecido. Garantistas viram Torquemadas. Advogados dos movimentos sociais transformam-se nos justiceiros do Coliseu. A ascensão aos salões da elite brasileira testa convicções. Quem não resiste, corre para dar demonstrações cabais de que se livrou do “pecado de suas origens””, escreve Cappelli.
Leia a íntegra do texto:
“A refundação barrosiana”
Ricardo Cappelli*
“Mandaria Jesus para a fogueira se ele voltasse e questionasse os princípios da Santa Igreja”. Tomás de Torquemada
Em seminário promovido pelo Globo, o ministro Roberto Barroso, do STF, afirmou: “É uma refundação que o Brasil vive, que está surgindo uma nova ética pública e privada. O filme atual é sombrio, mas poderemos ter um final feliz”.
Barroso não poupou seus pares e atacou o próprio Supremo Tribunal Federal. Disse que o fim das conduções coercitivas aprovada pelo tribunal “foi um esforço para desautorizar juízes corajosos”.
Nenhuma palavra sobre a presunção da inocência, sobre o direito do acusado de ficar calado, sobre as garantias individuais.
Em palestra recente no Reino Unido, o ministro do STF afirmou ainda que “o Brasil tem sociedade viciada em Estado”. Sobre a universidade pública, decretou: “ela custa caro e dá pouco retorno”.
Luís Roberto Barroso formou-se na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Fez doutorado na mesma UERJ, onde é professor. Desde 1985 é Procurador do Estado do Rio de Janeiro. Em 2013 passou a integrar o STF. Funcionário público formado em instituições públicas, notabilizou-se como advogado atuando em causas famosas defendidas pelo seu escritório.
Se a sociedade é viciada em Estado e a universidade pública não dá retorno, por experiência própria, o doutor Barroso deve saber o que fala.
O ritual de transformação é sempre parecido. Garantistas viram Torquemadas. Advogados dos movimentos sociais transformam-se nos justiceiros do Coliseu. A ascensão aos salões da elite brasileira testa convicções. Quem não resiste, corre para dar demonstrações cabais de que se livrou do “pecado de suas origens”.
Partir da constatação de problemas reais para chegar à conclusões recheadas de ideologia é uma artimanha conhecida. Chagas reais viram nuvens para confundir e justificar posições neoliberais, conservadoras e autoritárias.
A corrupção é uma disfunção presente em todos os países, não se trata de um privilégio do patrimonialismo tupiniquim herdado do “infortúnio de nossa herança portuguesa”, como querem fazer crer alguns. Os yuppies de Wall Street, que quebraram o mundo com a jogatina de 2008, fazem os problemas brasileiros parecer brincadeira de criança.
Vivemos uma era de luzes, com neoiluministas do aparato estatal dispostos a enfrentar interesses para refundar a nação? Não me parece o caso.
Que estruturas estão sendo reinventadas? Há em curso uma revolução social democrática? A riqueza está sendo repartida? Superamos o monopólio privado das comunicações? Fizemos uma reforma tributária socialmente justa? Acabamos com a agiotagem pilotada por meia dúzia de banqueiros bilionários?
Nossa história indica que estamos vivendo a repetição da sanha antidemocrática de uma elite antinacional apoiada em setores da burocracia estatal ávidos por um lugar na “primeira classe”.
Getúlio e Jango podem se chamar Lula. Médici e Geisel podem ser chamados de Moro e Dallagnol. Saem as fardas, armas e tanques. Entram as togas, ternos Armanis e câmeras de televisão. A república do Galeão poderia ser em Curitiba. A CIA, mais discreta e moderna, se chama agora NSA.
O crime de lesa-pátria é tão grave quanto às torturas. Assassinaram milhões de empregos com o desmonte da engenharia nacional. Acabaram com a imagem da proteína animal brasileira no mundo. Vivemos uma profunda recessão.
Estão destruindo a nação. É esta a refundação?
O Estado Democrático de Direito foi abandonado no meio fio. A “bruxa democracia” está sendo queimada na fogueira.
O moralismo de auditório rasgou nossa Carta Magna e tirou o gênio obscurantista da garrafa. Empurrou nosso país para a divisão. A única refundação em curso é, infelizmente, a do fascismo deplorável.
Ele vem das sombras, não tem nada de novo e não parece apontar um “final feliz”.
*Ricardo Cappelli é jornalista e secretário de estado do Maranhão, cujo governo representa em Brasília. Foi presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) na gestão 1997-1999.

Itália ameaça outro barco com 239 imigrantes, na véspera de cúpula europeia sobre imigração

Itália ameaça outro barco com 239 imigrantes, na véspera de cúpula europeia sobre imigração

rfi - português do brasil

Ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, do partido de extrema-direita Liga do Norte, exigiu que a embarcação seja 'sequestrada e sua tripulação detida'

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A Itália mantém uma linha dura contra ONGs que socorrem imigrantes no Mediterrâneo. A poucas horas de uma minicúpula em Bruxelas sobre a política migratória europeia, o novo governo populista italiano volta a ameaçar um navio com 239 imigrantes a bordo.
Roma pediu na sexta-feira (22/06) que Malta abra seus portos para o barco Lifeline, fretado por uma ONG alemã. O ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, do partido de extrema-direita Liga do Norte, exigiu que a embarcação seja em seguida “sequestrada e sua tripulação detida”. O governo maltês já se recusou a socorrer o navio.
Reprodução

Imigrantes a bordo do navio Lifeline que aguarda neste sábado (23/06), em águas internacionais no Mediterrâneo, uma decisão sobre seu destino
O governo italiano se recusa a receber o navio em portos do país e acusa a ONG alemã de ter violado o direito internacional ao resgatar imigrantes na costa da Líbia, no momento em que a guarda-costeira do país africano estava prestes a socorrê-los.
O Lifeline aguarda neste sábado (23/06) em águas internacionais uma solução diplomática sobre seu destino. O navio espera também receber rapidamente água e alimentos para os 239 imigrantes a bordo, incluindo 14 mulheres e quatro crianças.
Europa dividia
O incidente acontece menos de uma semana após a odisseia de um outro navio humanitário, o Aquarius, que pôde finalmente aportar na Espanha com 630 imigrantes a bordo.

Itália impede que navio com 629 migrantes atraque no país; política de imigração é controlada por ultradireita

Espanha decide receber navio rejeitado por Itália e Malta com mais de 600 imigrantes

Países do Leste Europeu boicotam cúpula da UE sobre imigração

 
A cúpula dos dirigentes do bloco europeu no domingo (24) em Bruxelas deve ser marcada por muita tensão. Roma vai defender uma proposta mais severa para conter a imigração, que conta com o apoio de países do Leste Europeu e divide o bloco.
O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, chegou a pensar em boicotar o encontro, mas mudou de ideia após uma conversa telefônica com a chanceler alemã. Angela Merkel relativizou a importância da cúpula, que vai contar com a presença de ao menos 16 integrantes da União Europeia, garantido que nenhuma decisão implicando o conjunto do bloco deve ser tomada.
Mas a polêmica entre Roma e seus parceiros europeus está longe de terminar. Na sexta-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, que já havia criticado o novo governo italiano, voltou a colocar mais lenha na fogueira denunciando “a lepra nacionalista na Europa”. A reação italiana foi imediata. O ministro Salvini disse “só aceitará lições” depois que o presidente francês “acolher milhares de imigrantes”.

Em 2003, Bolsonaro parabenizou grupos de extermínio na Câmara Nazista desde sempre

Em 2003, Bolsonaro parabenizou grupos de extermínio na Câmara

Reportagem de Ranier Bragon na Folha informa que o deputado federal Jair Bolsonaro, pré-candidato à Presidência pelo PSL, usou os microfones da Câmara em 2003 para parabenizar e defender a ação de grupos de extermínio no país. Na época capitão reformado do Exército e defensor do regime militar, Bolsonaro disse que, como o Brasil não tem pena de morte, esses grupos são úteis e teriam seu apoio.
A sua fala era uma resposta a um deputado que horas antes havia afirmado que o governo da Bahia, na época, assumira pela primeira vez a existência de esquadrões da morte na região, diz a Folha de S.Paulo. “Enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, esses grupos de extermínio, no meu entender, são muito bem-vindos. E se não tiver espaço na Bahia, pode ir para o Rio de Janeiro. Se depender de mim, terão todo o apoio, porque no Rio de Janeiro só as pessoas inocentes são dizimadas. Na Bahia, as informações que tenho —lógico que são grupos ilegais, mas meus parabéns— [são a de que] a marginalidade tem decrescido.”
Um mês depois da fala de Bolsonaro, um crime atribuído aos esquadrões da morte da Bahia ganhou repercussão internacional, complementa a publicação.