terça-feira, 15 de setembro de 2020

O que a Lava Jato faz por baixo do pano

 

14 de setembro de 2020

Boa tarde!

O tempo passa, mas a gente não para de investigar o que a Lava Jato faz por baixo do pano. Daqui a pouco vamos publicar uma reportagem revelando que a ONG Transparência Internacional agiu diversas vezes a pedido do procurador Deltan Dallagnol, contribuindo para limpar a barra da operação quando sua imagem estava em perigo. Leia abaixo um trecho da reportagem antes da publicação – um presente para você, nosso Aliado! 

A Agência Pública está investigando os mandos e desmandos da Lava Jato há mais de um ano. Fomos nós que revelamos as ligações da Lava Jato com o FBI, lembra? Nós só podemos seguir com esse trabalho, essencial para a sociedade brasileira, graças à sua contribuição. Por isso, agradecemos muito a você que investe no jornalismo que descobre o que os poderosos querem esconder e revela os abusos que prejudicam o Brasil. Muito obrigada! 

A aliança da Lava Jato com a Transparência Internacional 
por Alice Maciel e Natalia Viana, da Agência Pública e Rafael Moro Martins, do Intercept Brasil


Mensagens de Telegram trocadas entre o procurador Deltan Dallagnol e o diretor-executivo do capítulo brasileiro da Transparência Internacional, Bruno Brandão, entregues ao Intercept Brasil e analisadas pela Pública sugerem uma proximidade pouco transparente da organização com a Operação Lava Jato. 

Com credibilidade mundial no combate à corrupção, a Transparência Internacional, também conhecida pela sigla TI, atuou nos últimos anos para defender publicamente a Lava Jato e seus protagonistas dentro e fora do Brasil, por meio de entrevistas, contatos com a imprensa e publicação de notas de apoio. As mensagens revelam que a ONG agiu diversas vezes a pedido do procurador Deltan Dallagnol, que deixou no começo de setembro a força-tarefa. 

Os chats mostram que o então chefe da força-tarefa da Lava Jato tinha uma relação próxima com Bruno Brandão, diretor da Transparência Internacional. Dallagnol recorria a ele quando a imagem da operação estava em perigo ou quando queria promovê-la. 

Revelam também que a ONG teve acesso e palpitou na minuta do contrato assinado entre a força-tarefa e a Petrobras para a criação de uma fundação. A Transparência Internacional recomendou ao procurador da República Deltan Dallagnol que o Ministério Público Federal (MPF) não tivesse assento no conselho da bilionária Fundação Lava Jato, a ser formada com dinheiro das multas recolhidas pela Petrobras. Mas Dallagnol deu de ombros para a sugestão e viu sua fundação desmoronar ao ser questionada pela comandante do MPF, a então procuradora-geral da República Raquel Dodge, e por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Procurada pela reportagem, a organização afirmou, por meio de nota, que essa parceria, assim como a colaboração com a força-tarefa da Lava Jato, faz parte da natureza do seu trabalho e missão. A organização afirmou também que para cumprir sua missão “dialoga e coopera sistematicamente com agentes públicos, sociedade civil, jornalistas investigativos, entre outros” e que “é natural que, na consecução de sua missão institucional, tenha estabelecido parceria institucional com o MPF e colaboração com as Forças-Tarefa da Lava Jato, Greenfield, Amazônia e outras”. 

O MPF reforçou que os contatos entre o procurador e Bruno Brandão “sempre se deram de modo republicano” e foram “focados em defender a causa anticorrupção, o estado de direito e a democracia”.

“Colocando isso na boca do investidor estrangeiro, daria muita credibilidade”

Após os primeiros anos, a Lava Jato passou a receber crescentes críticas sobre o seu impacto na economia brasileira. Em junho de 2017, o então procurador-chefe da Lava Jato pediu a Brandão que o ajudasse a pensar em estratégias para a operação conseguir apoio internacional. “Fiquei pensando se não poderia haver uma declaração internacional de apoio”, escreveu em chat privado no Telegram, no dia 2 de junho de 2017, às 14h17. “Falando que é importante que para o desenvolvimento econômico do país é preciso que a investigação prossiga, dentro da lei”, acrescentou. 

Como solução, o diretor-executivo da TI chegou a propor a Dallagnol que a ONG, por meio de um estudo, desse o crédito da recuperação da economia do país à Lava Jato: “Acho que temos várias opções e que devemos começar a agir rapidamente. Podemos começar a ver isso na quinta-feira mesmo. Estamos pensando em começar uma pesquisa sobre a percepção dos maiores investidores institucionais estrangeiros no Brasil sobre o que eles pensam da Lava-Jato, se é bom pra economia ou não - e duvidaria que um investidor olhando o médio e longo prazo diria que não. Se o Brasil está começando a se recuperar podemos começar a creditar isso na conta do trabalho de vcs tb, colocando isso na boca do investidor estrangeiro daria muita credibilidade - e desmontaria um dos argumentos que os críticos mais repetem”, sugeriu Brandão a Dallagnol em 2 de junho de 2017. 

Questionada, a Transparência Internacional se posicionou afirmando que refuta veementemente o argumento de que a luta contra a corrupção é danosa à economia, mas informou que o estudo não foi feito e “se viesse a ser realizado, seguiria o mesmo processo transparente e independente de formulação e validação metodológica que seguem todos os estudos da TI”. 

Em 14 de fevereiro de 2018, no entanto, Bruno Brandão publicou uma coluna no Valor Econômico com o título: “Legado de combate à corrupção será positivo para a economia”. “Publiquei hoje um artigo no Valor usando os resultados do TRAC pra rebater o discurso oportunista de que Lava Jato e o combate à corrupção estão prejudicando a economia”, escreveu o diretor da TI a Dallagnol.

No artigo, Brandão cita o estudo publicado no início daquele mês, “Transparência em Relatórios Corporativos: as 100 Maiores Empresas e os 10 Maiores Bancos Brasileiros”, que seria, de acordo com ele, “o primeiro feito pela organização voltado exclusivamente ao setor privado brasileiro”. 

No texto, Brandão escreve que os resultados do estudo “confirmam que a luta contra a corrupção já não tem como único vetor as investigações e os processos judiciais”. “Ela também se reforça pela resposta no mercado ao que já se consolida como uma nova realidade nacional”, destaca. 

A troca de mensagens no Telegram sugere que a ONG teria sido usada também para defender interesses pessoais de Deltan Dallagnol, contrariando o código de ética e conduta da entidade, que diz que a organização prima pela transparência na defesa do interesse público: “somos sempre transparentes em nossas interações com tomadores de decisão e sobre a causa que defendemos de acordo com nossa missão e valores”, diz o texto.

Leia a reportagem completa hoje à tarde no site da Pública

Newsletter OperaMundi, em 14/9/2020

 

14 DE SETEMBRO DE 2020
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Jones Manoel diz que Pablo Ortellado é um delinquente intelectual

 

Jones Manoel diz que Pablo Ortellado é um delinquente intelectual

Jones Manoel e Pablo Ortelado

247 - O historiador marxista Jones Manoel respondeu a crítica feita pelo professor da USP Pablo Ortellado ao cantor e compositor Caetano Veloso. Em artigo na Folha de S. Paulo nesta terça-feira, 15, Ortelado critica Caetano por ele ter revisto sua posição de apoiar princípios liberais, após ter tido contato com o pensado italiano Domenico Losurdo. 

"Depois de denunciar com firmeza o autoritarismo da ditadura militar num depoimento oportuno, Caetano se rendeu à irresponsabilidade narcísica, incensando o stalinismo. Alguém esconda o espelho", escreve Ortellado em sua crítica ao cantor tropicalista. 

Pelo Twitter, Jones Manoel classificou o artigo de Pablo Ortellado como "delinquência intelectual". "O artigo de Pablo Ortellado (professor de uma das mais importantes universidades da América Latina) na Folha de SP é um caso clássico delinquência e desonestidade intelectual. É prova de até onde vai o liberalismo para não debater sua história. Fundo do poço. Fim", afirmou. 

A polêmica em torno de Caetano Veloso surgiu após ele dizer em entrevista ao programa Conversa com Bial, na TV Globo, no último dia 4 que tem menos raiva do socialismo hoje em dia e se considera “menos liberalóide” do que há dois anos. Ele disse ter tido contato com leituras críticas ao liberalismo através de "um moço de Pernambuco, Jones Manoel".