sábado, 27 de fevereiro de 2021

O lavajatismo vive

 Esther Solano O lavajatismo vive Em suas mais diferentes formas, ele continuará uma força simbólica e retórica mobilizadora de massas Apesar do teor das conversas entre os procuradores da força-tarefa e o ex-juiz Sergio Moro, a Operação Lava Jato não perdeu apoio como se imagina: 80% dos brasileiros continuam a favor do trabalho. O número sobe para 89% entre aqueles com ensino superior. E 69% acreditam que a principal razão para o fim do trabalho é a interferência dos políticos investigados. São dados do relatório Exame/Ideia Big Data de 12 de fevereiro de 2021. A conclusão salta aos olhos. O lavajatismo é maior do que a Lava Jato. E sobreviverá à operação. Conviveremos com um lavajatismo sem Lava Jato. Estamos lascados. O lavajatismo significa populismo do Judiciário, justiça militante, justiça do inimigo, processo penal do espetáculo, justiça moralista, justiça criminalizadora da política, justiça messiânica, justiça punitivista. Tudo isso é lavajatismo. É a destruição do tecido político. Durante manifestação verde-amarela de 16 de agosto de 2015, realizei uma série de entrevistas com os manifestantes que lá estavam para entender o apoio dos mesmos aos excessos da Operação Lava Jato. Eis um dos diálogos que travei com alguns manifestantes: Eu: E o que o senhor pensa sobre a condução coercitiva de Lula? Acha que isso vulnera os direitos dele? Manifestante 1: Que direitos? O cara é o maior ladrão deste país e ainda quer direitos? Agora político corrupto está de mimimi também. É cadeia. Eu: O senhor acha que a Operação Lava Jato vulnera os direitos dos políticos que investiga? Manifestante 2: Que direitos que nada! O cara quer direitos, que não roube então. Direitos humanos para humanos direitos. Mimimi. Vitimismo. O político corrupto é um câncer, a corrupção é o maior problema do Brasil. Político corrupto não se trata segundo as normas do devido processo penal. Político corrupto, ainda mais petista, se aniquila. O corrupto (mas não o de estimação) não representa mais um sujeito de direito. O "mal" tem de ser extirpado e para isso o devido processo penal incomoda. Eis outro trecho: Manifestante 4: O juiz Moro tem uma missão, limpar o Brasil porque o câncer do Brasil são os políticos corruptos. Manifestante 5: Moro é nosso salvador. Se não fosse por ele, nada teria acontecido. É dever de todos os brasileiros apoiar a Lava Jato. Ele vai passar o Brasil a limpo. Ele é o homem que estávamos aguardando. Manifestante 6: Se não fosse por ele, estaríamos perdidos. É um herói. Sérgio Moro era o herói messiânico. A figura do juiz-Deus, o juiz-Messias, o juizherói. O político destrói. O juiz salva. Retórica pseudofascista, higienista. A política é corrupta por natureza, devemos limpá-la, passar o Brasil a limpo. Devemos desinfetar, despoluir, esterilizar o Brasil de políticos. Eu: E os vazamentos, concorda? Manifestante 6: Sim. Tem de vazar mesmo. Veja bem, se não fosse por isso, eles escondiam, a gente não ficava sabendo e eles não iam presos. Um tipo de justiça teatral na qual os conflitos são definidos e julgados jornalisticamente, com papéis confusos e sobrepostos entre mídia e Judiciário. A imprensa tem atribuições que eram específicas dos tribunais e os julgamentos são televisados numa lógica de Big Brother. Do mensalão à Lava Jato, show business, audiência, ibope são agora elementos desta justiça do espetáculo. Teatralização que provoca linchamentos. Justiça mercadoria. A punição como gozo coletivo. A banalização da destruição midiática da política. Estamos lascados. O lavajatismo, nas suas mais diferentes formas, continuará uma força simbólica e retórica mobilizadora de massas. Diante deste cenário sombrio, é urgente que as forças políticas democráticas, progressistas, combatam esse discurso anticorrupção totalmente controlado pela extremadireita. Devemos disputar a hegemonia do lavajatismo com narrativas sobre a corrupção enraizadas nos valores e símbolos progressistas. O que não vale é o que temos feito até agora. Uma parte do campo democrático abraça a Lava Jato, tem orgasmos com ela e, portanto, fortalece suas consequências malditas, enquanto a outra parte ignora a importância de se disputar o discurso. E quando falo disputar é ir muito além do "Lula livre". Criticar a perseguição, a paródia, e a tragédia dos julgamentos de Lula é essencial não só para o PT, não só para a esquerda, se não para a democracia brasileira, mas não podemos parar por aí. Desmascarar a Lava Jato é essencial, mas devemos ir além, devemos disputar o lavajatismo como sintoma. Não só devemos expor a Lava Jato, devemos destruir o lavajatismo. Se não o fizermos, sempre haverá alguém que o faça ressurgir em outros momentos históricos. Sempre haverá um fantasma, um palhaço, um Messias, um monstro.- Lembre-se: 80% dos brasileiros são a favor da operação. Disputemos esse número. Não o ignoremos. •


Fonte: Carta Capital

Interferência de quem?

 PETROBRAS NA BRIGA ENTRE o MERCADO E o EX-CAPITÃO, OS INTERESSES DA ESTATAL FICAM EM SEGUNDO PLANO. PARA ACALMAR OS ÂNIMOS, O GOVERNO OFERECE EM TROCA A VENDA DA ELETROBRAS Economia Interferência de quem? OPINIÃO Apesar de ter ações na Bolsa, a Petrobras continua a ser uma empresa estatal e precisa cumprir esse papel Por Gilberto Bercovici e Rodrigo Salgado* Em Nova York, as ações da Petrobras derreteram Imaginem um grande investidor. Alguém com muito dinheiro e proprietário de uma grande empresa. Ele passa um bom tempo do seu dia a cuidar de seus negócios, certo? Não. Na verdade, ele cuida de quem cuida de seus negócios. Conversa com o presidente de sua empresa, com seus gerentes de investimento. Supondo que ele esteja insatisfeito com o resultado dos negócios, ele demite o presidente, que é seu funcionário. Em uma sociedade por ações de capital aberto, isso também acontece. Claro, existem processos e instâncias. Há de se ter maioria no Conselho de Administração. É necessária a convocação de uma assembleia de acionistas. Mas, ao fim e ao cabo, ouvidas tais instâncias, o ato é possível e juridicamente resguardado. A posteriori, a Comissão de Valores Mobiliários pode investigar se houve prejuízo aos acionistas minoritários e o Judiciário pode, se demandado, exigir indenizações e outras obrigações. Uma coisa é certa: com o rito devidamente seguido, o controlador da empresa tem o direito de nomear um novo presidente. Nosso caso aqui é a Petrobras. Criada, em 1953, por Getúlio Vargas para viabilizar o nosso ciclo de industrialização, a companhia é responsável pela quase totalidade da exploração, produção, refino e transporte de petróleo, gás natural e derivados no País. Em 1997, a maior empresa nacional passou por transformações previstas na Lei do Petróleo, a nº 9.478/97. Mesmo com a malfadada flexibilização do monopólio, a Petrobras segue, porém, uma empresa estatal, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, com maioria do capital votante sob controle da União. Na condição de sociedade de economia mista, ela possui acionistas privados. Hoje, inclusive, cerca de 30% de seu capital é detido por investidores estrangeiros. Mas, como empresa estatal, o interesse público deve sempre prevalecer sobre o interesse privado dos acionistas minoritários. Desde o governo Temer, sob Pedro Parente, a Petrobras tem sido dirigida para privilegiar o acionista em detrimento do interesse público. A venda de seu parque de refino, decidida pelo Conselho de Administração antes mesmo de firmado um acordo ilegal com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica é uma amostra. A venda da BR Distribuidora, uma privatização travestida de venda de ações, também. Mas nada é mais contundente nesta "nova" gestão do que a política de preços de combustíveis adotada desde a presidência de Parente. Chamada hoje de preço de paridade de importação (PPI), a companhia usa as variações do dólar e do barril de petróleo para determinar o preço do produto vendido às distribuidoras, que o repassam imediatamente para o valor final do produto. A ideia aqui é garantir a maior lucratividade para a empresa, valorizando suas ações (ou o seu valor de mercado). Como a Petrobras é dominante no mercado de importação e exportação de óleo e derivados, pelo seu tamanho, é a price maker (sic) do mercado interno, fazendo com que todo o setor siga seus passos. Durante o governo Temer, o País assistiu à greve dos caminhoneiros. Com mais traços de locaute do que de luta dos trabalhadores, a paralisação persistiu até o governo apresentar arremedas de solução. O confuso tabelamento dos fretes foi o mais famoso. Quem não resistiu, no entanto, foi o então presidente da estatal petroleira, que se demitiu. Desde o governo Temer, a companhia tem sido dirigida para privilegiar o acionista em detrimento do interesse público Dito isso, é importante mostrar o que está em jogo com a saída de Roberto Castello Branco da chefia da empresa, que cai pelos mesmos motivos que levaram Parente a pedir para sair. Como apontamos, a ideia do PPI é fazer a empresa valorizar seus papéis nas Bolsas, especialmente aquelas de São Paulo e Nova York. Não vamos entrar no mérito se essa é a maneira mais adequada de se preciflcar uma companhia. O que é fato é que são acionistas privados, notadamente os investidores estrangeiros, os que mais ganham com essa estratégia. Para não deixar dúvidas dos interesses internacionais, vejam a carta que a gestora internacional Aberdeen Standard enviou ao Conselho de Administração da empresa. Lá, o fundo que detém 0,5% do capital da Petrobras ameaça o País, dizendo que mudanças na companhia podem colocar em risco "os esforços de reconstrução da credibilidade não só da empresa como de ativos brasileiros de maneira mais ampla". O único "detalhe" aqui é que é a Petrobras é estatal. Empresas estatais são criadas por lei para realizar determinada política pública. Tanto é assim que mesmo a Lei das Sociedades por Ações, em seu artigo 238, garante que a pessoa jurídica que controla a sociedade de economia mista poderá orientar as atividades da companhia de modo a atender ao interesse público que justificou a sua criação. Aliás, o artigo 117 da mesma lei diz que orientar a companhia para fim estranho ao interesse nacional é modalidade de exercício abusivo de poder de controle, ensejando em responsabilização do acionista controlador. Nada mais óbvio. Uma estatal não existe para dar lucro. Ela também não existe para satisfazer fundos de investimento, sérios ou abutres. Mesmo com o capital aberto, a Petrobras continua a pertencer ao povo brasileiro, que delega à União a função de gerir a empresa. A disputa aqui é mais um capítulo da briga entre o interesse público e o interesse do acionista. Esse conflito é recorrente no Brasil, que, desde Ernesto Geisel, optou por utilizar suas estatais para fomentar o nosso diminuto mercado de capitais. Nos Estados Unidos, onde existem mais de 2 mil empresas estatais, nenhuma tem capital aberto. Aliás, a gritaria da Faria Lima em torno da substituição da presidência da empresa diz muito sobre quem são: podem morrer mais de 250 mil brasileiros, podem defender uma nova ditadura, nada disso incomoda o "mercado". O que não pode é acabar com a festa dos "investidores". Assim como os defensores da independência do Banco Central pregam a emissão monetária alienada do interesse público, a "interferência" na Petrobras seria a intromissão do dono no seu próprio negócio. Basicamente como aquele sócio picareta que fica com o pires na mão quando o dono descobre que está sendo roubado. O dono, no caso, somos todos nós, brasileiros. • *Gilberto Bercovici é professor titular de Direito Econômico e Economia Política da Faculdade de Direito da USP, professor da pós-graduação do IDP e da Uninove e advogado. Rodrigo Salgado é professor de Direito Econômico da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie e advogado


e CRÉDITOS DA PÁGINA: TIMOTHY A.CLARY/AFP

A pátria armada de Bolsonaro

OPINIÃO A pátria armada de Bolsonaro Novos decretos para porte e aquisição de armas são alarmantes T H I A G O R O D R I G U E S M O N I C A H E R Z 2 6 D E F E V E R E I R O D E 2 0 2 1 - 1 3 : 0 4 Na sexta-feira 12 de fevereiro de 2021, a Secretaria-Geral da Presidência da República publicou quatro Medidas Provisórias sobre venda, posse e uso de armas de fogo no Brasil. Os decretos n. 9854, n. 9846, n. 9847 e n. 10030 alteram decisões anteriores sobre armas de fogo tomadas pelo próprio governo Bolsonaro. Segundo a Presidência, a iniciativa visa a “desburocratização” as regras para a concessão de porte de arma, para a compra, venda, uso e transporte de armas de fogo. Os beneficiados serão, fundamentalmente, “colecionadores, atiradores [esportivos] e caçadores” (CACs). As MPs ampliam o limite para a compra de armas de fogo por pessoa – de quatro para seis, e de seis para oito no caso de profissionais da área de segurança pública, justiça e militares – e a quantidade máxima de munição – 2.000 cartuchos para armas de uso restrito e 5.000 para as demais. O exame de aptidão psicológica, exigido para a concessão do porte de armas, passa a ser substituível por declaração de clube de tiro que ateste a “habitualidade” do atirador. Fica decidido, ainda, que cada pessoa autorizada possa circular cotidianamente com até duas armas de fogo. A “desburocratização” significa, na prática, a facilitação para a compra e venda de armas de fogo, sua importação e transporte, além do acesso a acessórios e munição. As MPs estabelecem as categorias de pessoas que podem ter acesso legal a armas de fogo. Por que é plausível pensar que essa legislação agravará o problema brasileiro de violência e homicídios por armas de fogo? Segundo dados do Ministério da Saúde e do Atlas da Violência do IPEA, entre 2009 e 2019, 500.000 brasileiros foram assassinados por armas de fogo. Apenas em 2019, teriam sido 30.000 mortos representando 71% dos homicídios no país. Em sua maioria, as mortes foram provocadas por armas classificadas como “pequenas” (pistolas, revólveres, carabinas, espingardas, submetralhadoras), precisamente as categorias cuja venda, porte e uso são facilitados pelos novos decretos. Os documentos condizem com a postura do Presidente que desde o início de seu mandato, editou trinta atos normativos que alteraram os controles fixados no Estatuto do Desarmamento. Ainda em janeiro de 2019, Bolsonaro assinou o Decreto 9685 que permitiu a compra de quatro armas por pessoas e ampliou o direito de posse de armas, incluindo fuzis de repetição e armas semiautomáticas. Os atuais decretos facilitam ainda mais o acesso a armas de fogo leves. As modificações legais perfilam-se à ideologia bolsonarista, seu cotidiano elogio de valores “bélicos” e seu desprezo pelas instituições democráticas. O que está por trás da insistência em flexibilizar o acesso às armas? O problema é ainda mais complexo, pois os números da violência por armas de fogo refletem tanto os casos provocados por armas legais quanto pelas ilegais. Dados de 2020 do Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crime (UNODC) confirmam que o tráfico de armas é o terceiro maior mercado ilegal do mundo, atrás do narcotráfico e do tráfico de pessoas. O relatório Global Study on Firearmas Trafficking 2020 (Estudo Global sobre Tráfico de Armas de Fogo), do UNODC, calcula que o mercado ilegal de armas leves renda 1 bilhão e seiscentos milhões de dólares ao ano. São essas as armas mais apreendidas em todos os continentes (39% do total) e são elas as associadas à maioria dos homicídios na América Latina. Nosso continente foi, em 2020, outra vez o mais violento do mundo, com 37% do total dos homicídios mundiais. Armas produzidas e vendidas legalmente são descaminhadas passando ao mercado ilegal. Isso acontece por meio de desvios realizados por empresas de importação/exportação, lojistas, policiais e militares quando armas de quartéis, arsenais são roubadas ou quando dados sobre apreensão e destruição de armas são falsificados a fim de vendê-las a traficantes de drogas, milicianos, particulares. O bilionário mercado das armas de fogo vendidas legalmente convive e retroalimenta o também bilionário comércio ilegal de armas. Dentre os opositores às novas decisões de Bolsonaro, está Raul Jungmann, ministro da Defesa e da Segurança Pública no governo Temer e ministro do Desenvolvimento Agrário no governo FHC. Em carta aberta ao STF, Jungmann acusa o governo de preparar uma guerra civil ao armar a população, dando meios para a ação violenta de bolsonaristas que, ao mesmo tempo, debilitam o monopólio da coerção física que deveria pertencer ao Estado. O ex-ministro menciona a tomada do Capitólio por partidários de Donald Trump, em janeiro de 2021 como possível inspiração para atos semelhantes no Brasil. Sem invalidar essa hipótese, indicamos um exemplo mais próximo: o golpe de Estado na Bolívia, em 2019, quando as polícias do país não aceitaram o resultado das eleições presidenciais, forçando Evo Morales ao exílio e abrindo espaço para a intervenção “pacificadora” das forças armadas. Lembrando da crescente radicalização bolsonarista de setores das polícias e das forças armadas brasileiras, não seria implausível que a meta de Bolsonaro seja a de provocar uma insubordinação armada em seu favor em caso de derrota nas urnas, em 2022. Além da intimidação armada à oposição, o “caos” gerado justificaria uma intervenção similar à ocorrida na Bolívia. O EX-MINISTRO RAUL JUNGMANN. FOTO: WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL Em ambiente nacional e internacional como esses, os atuais decretos flexibilizam a venda legal de armas de fogo no Brasil. Com o crescimento exponencial de milícias e grupos do crime organizado em todas as regiões do país podemos aguardar o aumento dos confrontos letais entre esses grupos, deles com as polícias e entre cidadãos que consideram a violência como um caminho legítimo para lidar com a questão da “defesa pessoal” e da “ordem pública”. A “cultura justiceira” impulsionada pelo governo Bolsonaro, assim como as sugestões de ação armada contra a ordem democrática, reforça uma visão de sociabilidade em que o uso da força é naturalizado e no qual o som das armas substitui o som dos argumentos. 


Fonte: Carta Capital

Ciro e o PDT não são trabalhistas, brizolistas A CADA DIA CIRO SE REVELA UM CORONELÃO

 


Ciro e o PDT não são trabalhistas, brizolistas

Ciro Gomes voltou a destilar seu ódio contra o PT e as demais forças populares em entrevista à Folha e revelou seu jogo político e ideológico.

Ciro revelou o seu papel, o que disse ser sua tarefa: tirar Lula e o PT do segundo turno e todas demais forças populares para ficar somente ele, o DEM e o PSD-Kassab contra Bolsonaro no segundo turno. É lógico: todos da ARENA antiga, apoiadores do regime militar. ACM, Kassab, Ciro e Bolsonaro eram da ARENA, que depois passou a se chamar PDS, depois PFL e PP, depois DEM, PP, PSD, tudo chocado no mesmo ninho. Ciro surge no ambiente politico das oligarquias e de gente endinheirada no Ceará, comandadas por Tasso Gereissati. Agora, por traição à história e a Brizola, jogam o PDT no colo da direita, do conservadorismo.

Além disso, como Ministro da Fazenda de Itamar, implantou políticas neoliberais: Ciro baixou as tarifas de importação de diversos produtos, acelerando a desindustrialização do país, que deixou industrialistas estarrecidos. Lembro do que dizia Arthur João Donato, presidente da FIRJAN. Em debate na época, disse que era preciso conter a Petrobras, no que recebeu severa reprimenda da Maria da Conceição Tavares.

Brizola apoiou Ciro em 2002, é fato. Mas se desencantou no final, saiu da campanha, abandonou, inclusive, a campanha própria de Senador. Nunca mais se viram, nem se falaram. A não ser no dia em que Lula anunciou seu Ministério: os dois se cumprimentaram. Lula havia chamado Brizola para troca final de ideias sobre o Ministério.

Não soa uma frase, um pensamento que lembre o trabalhismo e o pensamento fértil de Brizola. No PDT, idem: não há mais nada de Brizola. Nenhuma ideia do trabalhismo e de Brizola é lembrada. Seus dirigentes se sustentam através de manipulação de fundo partidário para amigos e aliados e comissões provisórias nomeadas para estados e municípios, sem convenções, sem participação de militância. O presidente se preocupa com nomeações dos filhos, genros, esposa, irmã no Partido e nos cargos das bancadas na Câmara, Senado e Assembleias. Contrata empresas de amigos. Virou um partido fisiológico, no caminho que seguiu o PTB.

Ciro falar que trabalha união de centro-esquerda com ACM Neto/DEM e Kassab soa tão estranho quanto suas falas em economia. Como é possível qualificar de centro-esquerda essa gente neoliberal e fisiológica?

Sobre papel do Estado, mercado e desenvolvimento continua a mesma falta de definição e frases evasivas. Nenhuma palavra sobre os direitos do povo brasileiro. Nem sobre o domínio das nossas riquezas ou sobre nossa soberania. Tudo o que marcou a trajetória do trabalhismo. Ciro parece fugir do trabalhismo como o outro foge da cruz.

Ciro repete sempre lulo-petismo como xingamento. Refere-se a Lula como “loucura e caudilhismo”. Repete os ataques da direita, do conservadorismo, como se fazia antigamente com os comunistas. E o faz às vésperas da possibilidade de devolver os direitos políticos de Lula, fazendo-se justiça com sua absolvição. Uma luta que está envolvendo até gente no exterior. Isto não é à toa, não é inocente. Há método nessa loucura, como dizia o Shakespeare.

Requião reage a Dallagnol e diz que procurador não tem vergonha nem patriotismo

 

Requião reage a Dallagnol e diz que procurador não tem vergonha nem patriotismo

Roberto Requião e Deltan Dallagnol

247 - O ex-governador e ex-senador Roberto Requião reagiu a um ataque do procurador da república Deltan Dallagnol, revelada em mensagens acessadas por Walter Delgatti Neto.

"Não me causa surpresa Deltan festejar com jantar minha não reeleição para o senado. Afinal ele mesmo admite que não tem vergonha na cara. Nem vergonha nem patriotismo, nem respeito aos brasileiros. Por isso redigi e aprovei a lei de abuso de poder de agentes públicos”, comentou no Twitter.

Requião foi o autor do texto aprovado no Congresso Nacional que pune com mais rigor os abusos de autoridades.

Nas mensagens acessadas por Delgatti, Deltan Dallagnol aparece comemorando a derrota de políticos com os quais não simpatizava e que, em alguns casos, como coordenador da Lava Jato, já havia atacado.

“Requião e Beto fora. Tamo comemorando aqui. Comedido kkkk. Acho q pra fora temos q ser mto cuidadosos. Mas a gente tem que fazer uma janta de comemoração”, disse sobre a derrota de Roberto Requião (MDB) e Beto Richa (PSDB) para o Senado.

Um pouco depois, voltou ao chat para dizer:

“Vamos relacionar as notícias boas. 1. Beto Richa fora 2. Requião fora 3. Delcidio fora 4. Filhos de Cabral e Cunha fora 5. Witzel indo pro 2º no RJ 6. Lindbergh fora 7. Dilma fora 8. Pimentel fora 9. Graziotin fora”.

Nesta sexta-feira (26/02),  Requião já havia comentado: 

“Eu não festejo a desgraça do Sérgio Moro e do Dalagnol, mas me entristeço pelo fato de terem transformado a imagem e a prática do MP e do Judiciário, na merda em que transformaram.”

Deltan Dallagnol também teve divulgada uma mensagem em que ele fala de seus planos políticos.

Ele gostaria de ser candidato a senador pelo Paraná, e lançar colegas procuradores candidatos por outros Estados.

Deltan Dallagnol chegou a interferir na eleição para a mesa do Senado, no início de 2019, atacando Renan Calheiros e apoiando Davi Alcolumbre.

A Lava Jato era, na verdade, um projeto político de poder, como entendem diversos analistas independentes.

Reinaldo Azevedo admite que foi um erro ter apoiado impeachment de Dilma

 

Reinaldo Azevedo admite que foi um erro ter apoiado impeachment de Dilma

Em entrevista ao Opera Mundi, o jornalista ainda afirmou que a Lava Jato "nos levou a Bolsonaro" por ter destruído o ambiente político

 
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O jornalista Reinaldo Azevedo, apresentador do programa É da Coisa na BandNews FM, reconheceu que o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff foi um erro. Azevedo, que na época se colocava com um dos principais fomentadores do chamado “anti-petismo”, tem revisto posições nos últimos anos e se colocado como um dos principais críticos da Lava Jato na grande mídia.

“Com dados da época, não consegui ser contra, mas se hoje você me pergunta se foi um erro, digo que foi. A posterior é fácil ver o ovo da serpente. Naquela época a gente tinha como referência o impeachment do Collor, que foi bom pro país”, disse Azevedo durante entrevista ao jornalista Breno Altman, do Opera Mundi.

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“O PT foi perseguido porque era o eixo que estava no poder, mas a Lava Jato na verdade é uma ação muito mais nefasta, é uma ação contra a política. É o partido da polícia, que não foi votado por ninguém e segue sua agenda. Isso nos levou a Bolsonaro, porque levou à destruição do ambiente político. Acho que todos nós, independentemente de vieses ideológicos, tínhamos que ter repudiado isso como princípio”, completou.

O jornalista também criticou o papel da imprensa durante a Lava-Jato e detonou o presidente Jair Bolsonaro.

“Com o PT eu consigo conversar, mesmo sem pensar igual. Com ele, não poderia. Foi irresponsável achar que Bolsonaro conduziria o país a algum lugar decente”, disse o jornalista, que afirma que não votou nem nunca votaria em Bolsonaro.

Confira a entrevista na íntegra no Opera Mundi

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Lucas Rocha

Jornalista da Sucursal do Rio d