sábado, 27 de janeiro de 2018

A mensagem de Lula à África, que um juizeco não calou

A mensagem de Lula à África, que um juizeco não calou

Impedido de comparecer pessoalmente, por uma disputa de vaidade entre juizes para ver “quem é o dono do Lula”, o ex-presidente mandou, em vídeo, uma breve intervenção para a reunião que se realiza hoje, na Etiópia, sobre segurança alimentar na reunião de Cúpula da União Africana, onde se debateria o relatório de “Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo de 2017 “, onde a FAO, órgão da ONU dedicado à alimentação, detecta que, depois de anos em queda, a fome no mundo está em ascensão novamente.
Assista a fala de Lula, abaixo:

Os tucanos vão entregar o certo pelo mais que duvidoso?

Os tucanos vão entregar o certo pelo mais que duvidoso?

Há priscas eras, um programa de televisão destes que vendiam carnês antes do Sílvio Santos tinha como atração um quadro onde o participante era fechado numa “cabine à prova de som” e tinha de responder a perguntas  com um “sim” ou não” quando se ia oferecendo que trocasse o prêmio com que começava a brincadeira por outros, de menor ou maior valor.
A manchete de hoje do Estadão, dizendo que, em benefício de uma coligação nacional para Geraldo Alckmin, os tucanos abririam mão da cabeça de chapa para apoiar Márcio França, do PSB é destas que fazem lembrar a cena acima. Algo que, se não for apenas um “balão de ensaio” vai remexer os intestinos do PSDB, não só em São Paulo, mas em escala nacional.
Há hoje poucas dúvidas de que, com um candidato tucano, mesmo com um mau desempenho de Alckmin em escala nacional, o favoritismo para o Governo de São Paulo é do PSDB. Mas a colagem eleitoral dos pedaços que compõem o tucanato paulista quase que certamente não consegue resistir a um comando do governador para que entreguem a cidadela que lhes restou.
Já seria difícil se Alckmin estivesse no primeiro escalão dos participantes da disputa presidencial; no limbo em que se encontra não é difícil esperar que seja impossível. Até porque seria, como na cabine à prova de som daquele programa de TV, trocar tudo por um pé de alface.
O serpentário paulista, certamente, vai aumentar seu estado de agitação. Dória, mesmo tendo voltado a uma postura menos exibida, nunca arquivou suas ambições. O que resta do “serrismo”, também. O vizinho Skaf tem tempo de televisão para abrir portas e até o “mito” Bolsonaro tem cacife, em terras bandeirantes, para oferecer palanque.
Como tudo o que não faz sentido, a possibilidade tende a ser nula. Mas como no Brasil de hoje, onde o que não tem sentido vem se transformando em realidade, pode ser que isso vá além de uma simples acomodação de ambições.
E que jogue o maior colégio eleitoral brasileiro numa fragmentação inédita, ao menos desde que Collor venceu ali nos dois turnos de 1989.

O alucinado galope para trás do Brasil

O alucinado galope para trás do Brasil

Quem desse um salto de seis ou sete anos no tempo, do Brasil do início desta década para cá, ficaria perplexo, não iria crer no que nos aconteceu.
Aquele país cheio da autoestima, de alegria, de esperanças de progresso, virou uma terra onde, exceto a parcela imensa de brasileiros que hoje se encontra perplexa com o que se passou, encontram-se “doutos” a dizer que a solução para o país é cortar mais – direitos, gastos sociais, garantias legais, tudo…) e o xucros que pregam que o caminho é matar mais, prender mais, quem sabe bater mais…
Parece evidente que os segundos têm uma plataforma mais “popular” do que os primeiros.
Na ditadura cantavam que “este é um país que vai pra frente” e o “pra frente, Brasil” virou o slogan oficial, enquanto a política foi reduzida aos curraletes do “partido do sim” e o “partido do sim, senhor”. Mal ou bem, porém, em meio ao obscurantismo, havia algum projeto econômico que ia além do rentismo e do “vendam tudo” de agora.
Do Brasil que vai pra trás, na economia, tira-se mais combustível para o Brasil que vai pra trás em matéria de pluralidade e equilíbrio políticos, aquele que perdemos em nome da avidez de quem não quis esperar a sua hora e abriu as porteiras para uma corja de políticos que tem em Michel Temer o seu abjeto estigma.
Este Brasil regredido guarda muitas semelhanças com o ditadura, em seus primórdios, quando a demolição do governo democrático exigiu a formação de hordas moralistas na classe média, que depois se esvaziaram, deixando como saldo os ferozes mastins que imperaram até meados dos anos 70.
Não duvidem que, persistindo na insanidade – como se desenha – de extirpar Lula da disputa eleitoral e até mesmo enjaulá-lo como “exemplo” do que se reserva a quem queira fazer, pacificamente, reformas neste país, serão eles, a matilha, quem terá condições políticas de galgar o poder, mesmo sem os partidos e o tempo de televisão que julgam ser indispensáveis a isso.
Contam que, sem Lula na disputa, a extrema-direita vai se esvaziar, como se ela fosse consequência da esquerda. Não é, é fruto da transformação do centro político em um aglomerado imoral, que os cevou, estimulou e festejou.
Aos ascéticos juízes e aos imprudentes golpistas que nos levaram a isso é que se dirige o slogan que traduz hoje o “este é um país que vai pra trás”: é bom já ir se acostumando, se insistirem em matar e enterrar o único que pode se opor a isso, Lula.

Moro corre a levar mais lenha a Bolsonaro

Moro corre a levar mais lenha a Bolsonaro

A manchete de O Globo, hoje, anuncia o timing da direita.
Daqui a um mês, provavelmente com a ruína do Governo Michel Temer mais – perdoem – arruinada ainda, com a provável frustração da derrota da reforma previdenciária – o calendário do antilulismo tem mais duas datas “festivas’: o esgotamento dos recursos ao TRF-4 e a onda de discussões sobre a prisão de Lula e a condenação do ex-presidente, de novo, por um apartamento que é dele, mas não é dele, e por um terreno que “ia ser”, mas não foi, do Instituto Lula.
Lenha, portanto, para mais ódio, combustível da fornalha do inferno bolsonarista.
Ou acha que vão esvaziar o ex-capitão com história de apartamentos e casas que são dele e são dele, mesmo, ao contrário “dos de” Lula?
Acham que o povão das periferias vai se empolgar, na falta de Lula, com Alckmin, Meirelles ou Maia?
Sabem que não e, para terem alguma chance, vão ter que lançar mão de Luciano Huck – e colocar a Globo na disputa, beneficiada pela exclusão de Lula – ou de Sérgio Moro, o algoz que se habilita ao cargo que todos sabem seria de sua vítima.
Uma ou outra alternativa são tão ridículas quanto medonhas, destas de fazer o destino da Itália com Sílvio Berlusconi parecer um espetáculo de civilização.
Mas, diferente de lá, haverá um Lula, façam-lhe o que fizerem, a ser o contraponto disso e, “pior”, compreensível até pelo mais humilde caboclo deste país.
A desgraça em que meteram o Brasil, que já nos apavorava com Temer, só mostrou as canelas, até agora.

O fator Bolsonaro já fugiu do controle?

O fator Bolsonaro já fugiu do controle?

Onze entre dez análises políticas feitas com o viés do conservadorismo duzem que a candidatura Jair Bolsonaro tende a esvaziar-se à medida em que fique claro que Lula estaría fora da disputa eleitoral.
Como se acham todo-poderosos com o seu jogo de mídia, não conseguem compreender que o ódio que alimentaram, de olho na deposição de Dilma Rousseff e, depois, na eliminação política de Lula ganhou vida própria e que dificilmente obedecerá aos comandos do status quo da política e da economia.
Creem que, assim como desativaram personagens fictícios como Kim Kataguiri (MBL) e Rogério Chequer (Vem Pra Rua) – veja o que eles conseguem por na rua hoje, de coxinhas e constate  – podem fazer o mesmo com o tal “mito”, que só merecia este nome numa das acepções que lhe dá o Dicionároo Aurélio: “coisa só possível por hipótese; quimera”.
Infelizmente, não creio que as coisas se passem assim, por algumas razões.
A primeira é que Jair Bolsonaro, embora tivesse tudo para ser uma inexpressiva figura no meio militar – oficial de baixa patente e curta trajetória, passou a representar o pensamento mais conservador, corporativo e intervencionista dentro das Forças Armadas. Formou-se cadete em 1977, já fora do auge da ditadura e nunca se destacou em nada, a não ser na indisciplina, régua de ouro para medir o comportamento castrense, mas a defesa “sindical” dos militares e uma pauta moralista e extemporaneamente “anticomunista” o foram a outra das definições do Aurélio para mito: “personagem, fato ou particularidade que, não tendo sido real, simboliza não obstante uma generalidade que devemos admitir.
A segunda é verificar que áreas eleitorais se abrem com a extirpação de Lula e quem pode crescer nelas. Recomendo, para quem tiver dúvidas, que olhe a votação de Marcelo Freixo – excelente na Zona Sul e Tijuca  – nas áreas de periferia e subúrbios do Rio de Janeiro, onde o eleitorado de Lula sempre foi grande.
A não ser se surgir Luciano Huck como paraquedista – especialização de Bolsonaro na tropa – os candidatos ora postos não parecem ter espaço por ali e o ex-capitão tomou o cuidado de bloquear a via evangélica de entrada neste eleitorado para Marina Silva.
O terceiro motivo é que o que eles apontam como razão para a expressão que Bolsonaro alcançou – o antilulismo – não só não se acaba com a ausência do ex-presidente na disputa formal, mas se acentua com a disputa informal a que se lançará, pessoalmente, tanto quanto lhe seja possível.
Contra Bolsonaro não adiantará levantar barreiras éticas ou as do “politicamente correto”. Ele é, justamente, a negação disto. É “mito”, o “macho”, o que “dá tiros”, o que aponta o caminho da paz a bala.
Um perfil que não podia ser “melhor” para um país que regrediu aos tempos do faroeste.