sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Sem ajuda do governo, Moro tenta barrar CPI que deverá investigá-lo

Sem ajuda do governo, Moro tenta barrar CPI que deverá investigá-lo

Sem apoio da base do governo Jair Bolsonaro, que anda fritando o ex-juiz, Sergio Moro conta com alguns poucos aliados que tentam barrar a CPI da Vaza Jato, que conseguiu as assinaturas suficientes para ser instalada. O deputado Capitão Augusto (PL-SP), líder da bancada da bala e interlocutor de Moro, admitiu que Bolsonaro abandonou Moro: "Não vi um movimento do governo"
Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro
Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)
247 - "Bateu o desespero da base de apoio a Sergio Moro no Congresso Nacional", assim definiu o jornalista Robson Bonin, da revista Veja, sobre o ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro e a vitória da oposição que conseguiu as assinaturas para instalar nesta sexta-feira (13) uma CPI para investigar as revelações trazidas pelo The Intercept, que mostram o conluio de Moro com os procuradores de Curitiba para condenar e prender o ex-presidente Lula.
Sem apoio da base do governo Jair Bolsonaro, que anda fritando o ex-juiz nos bastidores, Moro conta com alguns aliados. O deputado Capitão Augusto (PL-SP), líder da bancada da bala, tenta esvaziar o movimento pela instalação da CPI e diz que pelos menos seis parlamentares foram "convencidos" a retirar suas assinaturas, entre as quais Tabata Amaral (PDT-SP) e Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ). 
Nas palavras do deputado, o objetivo é retirar o apoio de deputados para “respirar tranquilo”, reforçando o medo de Moro em ser investigado. Ele ainda reclamou da indiferença do governo Bolsonaro. 
“O governo que deveria estar fazendo esse corpo a corpo. Inacreditável isso. Não é possível que o governo não estava sabendo dessa CPI nos bastidores, e não se mobilizou antes. Não vi um movimento do governo. Tem gente que assinou isso aí e nem sabia. São essas assinaturas colhidas nos corredores e de qualquer jeito”, admitiu o parlamentar, reconhecendo o isolamento de Moro por parte de Bolsonaro.
Ainda de acordo com reportagem da Veja, Alexandre Frota (PSDB-SP) também estaria inclinado a tirar seu nome da lista. O deputado Lucas Vergílio (Solidariedade-GO) também teria pedido a retirada de sua assinatura do requerimento.
No entanto, de acordo com o regimento da Casa, não é possível retirar apoio depois que o pedido é apresentado. Augusto lançou a tese de que que se o signatário solicitar a retirada em até 24 horas após o protocolo, tem que ser aceito.

CPI da Vaza Jato

Sexta-feira, 13 de setembro de 2019
CPI da Vaza Jato

Na tarde de hoje falei com a deputada federal Jandira Feghali e ela me confirmou que a CPI da Vaza Jato já tem assinaturas suficientes para acontecer. As assinaturas já foram conferidas e a CPI publicada. Agora, para começar, ela só depende de uma canetada do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia.
Escrevo para te contar porque sei que, assim como eu e todos na nossa redação, você se pergunta diariamente qual será o resultado prático disso tudo. Estamos trabalhando muito, sob muita pressão e enorme risco, a população está pressionando e apoiando a #VazaJato, mas o que vai acontecer a partir disso?
Agora sabemos que há a possibilidade real do ex-juiz Sergio Moro, do procurador Deltan Dallagnol e demais procuradores serem investigados pelas ilegalidades que cometeram. É uma oportunidade para que eles finalmente prestem os esclarecimento devidos à população. 
Por isso, é hora de pressionar Rodrigo Maia. Ele precisa encaminhar a CPI para que os trabalhos comecem o quanto antes. Escreva para o presidente da Câmara, tuíteligue. É hora de nos mobilizarmos contra a corrupção no judiciário. 

A guerra dos porões e a demissão do Secretário da Receita, por Luis Nassif


A guerra dos porões e a demissão do Secretário da Receita, por Luis Nassif
A psicologia dos porões é padrão em todas as épocas. Acuados, partem para o tudo ou nada. Variam apenas os instrumentos de pressão.
O Supremo Tribunal Federal (STF) está chegando ao seu maior teste: colocar um fim definitivo nos abusos dos porões.
De um lado,  a #vazajato expôs as  arbitrariedades e desrespeito às leis cometidos pela Lava Jato. E, aparentemente, ainda há material para uma boa temporada. De outro, há uma ofensiva de Jair Bolsonaro para esvaziar o poder paralelo que se implantou na República e que atrapalha o poder das milícias.
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A psicologia dos porões é padrão em todas as épocas. Acuados, partem para o tudo ou nada. Variam apenas os instrumentos de pressão. Na ditadura, eram bombas no Riocentro, na OAB, em bancas de revista e no centro da cidade. Nos tempos atuais, por enquanto ainda é o uso da máquina do Estado para retaliar os críticos.
Uma série de ações mostra a ofensiva dos porões.
  1. Um advogado crítico da Lava Jato sofreu nova ameaça, em cima de episódios já levantados e esclarecidos em outros tempos. Foi acusado de obter informações privilegiadas do Ministro da Justiça José Eduardo Cardoso. Mostrou que as informações foram obtidas através da Lei de Acesso às Informações. O assunto morreu, mas foi reavivado de novo, tendo como álibi a delação de Antônio Palocci.
  2. A investida sobre o filho do senador Edison Lobão, em cima de fatos ocorridos há tempos.
  3. Pela enésima vez, busca e apreensão em casas de lideranças do PT, aproveitando o álibi Antônio Palocci.
  4. O vazamento de informações sigilosas do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) com as contas de David Miranda, marido de Glenn Greenwald. E a tentativa de criminalização antes mesmo de eles serem ouvidos.
  5. A destruição de provas sobre atuação de fiscais da Receita em investigações a serviço da Lava Jato.
No caso Glenn-David Miranda, refez-se a parceria Lava Jato-Globo, mostrando a síndrome de escorpião do grupo e, provavelmente, os receios com revelações que possam sair futuramente da Vazajato acerca das relações promíscuas com a operação.
O problema desses irresponsáveis é que, a reação contra eles será substitui-los por outro tipo de aparelhamento. É por aí que se entende a demissão do Secretário da Receita Federal Marcos Cintra.
A intenção é aproveitar sua substituição para demitir todos os subsecretários, que são auditores fiscais concursados. E também conseguir a demissão do auditor fiscal do porto de Itaguaí, pulmão da economia das milícias.
É o resultado final dessa enorme lambança: o direito sendo massacrado pelo poder de Estado conferido à Lava Jato, e pelo poder das milícias se apropriando do Estado.