segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Os destaques da noite no 247

Gleisi anuncia plano de reconstrução do Brasil e aponta Bolsonaro inimigo da democracia

A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, anunciou nesta segunda-feira (21) o plano do PT de reconstrução do Brasil, que tem como baliza principal retirar o país da profunda crise política e social. Em sua visão, “o governo Bolsonaro, inimigo principal da democracia, quer envenenar a sociedade com ódio”

Gleisi Hoffmann e Jair Bolsonaro
Gleisi Hoffmann e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução | Carolina Antunes/PR)
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247 - A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, anunciou nesta segunda-feira (21) um plano do PT de reconstrução do Brasil de retomada econômica, que tem como baliza principal retirar o país da profunda crise política e social. 

O plano do PT de saída da crise baseia-se em cinco pontos principais: Desenvolvimento social, desenvolvimento sustentável, desenvolvimento econômico, soberania nacional e a radicalização da democracia.

Em sua visão, “o governo Bolsonaro, inimigo principal da democracia, quer envenenar a sociedade com ódio destilado nas fábricas de mentiras das milícias digitais”. 

Gleisi também criticou duramente a condução do governo no combate à pandemia, destacando que os “testes da Covid-19 foram sonegados por Bolsonaro, que tenta tirar proveito político de uma crise”. 

De acordo com a deputada, o Brasil precisa de um “governo fruto do voto popular, em eleição livre e limpa, o que exige anulação da sentença ilegal de Sérgio Moro”.

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21 DE SETEMBRO DE 2020 Facebook Twitter YouTube Instagram 5 bancos globais movimentaram US$ 2 tri em transações suspeitas, revela investigação Em uma nova denúncia publicada neste domingo (20/09), o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) demonstrou que cinco grandes bancos globais fizeram cerca de US$ 2 trilhões em transações suspeitas com fraudadores, mafiosos e criminosos internacionais. Continue lendo » Coronavírus no Brasil: Achatamos a curva? Coronavírus no mundo: Siga EM TEMPO REAL Coronavírus na África: qual a situação? Quais são as origens da violência na Colômbia? Somente em 2020, o país governado por Iván Duque registrou 59 massacres Continue lendo » Por que a sucessão na Suprema Corte dos EUA é tão importante? Morte de juíza progressista dá a Trump chance de apontar sucessor em plena eleição nos EUA Continue lendo » Ricos emitem duas vezes mais CO2 do que população pobre, diz Oxfam Segundo relatório, os 10% mais ricos foram responsáveis por 52% de emissões em 15 anos Continue lendo » Especial EUA: Quem vai ganhar, Trump ou Biden? Veja as últimas pesquisas Tudo o que precisa saber para ficar bem informado: pesquisas, notícias e análises Acompanhe aqui » Notícias, análises, história, entrevistas: conheça os podcasts de Opera Mundi Nosso catálogo de podcasts não para de crescer - escolha o seu preferido, ou, melhor, ouça todos! Saiba como ouvir »

Dez argumentos para você sair das redes

jARON lANIER ESCREVEU O LIVRO "DEZ ARGUMENTOS PARA VOCÊ SAIR DAS REDES", disponível em pdf , traduzido para o Português.

IMPERIALISMO Artigo | Tensão na Venezuela: Mike Pompeo e Guaidó serão derrotados

IMPERIALISMO Artigo | Tensão na Venezuela: Mike Pompeo e Guaidó serão derrotados Tudo ou nada contra Maduro: bloqueio econômico, financeiro, roubo de ativos no exterior e, se puderem, invasão militar Pedro Olavo Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) | 21 de Setembro de 2020 às 16:41 Ao mesmo tempo que Mike Pompeo visita esses países, numa sintonia perfeita de tempo e espaço, Brasil e Colômbia realizam exercícios militares nas suas respectivas fronteiras com a Venezuela. - YURI CORTEZ / AFP Começamos com um pouco de história das agressões recentes do império aliado a frações da burguesia interna. As manifestações violentas convocadas e lideradas pela extrema direita, conhecidas como guarimbas, mergulharam o país, durante os meses de abril e julho do ano de 2017, nas manifestações mais violentas já vivenciadas nos últimos 20 anos. As cifras totais decorrentes dessas ações foram de 913 ataques a instituições públicas, como: escolas, instalações militares e centros de saúde, transporte público, etc.; também foram assassinados 172 venezuelanos, sendo seis queimados vivos, e 1.934 ficaram feridos. Muitos foram assassinados nas ruas por ser ou parecerem chavistas. Como resposta a essas ações criminosas, o presidente Nicolás Maduro, convocou uma Assembleia Nacional Constituinte, para reestabelecer a paz e a tranquilidade ao país, objetivo que de fato foi alcançado. Apesar da convocação da oposição ao boicote. Na eleição para Assembleia Nacional Constituinte, mais de 8 milhões (41,5% dos eleitores) venezuelanos e venezuelanas elegeram a Assembleia Nacional Constituinte, que foi instalada no dia 3 de agosto. Restabelecida da governabilidade ao país, em maio de 2018, ocorreram as eleições presidenciais para o período 2019-2025. A extrema direita novamente opta pela abstenção nessas eleições. No dia 20 de maio de 2018, o presidente Nicolás Maduro é reeleito legítima e constitucionalmente presidente da República Bolivariana da Venezuela, para o período 2019-2025, com 6.248.864 (67,84%) dos votos. O candidato opositor Henri Falcon ficou em segundo lugar com 1.927.958 (20,93%) dos votos. No dia 4 de agosto de 2018, acontece a tentativa de assassinato do presidente Nicolás Maduro. O presidente, discursava no encerramento do desfile militar em comemoração do nascimento da Guarda Nacional Bolivariana, na Avenida Bolívar, no coração de Caracas, quando drones explodiram. Sete membros das forças armadas foram feridos, por causa das explosões. No dia 10 de janeiro de 2019, o presidente Nicolás Maduro, toma posse de seu novo mandato presidencial para o período 2019-2025. O último líder da oposição que assumiu a presidência da Assembleia Nacional em princípios de 2019, foi o até então pouco conhecido, Juan Guaidó. Como a extrema direita, agora liderada por Guaidó, não reconhecia as eleições presidenciais de 2018, onde essa oposição mais uma vez não participou e optou pela abstenção, no dia 23 de janeiro de 2019, Juan Guaidó, autoproclama-se presidente encarregado da Venezuela, diante de uma manifestação opositora em uma praça de Caracas. Imediatamente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu o deputado como presidente "legítimo" do país, manifestação seguida por vários outros países submissos as ordens dos Estados Unidos, como Brasil e Colômbia. Desse momento até os dias atuais várias foram as tentativas de desestabilização do país, com o objetivo de tirar do poder, o presidente legítimo e constitucional, Nicolás Maduro Moros. Ao assumir a Assembleia Nacional, naquela época, as forças de oposição com maioria no parlamento, avisaram que em um prazo de seis meses tirariam o presidente legítimo e eleito constitucionalmente da Venezuela, Nicolás Maduro, do poder. A oposição, ao perceber que não conseguiria tirar o presidente Nicolás Maduro de forma constitucional, apelou mais uma vez para manifestações violentas. 23 de fevereiro de 2019 - A oposição venezuelana, liderada pelo autoproclamado Juan Guaidó, com o apoio da oligarquia colombiana e do imperialismo estadunidense, tentaram entrar no país com uma suposta "ajuda humanitária", através das fronteiras da Colômbia e do Brasil. A tentativa de intervenção no país foi um profundo fracasso, resultando numa importante derrota da oposição venezuelana e do imperialismo norteamericano e numa grande vitória do governo bolivariano. 7 de março de 2019 - Ataque terrorista e criminoso ao Sistema Elétrico Nacional, gerando um apagão em todo país durante um período de três a cinco dias. 30 de abril de 2019 - Durante a madrugada, o líder da oposição Juan Guaidó acompanhado de Leopoldo López, divulgou um vídeo em suas redes sociais anunciando a fase final da "Operación Liberdad". Acompanhado de um pequeno grupo de militares traidores, tentavam promover um golpe de Estado. Esse grupo queria ingressar na base aérea militar de La Carlota em Caracas. Novamente, a oposição golpista saiu derrotada. 20 de janeiro de 2020 - Juan Guaidó foi recebido pelo presidente colombiano Iván Duque na Casa de Nariño, teve um encontro com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, ex-Diretor da CIA. Guaidó foi participar da Cúpula Hemisférica Contra o Terrorismo. Na ocasião, Pompeo, acusou o governo venezuelano de abrigar, membros do Hezbollah do Libano e da guerrilha colombiana ELN. 31 de janeiro de 2020 - O almirante Craig Faller, comandante do Comando Sul dos Estados Unidos, ameaçou a Venezuela, afirmando que "é necessário presença militar correta, enfocada e persistente". O Comando Sul dos Estados Unidos anunciou exercícios militantes conjuntos com as Forças Armadas Colombianas, a serem realizados entre os dias 23 e 29 de janeiro na fronteira entre Colômbia e Venezuela. 19 de março de 2020 - O Departamento de Justiça dos Estados Unidos tipifica a Venezuela como um Estado narcotraficante e terrorista. Estabelecendo um preço pela cabeça do presidente Nicolás Maduro, no valor de 15 milhões de dólares, e de mais 14 outros altos funcionários do Governo e das Forças Armadas. 24 de março de 2020 - É apreendido um arsenal de guerra, avaliado em 500 mil dólares, em Barranquilla, na Colômbia. Esse armamento seria utilizado por um grupo de ex-militares venezuelanos e mercenários em um plano para gerar desestabilização e violência na Venezuela. O executor do plano era o ex-maior general do Exército, Clíver Alcalá. O ex-general confessou a existência de um contrato assinado por Guaidó e assessores norte-americanos. Após revelar essas informações, Clíver Alcalá é levado para os Estados Unidos. 30 de março de 2020 - uma embarcação militar desconhecida chocou-se com outra embarcação da Guarda Costeira Venezuelana, numa ilha chamada La Tortuga a 200km da capital, Caracas; 2 de abril de 2020 - O governo dos Estados Unidos anunciam uma "Operação Antidrogas" no mar do Caribe, com um grande deslocamento militar na região da costa venezuelana. O principal objetivo da administração Trump não é combater o tráfico de drogas para os Estados Unidos, porque, primeiro, as drogas que vão para os Estados Unidos passam por outra rota e, segundo, a Venezuela não produz drogas, ao contrário da Colômbia, principal aliado dos Estados Unidos e maior produtor de drogas do mundo. O real objetivo é efetuar um bloqueio naval contra Venezuela. 29 de abril de 2020 - O secretário de Estado, Mike Pompeo, declarou que, os “Estados Unidos sabem que a mudança está chegando, e por isso dei ordens para pensar em reabrir a embaixada dos EUA, assim que comece a transição". Na mesma ocasião, Pompeo, afirmou que em breve a bandeira norte-americana voltaria a tremular nos céus de Caracas; 30 de abril de 2020 - O enviado especial dos Estados Unidos para a Venezuela, Elliott Abrams, declarou: "Acreditamos que uma transição está por vir e precisamos es tar preparados". E completou: "a situação a curto prazo vai piorar internamente". 1º de maio de 2020 - Foi ativada a operação golpista denominada “Gedeón”. Na madrugada do dia dia 3 de maio, foi avistada a primeira lancha, na região de Macuto, no estado La Guaira. Os mercenários entraram em confronto com as forças militares venezuelanas, ao amanhecer, tivemos a confirmação que, os oito mercenários que vieram nessa primeira lancha, foram abatidos no confronto e outros dois, que estavam dando suporte terrestre foram capturados. Foi apreendido armamento de guerra e duas camionetes que seriam utilizadas na operação, numa casa em La Guaira. O objetivo principal era entrar em Caracas. A segunda lancha foi avistada na manhã do dia 4 de maio, na região de Chuao, no estado Aragua. Ao receber essa informação, o presidente Nicolás Maduro deu a ordem para que todos fossem capturados com vida. As forças militares, em coordenação com a população, em plena união cívico-militar-policial, especialmente, grupos de pescadores (as), realizaram a prisão dos oito mercenários que estavam na lancha. Nesse grupo capturado, estavam dois soldados norte-americanos. Em depoimento, divulgado pelo o presidente Nicolás Maduro, em coletiva de imprensa com jornalistas nacionais e internacionais, no dia 6 de maio, o mercenário estadunidense Luke Denmam confessa que o plano era sequestrar o presidente e leva-lo para os Estados Unidos. Em outro depoimento, dado por um ex-militar venezuelano, ele expõe com detalhes como eles chegaram à costa venezuelana. Nesse depoimento, o ex-militar explica que, ao avistarem a costa, um dos mercenários teve acesso à internet em seu aparelho celular e ficou sabendo que o primeiro grupo, que veio na frente tinha sido abatido. Ao obter essa informação, os mercenários tentaram ir para Bonaire, território insular da Holanda, que fica a alguns quilômetros da costa venezuelana, ao perceberem que o combustível não daria para chegar, optaram por desembarcar em Aragua. Nessa lancha vinham mais de 40 mercenários, que foram sendo deixados ao longo da costa venezuelana, sobrando apenas os 08, que foram capturados em Chuao; A "Operación Negro Primero, Aplastamiento del Enemigo", assim batizada pelo presidente Nicolás Maduro, desmontou toda a operação golpista, capturando todos os mercenários e desmoralizando a oposição internamente e o imperialismo no âmbito externo, foi uma grande vitória da União Cívico-Militar Policial; 11 de julho de 2020 - Donald Trump em uma entrevista exclusiva para Noticias Telemundo, afirmou que algo iria acontecer na Venezuela e que os Estados Unidos estariam diretamente envolvidos. Na mesma entrevista, Trump disse que o líder opositor Juan Guaidó parecia estar perdendo poder. “Apoio a quem seja escolhido e neste momento parece que Guaidó é a epssoa escolhida, mas o sistema é muito ruim lá. Ele parece estar perdendo poder lá e queremos alguém que tenha apoio das pessoas. Eu apoio à pessoa que tiver apoio do povo. Venezuela tem sido muito mal tratada", disse Trump. 4 de agosto de 2020 - Elliot Abrams, representante especial da Casa Branca para Venezuela, numa audiência no Comitê de Relações Exteriores do Senado norte-americano, disse que "obviamente esperamos que ele [Maduro] não sobreviva a este ano e estamos trabalhando duro para isso aconteça”. E também advertiu que, "aprendemos que temos que nos aproximar dos líderes militares de qualquer forma". 13 de agosto de 2020 - O chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, Craig Fallen, afirmou: “Temos 22 países parceiros alinhados sob a ameaça comum do tráfico de drogas. A conexão com Maduro é sua cumplicidade nessa ameaça. O que mantém Maduro no poder são os interesses contra os direitos humanos e contra nossa segurança comum”. 20 de agosto de 2020 - O presidente da Colômbia, Iván Duque, afirmou ter informações de que a Venezuela estaria comprando misseis do Irã, sob a coordenação do Ministro da Defesa, Vladimir Padrino López. "Há informações de organismos internacionais de inteligência que trabalham conosco, mostrando que há interesse da ditadura de Nicolás Maduro em adquirir mísseis de médio e longo alcance através do Irã”, disse Duque. A derrota de Guaidó e seus apoiadores gringos Os últimos dias estão sendo de muita tensão na Venezuela e os acontecimentos políticos estão se desenvolvendo numa grande velocidade. Ao observar esses acontecimentos, podemos dividi-los em duas partes: os que estão ocorrendo internamente; e os que estão ocorrendo no âmbito externo. É importante, porém, ressaltar que ambos estão umbilicalmente relacionados. No âmbito interno, quando a oposição liderada pelo autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, iniciava a campanha nacional e internacional de não participação nas eleições parlamentarias do dia 6 de dezembro, como previsto na Constituição, o presidente Nicolás Maduro, no dia 31 de agosto, editou um decreto concedendo indulto a um grupo de opositores. O anuncio do inesperado indulto presidencial foi realizado pelo o Ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez – esse gesto já tinha sido realizado pelo presidente Hugo Chavéz –. Foram indultados 110 dirigentes da oposição que estiveram envolvidos em atos de desestabilização do país nos últimos anos. O indulto presidencial fragmentou ainda mais a oposição, justo no momento em que Juan Guaidó anunciava um “Pacto Unitário”, convocando lideranças da oposição, como Henrique Capriles – que perdeu as eleições presidenciais para o presidente Nicolás Maduro em 2013 –, e Maria Corina Machado, líder opositora que pede reiterada vezes uma invasão militar norte-americana à Venezuela. Guaidó foi prontamente rejeitado por ambos. É consenso que Juan Guaidó é um fracasso que não conseguiu tomar o poder e derrubar o presidente Nicolás Maduro. Com as eleições para Assembleia Nacional (o parlamento venezuelano) marcadas para dezembro, o último artificio que dar sustentação ao discurso de Juan Guaidó, tem data marcada para acabar, dia 5 de janeiro de 2021, quando vai ser empossada a nova Assembleia Nacional e essa terá uma nova presidência. Diversos governos da Europa que antes apoiavam a Guaido perceberam a armadilha que caíram e apoiam o processo eleitoral de dezembro, inclusive forças conservadoras da igreja católica. Seguem os planos agressivos Bloqueio econômico, financeiro, roubo de ativos no exterior e, se puderem, invasão militar Como parte da estratégia de máxima pressão contra a Venezuela, o secretário de estado norte-americano Mike Pompeo, anunciou no dia 15 de setembro, através da sua conta oficial no Twitter, que estava feliz em visitar o Suriname, Guiana (inglesa), Brasil e Colômbia, países escolhidos a dedo, porque são fundamentais nessa estratégia, principalmente Brasil e Colômbia. O representante do imperialismo e ex-diretor da CIA iniciou sua turnê no Suriname, depois foi para Guiana e desembarcou em Boa Vista, sendo recebido pelo ministro chefe do Itamaraty, Ernesto Araújo. Na ocasião, cinicamente, Mike Pompeo expressou que os EUA "seguem associando-se com o Brasil para combater a covid-19 e promover objetivos compartilhados" e “para fortalecer esforços para transição democrática na Venezuela e a prosperidade econômica no hemisfério". Poucos dias antes de Mike Pompeo anunciar sua turnê macabra e provocativa, o presidente Nicolás Maduro anunciou, no dia 11 de setembro, a captura de um espião estadunidense, ex-funcionário da CIA que esteve no Iraque. Esse mercenário norte-americano, de nome Matthew John Heath, carregava consigo armamento pesado e uma grande quantidade de dólares, estava espionando as refinarias de Amuay e Cardón, ambas localizadas no estado Falcón. Seu objetivo, segundo Procurador Geral da República, era realizar atividades de sabotagem e desestabilização. No mesmo anuncio, o presidente disse que no dia 9 de setembro foi desarticulado um plano que tinha como objetivo explodir a refinaria de El Palito, no estado Carabobo. Ao mesmo tempo que Mike Pompeo visita esses países, numa sintonia perfeita de tempo e espaço, Brasil e Colômbia realizam exercícios militares nas suas respectivas fronteiras com a Venezuela. O Brasil realiza o maior exercício militar de guerra simulada já realizado na Amazônia, batizado de “Operação Amazônia", irão participar do exercício tropas de várias partes do território nacional, num total de aproximadamente de 3.300 militares, com um grande deslocamento para essa região de meios de combate e de apoio ao combate, como o Sistema de Lançamento de Foguetes Astros, da Artilharia do Exército de Formosa no Estado de Goiás. O exercício, iniciado no dia 2 de setembro tem previsão de conclusão no dia 25 de outubro. Segundo o Comandante do Comando Militar da Amazônia, general Teophilo, “a operação está visualizada para uma situação de uma guerra externa, de defesa da pátria”. Nessa sintonia, a Colômbia e os Estados Unidos, ao mesmo tempo que anunciavam a visita do Secretário de Estado Mike Pompeo, a capital Bogotá, também anunciaram a realização de um exercício militar conjunto na fronteira da Colômbia com a Venezuela. Assim foi o comunicado feito pela Força Aérea Colombiana: “Aeronaves e embarcações dos Estados Unidos e da Colômbia farão exercício conjunto para fortalecer o combate ao narcotráfico”. A sintonia entre os exercícios militares de Brasil e Colômbia nas suas fronteiras com a Venezuela com a visita do Secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, também contou com a participação da senhora Bachelet, que, não por acaso, divulgou um relatório atacando a situação de direitos humanos na Venezuela, mas não falou nada dos assassinatos de negros nos Estados Unidos, da repressão na Bolivia e no seu próprio pais, o Chile. O Ministro de Relações Exteriores, Jorge Arreaza, numa exposição conjunta com o Procurador Geral da República, Tarek William Saab, afirmou que “desde 2015 tem havido uma campanha sistemática para atacar a Venezuela com mentiras e omissões” e que este relatório visa manchar o processo eleitoral de 6 de dezembro. “Este relatório tem como objetivo torpedear o diálogo que se instalou em Venezuela com resultados muito recentes, como o perdão de 110 pessoas que cometeram crimes de todos os tipos (...), perturbando o processo eleitoral na Venezuela, perturbando o papel da Venezuela nas relações internacionais". Os últimos meses tem sido de pressão permanente contra a Venezuela, vindos de todos os lados possíveis.. O fracasso representado por Juan Guaidó, a clara divisão entre as lideranças da oposição, com Capriles de um lado, Maria Corina de outro, e Guaidó, com seu grupo. As eleições parlamentarias de 6 de dezembro na Venezuela podem acelerar mais uma aventura militar contra Venezuela ordenada por Donald Trump tentando um "tudo ou nada", para ajudar a dar coesão à sua base republicana para as eleições de novembro. O ensaio de setembro, a poucos dias das eleições presidenciais nos Estados Unidos, numa conjuntura interna, onde os votos da comunidade latina são decisivos e o presidente estadunidense desejando agradar a sua base eleitoral de origem latina que vive na Flórida. O candidato democrata Biden, adversário de Trump na corrida pela presidência, liderando as pesquisas para vencer as eleições. Trump está desesperado para vencer e uma pessoa desesperada pode fazer qualquer coisa. É muito importante, nesse momento, que todas as forças populares que defendem a paz na Venezuela e são contra a guerra no nosso continente prestem sua solidariedade a esse belíssimo país e seu bravo povo que ocupa a primeira fila de batalha contra o imperialismo. Edição: Rodrigo Chagas

CARTA ABERTA EM DEFESA DO CENTRO TÉCNICO AUDIOVISUAL E DA CINEMATECA BRASILEIRA

Replicando aqui a carta que compartilharam hoje na ABPA CARTA ABERTA EM DEFESA DO CENTRO TÉCNICO AUDIOVISUAL E DA CINEMATECA BRASILEIRA No dia 07 de agosto de 2020, a Secretaria do Audiovisual (SAv), vinculada ao Ministério do Turismo, recebeu as chaves da Cinemateca Brasileira. Desde então, mesmo após encontros com associações do setor e promessas de resolução do impasse administrativo, os rumos da instituição permanecem incertos e o acervo segue desprotegido. No dia 16 de setembro, Edianne Paulo de Abreu foi nomeada para a Coordenação Geral do Centro Técnico Audiovisual (CTAv), entidade federal também vinculada à SAv. As duas entidades pertencentes ao Ministério do Turismo, responsáveis pela preservação do patrimônio audiovisual brasileiro estão com as suas estruturas de gestão fragilizadas. De um lado, um órgão público sem comando especializado, nem recursos para gerir o maior acervo audiovisual do país; de outro, uma instituição que passa a ser comandada por uma profissional sem conhecimento e preparo técnicos específicos para gerir um órgão com tamanha complexidade e importância. O CTAv foi criado em 1985, a partir de um acordo de cooperação técnica entre a Embrafilme e o National Film Board do Canadá, com a missão de apoiar, capacitar, difundir e preservar o audiovisual brasileiro. Desde então, o CTAv apoia a produção de filmes e séries com cessão de equipamentos de filmagem e finalização, além de alguns serviços, em parcerias estabelecidas através de editais. Seu valioso acervo audiovisual inclui materiais que remontam aos anos 1930 e é constituído por cerca de 6 mil títulos e 30 mil rolos de filmes, além de 20 mil negativos fotográficos e quase 2 mil cartazes. Entre as obras, a maior parte da filmografia do pioneiro Humberto Mauro e clássicos da animação brasileira. A nova reserva técnica, lançada em 2013, possui os parâmetros climáticos ideais para a conservação de filmes e tem capacidade para 100 mil rolos. Sua existência é fundamental para a comunidade audiovisual e, devido às suas competências específicas, a instituição precisa ser comandada por profissional com experiência no setor. As associações aqui subscritas vêm manifestar enorme preocupação com os rumos tomados pela Secretaria do Audiovisual em relação aos órgãos responsáveis pela preservação do patrimônio audiovisual brasileiro e pelo apoio à produção independente. Produtores, cineastas, artistas, curadores, pesquisadores e programadores de salas e mostras de cinema dependem do acesso a esses acervos e instituições para a continuidade de seus trabalhos.. Não é somente a preservação audiovisual que se fragiliza neste momento, mas toda a cadeia da produção audiovisual brasileira se vê em risco. A ausência de ações concretas para a resolução do vácuo administrativo da Cinemateca Brasileira e a nomeação de uma coordenadora sem experiência para a gestão do CTAv fragilizam o audiovisual brasileiro. Em um Estado democrático de direito, as políticas públicas devem ser formuladas com o setor produtivo e a sociedade civil - e jamais estar a reboque de interesses eleitorais. Defendemos, portanto, a importância de um princípio fundamental da gestão pública: a necessidade de nomeações de caráter técnico para órgãos públicos, com o reconhecimento das características técnicas, administrativas e culturais das instituições vinculadas ao audiovisual brasileiro e do mérito dos profissionais especializados da área. São Paulo, 21 de setembro de 2020. ABPA - Associação Brasileira de Preservação Audiovisual ABRACI - Associação Brasileira de Cineastas APAN - Associação dxs Profissionais do Audiovisual Negro ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema SOCINE - Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema ABCA - Associação Brasileira de Cinema de Animação ANDAI - Associação Nacional Distribuidores Independentes API - Associação das Produtoras Independentes do Audiovisual Brasileiro ABD-SP - Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas de São Paulo ABD-DF- Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas do Distrito Federal ABD-GOIÁS - Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas de Goiás APTC-RS - Associação Profissional de Técnicos Cinematográficos do RS SOS Cinemateca-APACI - Associação Paulista de Cineastas Movimento Cinemateca Acesa ABCV - Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo STIC - Sindicato Interestadual dos Trabalhadores na Cinematográfica e do Audiovisual - RJ SINDCINE - Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual dos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Distrito Federal SIAESP - Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo

Enfermeiras em todo o mundo vão para a linha de frente

 


Enfermeiras em todo o mundo vão para a linha de frente

 Enfermeiras britânicas saíram às ruas de Londres em julho passado para exigir salários mais altos e melhores condições de trabalho. Keystone / Andy Rain

Depois de lutar durante meses para amortecer o choque do coronavírus, enfermeiras em todo o mundo estão clamando por melhores condições de trabalho. Também estão planejadas mobilizações na Suíça, enquanto o Parlamento reluta em melhorar permanentemente a situação do pessoal de enfermagem.

Este conteúdo foi publicado em 17 de setembro de 2020 - 17:17

Nos Estados Unidos, Nova Zelândia, França, Peru ou Zimbábue: enfermeiras fazem greve para exigir melhores condições de trabalho. A pandemia de coronavírus lançou luz sobre a dureza da vida diária dos profissionais de saúde, muitas vezes com falta de pessoal, mal pagos e pouco reconhecidos. A situação extrema vivida pelos enfermeiros nos últimos meses deu novo impulso às demandas feitas há décadas.

Também na Suíça, o movimento está ganhando força: associações e sindicatos estão se unindo para formar uma aliança de profissões do setor saúde. Uma semana de protestos está programada para o final de setembro, seguida de ação em frente ao Palácio Federal em Berna, em 31 de outubro.

Reação tímida do Parlamento

Na verdade, o Parlamento está debatendo a iniciativa popular “Por uma assistência de enfermagem forte”, apresentada em 2017 pela Associação Suíça de Enfermeiros ( ASI ). Os eleitos convidam o povo a rejeitar este texto, mas propõem um contraprojecto indirecto que visa concretizar alguns dos objectivos da iniciativa: apoiar a formação e dar mais competências ao pessoal de enfermagem.

As duas Câmaras estão a debater os pormenores deste contra-projecto, nomeadamente a obrigação de os cantões ajudarem financeiramente os jovens na formação ou o reembolso pelo seguro de base dos serviços prestados de forma autónoma pelos enfermeiros.

A ASI lamenta, no entanto, que o projecto do Parlamento não inclua quaisquer medidas destinadas a garantir pessoal adequado às necessidades e a melhorar as condições de trabalho, enquanto 46% dos enfermeiros abandonam a profissão, de acordo com um estudo da ASI . Observatório de saúde suíço. O maior índice entre os profissionais do ramo.

A Suíça é um bom aluno, e ainda

Porque se a Suíça apresenta números animadores na comparação internacional, com uma das maiores proporções de enfermeiras per capita ou de recém-formados, alguns indicadores são preocupantes. De acordo com o último panorama da saúde da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicado em 2019, a remuneração dos enfermeiros em relação ao salário médio suíço está entre as mais baixas dos países da OCDE.

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E a Suíça ocupa o segundo lugar entre os estados que mais utilizam enfermeiros formados no exterior, com uma proporção de 25%. O Federal Statistical Office ( FSO ) também revela que 36% dos cuidadores hospitalares não têm nacionalidade suíça: 13% são alemães, 12% franceses e 3% italianos.

Esta dependência de profissionais estrangeiros, em particular trabalhadores transfronteiriços, foi destacada durante a pandemia: quando os Estados fecharam suas fronteiras para limitar a contaminação, a Suíça teve que negociar com seus vizinhos para permitir a circulação de pessoal de saúde e garantir o funcionamento de suas instituições.

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Uma situação que continua com o novo surto de coronavírus e as quarentenas impostas ao entrar na Suíça de uma região de risco: o governo colocou alguns departamentos franceses em sua lista vermelha, mas deixou claro que estavam previstas exceções para áreas de fronteira.

Situação tensa no terreno

Um estudo internacional realizado em 2012 mostra que os enfermeiros suíços estão bastante satisfeitos com o seu ambiente de trabalho em comparação com outros países europeus e sofrem menos de fadiga mental. Mas uma pesquisa realizada pelo sindicato Unia no final de 2019 entre os trabalhadores da saúde suíços revelou que 90% dos enfermeiros entrevistados achavam que estavam trabalhando sob pressão e 87% consideravam que não tinham tempo suficiente para se dedicar aos pacientes. A maioria afirma ter que fazer uma rede de serviços sem poder respeitar os períodos de descanso e sem ter tempo suficiente para se dedicar à família e ao lazer.

Os testemunhos que recolhemos durante o nosso inquérito sobre o quotidiano dos enfermeiros na Suíça confirmam o stress, a sobrecarga de trabalho e a falta de tempo para dedicar aos doentes. Também denunciam a pressão da hierarquia e a falta de consideração da equipe de enfermagem.

“Para garantir bons cuidados de enfermagem no futuro, é necessário ter pessoal suficiente e boas condições estruturais”, insiste a presidente da ASI, Sophie Ley. Uma ofensiva de treinamento não será suficiente se quase metade deles deixar a profissão ”.

Veterano brasileiro dos direitos humanos alvo em seu país


Veterano brasileiro dos direitos humanos alvo em seu país

 Diplomata Paulo Sérgio Pinheiro na plataforma da ONU em Genebra, março de 2018 © Keystone / Jean-christophe Bott

Paulo Sérgio Pinheiro comemora 25 anos de serviço nas Nações Unidas. Durante aquele quarto de século, ele ocupou vários cargos importantes em todo o mundo, com grande parte de seu trabalho se concentrando nas violações dos direitos humanos. Mas é em sua terra natal, o Brasil, que ele enfrenta sua maior ameaça. Entrevista.

Este conteúdo foi publicado em 18 de setembro de 2020 - 13:00
Jamil Chade, em Genebra

O advogado Paulo Sérgio Pinheiro foi recentemente incluído em uma lista de professores, policiais e figuras públicas que o governo brasileiro e os serviços de inteligência consideram "antifascistas".

Em entrevista à swissinfo.ch, Paulo Sérgio Pinheiro discute os desafios enfrentados ao longo de sua carreira, o multilateralismo, a centralidade das vítimas no trabalho da ONU e o fato de ter se tornado alvo político no Brasil .

swissinfo.ch: Após 25 anos a serviço da ONU, que papel você acha que esta organização internacional pode realmente desempenhar na proteção dos direitos humanos?

Paulo Sérgio Pinheiro: Se considerarmos as Nações Unidas como um todo, os direitos humanos estiveram no centro da organização desde o início, a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Eles estão presentes nas decisões da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança. Todas as agências da ONU protegem os direitos humanos em todo o mundo. Mas o órgão mais importante que desempenha essa função é o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra, cujos relatores especiais em funções desde 1979 examinam a situação dos direitos humanos em diferentes países, com o assistência do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Você já experimentou alguma frustração devido às limitações do papel internacional?

Apenas as vítimas - que prefiro chamar de sobreviventes - de violações dos direitos humanos podem sentir frustração. Aqueles de nós que tentam iluminar as violações de direitos e buscam justiça só ficam frustrados com os órgãos das Nações Unidas que não funcionam como deveriam. Depois de mais de dez anos de violações de direitos humanos e crimes de guerra, na Síria, por exemplo, a disfunção do Conselho de Segurança significa que esses crimes não são julgados pelo Tribunal Penal Internacional. Não é apenas frustrante, mas também inexplicável para os sobreviventes da guerra.

No Burundi, durante sua primeira missão em 1995, realmente esperávamos que houvesse progresso. Funcionou?

O relator especial não possui uma varinha mágica para mudar a situação em um determinado país. Mas a diferença é que existiram relatores especiais e, a partir de 2016, uma comissão de inquérito. A sociedade civil local está mais forte e o governo se sente fortalecido na área de direitos humanos. Meu melhor interlocutor foi o Ministro dos Direitos Humanos, Eugène Nindorera, que mais tarde se tornou o Diretor de Direitos Humanos das Nações Unidas para as missões na Costa do Marfim e no Sudão do Sul.

Você também passou anos lidando com Mianmar e sua líder, Aung San Suu Kii, enquanto ela ainda estava em prisão domiciliar. Como foram essas reuniões?

 Paulo Sergio Pinheiro durante uma visita à Birmânia em 2007. Keystone / Str

Mianmar é um caso excepcional, pois foi um governo militar que queria se aproximar dos órgãos de direitos humanos da ONU e da sociedade civil. Durante os primeiros quatro anos, tive acesso a todos os lugares e instituições que desejava. Mas nem eu nem os outros representantes das Nações Unidas no país respondemos de forma satisfatória a essa abertura. O governo, portanto, não foi capaz de justificar nossa presença junto à junta militar que efetivamente governou o país e foi finalmente deposta. Só voltei quatro anos depois, em 2007, quando houve um levante de monges budistas e da sociedade civil.

A guerra na Síria já dura quase dez anos e sua investigação rendeu uma quantidade sem precedentes de informações sobre a crise. O que você pode fazer com essas informações?

A Comissão Internacional Independente de Inquérito sobre a República Árabe Síria não é um tribunal e não tem jurisdição sobre negociações políticas. O objetivo é investigar e documentar violações dos direitos humanos, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Estamos trabalhando para responder ao direito do povo sírio à verdade.

Nosso banco de dados tem sido usado no contexto de investigações iniciadas em vários países sobre os autores de violações de direitos humanos no contexto deste conflito. Nossos dados também foram usados ​​pelo Mecanismo Internacional Imparcial e Independente sobre a Síria, que prepara processos criminais que serão levados a tribunal no futuro.

2020 também marca o 75 º aniversário da ONU. O que há para celebrar?

Há mais coisas para comemorar do que para lamentar. Imagine que as Nações Unidas não existam. Os conflitos internacionais seriam muito mais intensos, as crises humanitárias não seriam enfrentadas e os direitos econômicos e sociais seriam ainda menos garantidos. E a aplicação, mesmo imperfeita, dos princípios da Declaração Universal e das convenções sobre direitos humanos seria ainda menos eficaz. Minha assistente quando eu estava trabalhando no Burundi, Brigitte Lacroix, me disse quando ela saiu: “O que realmente importa é o que você vai fazer pelas vítimas. Do ponto de vista dos sobreviventes, devemos nos alegrar, porque eles estão no centro de nossas ações ”.

As Nações Unidas e o multilateralismo estão em uma encruzilhada, e a resposta à pandemia mostra isso. Existe um risco real para o sistema?

A pandemia destacou claramente a desigualdade, a concentração de renda e o racismo que continuam a prevalecer em quase todas as sociedades, do Norte e do Sul. Ninguém escapou. Aqueles que eram pobres tornam-se ainda mais pobres; A situação de saúde dos pobres piorou, não só pela falta de atendimento aos acometidos pelo coronavírus, mas também pelo direito à saúde em geral.

Não acho que depois da pandemia, haverá automaticamente maior solidariedade ou melhor atendimento às pessoas privadas de seus direitos. Para isso, os Estados membros da ONU, ao invés de negar recursos ao sistema - como fizeram com a Organização Mundial da Saúde - devem aumentar seu apoio político e recursos financeiros à ONU.

A sua cidadania brasileira o ajudou em seu trabalho internacional nos últimos 25 anos?

A América Latina, como o ex-embaixador da França no Brasil, Alain Rouquié, diz em um de seus livros, é o Velho Oeste, uma categoria à parte do mundo ocidental. Por fazerem parte desse grupo, o brasileiro é visto como independente. Após o retorno à democracia em 1985 e até o governo Dilma Rousseff em 2016, o Brasil era visto como um corretor honesto - um negociador confiável. Porque nesse período, nunca negamos as graves violações dos direitos humanos no Brasil. Todos os países queriam estar na foto com o Brasil - até o golpe contra a presidente Dilma Rousseff. No Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, o Brasil sempre esteve presente nas resoluções mais delicadas, como as sobre homossexualidade, racismo e violência contra mulheres e crianças. Acho que a aura do Brasil certamente me beneficiou.

O senhor foi incluído em uma lista dos chamados "antifascistas" elaborada pelo Ministério da Justiça brasileiro neste verão. É uma espécie de caso contra quem questiona o governo. Como você vê isso?

Foi uma honra estranha ter sido incluído nesta lista, quando bastaria abrir o Google para ver o que penso, digo e faço no Brasil, nos órgãos das Nações Unidas e no mundo. Foi uma atitude lamentável para ressuscitar os arquivos hediondos de espionagem política da ditadura militar.

Felizmente, o Supremo Tribunal Federal tomou a decisão histórica - em uma votação de 9 a 1 em 21 de agosto - de proibir o Departamento de Justiça de divulgar esses relatórios sobre o que alguns cidadãos pensam e fazem.

 Paulo Sérgio Pinheiro durante entrevista coletiva dedicada à situação na Síria na sede das Nações Unidas em Genebra em 2017 © Keystone / Martial Trezzini

Justiça manda Twitter apagar post mentiroso de Bolsonaro

 

Justiça manda Twitter apagar post mentiroso de Bolsonaro

Jair Bolsonaro

Revista Fórum - O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) determinou nesta segunda-feira (21) que o Twitter apague uma postagem do presidente Jair Bolsonaro em que ele violou direitos autorais e disseminou fake news. A sentença é da juíza Maria Cristina de Brito Lima, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, e estabelece um prazo de 24 horas para a rede social remover a publicação.

Na postagem, feita em julho de 2019, Bolsonaro veicula, sem autorização dos produtores, um trecho do premiado documentário “O Processo”, da cineasta Maria Augusta Ramos. O filme narra os bastidores do golpe que levaram ao impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff em 2016.

“Esse vídeo não vazou por acaso. Nele nunca se viu tantas pessoas do mal, inimigas da democracia e liberdade, juntas. É O JOGO DO PODER. A vitimização do PT é uma das últimas cartas do Foro de São Paulo em Caracas/Venezuela (24 a 28/julho)”, escreveu Bolsonaro à época junto ao vídeo.

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