sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A POSIÇÃO DA RÚSSIA SOBRE O GOLPE NO BRASIL

A POSIÇÃO DA RÚSSIA SOBRE O GOLPE NO BRASIL
Alex Solnik

A posição oficial de Moscou acerca dos últimos acontecimentos no Brasil é que continua no poder o governo eleito em 2014, agora comandado por quem foi vice. No entendimento de Putin, nada mudou, não houve ruptura, razão pela qual em nenhum instante ele sequer cogitou ponderar se a Rússia iria reconhecer ou não o novo governo. É o que revela, nessa entrevista exclusiva ao 247, o cônsul-geral da Rússia, Konstantin Kamenev.

É a sua terceira missão diplomática no Brasil. A primeira foi no tempo do general João Figueiredo: “Eu lembro, quando eu cheguei, em agosto de 1983, ele retornou de sua visita oficial à China. E havia cartazes e slogans nas ruas de Brasília – “Recebem João com coração”. “Lembro também a visita de Ronald Reagan ao Brasil, quando ele confundiu Brasil com Bolívia. Foi bem ridículo”. Ele reconhece que até “nos tempos da assim chamada ditadura nós também tivemos um bom relacionamento com o Brasil” mas que, “com o governo Lula esse processo se tornou mais factível e mais tangível, nós especificamente no período do governo Lula implementamos parceria estratégica”.

Grande parte do sucesso se deveu à simpatia que Putin tinha por Lula: “Simpatias inegáveis e sinceras, isso é verdade, pode acreditar”. Ele admite que a relação com Estados Unidos é difícil: “Quando surgem interesses geopolíticos, os Estados Unidos sempre tentam se opor aos interesses da Rússia e estão promovendo uma política de contenção da Federação da Rússia, isso é bem evidente”.

Ele também afirma que “Quando Mauricio Macri venceu, o canal ‘Russia Today’ foi fechado”. Como se sabe, o novo presidente argentino é um fervoroso adepto do “american way of life”.

·         O senhor já esteve em missão no Brasil quantas vezes?

Eu sou um bom conhecedor do seu maravilhoso país. Essa é a minha terceira missão. A primeira começou no ano de 1983 e finalizou no ano 1987. A segunda foi em 1996 e finalizou em 2001. E a partir do ano 2013 eu também trabalho aqui como cônsul-geral da Rússia no Brasil.

·         Na primeira vez tinha alguma crise no Brasil?

Era ditadura, mas não se sentia como uma ditadura muito dura.

·         Já estávamos nos estertores da ditadura...

Já estava chegando aos seus últimos dias, mas não agonizando. O Brasil é um país bem energético, cheio de novos projetos. O ministro da Fazenda era Antônio Delfim Netto. Já o presidente Figueiredo naquela época viajava muito. Lembro, quando cheguei, em agosto de 1983, ele retornou de sua visita oficial à China. E havia cartazes e slogans nas ruas de Brasília – “Recebem João com coração”. Que interessante...
·         Isso foi armado...

Armado, sim...

·         ...pelos funcionários do governo...

Uma propaganda da ditadura. “Receba o João com coração”.

·         Mas o povo não gostava dele...

Não. Claro que foi, digamos, uma atitude ditatorial, autoritário bem evidente.

·         O senhor teve alguma relação mais próxima com Figueiredo?

Não, não.

·         A sua missão qual era?

Eu fui Adido de Cultura e de Imprensa na embaixada russa em Brasília. Eu lembro também a visita de Ronald Reagan no Brasil, quando ele confundiu Brasil com Bolívia e disse “Bolívia”. Declaração oficial na entrevista à imprensa. Foi bem ridículo. (Risos).

·         Na segunda vez, em 1996 já era governo Fernando Henrique...

Sim, FHC...

·         Sentiu alguma diferença em relação ao período anterior?

Claro, muitíssima diferença. Plano Real estava em pleno auge,  funcionando relativamente bem. Lembro também que os preços subiram, a inflação subiu muitíssimo. Na minha primeira missão, o cruzeiro foi trocado pelo cruzado. Logo depois, cruzeiro novo. Já a partir do ano 1994 circulava o real, que naquela altura do tempo foi igual ao dólar americano.

·         Isso foi no começo...

Começo, sim...

·         E foi uma fantasia que durou pouco.

Mas, de certa maneira, consolidou a economia, o organismo industrial, produtivo do país foi bem fortalecido. E esse esquema neoliberal contribuiu para que o país pudesse sair do nível de desenvolvimento inicial ao nível da emergência dos países emergentes no mundo inteiro. Mais relevantes entre os países do mundo inteiro. É claro que “emergentes”, não “desenvolvidos”. Isso foi bem pensado, economicamente, financeiramente, nos moldes financeiros e do orçamento, foi bem pensado.

·         O rapaz que criou esse plano, Persio Arida, foi meu colega de colégio.
Que interessante. Esse plano contribuiu para gerar demanda, pra fortalecer a classe média, e o fortalecimento da classe média sempre pressupõe geração de demanda interna. Isso contribui para o desenvolvimento econômico. Hoje em dia, quando nós vemos certos sinais de recuperação, quando o Brasil, nessa recessão atingiu já o poço do abismo e está saindo paulatinamente desse poço de abismo, o ponto crítico mais baixo dessa curva, a situação é bem diferente, a situação pressupõe que investimentos são rápidos e a demanda continua sendo bem baixa. Lenta no nível crítico. Isso significa que a saída da crise vai ser muito lenta. Muito paulatina. O país vai sair da crise bem devagar. E quando a demanda está gerida e quando a classe média, classe média baixa, tem assalariados, trabalhadores mostrando sinais da demanda crescente, isso significa saída bem mais rápida do que nós vemos no dia de hoje.

·         As relações entre Brasil e Rússia mudaram depois que Lula assumiu?

Sabe, eu vou dar uma retrospectiva mais longa. As relações entre Rússia e Brasil sempre foram boas. Nos tempos da assim chamada ditadura nós também tivemos um bom relacionamento com o Brasil e com a Argentina, também, que estava em plena ditadura. Vamos relembrar esse embargo pra trigo, exportação de trigo para a União Soviética. Imposto pelos Estados Unidos após a nossa operação no Afeganistão. O Brasil e a Argentina estavam exportando trigo para a União Soviética e esses regimes de direita estavam cooperando plenamente com a Rússia naquele período. Também se vamos ver o período de Fernando Henrique, os anos 90, nossa cooperação se fortaleceu ainda mais, foram criadas instituições chaves que abriram caminho para a parceria estratégica entre os dois países, o Brasil e a Federação da Rússia, ou seja, comercial, intergovernamental, Brasil-Rússia, chefiada pelos altos dirigentes. Foi instituída no ano 1997 durante a visita do chanceler Primakov ao Brasil. Comissão de alto nível começou a funcionar a partir do ano 2000 chefiada pelo presidente do governo da Federação da Rússia e pelo vice-presidente do Brasil. O atual presidente, vice-presidente no ano passado, Michel Temer viajou a Moscou e manteve importantes encontros, conversas e reunião, bem importantes no ano passado. Em tempos de crise sempre se vê muito bem os países que são verdadeiros parceiros e os países que são parceiros assim chamados ou entre parênteses. Por que nós somos parceiros naturais do Brasil? Nós não temos cruzamentos dos interesses no mundo globalizado ou em plena globalização. Isso é verdade: algum tempo nós fomos competidores na exportação do aço e essas tarifas enormes para o aço da Rússia entrar no Brasil era o único ponto litigioso entre o Brasil e a Rússia. E não um ponto crítico. Nós somos verdadeiros entusiastas de construir um mundo multipolar. Nós somos idealizadores e principais promotores da ideia dessa organização BRICS. Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Inicialmente foi criado sem África do Sul, depois África do Sul aderiu a esse formato. E que se iniciou como formato de diálogo político. Agora se converteu em uma organização dos países emergentes com mais de 80% da superfície e da população economicamente ativa do planeta. É bem evidente que o fortalecimento dos laços financeiros, econômicos, nas esferas de inovação, é muito importante no ambiente de hoje desses países porque mais cedo ou mais tarde eles vão se converter nos promotores iniciais da produção industrializada global. O que acontece é que nós vemos que a China já se tornou a economia mais potente, a segunda economia, ou a primeira economia. Disputa o primeiro lugar com os Estados Unidos, no mundo de hoje. E ultrapassou o Japão já faz muito tempo. Nós também temos oportunidades de converter-nos em países da primeira linha, já entramos nas dez primeiras economias mundiais, tanto o Brasil como a Rússia, nos termos do volume do produto interno bruto, o PIB.

·         Com o governo Lula não havia um certo entendimento melhor?

Sim, sim, o senhor tem plena razão. Com o governo Lula esse processo se tornou mais factível e mais tangível. Nós especificamente no período do governo Lula implementamos os termos como parceria estratégica. Como aliança tecnológica entre o Brasil e a Rússia. O primeiro astronauta brasileiro lançado ao espaço no hemisfério ocidental, no ano 2006, na época do foi no governo Luiz Inácio Lula da Silva. Também mudamos o peso da nossa cooperação na esfera tecnológica bem desenvolvida de utilização de alta tecnologia. Como, por exemplo, estávamos àquela altura cooperando na esfera aeroespacial, na esfera técnico-militar, e nossa cooperação técnico-militar entre o Brasil e a Rússia teve incremento bem forte. Também na esfera de biotecnologia efarmacêutica. Por exemplo: aqui na nossa região, do Sul, do Sudeste, na nossa região consular atua a empresa russa BIOCAD, que está produzindo vacinas contra câncer. E está mostrando bons resultados. Também tivemos bom relacionamento na esfera energética com o Brasil. Principalmente na época do presidente Lula, esse processo se aprofundou, se instalou aqui a representação da empresa Gazprom, da empresa Rosneft, que também colaborou muitíssimo com a parte brasileira na exploração dos poços petrolíferos no assim chamado pré-sal nos estados do Rio e no Espírito Santo e em muitas outras esferas tecnologicamente bem desenvolvidas. Gostaria de destacar que houve muita cooperação e elas foram muito bem avançadas.

É claro que essas relações todas passam pelas pessoas que estão no poder.

Claro, e se iniciaram essas relações especificamente no período dos primeiros dois mandatos do Partido dos Trabalhadores, de Luiz Inácio Lula da Silva, foi quando começou essa reaproximação mais forte de diálogo político. As visitas que aconteceram naquela altura do tempo foram bem importantes, muitos acordos intergovernamentais foram assinados. Gostaria nesse sentido de destacar a visita do presidente Putin no outono do ano de 2004 aqui no Brasil, logo depois a visita do presidente Lula a Moscou, no outono do ano 2005, ele foi acompanhado pela mulher, Marisa Letícia. Também muitas visitas de alto nível, de chanceleres, de ministros de postos-chave da economia, ministros de Defesa, parlamentares, porta-vozes das altas câmaras visitaram um e outro país. Esse formato de diálogo continua. Continuou também na época da presidente Dilma Rousseff. Muitas visitas de envergadura, importantes, como a visita da presidente Dilma a Moscou em dezembro do ano 2012, a visita do presidente Medvedev no ano 2013, comissão de alto nível em Brasília, a visita do presidente Putin a Brasília logo depois de sua participação na cúpula do BRICS em Fortaleza em 2014. Tudo isso é evidência justa e inequívoca, “inegável”, eu diria, do interesse dos dois países na cooperação e para ampliar essa cooperação. Nutrir essa cooperação com conteúdo prático e mutuamente benéfico, é bem evidente essa tendência.

·         O senhor acompanhou a visita de Putin a Lula em Brasília?

Sim, eu tive oportunidade de acompanhar muitas visitas. De Putin, de Medvedev e de receber em Moscou também.

·         E qual era a visão de Putin sobre o Lula? Ele tinha simpatia pessoal pelo Lula?

Sim, simpatias “inegáveis” e simpatias sinceras. Isso é verdade, pode me acreditar.

·         Teve algum diálogo entre os dois que possa exemplificar esse entendimento?
Sim, claro, algo pessoal, quando uma pessoa está olhando nos olhos da outra pessoa isso sempre está queimando obstáculos e muralhas, muros. E quando existe se estabelece um contato psicológico, um entendimento no nível dos olhos e das simpatias, isso significa diálogo franco, humano e bem estabelecido.

·         Como o Kremlin está vendo o que aconteceu no Brasil? Foi golpe? Foi impeachment?

Sabe, a posição de Moscou é bem clara nesse sentido. Que nós respeitamos os processos políticos nos países amigos que transcorrem naturalmente sob a única condição que devem transcorrer nos moldes rígidos do sistema constitucional desse país. Se transcorre nos moldes desse país, nos quadros constitucionais que estão regidas pela lei básica, a constituição, pelas leis adicionais e corresponde a sistema judicial do país, isso é bem evidente que nós não interferimos, só seguimos com atenção esse processo.

·         As relações continuam normalmente?

Sim, sem dúvida nenhuma.

·         O governo Temer é reconhecido por Moscou?

Não surgiu essa questão.

·         Nem se comenta?

Sim, sim, sim, nem se comenta. Não se comenta. Claro, ele foi vice-presidente, ele é presidente da comissão de alto nível Brasil-Rússia.

·         A mudança não vai afetar em nada o BRICS?

Ele já se encontrou em Pequim na cúpula do G-20 quando se encontrou com todos os líderes, com o presidente Putin.

·         Houve reunião entre eles?

Não sei disso. Especificamente, não. Eu gostaria de adicionar que, mais do que isso, pensamos e esperamos que o relacionamento vai ser desenvolvido e aprofundado mais na época do presidente Temer até o ano 2018 e que a cooperação não vai ser interrompida.

·         Não vai afetar em nada o BRICS?

Não vai afetar nem BRICS nem outros formatos do diálogo de cooperação que compartimos com o seu país. Como o G-20 também.

·         Como está a relação Rússia-Estados Unidos? Apesar de não haver mais Guerra Fria parece que os dois vivem às turras ainda. São amigos? São adversários? São inimigos?

Bem, como têm dito o presidente Putin e o chanceler Lavrov, nós não consideramos os Estados Unidos como adversários, amigos ou inimigos. Nós vemos como parceiros. Parceiros importantes no mundo contemporâneo. E gostaríamos de ver esse país na qualidade de bons parceiros, parceiros fiéis da Rússia. Lamentavelmente, hoje em dia, nós não temos fundamentos pra dizer que essa parceria é franca. Às vezes, tem sido frutífera e conseguimos grandes avanços na cooperação contra o terrorismo, contra os desafios novos, por exemplo, a criminalidade no cyberespaço e outros, muitíssimas coisas. Mas, lamentavelmente, hoje, esses laços estão parcialmente congelados. Apesar de que nós continuamos cooperando com a NASA e os astronautas da NASA estão na estação orbital que é controlada e dirigida pela Federação da Rússia. Os americanos estão lá, sempre com boas amizades para com os nossos astronautas. Voltando para o Cazaquistão, por exemplo. Acabou de voltar um astronauta americano há uma semana. Ele passou mais de um ano em companhia de dois astronautas russos. Globalmente nós somos parceiros naturais, o que mostrou a história. Por exemplo, a história da Segunda Guerra Mundial. A ditadura, como se dizia, de Stalin não impediu a cooperação do presidente Franklin Delano Roosevelt e essa aliança. Nós fomos aliados com Estados Unidos e Grã-Bretanha para combater o mal total que ameaçava a humanidade. Também se pode citar outros exemplos nesse sentido de cooperação. Por exemplo: a interrupção do programa nuclear do Irã, nós também atingimos grandes avanços em cooperação com os Estados Unidos e com o mundo ocidental em geral para resolver esse contencioso histórico do programa nuclear do Irã. E o problema está fechado.

·         Em relação à Síria é que não há avanços...

Em relação à Síria nós temos um importante acordo com respeito a arsenal químico da Síria, que foi eliminado e também colaboramos com os Estados Unidos. Claro, quando surgem interesses geopolíticos, os Estados Unidos sempre tentam se opor aos interesses da Rússia.  E estão promovendo uma política de contenção da Federação da Rússia, isso é bem evidente. Mas nós não somos pessimistas. Agora o relacionamento está num ponto bem baixo, mas esperamos que o sentido de razão vai vencer, os dirigentes dos Estados Unidos vão tentar melhorar de verdade nosso relacionamento que, repito, está num ponto bem baixo.

·         A mudança de governo no Brasil favoreceu mais aos Estados Unidos ou à Rússia? 

Não poderia dizer isso, porque eu não vejo nenhuma diferença entre os governos do PT, do PMDB em termos da política exterior, a linha do Brasil não se muda no que corresponde a nossos interesses, tanto do ponto de vista do relacionamento bilateral, como da nossa cooperação a nível multilateral.

·         Mas parece que esse governo está mais alinhado com os Estados Unidos que os do PT...

Claro, em qualquer que seja o momento histórico a influência pode ser uma ou outra, grande ou pequena, eu não tentaria medir essa influência. Porque o Brasil tem os seus próprios interesses nacionais, o seu próprio rumo, caminho, no mundo de hoje e eu acho que não vai mudar esse caminho principal. O que, como eu entendo, é a construção do mundo multipolar. Eu não vejo as tentativas de mudar essa concepção, esse conceito do mundo multipolar o que contrariaria os interesses do Brasil como um país emergente. Eu também não vejo nenhuma tentativa de, digamos, diminuir a cooperação nos formatos já estabelecidos, como é o BRICS. O Brasil é um membro bem responsável e bem importante, com muito respeito e autoridade no mundo contemporâneo e nos BRICS não vai diminuir a sua participação e no G-20, nos outros formatos, na ONU.

·         O banco do BRICS seria presidido por Guido Mantega, que foi preso e solto logo depois, ontem. Ele não assumiu até agora. Como é que está a situação?

Bom, segundo eu sei, eu não sou um perito bem aprofundado nessa matéria, porque agora estou como chefe de missão consular, mas como economista eu diria que eu estou seguindo os eventos. Por exemplo, sei que o banco do BRICS está em desenvolvimento, o capital inicial do BRICS está fortalecido, está estabelecido, formado e está funcionando, ou seja, está fortalecido. Por exemplo, na Rússia, dos meios financeiros do banco do BRICS esses meios vão ser investidos em dois projetos. O primeiro é a construção da rodovia de ferro entre Moscou e Kazan. De alta velocidade. Os trens Apsam. Que atingem a velocidade de 600 quilômetros por hora. Já circula entre Moscou e São Petersburgo e o banco do BRICS, inclusive com o capital do seu país vai financiar. Também outro projeto ecológico na região de Carélia. Projeto ecológicos e agropecuário na região de Carélia. Eu não sei os projetos no Brasil, mas, segundo eu sei, a modernização do sistema portuário do Brasil vai ser financiada por meio do banco do BRICS. Na China, na Índia e na África do Sul também existem projetos. Eu estou quase certo disso, ele está funcionando.

·         O banco está sem presidente? Ou tem outro presidente e não Mantega?

Eu não sei. Eu não posso dizer, porque não domino os pormenores desse tema.

·         Como Moscou analisa a possibilidade de Trump ser eleito? Quem é melhor para Moscou: ele ou Hillary?

Sabe, o senhor está conversando com o cônsul-geral em São Paulo. Eu estou seguindo a posição oficial do meu governo, mas não de maneira tão aprofundada. Eu sei que o nosso presidente declarou várias vezes que, para a Federação da Rússia quaisquer que seja o presidente dos Estados Unidos a ser eleito em novembro, ele vai ser respeitado, e nós estamos abertos para o diálogo político, aberto, aprofundado, cooperação estreita com qualquer que seja a administração que chegue ao poder nos Estados Unidos. Essa é a posição oficial, formulada pelo nosso presidente, que é quem determina, na última instância a política externa do nosso país.   

·         Por que no cardápio das operadoras como NET, Vivo, Sky tem TV italiana, portuguesa, japonesa, francesa, inglesa, americana e não tem uma TV russa?

A TV russa existe em muitos países, essa cooperação é uma rua com duas faixas. Eu não sei os detalhes, mas “Russia Today” estava presente na Argentina. Quando Mauricio Macri venceu o canal foi fechado. Vamos ver, talvez vai aparecer no Brasil. “Russia Today” existe nos próprios Estados Unidos, é bem popular, na União Europeia, mais de 65 países, desenvolvidos e emergentes. Talvez um bom dia vai aparecer no Brasil. Eu não sei os planos dos “televisionistas” russos. A propósito dos brasileiros também não sei, não estou a par de seus planos.

·         Como estão os preparativos para a Copa do Mundo?

Estamos em plena preparação. A estrutura esportiva é bem desenvolvida e estamos construindo a infraestrutura em ritmo bem acelerado. Nas cidades onde haverá competição se constroem novos estádios, novos hotéis, rodovias, pontos de diversão. A Rússia considera, como as Olimpíadas de Sochi, que foi um grande sucesso, que essas Olimpíadas permitiram investir na infraestrutura da cidade e da região do Sul. É claro que o Mundial de 2018 vai contribuir muito, nos termos dos investimentos para melhoramentos da infraestrutura, tanto desportiva quanto hoteleira, rodoviária, de comunicações, e existe um plano centralizado que está realizando isso, a ritmo acelerado sob estrito controle do governo e do próprio presidente.

·         Por que tem mais brasileiros viajando à Rússia que russos ao Brasil?

O Brasil carece de boa infraestrutura de hotéis. Pra descanso na praia. Eu não sei devido a que ocorre isso. Por exemplo, até Cuba dispõe de uma grande rede de hotéis de primeira linha que pertencem a redes como Melià. O Brasil, eu conheço, não pode oferecer. O turismo interno e externo não está desenvolvido. Tanto quanto a Turquia, a República Dominicana, o Egito, a Espanha, Portugal. Mas o Brasil não tem. Se tivesse essa rede bem desenvolvida, o fluxo turístico viria ao Brasil, aumentaria.

·         Como é que está o Edward Snowden?

Eu não sei, não estou seguindo o assunto. Não é do meu interesse. Estou sabendo que ele continua na Rússia. Mas há revelações de seu desejo de voltar para os Estados Unidos. Mas vai ser condenado a cadeia perpétua ou algo assim, segundo entendo. Mas não posso dizer. Não é do meu interesse.

·         Parece que ele tem cinco anos de permanência garantidos.

Estou acompanhando como, digamos, notícias do futebol, mas que não me interessam, não são de primeira linha.


Síria: ataques aéreos a Aleppo deixam quase dois milhões de pessoas sem água corrente

Síria: ataques aéreos a Aleppo deixam quase dois milhões de pessoas sem água corrente


Unicef alerta para surtos de doenças devido a consumo de água contaminada; bombardeios recentes deixaram pelo menos 32 pessoas mortas
Bombardeios aéreos na cidade de Aleppo, na Síria, deixaram pelo menos 32 pessoas mortas e mais de 1,75 milhões sem água correntes, informou a ONU neste sábado (24/09).
Ataques na sexta-feira (23/09) na parte leste da cidade impediram que fossem feitos reparos à já danificada estação de abastecimento de Bab al-Nayrab, que fornece água potável para cerca de 250 mil pessoas, disse o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

Agência Efe

Bombardeios a Aleppo atingiram estações de abastecimento de água
Em retaliação, a estação de abastecimento da região oeste da cidade, Suleiman al Halabi, que fornece água para 1,5 milhões de pessoas, foi desativada.
Desde a metade de julho, forças do governo do presidente Bashar al-Assad cercam uma parte do leste de Aleppo, cuja região central está dominada pelas forças de oposição, e ocupam a região oeste. Segundo oficiais da oposição, os bombardeios de sexta e sábado — que atingiram o leste de Aleppo — foram realizados, na maioria, por aviões da Rússia, que apoiam Bashar al-Assad.

Leia na íntegra o discurso do presidente Michel Temer no Conselho das Américas em Nova York

Na Assembleia Geral da ONU, Cuba rechaça golpe no Brasil e expressa solidariedade a Dilma

Colômbia: em encerramento de conferência, FARC anunciam aprovação de acordo de paz

 
“Quase 2 milhões de pessoas em Aleppo estão novamente sem água corrente. Depravar crianças de água as coloca em risco de surtos de doenças e contribui para o sofrimento, medo e o horror com o qual convivem as crianças de Aleppo todos os dias”, disse ao jornal britânico The Guardiana representante do Unicef na Síria, Hanaa Singer.
“Na parte leste de Aleppo, a população terá de recorrer à altamente contaminada água de poços. É crítico para a sobrevivência das crianças que todas as partes do conflito parem os ataques à infraestrutura hídrica, permitam o conserto da estação de Bab al-Nayrab e ativem novamente a estação de Suleiman al-Halabi”, afirmou ela.
Os ataques ocorrem após um acordo de cessar-fogo de sete dias organizado pelos EUA — que apoiam a oposição — e a Rússia ter sido rompido na segunda-feira (19/09). A intenção do acordo era facilitar o envio de auxílio para regiões atingidas pelo conflito sírio e realizar um ataque conjunto ao Estado Islâmico, que avança no nordeste do país.
O cessar-fogo foi rompido após a coalizão liderada pelos EUA ter matado mais de 60 soldados sírios em um ataque aéreo. Logo em seguida, na segunda, um comboio de auxílio foi atacado, matando pelo menos 20 pessoas — Síria e Rússia negaram envolvimento.
“Aleppo está morrendo lentamente e o mundo está assistindo, e a água está sendo cortada e bombardeada. Este é o mais recente ato de inumanidade”, disse o vice-diretor da Unicef, Justin Forsyth, à BBC.

A MARCA DA PASSAGEM PELO NORDESTE

A marca da passagem pelo Nordeste



Lula encerrou nesta sexta-feira (23) mais uma visita ao Nordeste. Participou de atividades de campanha eleitoral em sete cidades – Barbalha, Crato, Iguatu, Fortaleza, Natal, Recife e Ipojuca -, em três estados – Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Deu duas entrevistas para emissoras de rádio, tirou milhares de fotos, conversou com dezenas de candidatos a vereador, autoridades, militantes e populares.

Em todos os lugares denunciou o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a ilegitimidade do governo Temer. Defendeu-se da verdadeira caçada judicial e midiática que vem sofrendo. Apontou os desmandos da Operação Lava-Jato, em especial a violência da ação policial contra o ex-ministro Guido Mantega e sua esposa. Fez campanha aberta para os candidatos a prefeito e a vereador do PT e de outros partidos, quando arrastou dezenas de milhares de pessoas para comícios e passeatas.

Mas, principalmente, provou, mais uma vez, do carinho e da emoção que lhe dedicam os nordestinos. Em todos os lugares por onde passou, Lula foi alvo de manifestações de apoio, de solidariedade e de gratidão pelo que fez no Nordeste em seus oito anos de governo.

Evidentemente, nada disso apareceu na grande imprensa. Mas as imagens correram diariamente na internet através de transmissões ao vivo via Facebook - tiveram milhões de pessoas alcançadas e centenas de milhares de visualizações e das dezenas de fotografias distribuídas na rede.

Tudo isso na semana em que Lula era alvo de mais um ataque da Operação Lava-Jato e a dias das eleições municipais. Mas também ao mesmo tempo em que sindicalistas de todo o mundo lançavam a campanha #EstamosComLula.

A força do alcance que a campanha pode obter acaba de ser demonstrada pelos nordestinos. “Lula, seu maior escudo é o povo”, estava escrito em um cartaz levantado por um popular no comício de Barbalha, Ceará. Para quem não cessa de declarar que Lula está acabado, uma imagem fala mais que mil palavras.




OS IDIOTAS DO ANTICUBANISMO

Os idiotas do anticubanismo
FERNANDO BRITO

Porto de Mariel
Os nossos “coxinhas” imbecis – se me perdoam o pleonasmo – que “denunciaram” o governo Lula por ter financiado parte das obras do porto de Mariel, em Cuba, deveriam ler a reportágem da Folha, hoje,  reproduzindo a agência alemã Deutsche Welle:

Chefes de governo chinês e japonês visitam Havana para tratar de economia e comércio. Eles querem conquistar posição na ilha, antes que o bloqueio americano seja suspenso e empresas dos EUA se instalem no mercado cubano. Cuba está em alta. Depois da presença do presidente iraniano, Hassan Rohani, no início desta semana em Havana, será a vez dos primeiros-ministros do Japão e da China visitarem a ilha caribenha —sinal de um interesse crescente das grandes potências asiáticas por Cuba. Nesta quinta-feira (22), Shinzo Abe inicia a primeira visita de um chefe de governo japonês a Cuba, abrindo um novo capítulo nas relações bilaterais, existentes desde 1929. Em maio do ano passado, o ministro do Exterior do Japão, Fumio Kishida, já havia visitado a ilha, pouco depois que EUA e Cuba deram início à política de aproximação.

E não é apenas pelo mercado cubano, é porque Mariel será uma plataforma de montagem e reexportação de produtos para os EUA, distantes apenas 150 km.

O Brasil estava numa posição vantajosíssima para abocanhar estes negócios. Estava.

Porque acabaram criando um mal-estar estúpido e nem querendo – e Serra não quer – vamos acabar com uma presença ridícula naquele pólo de negócios.


Vamos, literalmente, fazer papel de patos. Quem tem os olhos fechadinhos é a turma da Avenida Paulista.