quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Erundina posta letra de música para Jean Wyllys: “Aonde quer que eu vá levo você, no olhar”

Erundina posta letra de música para Jean Wyllys: “Aonde quer que eu vá levo você, no olhar”

Publicado em 24 janeiro, 2019 11:23 pm
Do Twitter da deputada Luiza Erundina:
“Olhos fechados 
Prá te encontrar 
Não estou ao seu lado 
Mas posso sonhar 
Aonde quer que eu vá 
Levo você, no olhar 
Aonde quer que eu vá 
Aonde quer que eu vá 
Não sei bem certo 
Se é só ilusão 
Se é você já perto 
Se é a intuição 
Aonde quer que eu vá 
Levo você, no olhar.”
Os versos são da letra Aonde Quer Que Eu Vá dos Paralamas do Sucesso.
Erundina e Jean Wyllys. Foto: Reprodução/Twitter

“Olhos fechados
Prá te encontrar
Não estou ao seu lado
Mas posso sonhar
Aonde quer que eu vá
Levo você, no olhar
Aonde quer que eu vá
Aonde quer que eu vá
Não sei bem certo
Se é só ilusão
Se é você já perto
Se é a intuição
Aonde quer que eu vá
Levo você, no olhar.”

Em nota, bancada do PT na Câmara apoia Jean Wyllys e cobra apuração

24 DE JANEIRO DE 2019, 19H11

Em nota, bancada do PT na Câmara apoia Jean Wyllys e cobra apuração

“Exigimos do Judiciário e do Ministério Público Federal a adoção de todas as medidas necessárias para garantir a rápida e efetiva apuração a respeito das ameaças sofridas por Jean Wyllys”, diz comunicado
  
Foto: Agência Câmara
Em texto assinado pelo líder Paulo Pimenta (PT-RS), a bancada do PT na Câmara dos Deputados divulgou, nesta quinta-feira (24), uma nota de solidariedade ao deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), que renunciou ao terceiro mandato parlamentar e anunciou a saída do país, por conta de ameaças de morte que vem sofrendo.
A nota exige apuração das ameaças por parte dos órgãos competentes e afirma que as ameaças a Jean Wyllys “expressam uma coação não apenas ao parlamentar do PSOL, mas a todos os defensores e defensoras de direitos humanos, detentores de mandatos populares ou não”.
Fórum terá um jornalista em Brasília em 2019. Será que você pode nos ajudar nisso? Clique aqui e saiba mais
Íntegra da nota:
Em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados, expresso a nossa total solidariedade ao deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), diante do anúncio da sua renúncia ao mandato parlamentar, seguido da saída do país, por conta de graves ameaças que tem recebido.
Lamentamos e compreendemos a sua decisão. Vivemos num país governado por pessoas que possuem notórios vínculos com milícias, que são uma forma de crime organizado que – tal qual grupos mafiosos em outros países – tratam adversários com a eliminação física, como atesta a vereadora Marielle Franco, companheira de partido e de lutas de Jean Wyllys, assassinada em março de 2018.
Eleito como representante do povo do Rio de Janeiro para o terceiro mandato, desde os seus primeiros meses de atuação na Câmara Jean Wyllys já se tornou referência nacional e internacional em defesa dos direitos humanos e das lutas dos movimentos sociais, em particular das bandeiras em prol do respeito à população LGBTI.
Diante deste fato gravíssimo, exigimos do Judiciário e do Ministério Público Federal a adoção de todas as medidas necessárias para garantir a rápida e efetiva apuração a respeito das ameaças sofridas por Jean Wyllys. O Estado brasileiro tem a obrigação de garantir a proteção física do deputado, mas também de descobrir e punir os autores destas práticas criminosas, que expressam uma coação não apenas ao parlamentar do PSOL, mas a todos os defensores e defensoras de direitos humanos, detentores de mandatos populares ou não.
Seguiremos nas lutas em defesa da democracia e dos direitos humanos do povo brasileiro.
Brasília, DF, 24 de janeiro de 2019.
Dep. Paulo Pimenta
Líder do PT na Câmara dos Deputados

Jean Wyllys sai do Brasil antes de parar no que Bolsonaro chamou de “ponta da praia”


Jean Wyllys sai do Brasil antes de parar no que Bolsonaro chamou de “ponta da praia”. Por Kiko Nogueira

 
Jean Wyllys
O trecho mais revelador e triste da entrevista de Jean Wyllys em que ele conta da sua decisão de desistir do mandato e deixar o país é o seguinte:
Não foi a eleição dele [Bolsonaro] em si. Foi o nível de violência que aumentou após a eleição dele. Para se ter uma ideia, uma travesti teve o coração arrancado agora há pouco. E o cara [o assassino] botou uma imagem de uma santa no lugar.
Numa única semana, três casais de lésbicas foram atacados. Um deles foi executado. A violência contra LGBTs no Brasil tem crescido assustadoramente.
O [ex-presidente do Uruguai] Pepe Mujica, quando soube que eu estava ameaçado de morte, falou para mim: “Rapaz, se cuide. Os mártires não são heróis”. E é isso: eu não quero me sacrificar.
A violência contra mim foi banalizada de tal maneira que Marilia Castro Neves, desembargadora do Rio de Janeiro, sugeriu a minha execução num grupo de magistrados no Facebook. Ela disse que era a favor de uma execução profilática, mas que eu não valeria a bala que me mataria e o pano que limparia a lambança.
Na sequência, um dos magistrados falou que eu gostaria de ser executado de costas. E ela respondeu: “Não, porque a bala é fina”.
Veja a violência com homofobia dita por uma desembargadora do Rio de Janeiro. Como é que posso imaginar que vou estar seguro neste estado que eu represento, pelo qual me elegi?
Jean não está simplesmente fugindo do risco de ser assassinado, mas abandonando um país que se tornou, basicamente, um lixo.
É absolutamente compreensível. Ele virou alvo.
Bolsonaros Jair e Carlos celebraram o fato à sua maneira cafajeste e baixa.
Inacreditável
“Grande dia!”, tuitou o presidente da República, que em tese deveria zelar pela segurança de todos os brasileiros.
O mesmo sujeito que deu vexame em Davos, que expôs sua iniquidade moral e seu despreparo, age à maneira de um moleque.
Jean não é um cidadão na acepção dessa escória bolsonarista.
Ele entra naquela lista de indesejáveis que Bolsonaro citou num discurso dez dias antes do segundo turno.
São os “vermelhos”, os “comedores de mortadela” que jurou banir.
Jean não quer ser uma nova Marielle. Quem há de culpá-lo?
Bolsonaro é um anão moral cuja missão é destruir e dividir o Brasil, em oposição ao que volta e meia apregoa para enganar meia dúzia de otários que querem ser enganados.
Sua missão é nos transformar numa Venezuela e mandar os “inimigos” para a “ponta da praia” — com a cumplicidade de milhões que o elegeram e das milícias a quem serviu, juntamente com os “garotos’, ao longo de décadas.
Jean Wyllys não vai lhe dar esse gosto.
Bolsonaro acha que se livrou de um problema.
É bom lembrar que nem mesmo a morte parou Marielle — e ela vai acabar derrubando esse bando.

Melhor seria ter ficado calado.

EDITORIAL DA FOLHA: ELO DE FLÁVIO COM ESCRITÓRIO DO CRIME AMPLIA A CRISE

Eugênio Aragão: A estratégia de intervenção na Venezuela e no Brasil


Eugênio Aragão: A estratégia de intervenção na Venezuela e no Brasil

 





Protesto na Venezuela. Reprodução: Twitter

POR EUGÊNIO ARAGÃO
As aparências enganam. Quem vê a crise venezuelana como resultado de supostos desmandos autoritários de Nicolás Maduro erra tanto quanto aquele que aponta para a corrupção como causa do desastre político brasileiro. Não que Maduro não tenha cometido erros de avaliação e, quanto à corrupção no Brasil, também não é negável que é endêmica nas relações entre o público e o privado, desde tempos idos. Mas nem os eventuais equívocos do presidente venezuelano e nem desvios de conduta de agentes governamentais foram causas suficientes para o descalabro que ora se presencia em ambos os países.
Há algo em comum nos acontecimentos aqui e acolá, uma dinâmica social de polarização e radicalização que carrega a mesma caligrafia. Os padrões são muito parecidos nas manifestações proto-coxinhas de 2013-2016 e nas ruas de Caracas nestes dias. A indisfarçada e descarada imiscuição direta norte-americana na crise venezuelana talvez compõe o único diferencial. Aqui, Tio Sam foi mais discreto, mas nem por isso
menos efetivo. Como explicar isso?
Crises políticas podem ser fabricadas para produzirem determinados resultados estratégicos. Desde a crise dos Sudetos, na Checoslováquia de 1938, passando pela crise do corredor polonês de 1939; pelos levantes de Gdansk de 1982, que redundaram na ditadura do general Wojciech Jaruzelski; pelo levante da praça do Maidan, em Kiev,
Ucrânia, em 2013; até a chamada “Primavera Árabe” de 2011, só para citar aleatoriamente alguns exemplos, percebe-se a interesseira mão invisível de alguma potência estrangeira em dinâmicas sociais domésticas.
Mas fiquemos só no primeiro exemplo, pois todos os cenários mencionados têm um Konrad Henlein que a eles melhor se adequa. Para os que não sabem, Henlein, na crise dos Sudetos, foi o homem de Adolf Hitler, uma liderança alemã na Checoslováquia. A mando deste, promoveu a radicalização política local de um modo tal, que fez parecer que o governo de Praga, liderado por Edvard Beneš, estaria a perseguir os alemães no país, mesmo com todo o esforço oficial de incluí-los, na sociedade checoslovaca, como grupo autônomo e com direitos culturais e políticos próprios. Ao final, a Alemanha nazista invadiu a Checoslováquia com o beneplácito da França e da Inglaterra, para incorporar os Sudetos ao território do Reich.
Voltando a nuestra América, o Brasil não teve um só Henlein para desestruturar sua jovem e incipiente democracia. Teve logo vários, agindo em diversos campos. A mão invisível por detrás tinha interesses claros nas reservas petrolíferas do pré-sal, no desmonte da Petrobrás e da construção civil brasileira, bem como no papel de liderança subcontinental que o país exerce, para o bem ou para o mal. Tudo lhe foi dado de mãos beijadas, a partir do momento em que se instalou o governo golpista de Michel Temer, um de nossos Henlein. Mas a localização geográfica dessa mão é incontroversa, pois foi de lá que se subsidiou o vaidoso e corporativo ministério público federal, sob o comando de outro Henlein brasileiro, Rodrigo Janot, com informações de inteligência sobre práticas pouco kosher na petrolífera brasileira: a terra de Tio Sam.
Não eram, porém, as práticas ilícitas de diretores da estatal e de empresários dirigentes de fornecedoras de serviços que preocupavam os norte-americanos. A Petrobrás era conhecida como galinha de ovos de ouro de muita gente desonesta desde sempre, sem causar comichão a ninguém. O que chamava a atenção dos ianques era, muito mais, a eficiência da empresa e sua capacidade tecnológica para prospectar em grandes profundidades marítimas, aliada ao fato de que era privilegiada na distribuição do petróleo achado.
As más práticas da Petrobrás logo viraram o estopim de um escândalo armado em pleno ano de campanha eleitoral para a sucessão presidencial, com inestimável ajuda de um judiciário muito acostumado a práticas cinematográficas. A aliança entre a mídia e o estamento burocrático da judicatura foi o combustível necessário para alavancar a candidatura de mais um Henlein tupiniquim, Aécio Neves. Manifestações sem pauta específica logo conseguiram se transmudar num movimento de massa reacionário e moralista, exigindo a remoção do governo da vez. A campanha eleitoral de 2014 foi extremamente polarizada, com o discurso de ódio tomando conta da propaganda antipetista.
Mas os Henlein perderam nesse primeiro momento. A bronca disseminada pela campanha midiática-judicial-rueira- oposicionista não foi suficiente para quebrar a hegemonia das forças progressistas na política brasileira. É verdade que a vitória situacionista foi por pequena margem e que emergiria das eleições um governo
enfraquecido, sem maioria parlamentar capaz de enfrentar o desafio do clientelismo corrupto do novo presidente da Câmara, Eduardo Henlein Cunha, que passou a impor sistemáticas derrotas à Presidenta legítima, Dilma Rousseff.
No meio do vendaval, os inimigos da democracia e traidores do interesse nacional se juntaram a boa parte de políticos corruptos para depor a chefe de estado honesta, tudo sob os olhares impávidos do chefe do ministério público e da cúpula do judiciário. Aliás, os atores judiciais estimulavam, com sua cúpida leniência, a atuação
destrambelhada de um juizinho narcisista de província que tornava públicas conversas ilegalmente interceptadas entre a Presidenta e seu antecessor. Essas conversas não continham nada de mais, mas tiveram seu significado midiaticamente deturpado para atribuir ao governo conspiração contra as escandalosas investigações em curso contra a Petrobrás.
Veio o que era esperado: a destituição da presidenta por fato fútil e irrelevante, as supostas “pedaladas” na execução orçamentária. O ministério público e o judiciário mantiveram-se inertes e coonestaram o golpe parlamentar, para passar o poder ao grupelho de políticos ímprobos que se aproveitaram da desmedida ganância e ambição de Eduardo Henlein Cunha. As medidas governamentais agora anunciadas agradavam aos verdadeiros patronos da crise: a abertura do pré-sal e o desmanche do parque tecnológico nacional. Nada veio por acaso.
O governo golpista foi um pesadelo para a sociedade brasileira, com retrocessos em políticas públicas e a ascensão do discurso fascista e fundamentalista como algo aceitável nos salões do poder, desde que servisse para destruir a hegemonia política das forças progressistas. Nada se fez para frear quem atacasse mulheres como “não
merecedoras de serem estupradas”, ativistas LGBT, indígenas ou sem-terra. O ódio passou a fazer parte do discurso corrente, com um risinho no canto da boca dos protagonistas do golpe.
E veio 2018 com nova campanha presidencial. O importante, para as forças da reação, era manter o PT afastado do poder a qualquer custo. A candidatura de Lula, a toda evidência para ser vitoriosa, tinha que ser barrada. A condenação pífia por conta de um apartamento que nunca lhe pertenceu foi, mesmo sem qualquer prova que
corroborasse a extravagante suposição do juiz de piso, confirmada por uma trinca de desembargadores combinados entre si, numa velocidade que faria morrer de inveja o judiciário finlandês, talvez o mais eficiente do mundo.
Quis-se, com isso, impor a Lula as restrições da lei da ficha limpa. Mas, mesmo que coubessem recursos com boa chance de serem providos se julgados com isenção, não se lhe reconheceu o direito de manter-se em campanha até o trânsito em julgado do processo de registro da candidatura. O TSE fulminou a participação, no processo
eleitoral, daquele que tinha mais chance de vencer, frustrando parte significativa do eleitorado.
Ocorre que os principais protagonistas do golpe contra a democracia não tinham fôlego para ganhar e se dividiram em vários grupelhos ambiciosos. Sobrou, para disputar seriamente o pleito, somente a extrema direita em torno do capitão da reserva Jair Bolsonaro, aproveitando-se da onda de ódio disseminada contra o PT – e Fernando
Haddad, o candidato que veio a suceder Lula, apoiado por forças progressistas.
A campanha fascista soube se aproveitar de um suposto atentado a faca contra seu candidato, que, hospitalizado, ficou fora de circulação por todo o período de campanha e, além de tratado como vítima aos olhos da opinião pública, se poupou do confronto de ideias, em que fatalmente exibiria seu lado mais tosco. Para manter a chama do ódio contra o PT acesa, a candidatura de direita inundou as redes sociais com notícias mentirosas, numa escala de impulsionamento nunca dantes vista numa eleição no Brasil. A receita deu certo e Jair Bolsonaro, o insensato militar que se gaba de ser favorável à tortura como método de repressão de seus inimigos ideológicos, virou
presidente da República, sem qualquer projeto para o país e para a sociedade, além de demonstrar ostensivamente, claro, sua atitude subserviente para com o governo e os interesses norte-americanos. Definitivamente, Tio Sam fincou seus pés no Brasil, sem brandir um fuzil, sem gastar uma bala.
E a Venezuela? Não é surpresa que o governo fascista do Brasil, que logrou ser eleito e investido graças às maquinações ianques contra o legítimo governo de Dilma Rousseff, hoje se posiciona como braço interventivo dos Estados Unidos da América do Norte liderados pela ira desaforada de Trump.
Diferentemente do Brasil, as forças progressistas venezuelanas nunca se iludiram com qualquer tipo de tentativa de acordo com suas elites endinheiradas. Sob o governo de Hugo Chávez, desde muito cedo, se sabia da hostilidade latente, às vezes até escancarada, do establishment venezuelano face à orientação socialista do
bolivarianismo. Por isso mesmo, as instituições foram objeto de profunda reengenharia, em ampla refundação constitucional. Não se deixou pedra sobre pedra do estado plutocrático e as forças que tentaram desestabilizar a nova ordem foram enfrentadas de forma a serem neutralizadas de modo permanente.
É claro que, na Venezuela, a reação elitista se deu de forma proporcionalmente mais feroz que no Brasil, sem qualquer diálogo possível entre a situação e a oposição golpista. Esta se recusou a participar das últimas eleições que, talvez até por isso mesmo, deram a Nicolás Maduro um novo mandato e, sempre na tentativa de deslegitimar o governo eleito, não lhe deram “reconhecimento”, tendo o presidente do Parlamento desempoderado pela Assembleia Constituinte, se autoproclamado presidente interino do país, a atender sugestão de um celerado Donald Trump.
O seduzente presidente interino, um jovem de trinta e cinco anos com ódio no discurso e na prática, Juan Guaidó, o Henlein caribenho, se mostrou articulado com as forças da direita da região reunidas no “Grupo de Lima” e tendo à frente o uruguaio Luís Almagro, secretário-geral da OEA, que resolveram reconhecê-lo o “legítimo
representante” do povo venezuelano, a despeito de não contar com nenhum mandato constitucional para tanto. Prevaleceu a subserviência ao presidente norte-americano que voltou a dar as cartas no tabuleiro político do hemisfério. O presidente Maduro, face à desavergonhada intromissão americana nos assuntos internos do país, rompeu relações com os Estados Unidos da América do Norte e determinou a retirada de seus diplomatas no prazo de setenta e duas horas.
Mas, para agravar a crise bilateral, o secretário de estado norte-americano se recusou a retirar os diplomatas, dizendo que não reconhecia o ato do governo venezuelano por não reconhecer Maduro como seu chefe. A esta altura não restam mais dúvidas sobre o real intento ianque: provocar uma intervenção de larga escala para
destituir o governo constitucional da Venezuela e impor seus interesses sobre a economia do país. Na Venezuela, a elite não foi tão eficiente como a brasileira e deixou o serviço sujo para ser feito, sem intermediários, por seus patrões do Norte. As estratégias foram distintas, dadas as peculiaridades políticas de cada país, mas, ao final, Brasil e Venezuela estão no mesmo barco, com a destruição sistemática de seus projetos nacionais de desenvolvimento econômico e de justiça social. Prevalece o poder hegemônico norte-americano, mui bem servido por nossos Henleins da vida, que podem se chamar Temer, Janot, Moro, Cunha, Aécio ou Guaidó. E ainda há quem
acredite que o problema de nossos países é a corrupção da esquerda ou sua hostilidade autoritária à democracia.
Eugênio Aragão foi Ministro da Justiça em 2016, no governo Dilma Rousseff. É professor titular de direito internacional da Universidade de Brasília, pela qual é graduado em direito.