terça-feira, 9 de maio de 2017

UM PAÍS SEM INSTITUIÇÕES

Um país sem instituições

FERNANDO BRITO

Diz aquele livrinho roto e manchado, ao qual todos querem fazer uma emenda, riscar pedaços e arrancar páginas, a tal de Constituição brasileira, que os poderes funcionam de forma independente e harmônica.

Soa irônico mencionar isto, não é?

Chegamos a um estado na República em que se criou uma completa barafunda institucional.

O Legislativo é dirigido pelo Executivo, pela via da “canetada simples”, nomeando, exonerando e liberando verbas bilionárias.

O Judiciário decide não só quem pode ocupar cargos no Executivo – proibiu a posse de Lula no Governo Dilma, excluiu Renan da linha sucessória – sem se importar se o veto cairia sobre pessoas que estavam em pleno gozo de deus direitos civis.

Dentro do próprio STF, um ministro insatisfeito com as votações em sua turma transfere ao plenário, onde pensa vai ser “mais bem sucedido” os julgamentos em que é voto vencido.

Já o Ministério Público, quando derrotado em sua posição, parte para o impedimento de um ministro sobre o qual jamais levantou esta questão, com o mesmo réu.

O direito de um acusado de documentar seu próprio interrogatório, expressamente previsto na lei como independente de autorização judicial é abolido porque… porque  não vem ao caso, ora.

As eleições de 2018 não estão nas mãos do voto popular, mas nas do juiz Moro e num exame a toque de caixa num mero Tribunal Regional Federal, que pode sem muitas delongas, confirmar a inexorável condenação de Curitiba, prevista nas convicções dos rapazes das araucárias desde que começaram a colher a safra de um delator duas vezes premiado: Alberto Youssef, propineiro perdoado muito antes da Lava-Jato, no caso do Banestado.

Mais irônico é que, na frase anterior àquela em que se diz que os poderes são harmônicos, é que está escrito que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”.

Mas ela é um livro roto e rabiscado, no qual quem tem o poder político e judicial lê como quer.


Mulheres pelo fim da violência contra a população pobre, negra, indígena e lutadora

Mulheres pelo fim da violência contra a população pobre, negra, indígena e lutadora
Fazendeiros, oficiais da polícia, milícias armadas e pistoleiros tem licença para agredir, torturar e matar? Nos últimos meses, a resposta inócua das autoridades a casos aviltantes de violência nos diz que sim. A regra é persiga mate e aniquile qualquer voz dissonante.
Temos acompanhado com dor e revolta o aumento descomunal da violência no Brasil. Sabemos que essa violência tem endereço certo, ela atinge quem luta contra a retirada de direitos, por terra, pelo fim da violência machista e racista, pela demarcação das terras indígenas. Ela também atinge a população mais pobre e negra desse país, que vive nas periferias, e assiste diariamente ao assassinato de jovens negros em chacinas que nunca são esclarecidas, menos ainda punidas.
Somente nos últimos dois meses sete pessoas, militantes do MST foram assassinadas no Pará porque lutam por um pedaço de chão. Katia Martins, em Castanhal, no nordeste paraense e Eduardo Soares Costa, de Eldorado dos Carajás, na região sudeste, foram os mais recentes torturados e assassinados. Denunciamos que a soja, o gado, o minério e a madeira que saem do norte do país vão banhados em sangue do povo que ali vive.
Na semana passada aconteceu um massacre contra os índios Gamela: as vítimas foram baleadas, tiveram as mãos decepadas e tentativas de esquartejamento. Aconteceu no Maranhão, mas não tem sido diferente com indígenas no Mato Grosso do Sul. Os dados da SESAI - Secretaria Especial de Saúde Indígena, diz que nos últimos dois anos foram 137 assassinatos cometidos contra os povos indígenas, sendo 36 deles em Mato Grosso no Sul.
A criminalização da luta social não é de agora: Rafael Braga foi acusado e condenado arbitrariamente a 11 anos e 3 meses de prisão porque carregava em sua mochila Pinho Sol em uma manifestação em junho de 2013.
Nas mobilizações contra o golpe e os retrocessos pessoas são presas, em um flagrante e recorrente ataque a democracia.
Em Goiânia, apenas por estar em uma manifestação que exigia o fim do desmonte da previdência social e a manutenção das leis trabalhistas, Mateus, um jovem estudante teve parte do crânio e face esmagados por golpes de cassetete de um oficial da polícia militar. A resposta oficial? Foi um excesso isolado.
Em São Paulo a lista também não é pequena. A xenofobia ganha espaço e faz ato contra lei de migração, um grupo ultradireitista arma contra migrantes os agride. Resultado: palestinos feridos e presos.
Jamais esqueceremos Luana Barbosa dos Reis Santos, 34 anos uma mulher negra, pobre e lésbica, que morreu na periferia de Ribeirão Preto após ser espancada por três PMs. Assim como nunca deixaremos cair no esquecimento o assassinato da trabalhadora Cláudia Ferreira da Silva, auxiliar de serviços gerais, arrastada por um carro da PM após ser baleada em um morro do Subúrbio do Rio. Descaso, crueldade, desrespeito não dão conta de exprimir o que significou ver as imagens de sua morte.
Somos mulheres e lutamos por uma vida que vale a pena ser vivida. Estamos no campo, na cidade, nas águas e nas florestas. Não nos conformamos e nem silenciamos diante das inverdades e manipulações orquestradas pelo poder midiático, pelo congresso e pelo poder judiciário, ambos articulados, e atuando para dar sustentação ao governo ilegítimo de Michel Temer e ao processo de ruptura da democracia em curso no país.
Estamos atentas e não passivas diante de todas as essas mortes. Exigimos o fim da violência contra todas e todos os que lutam por um futuro melhor, contra o povo negro e pobre deste país. Exigimos também justiça a todos os casos mencionados e aos outros que não caberiam em quilômetros de papel.
Fora Temer! Diretas Já!
Estamos de luto, seguiremos em Marcha  até que todas e todos sejamos livres!
Marcha Mundial das Mulheres

Luta de classes não deve ser luta de ódio, diz ex-presidente uruguaio Pepe Mujica

Luta de classes não deve ser luta de ódio, diz ex-presidente uruguaio Pepe Mujica


Ex-presidente uruguaio pediu aos trabalhadores brasileiros que se unam aos da América Latina em uma ação conjunta: "antes de aprender inglês aprendam espanhol"
Nesta semana, em visita ao Brasil, o ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica participou da abertura da etapa paulista do 6° do Congresso do PT e, também, da II Feira Nacional da Reforma Agrária, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Na sexta-feira (05/05), ao lado do ex-presidente Lula, ele pediu aos trabalhadores brasileiros que se unam aos trabalhadores da América Latina em uma ação conjunta. E aconselhou: “antes de aprender inglês, brasileiros, aprendam espanhol”.

Destacando a importância do Brasil no destino da América Latina, Pepe Mujica salientou que “a responsabilidade do país é continental”, mas que sozinho o Brasil não poderá cumpri-la, assim como os demais países latino-americanos também não poderão sem o Brasil.

Apontando o conhecimento enquanto recurso inesgotável, o ex-presidente do Uruguai mencionou a necessidade de unirmos a inteligência e a esperança de construirmos um mundo melhor e sem egoísmo. Ele também alertou os brasileiros sobre os perigos do ódio: “a luta de classes não deve ser uma luta de ódio”.

“Cuidado, companheiros lutadores, há uma armadilha de ódio plantada pela direita mais reacionária”, afirmou, ao destacar que a direita fascista quer a “confrontação” para aplacar os direitos acumulados pela luta de classes. “Nossa luta não é somente a luta pelos oprimidos, mas também a luta por um mundo que não tenha opressores”, reiterou.

Força coletiva
Salientando a importância dos partidos políticos e da força coletiva, Pepe Mujica recomendou à plateia que lotou o Sindicato dos Bancários o Congresso do PT: “cuidem do partido. Se querem ter um partido grande, aprendam a tolerar as diferenças”.

Ele também ironizou a quantidade de partidos políticos no Brasil (35 registrados oficialmente) - “não pode haver 30 projetos de país” - e ponderou sobre as alianças partidárias: “política de alianças, mas sabendo até onde chega esta aliança”.

Em sua avaliação, agora, a agenda é “ganhar as eleições”; tendo no horizonte, de longo prazo, a luta “pela esperança e pelo direito à vida para todos e com todos”. “Lutamos pelo poder? Não. Lutamos pelo progresso da civilização humana, como lutaram muitos antes nós”, complementou.

Pepe Mujica também elencou alguns cenários e desafios das novas gerações, por exemplo, um cenário de robotização do trabalho em massa e a necessidade de se instituir uma renda básica de caráter universal.

Ele também mencionou os riscos à democracia trazidos pela revolução digital. Lembrando que as novas tecnológicas já permitem “resumir com métodos matemáticos os perfis psicológicos que existem em uma sociedade”, Mujica alertou, sobre a necessidade de uma campanha sistemática de instrução da população.
Agência Efe

Mujica participou da etapa paulista do 6º Congresso do PT

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O risco é vivermos um nível de dominação e de controle jamais visto na história da humanidade. Uma nova forma de ditadura, “capaz de dominar suas decisões e na qual você entrar sem se dar conta”.

Desafios 
No sábado (06/05), o ex-presidente do Uruguai também participou de uma entrevistacoletiva à imprensa independente, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), minutos antes de sua participação na II Feira da Reforma Agrária do MST, no Parque da Água Branca, na capital paulista.

Trazendo um panorama dos desafios da humanidade, Pepe Mujica disse que, tecnicamente, “pela acumulação de capital e conhecimentos”, podemos “varrer as misérias fundamentais que existem na terra”. O homem contemporâneo pode “inventar rios, construir mares no meio deserto”, porque possuiu “força suficiente e capacidade para reverter muitos desastres que fez”.

No entanto, essa mesma civilização, capaz de inventar as mais incríveis tecnologias, domina o homem. “Nós criamos uma cultura do mercado com uma força impressionante de concentração de riqueza”, salientou, ao lembrar que, “há mais de 30 anos, os homens da ciência nos disseram o que tínhamos de fazer, mas, por incompetência política, não fizemos”.

O resultado é que “estamos contaminando todo o planeta” e vivendo em um mundo que padece pela “pressão do capital financeiro, das multinacionais e da explosão tecnológica”. Muito mais importante do que a indústria do petróleo ou a indústria de automóveis, é conservar o planeta: “faltou luta política para intervir nos interesses que se interpõem. A crise ecológica é consequência da crise política”.

Cada vez mais, alertou Mujica, o mundo vem se organizando em “fenomenais comunidades continentais”. Daí a importância da união dos países no continente latino-americano.

Questionado sobre a questão da terra, ele destacou que “a concentração de terra é concentração de poder político” e que “sem luta social não há mudança”. Frisou, ainda, que a luta pela terra engloba a luta pelo conhecimento e pela cultura da terra. “A terra pertence à humanidade” deve ser “propriedade de uso e de trânsito”.

“Não pode ser um calvário de pobreza, de tristeza e de melancolia. A terra é um instrumento de libertação, instrumento daquilo que se faz com paixão e com poesia e não somente um negócio”, complementou.
(*) Publicado originalmente em Carta Maior

Comissão para Constituinte na Venezuela se reúne com 17 partidos; opositora MUD recusa convite


Comissão para Constituinte na Venezuela se reúne com 17 partidos; opositora MUD recusa convite


MUD classifica proposta de Constituinte como 'fraudulenta e ilegítima' e diz que não irá participar; presidente da Comissão reitera convite e defende diálogo com coalizão opositora como 'caminho para uma Venezuela em paz'
Uma reunião suprapartidária convocada na semana passada pela Comissão Presidencial para a Assembleia Constituinte foi realizada nesta segunda-feira (08/05) no Palácio de Miraflores, sede do governo venezuelano, em Caracas, para debater o processo que reformará o ordenamento jurídico do país.
Segundo a agência estatal AVN, 17 partidos participaram do encontro, enquanto a MUD (Mesa da Unidade Democrática), coalizão de legendas da oposição, recusou o convite do governo para participar do processo, que caracterizou como “fraudulento”, e não compareceu.
Organizações políticas opositoras e oficialistas como Partido Joven, Movimento Cidadão pelo Campo, Democracia Republicana, Poder Laboral, Resistência Civil, Democracia Renovadora e Movimento Ecológico aceitaram o convite, depois que a comissão ampliou a convocação a todos os partidos da oposição, inclusive os que formam a MUD.
Elías Jaua, presidente da comissão e ministro da Educação da Venezuela, afirmou que o espaço vai permitir o debate e que a reunião se dirigia a escutar propostas destas organizações políticas.
"Agradecemos todos os que estão presentes, por atender este convite pela paz de nosso país e escutar. Vocês farão suas observações, suas críticas, contribuições, nós anotaremos para nutrir o debate e a convocação que fez o presidente Nicolás Maduro", afirmou Jaua.
Jaua afirmou que o mandatário venezuelano tomou a decisão de fazer esta convocação diante da “insistência de setores da oposição de manter uma agenda de violência”. A ideia, segundo ele, é promover um amplo diálogo nacional.
Reprodução / Twitter

Mesa de reunião da Comissão para a Assembleia Constituinte na Venezuela com partidos nessa segunda-feira (08/05)

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Durante o encontro, Segundo Meléndez, presidente do MAS (Movimento ao Socialismo), um dos partidos presentes à reunião, reafirmou a disposição de sua legenda para o debate e ressaltou que a situação atual da Venezuela passa pela polarização extrema, “que deve ser erradicada”.
“Nos últimos anos, desejos desmedidos de poder – uns por conservá-lo, outros por alcançá-lo – provocaram a perda do discernimento no manejo da política, tanto pelo governo como pela MUD, conduzindo a esta asfixiante polarização”, disse Meléndez.
Ele disse que o MAS não apoia a iniciativa de Maduro de convocar uma Assembleia Constituinte, mas que seu partido “participará de todos os espaços com a esperança de ser ouvido e ajudar a buscar uma saída à crise”.
Já José García Urquiola, secretário-geral do partido Unidade Democracia Renovadora, rejeitou o pretendido protagonismo da MUD como “máxima representação opositora” venezuelana.
Para Urquiola, a coalizão “atuou à margem da Constituição com constantes chamados a eleições gerais, que violam a Carta Magna” do país. “Eles – a MUD – seguem sendo a mal denominada ‘oposição venezuelana’, tanto na Venezuela como no exterior, e não consideram a maioria: o povo venezuelano”, disse o dirigente partidário.
Em carta aberta ao presidente da Comissão para a Constituinte divulgada nesta segunda-feira (08/05), a MUD diz ter recebido o convite para participar das reuniões que irão discutir a iniciativa, mas rechaça tomar parte “na fraudulenta e ilegítima proposta de Nicolás Maduro”.
Jaua, por sua vez, voltou a convocar os líderes da coalizão opositora a “trabalhar para garantir a paz e o desenvolvimento econômico da Venezuela”.
“Em nome do presidente Maduro, chamo os representantes da MUD para que participem deste processo constituinte, legítimo, popular e soberano”, disse o presidente da Comissão.
“Devem refletir e sentar-se para dialogar, mesmo que tenhamos profundas diferenças”, afirmou, sustentando que “o caminho para uma Venezuela em paz é o diálogo”.

Promotor não vê indícios de execução em morte de jovem que estava algemado dentro de viatura policial e com as mãos para trás

Promotor não vê indícios de execução em morte de jovem que estava algemado dentro de viatura policial e com as mãos para trás


José Guilherme da Silva, 20, foi morto com um tiro na cabeça enquanto estava algemado com as mãos para trás, dentro de uma viatura, a caminho da delegacia; promotor afirma que é possível que vítima tenha se matado
José Guilherme da Silva, de 20 anos, foi morto no dia 14 de setembro de 2013 com um tiro na cabeça, enquanto estava algemado com as mãos para trás e dentro de uma viatura da Polícia Militar que seguia para a delegacia de Limeira, no interior de SP. O jovem era suspeito de ter participado de um roubo seguido de morte. Durante três anos e oito meses, o caso era investigado como homicídio doloso (com intenção de matar) supostamente praticado pelos PMs que detiveram Silva.
Os três policiais envolvidos sempre disseram que o jovem se matou. E, agora, o MP (Ministério Público) se posiciona a favor da versão dos policiais. O promotor de Justiça de Jonas Maniezo Moyses sugeriu à Justiça, no dia 25 de abril deste ano, que o caso seja investigado como homicídio culposo (quando não há intenção de matar) porque “não vislumbrou” a “ocorrência de crime doloso contra a vida nos fatos apurados no inquérito policial”. A Justiça ainda não acatou a sugestão.
Segundo Moyses, a partir dos depoimentos dos PMs, é possível saber que “José Guilherme trajava uma bermuda sob a calça, além da cueca, o que pode ter contribuído, aliado à revista realizada displicentemente, para que a arma não fosse localizada. Deste modo, a vítima continuou na posse da arma de fogo e, quando estava dentro da viatura, pode ter tentado se livrar do artefato e, mesmo algemado, conseguiu pegá-lo. Quando estava manuseando, houve o disparo”.
Ainda de acordo com o promotor, “portanto, os elementos de prova colhidos durante o trâmite do inquérito policial não revelaram, de forma inequívoca, que houve crime doloso contra a vida e que os policiais ocupantes da viatura em que a vítima José Guilherme era transportada tenham sido seus autores”.
A Ponte Jornalismo tentou contactar o promotor Jonas Maniezo Moyses, mas não conseguiu localizá-lo. A Justiça afirma que juízes não falam sobre suas decisões. A advogada da família de José Guilherme, Fernanda Felix, afirma respeitar a opinião do promotor, mas diz que não concorda: “A família confia na decisão da juíza que está com o caso, mas está decepcionada com a manifestação do promotor”.
O caso
José Guilherme foi preso em por suspeita de assalto e tentativa de latrocínio. Os policiais o pegaram em uma moto, nos arredores onde o assalto seguido de morte havia ocorrido. Antes de entrar na viatura, foi revistado na frente de dezenas de pessoas, incluindo seus familiares. Depois, segundo as testemunhas, ele entrou desarmado e algemado no carro da Força Tática.

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Arquivo Pessoal

Depois de quase 4 anos, Justiça e MP ainda não sabem dizer se José Guilherme foi morto ou se matou estando algemado com as mãos para trás dentro da viatura
Os policiais que o transportavam disseram que, mesmo com as mãos presas atrás do corpo, o jovem se matou. Os familiares contestaram a versão oficial e disseram que José Guilherme foi executado com um tiro na cabeça.
O primeiro laudo dos peritos pouco acrescentou para elucidar o crime. O técnico do Instituto de Criminalística de Limeira preferiu se concentrar na descrição do modelo da algema, que seria mais flexível e até permitiria que ladrões hábeis atirassem em si próprios. Ele também calculou a distância do disparo em cerca de 50 centímetros, que corresponderia mais ou menos à distância de alguém que atira na cabeça com as mãos algemadas para trás.
“O disparo não foi efetuado a curta distância ou foi efetuado com algum tipo de anteparo entre a arma e a vítima”, afirma novo laudo.
Um novo laudo foi pedido pelo Instituto de Criminalística. Esse outro laudo apontou que “além do quadro inidôneo que se manifesta no local (…) encontrava-se despreservado por se tratar da hipótese de suspeição que recai sobre os policiais militares. A vítima encontrava-se removida da viatura a pretexto de ação de socorro, despida e sem algemas e a arma relacionada com a ocorrrência encontrava-se no banco de passageiros. A viatura encontrava-se deslocada do local imediato do disparo. A conformação das manchas de sangue examinadas na viatura podem ter sido modificadas em razão da ação de socorro ou por qualquer outra que a descaracterize. As algemas foram disponibilizadas pelo próprio policial militar que a portava.”
Em relação à distância do disparo, o novo laudo necroscópico que corrige o primeiro afirma: “o ferimento da entrada do projétil na cabeça da vítima encontrado não apresentava os sinais secundários indicando que o disparo não foi efetuado a curta distância ou que foi efetuado com algum tipo de anteparo entre a arma e a vítima.”
(*) Publicado originalmente em Ponte Jornalismo