domingo, 14 de outubro de 2018

A ascensão do fascismo

A ascensão do fascismo

ABr | Reuters
Todo fascismo é reflexo de uma luta de classes truncada, percebida de modo distorcido e por conta disso violento e irracional no seu cerne. A elite e a alta classe média haviam, com sucesso, legitimado a opressão das classes populares pelo moralismo seletivo da corrupção apenas do Estado e da política como forma de criminalizar a soberania popular.
Os “belgas”, que se vem como estrangeiros na própria terra, oprimiram o “Congo”, ou seja, o próprio povo, e o reduziram á pobreza e à ignorância. O ódio ao escravo se transformou simplesmente em ódio ao pobre.
O escravo negro é eternizado nas massas majoritariamente mestiças com escolaridade precária condenadas ao trabalho desqualificado e semiqualificado. Esta é a base primeira de todo o ódio e ressentimento reprimido e recalcado que é o núcleo da sociedade brasileira. O fascismo implícito sempre foi o DNA da opressão de classes entre nós. O que tem que ser explicado, portanto, é como ele contaminou as próprias classes populares.
A ascensão do partido dos trabalhadores, com todas as suas limitações, foi uma inflexão importante no processo de organização popular. Com o golpe de 2013/2016, a reação conservadora veio primeiro de cima, da alta classe média nas ruas, da sistemática corrosão de valores democráticos diariamente perpetrada pela imprensa, e do "acanalhamento" do STF e por consequência da Constituição.
O governo Temer promoveu o saque e a rapina que a elite queria e empobreceu o povo que havia experimentado uma pequena ascenção social. Foi dito a este povo que a corrupção política havia sido a causa do empobrecimento.
Quando a corrupção dos partidos de elite fica óbvia a todos, sem ser reprimida, todo o sistema perde representatividade. O golpe de misericórdia foi a prisão injusta do líder das classes populares desmobilizadas. Aqui o último elo de expressão racional da revolta popular foi cortado. 
Abriu-se a partir daí a porta para a revolta agora irracional das massas. Neste contexto a ocasião faz o ladrão. A belíssima marcha do “ele não”, majoritariamente composta pelas mulheres da classe média mais crítica e engajada, possibilitou a cooptação do voto feminino das classes populares, última cidadela contra a “ética da virilidade” do fascismo popular.
Aqui entra em cena o que há de mais sujo na política das “fake news” e da mentira institucionalizada. Analistas de ultradireita da campanha fascista, que perceberam as consequências do isolamento político dos indivíduos que é o que capitalismo financeiro representa na esfera política, se aproveitaram impiedosamente deste fato para oporem mulheres emancipadas da classe média contra as mulheres pobres e evangélicas.
Se você é pobre e humilhada, o ganho emocional que a distinção moral construída artificialmente com relação a mulheres supostamente “indecentes” exerce, por meio de mentiras que não podem ser desmentidas, passa a ter um apelo irresistível. É uma “vingança de classe”, obviamente distorcida e contra a fração errada da classe média, como escape em relação à pobreza vivida diariamente, mas cujas causas não são compreendidas. 
Como já discuti no meu livro “A ralé brasileira” (Contracorrente, 2017), a oposição pobre honesto versus pobre delinquente perpassa os mais pobres dificultando enormemente qualquer solidariedade de classe. Daí também a importância de líderes políticos que os representem a partir de cima e secundarizem a contradição interna de classe com uma política de interesse de todos os pobres. Era isso que Lula representava. Sem isso a porta fica aberta para a guerra de classe entre os próprios miseráveis, divididos entre os supostos honestos e supostos delinquentes como definidos pelas elites.
É aqui que a “ética da virilidade” - ou seja, a ética dos que não tem ética – do fascismo reina absoluta. O fascismo arregimenta a partir de cima os ressentimentos, medos e ansiedades sem explicação possível e os canaliza a “bodes expiatórios” externos. O antipetismo é apenas o mais óbvio. Mas todo fascismo usa e abusa da sexualidade reprimida das classes populares.
O homossexualismo que não pode ser admitido em si mesmo é canalizado em selvagem agressão externa e o ódio à mulher percebida como ameaça incitam a uma agressiva regressão a padrões primitivos de relações de gênero.
O pobre não é apenas pobre. Ele é humilhado e dominado por valores construídos para subjuga-lo. Isso confere ao fascismo enorme capilaridade e contamina a vida familiar e relações de vizinhança em todos os níveis da sociabilidade popular.       
O líder fascista sem discurso e sem argumentos é o profeta exemplar perfeito das massas destituídas em todas as dimensões da vida. Sem organização hierárquica como os nazistas alemães, o nosso é um fascismo miliciano, capilarizado e sem controle. O que é necessário explicar ao povo de modo compreensível é porque ele ficou mais pobre. Sem isso se pavimenta o caminho ao ódio irreversível.
(originalmente publicado na Carta Capital)

MIGUEL NICOLELIS: COMUNIDADE CIENTÍFICA MUNDIAL ESTÁ 'ATERRORIZADA' COM O BRASIL

20 Minutos Atualidade - Quem ganhou as eleições de 7 de outubro?

https://www.youtube.com/watch?v=ZIJbIgb8R1k

Como se engendrou o monstro Bolsonaro?


Como se engendrou o monstro Bolsonaro?

Não se pode entender esses 50 milhões de votos sem a militância ativa da poderosa Igreja Universal do Reino de Deus. A força evangélica neopentecostal, que joga cada vez mais no terreno político em toda a região, ataca em três frentes simultâneos: no Congresso, na mídia de massas e nos bairros populares

 
14/10/2018 16:36
 
 
Algo mudou na política latino-americana no domingo 7 de outubro. A foto assusta: quase 50 milhões de brasileiros e brasileiras votaram por um projeto abertamente fascista. Significa que 46% do eleitorado do maior país da região (e o quinto do mundo) escolheu um candidato que reivindica a tortura e faz apologia da ditadura, que utiliza uma retórica de ódio, machista, racista e homofóbica, e que promete armar a população e privatizar todas as empresas estatais. Ainda por cima, seu filho foi o deputado mais votado da história brasileira.

O fortalecimento da direita pura e dura na região já vinha se acentuando com Macri na Argentina, Piñera no Chile, o próprio Temer no Brasil, Abdo Benítez no Paraguai e Iván Duque na Colômbia. Mas a chegada de uma ultradireita troglodita, capaz de conquistar uma enorme base social – um experimento que se instalou nos Estados Unidos com Trump e que se estende pela Europa – é um elemento novo na América Latina, que altera os diagnósticos e acende todos os alarmes.

O Brasil ficou à beira do abismo. Independente das urgências a respeito do segundo turno, é preciso detalhar o filme completo para entender como se chegou ao retorno do obscurantismo. Como se criou este fenômeno político, sociológico e até religioso chamado Jair Messias Bolsonaro?

O triunfo da “antipolítica”, ou da política do ódio
Para compreender este tsunami político é necessário um olhar retrospectivo de longo prazo, ou ao menos médio. Um país cuja independência foi proclamada por um príncipe português, que não viveu processos revolucionários, cuja última ditadura durou 21 anos e teve uma saída que varreu para baixo do tapete todos os crimes e terminou em impunidade para os criminosos só poderia parir uma sociedade historicamente despolitizada. Mas esse sentimento “antipolítica” voltou a crescer nos últimos anos, estimulado pela Operação Lava Jato e pela imprensa hegemônica. Após o golpe institucional que destituiu Dilma, em 2016, e a paupérrima gestão de Michel Temer, ficou em evidência a putrefação do sistema político e se impôs um sentido comum de rejeição à classe política. Aliás, os grandes castigados da eleição de domingo foram os principais partidos do establishment: o PSDB de Geraldo Alckmin sequer alcançou os 5%, e o MDB de Michel Temer, cujo candidato foi o ministro Henrique Meirelles, obteve um magro 1,2%.

Mas este processo teve como condimento central uma forte campanha de satanização midiática e judicial contra o PT, o que permitiu associar a epidemia de corrupção unilateralmente a essa força política e justificar socialmente a irregular prisão e proscrição de Lula da Silva.

Nesse marco, emerge este ex-militar ignorante, desbocado, mas que soube capitalizar a implosão dos partidos de direita e centro-direita, a consolidação desse forte sentimento antipetista e a aguda crise econômica que potenciou a repulsa. Como a política aborrece o vazio, Bolsonaro aparece como o candidato antissistema – apesar de ser um político profissional há 28 anos, tempo em que foi um dos deputados menos atuantes do Congresso – que promete resolver esta crise multidimensional na base da força e com um discurso messiânico. De ser um legislador marginal, que ganhou fama quando fez uma homenagem ao torturador de Dilma Rousseff, se transformou no efeito mais sinistro dessa democracia agonizante.

O fundamentalismo religioso
Não se podem entender esses 50 milhões de votos sem a militância ativa da poderosa Igreja Universal do Reino de Deus. A força evangélica neopentecostal – que joga cada vez mais no terreno político em toda a região – ataca em três frentes simultâneas: no Congresso, onde a “bancada da bíblia” controla uma quinta parte da Câmara dos Deputados; na mídia de massas, através da Rede Record que é a segunda maior do país e diminuindo bastante a diferença com a Rede Globo nos últimos anos; e nos bairros populares, onde tem uma penetração territorial que nenhum outro do país possui.

Talvez, parte da ascensão abrupta de Bolsonaro se explique pelo trabalho de milhares de pastores fazendo campanha furiosa pelo ex-militar nos dias prévios à votação.

As outras três pernas da mesa
Outro fator crucial na construção de consenso ao redor de Bolsonaro foram os grandes meios de comunicação, que terminaram aceitando o mal menor, num cenário de irreversível polarização com o PT e o fracasso dos candidatos governistas. As fake news antipetistas se multiplicaram nas últimas semanas e fizeram estragos nas redes sociais. Algo similar aconteceu com o poder empresarial e financeiro, que também embarcou na candidatura de Bolsonaro. Não é para menos: seu guru econômico é Paulo Guedes, um chicago boy que assegura um rumo ultraliberal para seu provável governo.

Por último, o crescente poderio do chamado “Partido Militar”, que quadruplicou sua presença no Congresso após estas eleições legislativas, no ritmo do desastre da política tradicional. Além de Bolsonaro e seu vice, o inefável general Hamilton Mourão, ao menos 70 candidatos militares foram eleitos e três deles disputarão governos estaduais no segundo turno.

Os limites do progressismo
O PT também terá que refletir sobre sua responsabilidade no processo de despolitização da sociedade brasileira e na criação frankenstein Bolsonaro. Durante seus 12 anos de governo, faltou audácia para avançar em transformações mais estruturais, como a tão reclamada reforma política, ou uma lei que limitasse a concentração midiática. E, sobretudo, não se aprofundou o empoderamento popular e a conscientização político-ideológica, facilitando o terreno para a disseminação de valores retrógrados e autoritários.

Uma vez fora do Palácio do Planalto, o progressismo brasileiro se conformou com lutar quase exclusivamente dentro das margens institucionais. Distante das manifestações dos movimentos populares, a estratégia petista ficou presa na teia de aranha de um sistema democrático controlado pelo golpismo do emaranhado midiático, religioso, militar e financeiro.

Talvez a resposta nas ruas das mulheres brasileiras e sua poderosa consigna #EleNão possam dar algumas pistas de como enfrentar os profetas do ódio e seu monstro Bolsonaro.

*Publicado originalmente em nodal.am | Tradução de Victor Farinelli

FILHO DE BOLSONARO REPERCUTE NOTÍCIA FALSA SOBRE HADDAD E INCESTO

Declarações de Bolsonaro. PRESTE ATENÇÃO PARA NÃO SE ARREPENDER EM BREVE, NA DITADURA.

https://www.youtube.com/watch?v=WWOWsUiddhg

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https://www.youtube.com/watch?v=w3ET3VnIULo&feature=push-sd&attr_tag=oh7DRrsD7gM_xuKV%3A6

A semana dos mimimis; há duas ainda para serem democratas

A semana dos mimimis; há duas ainda para serem democratas

A esta hora, uma semana atrás, todos assistiam surpresos a onda direitista que levou Jair Bolsonaro  às soleiras da vitória eleitoral.
É tempo suficiente para que qualquer um se recobre do que se passou e venha formar na trincheira de um democracia em perigo, indubitavelmente em perigo para qualquer um que veja o óbvio  conteúdo autoritário de quem tem uma trajetória como a dele, salpicada a não mais poder de espasmos ditatoriais, liderando um ajuntamento mambembe de filhos, aderentes, policiais, picaretas e – mais grave –  de ex-oficiais que se adonaram politicamente das Forças Armadas.
Não se pode, já se disse aqui uma vez, acusar Jair Bolsonaro, mesmo com suas recentes juras democratas, de não ter avisado que será um governante tão autoritário e truculento quanto lhe seja possível.
Até agora, os líderes políticos fora da esquerda  e alguns do campo progressista se omitiram, com as alegações mais pueris, alguns pretendendo uma “autocrítica”impossível em “tempos de guerra”, mas que se realiza com muito mais veracidade na atitude de abertura fraterna e até humilde de Fernando Haddad.
Mais claro?
Não há “terceira via” possível senão a que com junto com ele se construa. Nem  “EleNão” que deixe de passar por um HaddadSim. Nem mesmo a hipótese delirante de uma renúncia dele em favor de Ciro seria algo plausível: quem teve menos, muito menos, votos no primeiro turno não pode acreditar que ele pudesse arrastar o eleitorado lulista que deu os quase 30% ao candidato petista.
Como não escrevo para crianças, poupo-me de considerações sobre contos da Carochinha.
Trato apenas da ilusão de que, derrotado o PT por falta de apoio nestas eleições, fosse abrir-se um campo para uma “nova oposição” a um eventual Governo Bolsonaro.
Nada mais tolo, senhores estrátegos de botequim.
À ditadura, não há oposição, mas resistência e nela parte mal quem se recusou a resistir quando podia.
Se não vêem que teremos uma ditadura  e não um governo, o melhor adjetivo que merecerão será o de cegos. Como os sinais são evidentes, é mais provável que tenham o de cúmplices.
Haddad, hoje, representa uma saída que busca a conciliação, a unidade, a ampliação sadia do leque democrático.
Triunfante o fascismo, será o PT o alvo da onda repressiva, mas a máquina policial-judicial e, livre-nos deus, militar tem apetites  que, para quem o duvide a onda moralista que impulsionaram, levará a todos de roldão.
A ondas vêm e vão. Passam.
Quem é pedra,fica. Quem é só alga, sem raízes, acaba por ser arrancado e flutuará à deriva e se desfará em pedaços.
O Brasil precisa de vocês. Mas, se vocês faltarem, talvez não precise mais.