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Quatro das sete medalhas de ouro vieram da região, sendo três da Bahia. Mulheres foram responsáveis por nove dos 21 pódios, número que a delegação olímpica brasileira jamais alcançou
Publicado 08/08/2021 - 14h47
Tóquio – Pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, a delegação brasileira conseguiu subir ao pódio mais de vinte vezes em uma única edição. Foram 21 no evento realizado em Tóquio e encerrado no domingo (8). São sete ouros, igualando recorde da Rio-2016, seis pratas e oito bronzes, que colocaram o país no inédito 12º lugar no quadro geral de medalhas. As mulheres e os atletas do Nordeste foram destaque tanto na frieza dos números, quando na subjetividade que o esporte permite explorar. E ano olímpico ainda não acabou. No dia 24 de setembro as competições voltam na capital japonesa para os 13 dias da Paralimpíadas.
O primeiro grande momento da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de Tóquio foi com a ainda menina Rayssa Leal, de Imperatiz, Maranhão. Aos 13 anos, ela conquistou uma prata do skate street. Não foi a primeira medalha do Brasil, é verdade, mas a prata de Kelvin Hoefler, no mesmo skate street, e o bronze de Daniel Cargnin, no judô, não chacoalharam o Brasil da mesma forma como a “Fadinha”. Por falar em judô, o segundo dos dois bronzes da modalidade foi de Mayra Aguiar. E não foi uma medalha “qualquer”. Foi a terceira conquista olímpica seguida dela, algo inédito para uma mulher em esportes individuais.
Ítalo Ferreira, potiguar de Baía Formosa, colocou no peito o primeiro ouro brasileiro em Tóquio. Também não foi uma medalha qualquer. Como o surfe estreou este ano no programa e a final masculina foi antes da feminina, o nordestino entra para a história como o primeiro campeão olímpico da modalidade. Aliás, dos sete ouros que o Brasil conquistou, contando o de Ítalo, quatro vieram de representantes do Nordeste sendo os outros três da Bahia: Ana Marcela Cunha, soteropolitana e campeã da maratona aquática, Hebert Conceição, soteropolitano do boxe, e Isaquias Queiroz, de Ubaitaba.
Isaquias, por sinal, chegou à quarta medalha olímpica da carreira, somente uma a menos que os recordistas Robert Scheidt e Torbem Grael, ambos da vela. Como pretende competir em mais duas provas nos Jogos de Paris-2024, pode, ao menos, igualar o feito dos velejadores. Já o ouro de Hebert Conceição, para muitos, foi o mais espetacular dos sete brasileiros. Ele vinha perdendo a decisão do boxe para o ucraniano Oleksandr Khyzhniak por pontos até que, no final do combate, o filho de Salvador acertou em cheio um cruzado de esquerda e levou o rival à lona. Para se ter uma ideia do feito, uma final olímpica não era decidida por nocaute há cerca de 40 anos.
O ouro de Ana Marcela foi outro bem marcante, pois além de ser o primeiro da natação brasileira na história desta modalidade, era a medalha que faltava para a baiana, uma das atletas mais vencedoras na maratona aquática. Ela havia ficado em quinto em Pequim-2008, não conseguiu classificação em Londres-2012 e foi apenas a décima da Rio-2016. “Mulher pode ser o que ela quiser, onde ela quiser, a hora que quiser”, disse, logo após a prova. “As mulheres estão vindo com aquele gostinho especial.”
As mulheres também brilharam na ginástica artística em Tóquio, modalidade que até então sempre teve os homens como protagonistas do Brasil. Até o Japão, todas as medalhas eram no masculino, mas Rebeca Andrade mudou o rumo dessa história. Primeiro conquistou uma prata no individual geral, disputa que consagra as atletas mais completas. Foi o primeiro pódio olímpico brasileiro feminino em todos os tempos. Não satisfeita, subiu um degrau e abocanhou o ouro no salto, sagrando-se, por consequência, a primeira brasileira campeã olímpica deste torneio.
Além disso, mesmo considerando que a ginástica permite que uma atleta compita em mais de uma prova, ela foi a única de toda delegação com mais de uma medalha. Já as velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze também têm duas medalhas olímpicas, mas uma conquistada na Rio-2016 e a outra em Tóquio.
Se o ouro de Hebert Conceição no boxe foi o mais espetacular dentre os sete brasileiros, o bronze de Laura Pigossi e Luisa Stefani, no tênis, não ficou para trás. As paulistas chegaram aos Jogos Olímpicos quase que ‘no susto’, pois estavam em uma lista de espera e só conseguiram a vaga por conta da desistência de outras equipes.
A participação era tão improvável, que rendeu até histórias pitorescas. “Eu soube antes (da vaga) e fiquei sem chão, mas a Luisa estava dormindo – e eu tentando ligar, mas ela não acordava. E eu tinha que jogar a semifinal (de um torneio no Cazaquistão). Não sabia que ia dar chance da gente entrar”, contou Laura Pigossi. “Eu estava em casa, já tinha deixado para lá os Jogos Olímpicos. Queria muito ir, mas era o último dia para ter alguma desistência e a gente estava fora na lista. Uma das primeiras pessoas que eu falei foi a Laura e a gente estava gritando no telefone”, lembrou Luisa Stefani. O bronze delas foi a primeira medalha da história do tênis brasileiro, em ambos os gêneros.
Por fim, destaque para a boxeadora Bia Ferreira, medalha de prata na categoria leve, até 60 quilos. A brasileira era uma das maiores favoritas ao título, vista por todos os jornalistas como o ouro mais certo do Brasil nesta Olimpíada.
Parou na final, perdendo para a irlandesa Kellie Harrington. Em meio a tresloucadas acusações de ‘roubo’ por parte dos fanáticos de plantão, Bia, mesmo entristecida, mostrou que a verdadeira postura campeã está na derrota. “Ela foi superior, eu tenho de admitir. Tem de ter o respeito. Somos mulheres, somos guerreiras, todo mundo quer ganhar, mas quem ganhou foi a melhor. Temos de aceitar. Um dia a gente ganha, um dia a gente perde. Tenho todo o meu respeito por todas”, disse, arrancando aplausos da campeã e de todos presentes na sala onde a entrevista estava sendo concedida.
ARTIGO
Discurso de seca na região sudeste camufla a realidade para justificar aumentos abusivos nas contas de luz de povo brasileiro
Publicado 10/08/2021 - 08h47
Brasil de Fato – Com o discurso de seca na região sudeste se camufla a realidade para justificar aumentos abusivos nas contas de luz de povo brasileiro, permitindo aos empresários lucrar muito mesmo em período de pandemia de covid-19 e com a crise hídrica.
O governo Bolsonaro e os agentes empresariais que controlam o setor elétrico nacional afirmam que há uma crise de escassez hídrica que levou ao esvaziamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas. Segundo seus argumentos, a região sudeste passa pela pior seca dos últimos 91 anos.
Para lidar com essa realidade, o governo Bolsonaro publicou a MP 1.055, de 28 de junho de 2021, que prevê ações emergenciais e regras excepcionais para o uso dos recursos hidro energéticos. Na mesma lei, autorizou que os custos serão ressarcidos por meio da conta de luz da população. Ou seja, o povo vai pagar a conta. Para evitar desgastes políticos, aterrorizam a população brasileira com campanhas publicitárias cuja mensagem é que estamos sendo castigados pela falta de chuva. Se não formos “educados” o bastante para um suposto “consumo racional”, seremos castigados com racionamentos de energia elétrica e aumentos na conta de luz, esse foi o pronunciamento nacional do ministro de minas e energia, Bento Albuquerque, em 28 de junho de 2021.
:: Privatização da Eletrobras causará 25% de aumento na energia ::
Os reservatórios nacionais estão apenas 40% de água armazenada, a segunda pior situação desde a privatização do setor na década de 1990. Aqui residem as mentiras e ocultamentos, como mostraremos a seguir. Os dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), revelam que o volume de água que entrou nos reservatórios das hidrelétricas no último ano é o quarto melhor da última década, equivalente a 51.550 MW médios. No entanto, o volume de energia produzida por hidrelétricas ficou em 47.300 MW médios, ou seja, 4.250 MW médios abaixo da quantidade de água que entrou nos reservatórios no mesmo período, o equivalente a uma usina de Belo Monte.
Para se ter uma ideia, enquanto dezenas de hidrelétricas estatais vendem energia a R$ 65,00/MWh, dezenas de usinas térmicas estão sendo autorizadas a funcionar cobrando acima de mil reais pela mesma quantidade de energia. A exemplo, a usina térmica William Arjona (MS), foi autorizada pela ANEEL a cobrar R$ 1.520,87/MWh. Isso beneficia os empresários e vai para a conta de luz do povo.
Estes empresários estão recebendo dinheiro cobrado nas contas de luz via bandeiras tarifárias. Após fala do ministro de Minas e Energia, a Aneel autorizou aumento de 52% na bandeira vermelha, patamar 2. A cobrança passou de R$ 6,24 para R$ 9,49 a cada 100 kWh. Isto representa 17% na conta de luz dos consumidores residenciais, sendo que o povo vai pagar R$ 2,5 bilhões por mês.
A farsa da crise hídrica revela que, em plena pandemia, prevalece a especulação financeira e o parasitismo privado no controle das usinas hidrelétricas e termelétricas. Essa é a consequência mais brutal da privatização e destruição da soberania energética, que agora se aprofunda com a privatização da Eletrobrás. Por outro lado, o governo e as instituições de Estado que comandam a política energética, estão capturados pela burguesia financeira e grupos empresariais do setor elétrico. Agem como serviçais para entregar a Eletrobrás praticamente de graça o mais rápido possível.
Prevendo aumentos abusivos nas contas de luz, o governo Bolsonaro tenta construir uma narrativa que joga a culpa no clima e no povo.
O responsável pela situação atual é o governo Bolsonaro, o sistema financeiro e empresas transnacionais que tomaram conta do sistema elétrico nacional.
O povo brasileiro e classe que trabalha, não pode aceitar tamanha agressão. É necessário um amplo processo de debate com toda a sociedade brasileira, no qual se esclareçam os verdadeiros fatos e os reais interesses por trás dessa farsa. Ao mesmo tempo, precisamos organizar as massas do povo e lutar para derrotar até o fim e a fundo a política energética em curso, liderada por um governo entreguista com características neofacistas. É necessário construir uma nova política para o setor energético nacional, com soberania, distribuição da riqueza e controle popular.
*Militante da coordenação do MAB Brasil
Fonte: BdF Ceará
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