terça-feira, 30 de outubro de 2018

Para FENAJ, eleição de Bolsonaro provoca “futuro incerto para a democracia, o jornalismo e os jornalistas”

30 DE OUTUBRO DE 2018, 16H18

Para FENAJ, eleição de Bolsonaro provoca “futuro incerto para a democracia, o jornalismo e os jornalistas”

Principal representante da categoria dos jornalistas no Brasil divulgou nota em que expressa preocupação com a postura de Bolsonaro e seus seguidores com relação à imprensa; "O político de ultra-direita é avesso a críticas e não admite ser questionado publicamente"
Foto: Reprodução
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), principal entidade que representa a categoria dos jornalistas no Brasil, expressou preocupação com a democracia diante da eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para presidente do Brasil. Em nota elaborada na segunda-feira (29) e divulgada nesta terça-feira (30), a Federação aponta os inúmeros casos de violência contra jornalistas observados durante a campanha eleitoral e chama a atenção para a postura intolerante de Bolsonaro e seus apoiadores diante das críticas.
“Os muitos casos de agressões contra jornalistas ocorridos durante a campanha eleitoral e a indiferença de Bolsonaro diante dos ataques reforçam o que a trajetória política dele já demonstrara: o político de ultra-direita é avesso a críticas e não admite ser questionado publicamente, mesmo quando as questões dizem respeito à sua atuação como homem público”, diz a nota.
Além dos casos citados pela FENAJ, o presidente eleito, por mais de uma vez, ameaçou grandes empresas de jornalismo do Brasil, como a Folha de S. Paulo, por conta da matéria que denunciava um suposto esquema de caixa 2 em sua campanha. O capitão da reserva chegou a dizer que “esse jornal acabou” e prometeu fazer prevalecer a “mão pesada” de seu futuro governo contra o veículo.
“Ainda que Bolsonaro tenha assumido o compromisso de respeitar a Constituição brasileira, é de conhecimento público suas ideias autoritárias, como a defesa da ditadura militar, e até mesmo criminosas, como a apologia à tortura. Resta saber como vai se comportar a partir de agora, e se vai se submeter às regras democráticas, entre elas a do respeito às liberdades de expressão e de imprensa”, alerta a federação.
Confira, abaixo, a íntegra da nota.
A Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ, representante máxima da categoria no Brasil, expressa sua preocupação com o futuro da nação brasileira, após a eleição da chapa formada pelo capitão reformado Jair Bolsonaro e pelo general Mourão, também reformado, para governar o país a partir de 1º de janeiro de 2019.
A FENAJ repudia a violência contra jornalistas e, em especial, as declarações do assessor de Bolsonaro, Eduardo Guimarães, que apenas esperou a divulgação, no início da noite de ontem (28/10), das pesquisas de boca de urna indicando a vitória de seu assessorado para enviar mensagem ofensiva a diversos jornalistas de diferentes veículos de mídia. Também ontem, jornalistas foram agredidos enquanto faziam a cobertura das comemorações da vitória de Bolsonaro em mais de um Estado brasileiro.
Os muitos casos de agressões contra jornalistas ocorridos durante a campanha eleitoral e a indiferença de Bolsonaro diante dos ataques reforçam o que a trajetória política dele já demonstrara: o político de ultra-direita é avesso a críticas e não admite ser questionado publicamente, mesmo quando as questões dizem respeito à sua atuação como homem público.
Ainda que Bolsonaro tenha assumido o compromisso de respeitar a Constituição brasileira, é de conhecimento público suas ideias autoritárias, como a defesa da ditadura militar, e até mesmo criminosas, como a apologia à tortura. Resta saber como vai se comportar a partir de agora, e se vai se submeter às regras democráticas, entre elas a do respeito às liberdades de expressão e de imprensa.
A FENAJ e os Sindicatos de Jornalistas não aceitam qualquer tipo de violência contra a categoria e categoricamente afirmam que não há justificativa admissível para as agressões que vêm ocorrendo e que cresceram no ambiente virtual no decorrer da campanha.
Igualmente, FENAJ e Sindicatos não aceitam a retirada de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e estarão nas trincheiras da resistência, para evitar mais prejuízos. Como deputado, Bolsonaro votou sempre contra os interesses da classe trabalhadora. Estaremos firmes e alertas para impedir que os retrocessos iniciados por Temer se aprofundem ainda mais.
Diante das incertezas do futuro, a FENAJ e seus Sindicatos filiados reafirmam seu compromisso com a democracia, com o Estado Democrático de Direito, com as liberdades individuais e coletivas e com os direitos humanos, trabalhistas e sociais. E lembram que o Jornalismo e os jornalistas têm papel fundamental para a democracia e a constituição da cidadania e que governantes democráticos submetem-se à crítica e, principalmente, à vontade da maioria que, no Brasil e no mundo, é constituída pela classe trabalhadora.
Em defesa da democracia!
Em defesa das liberdades de expressão e de imprensa!
Em defesa do Jornalismo e dos jornalistas!
Em defesa dos direitos da classe trabalhadora!
Brasília, 29 de outubro de 2018.
Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ.

SUBMISSO A TRUMP, BOLSONARO PÕE EM RISCO A RELAÇÃO BRASIL-CHINA

Gleisi Hoffmann defende a criação de uma rede democrática de proteção solidária para minorias

30 DE OUTUBRO DE 2018, 15H53

Gleisi Hoffmann defende a criação de uma rede democrática de proteção solidária para minorias

“Nos preocupa muito o que estão fazendo dentro das universidades. Vamos ter um lugar para que se possa denunciar”, afirmou a presidente da PT, durante coletiva nesta terça-feira (30)
Foto: Reprodução
A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann concedeu uma entrevista coletiva na sede do Diretório Nacional do partido, nesta terça-feira (30), em São Paulo, depois de uma reunião da Executiva para decidir o que será feito após o anúncio da vitória de Jair Bolsonaro (PSL) nas urnas. Segundo ela, existe uma grande preocupação com a integridade física das pessoas, por conta de seus posicionamentos políticos ou por serem de alguma minoria.
Por conta disso, será organizada uma rede democrática de proteção solidária para ajudar essas pessoas. De acordo com Gleisi, advogados do partido e aqueles que militam na área dos direitos humanos irão dar sempre uma resposta para denúncias de ataques aos direitos humanos, civis e democráticos. “Nos preocupa muito o que estão fazendo dentro das universidades. Vamos ter um lugar para que se possa denunciar”, afirmou a presidenta do PT.
Além disso, Gleisi afirmou que o partido irá orientar suas direções estaduais para que procurem os movimentos sociais e façam plenárias para falar com as pessoas. O objetivo de criar uma resistência para “as questões que possam vir”, principalmente, a retirada de direitos da população.
Internacionalmente falando, a presidenta do PT ressaltou que a imprensa do exterior já alertou no sentido de como será o governo de Bolsonaro e que será preciso articular uma força de resistência também fora do Brasil. Nesse contexto, Gleisi diz estar muito preocupada com a integridade física do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois de o presidente eleito ter dito que ele iria “apodrecer na cadeia”.
“Tememos pela vida do presidente. Não tem ninguém que possa definir o que pode acontecer com ele”, afirmou Gleisi, voltando a pedir um julgamento justo para Lula. A presidenta do PT também destacou que houve fraude nas eleições, uma vez que a campanha de Bolsonaro usou Caixa 2 para disseminar notícias falsas sobre o candidato Fernando Haddad (PT) em WhatsApp e nas redes sociais.
“Temos uma ação na Justiça Eleitoral exatamente para investigar esses casos que nós consideramos fraude”, disse a petista, que também lembrou a importância que Fernando Haddad terá, daqui para frente, em relação ao partido.
Acompanhem o vídeo da íntegra da coletiva:

Renata Mielli: Estamos diante de uma ameaça agora institucionalizada à liberdade de expressão; ouça

Renata Mielli: Estamos diante de uma ameaça agora institucionalizada à liberdade de expressão; ouça
DENÚNCIAS

Renata Mielli: Estamos diante de uma ameaça agora institucionalizada à liberdade de expressão; ouça


30/10/2018 - 15h43
‘Estamos diante de uma ameaça real à liberdade de expressão’, diz Renata Mielli
Para a coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) discurso e postura do presidente eleito podem institucionalizar a violência contra a imprensa
São Paulo – A eleição de Jair Bolsonaro (PSL) inaugura no Brasil não apenas uma virada à extrema-direita, mas também um agravamento dos ataques aos veículos de comunicação e jornalistas.
Só no período eleitoral, foram registrados 141 casos de agressões contra comunicadores, de acordo com a análise da coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e secretária geral do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Renata Mielli.
“A gente vem de um período crescente de violações, mas agora podemos passar por um processo de institucionalização dessa violência contra comunicadores, imprensa e a liberdade de expressão no Brasil”, observa Renata em entrevista ao jornalista Rafael Garcia, na Rádio Brasil Atual.
A coordenadora do FNDC destacou a postura de Bolsonaro, que nessa segunda-feira (29) voltou a ameaçar veículos de comunicação falando na possibilidade de cortar a destinação de verbas de publicidade federal ao jornal Folha de S. Paulo.
O presidente eleito também defendeu a “extinção ou privatização” da emissora pública TV Brasil.
Para Renata, tais declarações evidenciam os perigos que a imprensa pode enfrentar, com a possibilidade de se criar uma “autocensura” dentro da própria mídia, forçando-a a abandonar o mínimo de crítica ao governo de extrema-direita.
“É importante dizer que o desprezo do presidente eleito pelas instituições de mídia é muito grande”, afirma a coordenadora do FNDC, comentando ainda a ideia do futuro governo de privilegiar a comunicação direta, por meio das redes sociais, para divulgar notícias sobre o mandato.
“Um espaço totalmente privado, onde não haverá espaço para o contraditório e talvez nem conhecimento do que será divulgado”, critica.
Ouça a entrevista completa:

Irmã de Marielle pede ajuda ao presidente da França

Irmã de Marielle pede ajuda ao presidente da França

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Anielle Franco, que participa em Paris da Cúpula Mundial de Defensores de Direitos Humanos, recebeu nesta segunda-feira, 29, um convite para se reunir com o presidente da França, Emmanuel Macron, no palácio do Eliseu. Anielle, irmã da vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL-RJ), aproveitou para pedir ajuda a Macron para o esclarecimento de um crime que, com a vitória de Jair Bolsonaro na eleição presidencial, ela teme que nunca venha a ser esclarecido. Marielle foi morta em março, quando seu carro foi atingido por vários tiros no centro do Rio.
Macron disse a jornalistas que aceitou o pedido de ajuda de Franco, depois de cumprimentar Bolsonaro com uma sucinta mensagem em que salientava a importância de que a França e o Brasil continuem defendendo conjuntamente os “valores comuns de respeito e promoção dos princípios democráticos”.
“Ele basicamente nos disse que [Bolsonaro] foi eleito democraticamente, o que é verdade. Mas lhe pedi que nos ajudasse para obter justiça, porque não acredito que estejamos seguras, e ele nos disse que nos podia ajudar com isso”, disse a irmã da vereadora assassinada. Anielle Franco se disse “muito assustada” com a vitória de Bolsonaro, por causa do ambiente de potencial impunidade que pode gerar.
“Estou muito assustada não só por ele, mas sim pelo que os militares possam supor que podem fazer agora. [Bolsonaro] é contra as mulheres, os negros, os homossexuais, é contra as mulheres no poder, contra os pobres… é uma loucura”, afirmou. Desde o assassinato de sua irmã, Anielle Franco assumiu muitas de suas bandeiras, mas agora confessa ter medo de “ficar sozinha” após a vitória da ultradireita. “Tudo aconteceu em março e ainda não temos nenhuma resposta, não sabemos de onde veio a bala. Fomos ameaçadas, tanto na Internet como cara a cara. Quando vou à escola ou ao trabalho, às vezes nos sentimos muito sozinhos no Brasil, não sabemos quem está nos protegendo e quem quer nos matar”.

Notas Internacionais: “Pequim vê a ascensão de Bolsonaro com muita preocupação”

30 DE OUTUBRO DE 2018, 15H20

Notas Internacionais: “Pequim vê a ascensão de Bolsonaro com muita preocupação”

Ana Prestes revela que o professor de Relações Internacionais da FGV, Oliver Stuenkel, ao ser questionado sobre a futura relação do Brasil com a China, afirmou: “Bolsonaro tem defendido que “a China não compra no Brasil, ela compra ‘o Brasil’”
– O economista Paulo Guedes, possível ministro da Fazenda de Jair Bolsonaro, disse em entrevista que o Mercosul não será prioridade para o próximo governo. Textualmente: o Brasil “ficou prisioneiro de alianças ideológicas (…) Você só negocia com quem tiver inclinações bolivarianas. O Mercosul foi feito totalmente ideológico. É uma prisão cognitiva”. Ao final da entrevista ele se exaltou com a jornalista argentina que fazia a pergunta e disse: “É isso que você queria ouvir? Mercosul não será prioridade. A gente não está preocupado em te agradar. Eu conheço esse estilo”. (*o bloco foi criado em 1991, em plena onda neoliberal).
– JB e Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA, falaram por telefone, segundo a porta voz do Dept. de Estado, Heather Nauert. “Conversaram sobre as prioridades nos temas de política exterior, incluindo a Venezuela, o combate ao crime transnacional e a maneira de fortalecer os laços econômicos entre Brasil e EUA, as duas maiores economias da região”, está no comunicado de Nauert.
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– Tabaré Vazquez, presidente uruguaio, foi um dos que mais demorou (12 horas) a cumprimentar JB entre os sulamericanos do cone sul. Ele disse ontem (29): “Entendemos, para atuar com seriedade e responsabilidade, que correspondia para um país como o Uruguai, um país sério – que em lugar de fazer uma declaração por Twitter – tem um presidente da República que ante todos os meios de imprensa do Uruguai, no dia de hoje, expressa seriamente a posição do Uruguai a respeito” e agregou dizendo que faria uma ligação a JB para cumprimenta-lo. Foi a primeira comunicação entre os dois, diferente da relação próxima que JB estabeleceu com o Macri (Argentina), Mario Abdo (Paraguai) e Piñera (Chile) ainda no período da campanha.
– Professor de Relações Internacionais da FGV, Oliver Stuenkel, ao ser questionado sobre relação do Brasil com a China em um governo JB, afirmou: “Pequim vê a ascensão de Bolsonaro com muita preocupação. Ninguém em sua equipe tem consciência do custo político que poderia ter uma visita sua a Taiwan em março” e acrescentou que JB tem defendido que “a China não compra no Brasil, ela compra ‘o Brasil’”.
– As empresas fabricantes de armas de fogo estão otimistas com respeito aos futuros negócios no Brasil. Duas empresas internacionais, a Caracal, estatal dos Emirados Árabes Unidos, e a CZ da República Tcheca já anunciaram que pretendem se instalar no país. Uma delas provavelmente se instalará em Goiás.
– O governo dos EUA determinou ao Exército que enviasse a partir dessa segunda (29) mais de 5 mil militares para a fronteira com o México, no intuito de deter a caravana de imigrantes da América Central, que nesse momento se encontra no México. A prioridade do reforço militar será nas fronteiras do Texas, Arizona e Califórnia. Por sua conta do Twitter, Trump disse: “por favor, retornem, não serão admitidos nos EUA a menos que passem pelo processo legal. Isso é uma invasão ao novo país e nossos militares estão esperando!”.
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– O contingente de militares posicionados na fronteira sul dos EUA nesse momento é superior ao número de militares americanos hoje presentes na Síria e no Iraque e metade dos presentes no Afeganistão, segundo fonte do Wall Street Journal.
– Além da caravana de 7000 hondurenhos que já se aproximam da fronteira norte-americana e  uma outra que está na Guatemala, há uma terceira caravana da América Central rumo aos EUA que saiu neste domingo (28) de El Salvador. São cerca de 300 pessoas. A situação na fronteira da Guatemala com o México está bastante tensa neste momento de avanço da 2ª caravana, com mortos e feridos, segundo a imprensa local.
– Cerca de 500 organizações da sociedade civil, internacionais e locais, entregaram um documento ao governo do México, dizendo que este está obrigado a oferecer proteção a pessoas deslocadas e desabrigadas centro-americanas, por não se tratar tão somente de uma caravana de imigrantes, mas de um “desplazamiento forzado” (êxodo ou deslocamento forçado). O documento possui 12 pontos.