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El País Brasil publicou nesta quarta-feira (5) reportagem do jornalista Felipe Betim sobre o Movimento Brasil Livre (MBL) que, após eleger com votações expressivas nas últimas eleições alguns de seus líderes como Kim Kataguiri e Arthur do Val, agora, no governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro, mira os estudantes através de seu novo braço, o MBL Estudantil.
O objetivo, conforme explicou Pedro D´Eyrot, uma das lideranças do grupo, é marcar presença entre os alunos a partir do quinto ano do ensino fundamental II até os universitários, levando a agenda do MBL, que inclui "a defesa da liberdade econômica e dos valores culturais do ocidente como a democracia, a filosofia grega e a moral judaico-cristã (...); a fim de formar um exército de estudantes com pensamento liberal-conservador". Para isso, o grupo disponibilizará em seu site cartilhas, vídeos e outros materiais produzidos especialmente para os estudantes.
O MBL também pretende entrar nas eleições dos movimentos estudantis, como as da União Nacional dos Estudantes (UNE), fundada nos anos 1930, mas para encerrá-la. "Vamos concorrer para encerrar a UNE, abrir as contas da UNE, mostrar tudo e fechar a entidade. E, se estudantes quiserem organizar uma coisa nova, que criem após assembleia realmente democrática. E nós nem disputaremos. Eles começam algo do zero e nós saímos", disse Renan Santos, um dos fundadores ao Buzzfeed.
Conforme lembrou o professor Chico Bicudo, "não é difícil ligar os pontos: Escola Sem Partido, demonização dos professores 'doutrinadores', sucateamento das universidades públicas, ensino à distância, uso das redes sociais e conexão permanente com a juventude, reforma do ensino médio, espetáculo e fakenews... movimentos politicamente calculados e conectados, para construir hegemonia ideológica e cultural de longo prazo. A questão é: e as esquerdas, como vamos enfrentar esse embate? A resistência, fundamental, não pode ser apenas defensiva", escreveu Chico.