quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Lula vai encontrar militantes após depoimento a Moro

Política

Justiça

Lula vai encontrar militantes após depoimento a Moro

por René Ruschel — publicado 13/09/2017 14h32, última modificação 13/09/2017 14h46
O ex-presidente chegou pouco antes das 14h à sede Justiça Federal. Após oitiva, ele se reunirá com apoiadores em evento em Curitiba
Divulgação / PT
Lula
Lula chega em Curitiba nesta quarta-feira 13
De Curitiba
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou por volta das 13h40 desta quarta-feira 13 à sede da Justiça Federal em Curitiba, para prestar novo depoimento ao juiz Sérgio Moro. Segundo denúncia do Ministério Público Federal, Lula teria recebido como forma de pagamento de propina um terreno adquirido pela Odebrecht para a construção da nova sede do Instituto Lula, em São Paulo. O terreno, ainda segundo o MPF, custou 12,4 milhões de reais. O ex-presidente também teria orientado a compra de um apartamento em São Bernardo do Campo.
Embora o clima político seja de aparente tranquilidade, a Policia Militar destacou 1,5 mil homens para fazer a segurança do evento. Ao contrário do depoimento do ex-presidente em maio último, desta vez não se viu helicópteros sobrevoando a capital paranaense nem a presença ostensiva de viaturas estacionadas em vários pontos com policiais fortemente armados.
No bairro Ahu, onde está localizada a sede da Justiça Federal, o prédio foi isolado e as ruas, em um raio de 300 metros, fechadas para o tráfego de veículos e pedestres. Apenas moradores, servidores federais e jornalistas credenciados têm acesso ao local. Na terça-feira 12, o ambiente na região era de perfeita normalidade e nas imediações do edifício não havia nenhum aparato militar.
Apesar da calmaria, os dirigentes petistas manifestaram preocupação com a segurança de Lula. Em entrevista coletiva no dia anterior ao depoimento, o presidente do diretório estadual do Partido dos Trabalhadores, o ex-deputado federal Dr. Rosinha, não divulgou o dia nem o horário da chegada de Lula. “É por questão de segurança do presidente”, afirmou.
Até o início da semana, especulou-se a possibilidade de Lula se deslocar até Curitiba no mesmo ônibus utilizado pela caravana petista para percorrer alguns estados do Nordeste. Com isso, teria início uma nova etapa da trajetória, começando pelo Paraná até o Rio Grande do Sul. Ficou definido que a fase sul será em outubro.  
Após o depoimento, Lula participará de um encontro com os militantes apoiadores. Segundo Rosinha, o ato será uma demonstração de solidariedade para com Lula e em defesa da democracia. A expectativa dos organizadores era de um público estimado em 4 mil pessoas. Do interior do estado, eram esperados cerca de 60 ônibus. 
O evento será realizado na praça Generoso Marques, defronte um edifício histórico no centro da cidade. O único temor, ainda segundo o dirigente petista, é que haja algum tipo de hostilidade quando Lula estiver falando aos militantes. O caminhão de som, de onde o líder petista irá discursar, ficará espremido entre prédios altos. “A preocupação é que alguém possa arremessar do alto dos edifícios algum objeto. A orientação aos militantes é que não aceitem nenhum tipo de provocação nem reajam a qualquer tipo de manifestação” afirmou Rosinha.
Além de Lula, estarão presentes a senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann; o senador pelo PMDB, Roberto Requião; o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão e o sociólogo Emir Sader. A incógnita até a última hora era a presença da ex-presidenta Dilma Rousseff.
Questionado sobre a ausência de caciques petistas e políticos de partidos aliados, Rosinha ressaltou que esse encontro tinha outro enfoque. “Este não é um evento de massa. Vivemos uma outra conjuntura, outro momento político. Está claro que há uma perseguição ao presidente Lula e ao seu governo, mas não vamos nos mover nessa mesma lógica”.
O início da programação está previsto para as 15 horas com apresentações culturais, exposição e debates sobre o governo Michel Temer (PMDB) e o lançamento do livro “Comentários a uma sentença anunciada – O processo Lula”, que reúne textos de mais de 100 colaboradores em defesa do ex-presidente e contra a sentença do juiz Sérgio Moro que o condenou a nove anos e meio de prisão, no caso do tríplex de Guarujá.
Há menos de quatro quilômetros da manifestação petista, opositores de Lula prometem fazer muito barulho. No Centro Cívico, grupos de apoiadores do juiz Sérgio Moro se reúnem desde a manhã para acenar bandeiras e gritar palavras de ordem pedindo a prisão do ex-presidente. São esperadas cerca de 500 pessoas.
Dezenas de outdoors espalhados pela cidade também dão o tom do clima. “Seja bem-vindo! A República de Curitiba te espera de grades abertas” diz um deles, com a ilustração do ex-presidente dentro de uma cela. Outro diz “A República de Curitiba adverte: a lei é para todos! ”. Segundo os organizadores, os custos pela confecção e divulgação dos painéis foram divididos entre amigos e colaboradores simpatizantes do movimento.
De acordo com Narli Resende, integrante do movimento ”Curitiba contra a corrupção”, a expectativa do crescimento do número de participantes nas manifestações se deve às últimas notícias veiculadas na semana passada, principalmente após o depoimento do ex-ministro Antonio Palocci e as imagens do dinheiro encontrado em um apartamento em Salvador. “A prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima e as imagens das caixas de dinheiro são muito fortes. A população está revoltada com tanta corrupção” afirmou. Em maio, quando Lula depôs a primeira vez, o número de manifestantes não chegou a 200 pessoas.

Para Belluzzo e Delfim, política de ajuste de Temer é insana e Brasil voltou a ser colônia

Para Belluzzo e Delfim, política de ajuste de Temer é insana e Brasil voltou a ser colônia

ECONOMIA
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Em vez de investimentos, cortes e privatizações em setores estratégicos, como energia e inovação, levam o país de volta a dependência externa
Por Eduardo Maretti
Da Rede Brasil Atual
A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP reuniu, na noite de ontem (11), os economistas Luiz Gonzaga Belluzzo e Delfim Netto para debater a crise brasileira, em mais um painel do seminário internacional "As Razões do Agir: universidade e sociedade na crise da globalização", iniciado em agosto. No módulo "A agenda brasileira: superando a miséria da crítica", os economistas concordaram ao apontar que as perspectivas para o Brasil estão longe de permitir análises otimistas.
Para Belluzzo, a atual política econômica de ajuste fiscal do governo Michel Temer é "uma coisa de insensatez". "Não entra na minha cabeça fazer um ajuste fiscal e cortar o investimento desse jeito. Isso não existe. É uma coisa insana."
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"Voltamos a ser colônia. Os economistas que estiveram no poder conseguiram", disse Delfim.  "Não adianta discutir. Se o Brasil não voltar a se pensar 25 anos à frente, não vamos sair desse enrosco."
Belluzzo voltou a criticar a repetição dos conceitos macroeconômicos por economistas e as citações intermináveis desses conceitos pela mídia, citando particularmente a GloboNews, como se fossem verdade absoluta. "O que chamamos de macroeconomia é de um nível de abstração e incapacidade de se comunicar com o mundo concreto que é assustador." Segundo ele, alguns autores consideram que a macroeconomia "virou uma forma de controle da sociedade, e não (serve para) explicá-la."
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Na opinião de Belluzzo, sem investimento, situação agravada com a Emenda Constitucional 95/2016 (conhecida como a emenda do teto dos gastos), no longo prazo, a economia não tem mecanismos que a façam avançar. Para piorar a situação, "a composição da carga tributária é muito iníqua e injusta, e repousa sobre impostos indiretos, mais ou menos 55% da carga, o que reforça a má distribuição da renda", disse.
Belluzzo-Delfim
Luiz Gonzaga Belluzzo e Delfim Neto debatem na USP conjuntura econômica do país sob o governo de Michel Temer
Segundo Belluzzo, o Brasil conseguiu chegar a ser um país industrializado porque tinha "desenho institucional". Para se desenvolver, a indústria do país se beneficiou da "sinergia" que funcionou entre Estado, empresa pública, empresa privada e estrangeira, que vem desde os anos 30. "Tínhamos uma organização que não era perfeita, mas suficiente para garantir a expansão. Nos anos 90, destruímos esse arranjo. O que assistimos hoje é a tentativa desesperada de se achar uma fórmula para encontrar um mercado que não existe", disse Belluzzo, sobre as políticas adotadas a partir do chamado Consenso de Washington.
Delfim Netto afirmou que os valores necessários à "sociedade que queremos" estão na Constituição Federal de 1988: plena liberdade individual, igualdade de oportunidades e eficiência produtiva. Para isso, defendeu, "precisamos de um Estado forte, regulado pela Constituição."
Para Delfim, a atual conjuntura mais uma vez comprova que, quando o sistema financeiro se apropria da economia real, o investimento acaba. "Criou-se uma sociedade de rentistas. Começou com Reagan imitando a Thatcher. Convenceram o Reagan que o mercado era um mecanismo perfeito", disse, em referência ao ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan (1981-1989) e à ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher (1979-1990).
Apesar de tudo, disse Delfim, "o Brasil não é um fracasso: com toda essa confusão, somos a sexta economia do mundo". Em sua avaliação, "a maior desgraça que nos aconteceu foi usar o câmbio para combater a inflação. Não é possível manter o câmbio flutuante, foi isso que destruiu a indústria. Câmbio, salário e juros são coisas muito sérias para deixar na mão do mercado", afirmou.
Belluzzo concordou. "Eles estão deixando o câmbio valorizar de novo. Isso significa um desastre para a indústria brasileira." Para ele, a ex-presidente Dilma Rousseff cometeu "um desatino", ao nomear Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda após ganhar as eleições em 2014. "Joaquim Levy é uma boa pessoa. Meu tio também é, mas eu não o chamaria para ser ministro da Fazenda", brincou. Depois do choque de tarifas, a inflação explodiu e "a economia capotou".
Na opinião de Belluzzo, no percurso após a crise mundial de 2008 e 2009, a reação brasileira foi positiva. Depois do agravamento da crise na Europa em 2011, "começamos a reagir de maneira imprópria, começaram a correr atrás do crescimento de maneira inadequada", disse. Segundo ele, as desonerações exemplificam essa situação.

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Funaro: Temer e Cunha tramavam impeachment de Dilma “diariamente”

Funaro: Temer e Cunha tramavam impeachment de Dilma “diariamente”

funarotemercunha
Trechos da delação de Lúcio Funaro, operador de propinas do “quadrilhão” capitaneado por Michel Temer, vazados para o Estadão confirmam, com todas as letras, aquilo que só o Supremo Tribunal Federal fingia não ver, quando mantinha, meses a fio, Eduardo Cunha, já soterrado por provas de corrupção, no cargo de presidente da Câmara: que o hoje preso deputado era o operador de Michel Temer no desfecho do golpe contra a presidenta eleita Dilma Rousseff.
“Na época do impeachment de Dilma Rousseff, eles confabulavam diariamente, tramando a aprovação do impeachment e, consequentemente, a assunção de Temer como presidente”, diz Funaro em um dos seus termos de delação.
Como fica agora a cara dos que diziam que não era golpe? Era e antecedido de uma conspiração nas barbas da Justiça. Que bonitas as suas caras, não é, Doutores Luiz Roberto Barroso e Edson Fachin, assistindo calados o golpe de Cunha-Temer. E a alma de Teori Zavascki, tão severo, mantendo na gaveta, por meses a fio, o pedido de afastamento de Cunha da Presidência da Câmara, afinal retirado do cargo depois de cumprida a sua missão de destituir Dilma?
Os ministros do Supremo não são tolos, ingênuos, “bobinhos”. São sim, cúmplices por omissão covarde de uma conspiração golpista, agora confirmada por um dos “tesoureiros” da quadrilha de Temer.

Mais uma furada do exterminador de mendigos

Doria erra em achar que País não precisa de dois bancos públicos; privatizar só vai aumentar a crise

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Doria erra em achar que País não precisa de dois bancos públicos; privatizar só vai aumentar a crise
Do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, via Cecília Negrão
No Viomundo
Dória erra ao supor que o Brasil não precisa de dois bancos públicos
Declaração mostra o despreparo do prefeito ao analisar o Brasil
do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, via Cecília Negrão
O prefeito de São Paulo, João Dória, reafirmou nesta terça-feira (12) que o país não precisa de dois bancos públicos (BB e Caixa) e defende a privatização de um deles, por entender que a fusão evitaria “a sobreposição e o uso político também”.
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Qualquer estratégia de governo minimamente comprometida com os interesses da população brasileira deveria estar centrada no papel dos bancos públicos no financiamento da indústria nacional, na aquisição da casa própria, na agricultura familiar e na melhoria da infraestrutura.
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Somente os bancos públicos aumentaram sua participação no crédito total de 36% para 56% de 2008 para 2016. Enquanto que os bancos privados reduziram sua participação de 64% para 44% no mesmo período.
Atualmente, o Banco do Brasil representa 19,6% do total de crédito no Sistema Financeiro Nacional (SFN) e 60% do crédito no agronegócio.
A economia brasileira passa por um momento grave, com forte retração da atividade econômica, elevação do desemprego e queda na renda das famílias.
Em 2016 o PIB teve queda de 3,6% e as perspectivas futuras não trazem esperanças para a massa do povo brasileiro, visto que dia após dia são anunciadas intenções de medidas regressivas, como endurecimento das regras da previdência, congelamento dos gastos públicos primários, inclusive com saúde e educação, mudanças no FGTS, entre outras.
Privatizar os bancos públicos não nos permitirá sair da crise, mas pelo contrário, irá aprofundar a recessão na medida em que enfraquece o mercado interno e a infraestrutura social e econômica que nos fizeram avançar na última década.
Nesse sentido, é urgente que alternativas para a saída da crise sejam construídas e que passem pela retomada da expansão do crédito para setores prioritários como moradia popular e agricultura familiar.
Tais medidas contribuiriam ao mesmo tempo para fortalecer a economia, gerar empregos em setores intensivos em mão de obra, dinamizar o mercado interno e amenizar graves problemas sociais do Brasil como o déficit de moradias, a falta de acesso a terra e também a alta dos preços dos alimentos.
Os bancos públicos levam a iniciativa privada a seguirem o exemplo e não o contrário. Eles realizam políticas anticíclicas em momentos de crise, auxiliando no acesso a casa própria, barateando a comida e auxiliando os pequenos empresários.
Defender os bancos públicos significa, portanto, defender um país melhor, mais desenvolvido, menos desigual, mais justo e mais fortalecido.
Ivone Silva é a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região

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